Olá, amores!
Insistiram, fizeram beicinho, chororô… Foi muita manha, então acabei cedendo. Cá estou postando um capítulo “extra”, que deveria ter sido postado ontem, mas imprevistos acontecem. Vocês sabem! rs…
Espero que curtam a leitura e que isso sirva para fazermos às pazes :).
Nos encontramos, novamente, no sábado.
Beijos!
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— Devíamos ter ido também! — Verne se queixou para Fantin.
Era a terceira vez que o badir repetia a frase em um curto espaço de tempo e a mestra trincou os dentes, revoltada. Queria mandá-lo calar a boca. Na verdade, queria mandá-lo fazer coisas menos suaves, quiçá ir para um lugar nada agradável, usando expressões que até mesmo o soldado com a boca mais suja daquele reino acabaria corado por ouvir.
Entretanto, não o fez, pois compartilhavam a mesma angústia. Contudo, não tinha tempo para se entregar a ela.
— Elas estão bem. — Obrigou-se a dizer com voz tranquila e confiante, antes de complementar: — Não sinto agitações no laço que nos une, desde a tarde de ontem.
Com o canto do olho, viu o rosto dele relaxar, enquanto dava um pequeno suspiro. Ainda assim, ele indagou:
— Tem certeza?!
— Se eu tenho certeza?! — Fantin estacou diante de portas duplas, cuja madeira exibia o trabalho esmerado de um artesão. — Pareço alguém que tem certeza absoluta de alguma coisa?
— Você acabou de dizer…
— Sei bem o que disse, Lorde. Mas o fato de sentir algo, me incomoda tanto quanto não sentir. — Inflou as bochechas, antes de explicar. — Estão todas vivas, é tudo que sei.
Não interessava a Fantin informá-lo sobre a tristeza e sensação de desespero que a invadiram, durante toda a noite e eram oriundas das companheiras. Aquilo estava atormentando-a e deixar o lorde sabê-lo só iria piorar as coisas. Pousou o olhar em Laio. O auriva os seguia de perto, desde que regressou para o palácio com ela e Tamar, no dia anterior. Ele planeou regressar para casa quando a bibliotecária partiu para Valesol, contudo Fantin disse que o trabalho dele ainda não tinha acabado. Então, quedou-se por ali, como se tivesse assumido as funções de um protetor. Entretanto, a realidade era outra. Virnan tinha planos maiores para ele, e cabia a Fantin informar isso aos homens por trás daquelas portas. À partir daquele momento, Laio era um dos comandantes do exército florinae.
Os guardas que ladeavam a entrada, apressaram-se a abri-la e os dois homens se mediram com o olhar, antes de seguirem a mestra ordenada para o interior do antigo salão de reunião do conselho ancião.
Agora que todas as ordenadas tinham se ligado às tucsianas, não havia mais a necessidade de manter segredo sobre elas, visto que ninguém poderia usar as armas, enquanto suas donas estivessem vivas. Sendo assim, Fantin carregava as lanças curtas, presas às costas. Ela as fez tomar uma forma menor para facilitar o transporte.
— É um absurdo! — Se queixou um dos comandantes, quando Fantin explicou a presença do auriva.
Uma ligeira discussão se iniciou entre os militares e Diomar, primeiro comandante do Leste, focalizou os três recém-chegados com ódio declarado.
— Ah, por favor, me poupem dessa idiotice de limites e castas! — Fantin rosnou.
A explosão causou certo assombro entre os homens, que estavam acostumados aos modos discretos e gentis de Tamar e Melina, com quem frequentemente tratavam. Mesmo quando eram grossos, as duas agiam com paciência e delicadeza.
— Estou pouco me importando para a cor das suas peles e olhos. Ao inferno com isso! — Fantin concluiu.
— Escute aqui, humana…
— Escutem vocês!
Ela pousou as mãos na cintura, tentando, sem sucesso, encontrar um pouco de paciência para continuar.
— Não vim aqui admirar seus lindos olhos violetas, enquanto engulo a habitual grosseria florinae e finjo que não são um bando de idiotas. — Agradou-se da surpresa e revolta nos rostos deles e imaginou que Virnan devia se sentir assim quando a provocava na Ilha Vitta. — Isso, deixo para a “rainha” que, adivinhem, pensa o mesmo que eu!
Circundou a mesa devagar, moderando o tom. Mesmo assim, ainda falava de forma gutural:
— Ainda lembram que ela também é uma auriva, certo?
