Olá amores!
Capítulo extra para compensar o atraso da semana passada. Espero que gostem.
É curtinho, mas foi feito com carinho.
Boa leitura!
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O vento açoitava forte as muralhas maciças de Valesol, e a chuva desabava como se os céus estivessem em pranto. Talvez estivessem mesmo, pensava Marie, recordando que a jornada que a levou