Estreitou os olhos com um sorriso presunçoso. Começava mesmo a se agradar com a ideia de provocá-los. Quase riu com a certeza de que aquele era um traço da personalidade de Virnan, cujo laço que as unia, incutia na sua própria. Havia conversado com Tamar sobre isso, quando o percebeu, o que só fez aumentar o desejo da esposa de se enfiar na biblioteca do palácio para estudar todos os pormenores do juramento que fizeram e da vida dos castir.
— É natural que ela queira que Laio assuma o comando geral sobre os soldados aurivas. Alguém em quem confia e conhece o modo de pensar e agir, e que detém o respeito de toda a casta. — Lorde Verne concluiu. — Estou certo que todos vocês, como soldados, tomariam decisões semelhantes, caso estivessem no lugar dela.
Esperou que alguém retrucasse, mas o que disse não só fazia sentido, como era uma realidade entre eles.
— Um bom comandante, cerca-se das pessoas em quem confia. E sejamos sinceros, senhores, como ela pode confiar plenamente em vocês, quando só enxergam a cor dos olhos e pele dela? — Laio sorriu de lado, falando pela primeira vez, desde que entrou no recinto.
Como não houve resposta, Fantin assumiu que eles não tornariam a se manifestar contra a decisão. Contudo, o Comandante Diomar indagou:
— Por que ela mesma não nos comunicou isso?
— Virnan está ausente, organizando uma aliança com os exércitos dos reinos vizinhos a este. — Fantin explicou, seca. — É possível que retorne ainda hoje, mas não há garantias.
Optou por contar uma meia verdade, já que a realidade só traria mais problemas e, até aquele momento, haviam mantido sigilo sobre a partida da guardiã, usando como desculpa para sua ausência a execução de um ritual no Salão Lunar. Os homens se entreolharam, expressando uns aos outros, a contrariedade por receberem tal informação daquela maneira.
Fantin continuou, mais branda:
— Tomarei o lugar dela neste conselho. E o primeiro que abrir a boca para dizer que é uma ideia absurda ou me chamar de “humana” com desdém, outra vez, vai sair voando por aquela janela. — Apontou para a janela na qual o espírito castir, Joran, se recostava em silêncio.
Ela puxou uma cadeira e empurrou Laio para ela, fingindo não notar o ar de pura satisfação que tomou Verne. O badir, apesar de saber se impor, ainda era frequentemente rechaçado pelos comandantes florinae; ele sentou ao lado do manir, enquanto Fantin concluía a ameaça:
— O mesmo ocorrerá se eu ouvir a palavra “auriva” ser dita com repulsa ou frases como “sangue sujo”, entre outras.
O primeiro comandante do Norte, Amal, a encarou condescendente.
— Você tem coragem, Domna. Estar ligada a um juramento sagrado com a atual “rainha” — pronunciou o título com patente desagrado — faz suas palavras muito afiadas.
Fantin sorriu de lado. Retirou a arma castir do suporte nas costas, uma cinta de couro, semelhante a que os guardiões da Ordem usavam para carregar seus bastões. Depositou a tucsiana sobre a mesa, atraindo o olhar de Joran. O espírito cerrou os punhos, mas permaneceu em silêncio. Um pouco antes de Voltruf partir com Tamar, a amiga lhe contou sobre como as duas mestras se ligaram às armas, levantando diversas indagações.
Quanto mais ele pensava sobre o assunto, mais incomodado ficava. Não conseguia entender como castanes e, ainda por cima, humanas, conseguiram tal feito. Ergueu os olhos para Fantin, que tomou assento ao lado de Verne, fazendo um gesto para o Comandante Amal.
— Sente-se, homenzinho. Sua provocação é tão frágil, quanto a birra de uma criança. Deveria mesmo prestar mais atenção na “rainha”; aquela sim, sabe causar discórdia com as palavras. — Espalmou as mãos na mesa. — Até agora, vocês trataram com Tamar e Melina, que são dois poços de paciência e diplomacia. Entretanto, nunca fui mulher de guardar meus pensamentos para não ferir o ego de alguém e também não sou dona de falsas gentilezas. Com voto ou não; recebendo o título provisório de Conselheira da Rainha, ou não, minha atitude para com vocês não seria diferente. Então, paremos de perder tempo com protestos inúteis e vamos organizar logo a movimentação do exército. Afinal, seu tempo ocioso acabou e quando os Portões se abrirem, daqui alguns dias, os inimigos estarão prontos para invadir a cidade.
O silêncio que se seguiu, foi interrompido por um gemido baixo do Cavaleiro Fenris. Ele estava junto à porta com Távio e, obviamente, não fazia esforço para esconder o sorriso caçoísta por ver Fantin colocar aqueles homens em seu devido lugar. Até mesmo Virnan, procurava ser mais diplomática com eles, ainda que não se poupasse de atirar frases irônicas sempre que o momento lhe permitisse.
— Bem, agora compreendo porquê minha sobrinha gosta e confia em você. — Laio falou para a mestra, ajeitando-se na cadeira com ar confiante.
— São tão parecidas, que chega a ser irritante. — Lorde Verne concluiu, cruzando o olhar com o manir, que aprovou a observação.
**
— Como ela está? — Mestre Lian perguntou à Marie, assim que a viu sair da tenda, montada para o tratamento e repouso das ordenadas.
Estavam abrigados em uma parte mais densa da floresta em volta de Valesol, onde a copa das árvores conseguia escondê-los de olhos alados, mas não era capaz de amainar as preocupações e medo dos homens.
Não estavam tão longe da fortaleza quanto desejavam. A chuva forte do dia anterior, dificultou muito o avanço do exército midiano. Após o ocorrido no combate e diante da notícia de que havia uma Sombra capaz de assumir a forma de um dragão, decidiram-se por abandonar a fortificação.
A noite ia avançada quando descobriram que tomaram uma decisão acertada. Cruzavam uma elevação, envoltos na escuridão, quando avistaram os primeiros clarões causados pelas chamas, que desciam dos céus acompanhados por sons animalescos aterrorizantes. Sons que nem mesmo a distância e a chuva, que ainda caía no momento, eram capazes de abafar. As chamas iluminaram e consumiram a construção centenária por toda a noite e, ao raiar do dia, uma densa fumaça negra se erguia a quilômetros de distância.
Marie varreu o chão com o olhar, antes de responder através de gestos:
Ainda dormindo.
Era uma mentira e só a contou porque não queria que alguém fosse perturbar Virnan. Apesar das feridas e do desgaste pela luta e cura, a guardiã não pregou os olhos nem por um instante. Ela também não chorou mais. Em vez disso, sentou em silêncio fitando o vazio durante toda a noite.
Mestre Lian se apiedou da exaustão no rosto dela.
— Você deveria fazer o mesmo. — Disse ele, amável, enquanto oferecia uma caneca de chá, a qual ela pegou com as mãos trêmulas.
Marie tomou um gole, sem conseguir sentir o sabor. Parecia-lhe apenas água quente e o estômago revolveu-se, indignado. Ela passou a mão pelos cabelos em desalinho e insistiu em tomar novo gole da bebida. Novamente, lhe pareceu insípido. Deu uma espiada no fundo da caneca, antes de voltar a face em direção à tenda, sob o olhar atento de Lian.
— Só entre lá e descanse, também. — Ele ordenou com um sorriso benevolente, pousando a mão no ombro dela, como era seu costume.
Entretanto, ele afastou-se logo. Tocá-la lhe pareceu errado. Era como se, de repente, Marie tivesse se tornado completamente inalcançável. Impressão que foi reforçada pela ausência do habitual sorriso gentil no rosto dela.
Obrigada. Marie agradeceu com um gesto suave e o viu inclinar a cabeça e se afastar em silêncio, para atender ao chamado do guardião Jovan. Os dois discutiram algo em voz baixa, antes de se encaminharem para além das árvores sob as quais estavam.
Ela tornou a fitar o líquido no recipiente em suas mãos, duvidando que pudesse chamá-lo de chá. Entretanto, obrigou-se a continuar tomando-o. Sequer recordava a última vez em que comeu algo e o corpo clamava por algum alimento após despender tanta magia. Ela sentou junto à fogueira, mirando o espírito Voltruf, cuja presença era ignorada pelos soldados que, vez ou outra, se aproximavam do fogo para se aquecerem ou verterem um pouco de chá nas canecas.
Os ferimentos do espírito ainda eram visíveis, mas já não passavam de arranhões e a mestra perguntou sobre isso a ela, que respondeu:
— As correntes mágicas, aqui, são fortes. Por isso, meus ferimentos e os de Bórian estão curando rapidamente.
— Compreendo. — Marie murmurou, satisfeita por não ter ninguém próximo e poder se expressar através de palavras.
A ordenada reparou no vinco entre as sobrancelhas da falecida castir, cujo olhar se alojou no tecido da tenda em que Virnan repousava.
— Ela está bem — Marie informou, desejando que as palavras se tornassem verdade.
— Você não precisa mentir para mim. — Voltruf escorregou a mão pelo rosto, como se removesse alguma sujeira. — O corpo dela pode estar se recuperando de forma “adequada”, mas nenhum castir poderia ficar “bem” depois daquilo…
A conversa foi interrompida quando dois soldados se aproximaram para pegar chá. Os homens fizeram uma reverência singela para Marie e se afastaram, entretidos em uma conversa quase sussurrada. Aquilo incomodava a mestra. Depois de vinte anos sem essas mesuras, recebê-las a todo instante era aborrecido e a fazia sentir muitas coisas, menos lisonjeada e respeitada.
O semblante de Voltruf foi do preocupado ao irritado em um piscar de olhos luminoso. O espírito passou a mão nos cabelos negros, mordiscando os lábios.
— Assistir isso é um pouco estranho. — Marie falou, puxando assunto novamente, com a intenção de ocupar a mente com outra coisa além do sofrimento da esposa e o remorso que lhe tomava por ter insistido para que Virnan tomasse Zarif de volta.
Obviamente, sabia que não tinha culpa pelo ocorrido. Fosse naquele momento ou dias depois, os resultados seriam os mesmos. Ainda assim, não conseguia afastar a sensação de que tinha cometido uma terrível falta contra a esposa.
Voltruf se empertigou, invejando o chá que Marie tomava. Comer era uma das coisas que ela mais sentia falta, já que o alimento dos espíritos era retirado das correntes mágicas e, nem de longe, poderia ser comparado ao prazer de morder uma fruta ou tomar um gole de vinho.
— Desculpe.
— Não há necessidade de se desculpar. Só falei que é um pouco estranho de ver. Mas confesso que isso é o de menos, se comparado ao que vivi e aprendi nas últimas semanas. Não faz muito tempo, estava na Ilha Vitta aguardando o momento em que me tornaria um sacrifício para o Cavaleiro, completamente inocente sobre as verdades deste mundo. — Fez um gesto vago, colocando a caneca no chão.
Um ligeiro sorriso visitou os lábios machucados de Voltruf. Ela fitou as próprias botas com o cenho franzido, então voltou a encarar Marie, dizendo:
— Ele tinha razão, sabe? — Uniu as mãos, explicando: — Zarif.
Piscou algumas vezes, atenta aos traços gentis de Marie.
— Realmente, doeu quando soube que Virnan tinha se casado. Achei que fosse uma piada de Joran, mas quando vi a tatuagem no Salão Lunar, foi como se tivesse sentido a dor da morte, outra vez. — Os lábios tremeram e ela assentou o olhar na fogueira. — Eu sinto muito por dizer essas coisas…
— Eu não me importo. — Marie declarou, serena. — Enquanto não fizer a travessia para Inamia, seus sentimentos permanecerão os mesmos de quando estava viva. Não posso culpá-la por isso.
— Confesso que tenho medo de perdê-los. É como se eles fossem meu último laço com a “vida”. — Voltruf admitiu, tornando a olhar para a mestra. — Por que isso não a incomoda?
Um sorriso iluminou o rosto cansado de Marie. Ela falou:
— Admito que me incomodaria, se eu não conhecesse os sentimentos de Virnan por mim e por você. — Cruzou as pernas e descansou o queixou na mão. — Se vocês tivessem tido um pouco mais de tempo, se algumas tragédias não tivessem ocorrido… Talvez, você estivesse em meu lugar hoje.
Riu da descrença estampada no rosto da falecida Castir e continuou a falar, devagar e tranquila:
— O ritual do Salão Lunar me fez conhecer a minha esposa de um jeito muito interessante e profundo. Mas antes disso, eu tive acesso a algumas memórias dela. As vivenciei em sonhos tão nítidos que, por alguns momentos, ficava difícil me apartar deles. — Passava uma mão pelo tecido negro da calça, fazendo círculos inconscientemente. — A primeira vez em que ela viu você, pensou que era a mulher mais bonita que já encontrara, até você abrir a boca e insultá-la.
Se Voltruf pudesse corar, certamente isso teria acontecido. Mas como não era o caso, ela se limitou a baixar a vista para o chão, enquanto ouvia a risada baixa e suave de Marie.
— Virnan me ama na mesma proporção que eu a ela. Mas você ainda a afeta. É provável que seja assim para sempre. É um fato! E não vou negar que isso me deixa um pouco enciumada, mas não é nada que possa vir a prejudicar nossa relação ou que me impeça de conversar com você tranquilamente e admitir que a admiro e respeito.
A declaração fez Voltruf remexer-se, inquieta. Ela sorriu para Marie, um pouco sem graça.
— Obrigada — disse o espírito, desconcertada e admirada pela serenidade com que se expressava sobre aquele assunto. Uma agradável sensação lhe tomou ao pensar que Virnan ainda lhe dedicava algum afeto, apesar dos séculos e do casamento.
Outra vez, o silêncio ganhou espaço entre elas. Contudo, não durou muito.
— Poderia saciar a minha curiosidade? — Voltruf indagou, causando um ligeiro sobressalto em Marie, que tinha voltado os pensamentos para Virnan. Ela queria saber mais sobre os sentimentos de Virnan e sobre os de Marie, também. Contudo, reconhecia que não tinha direito sobre isso. Seu tempo havia passado e não voltaria.
A mestra balançou a cabeça, afirmativa.
— Como castanes puderam se ligar às tucsianas?
— Você quer a explicação rápida e simples ou a demorada e complicada?
Voltruf analisou o cansaço nas feições dela. Preferia saber todos os pormenores, todavia disse:
— Creio que a rápida poderá me satisfazer.
A mestra ordenada balançou a cabeça, grata. Não tinha ânimo para enveredar em uma explicação profunda de algo que ainda era um pouco difícil de entender.
— Não é tão complicada quanto pode parecer. — Minimizou. — Fomos capazes desse feito porque estamos conectadas a Virnan através do juramento que nos tornou um Círculo. Compartilhamos a magia dela, que reforça a nossa e vice-versa.
O vento soprou na copa das árvores, fazendo gotículas de água da chuva passada, que ficaram nas folhas, caírem sobre elas.
— Estou surpresa que algo assim possa ocorrer.
— Se você está, imagine como ficamos quando nos demos conta disso. — A mestra afastou alguns fios de cabelo do rosto. Parecia que a noite do ritual no Salão Lunar tinha ocorrido há décadas atrás, em vez de pouco mais de uma semana.
— Se isso é verdade, então vocês também podem… — Voltruf interrompeu-se, fitando o castanho dos olhos de Marie com uma mistura de admiração e inveja.
— Quer saber se podemos fazer um Pacto Castir? — Marie adivinhou.
Ela focalizava uma tenda maior, alguns metros adiante, onde sabia que Melina, Tamar e Emya, discutiam com os nobres dos reinos vizinhos sobre a possibilidade de unirem-se contra o Cavaleiro e lutarem ao lado de Flyn. Por Emya e os Axeanos, a decisão já estava tomada. Entretanto, os outros regentes não estavam muito dispostos a agir. Nas palavras de Virnan e Fantin, eram um bando de covardes.
Marie retornou a atenção para Voltruf, em tempo de ver o espírito balançar a cabeça de forma positiva. Na realidade, a falecida castir estava certa de qual seria a resposta. Contudo, necessitava ouví-la.
— Sim. — Marie confirmou, cansada. — Acreditamos que é possível fazermos pactos com espíritos, ainda que nenhuma de nós esteja disposta a isso.
Era assustador o poder que aquelas humanas possuíam, Voltruf pensava. Achava graça do fato de que todas as suas crenças estavam sendo esmagadas aos poucos, por elas e Virnan. Afinal, de nada adiantou todo o orgulho que ostentou em vida. Descobria, na morte, que a vida era muito mais que sobrenome e sangue nobres e que o verdadeiro “poder” nem sempre estava nas mãos da elite.
Que grata surpresa esse capítulo, gente!
Adoro a Fantin botando o povo no seu devido lugar! Hahahahah…
Ansiosa pelo próximo.
Bjs
Se não fosse com uma presença forte, não seria Fantin, né? rs…
Nos vemos no próximo!
Beijos!
Tattah,
a dor de Virnan e a ilustração maravilhosa q fizeste me faz sentir ainda mais a ‘morte’ de Zarif.
Fantim tá sensacional no papel q lhe foi incumbido, ela é realmente mto parecida com Virnan.
Marie sendo a serenidade em pessoa ao falar com Voltruf, adorooo…
Mais um cap. maravilhoso, parabéns.
Nádia,
Que bom que gostou do desenho e do capítulo, nos vemos nos próximo!
Beijos!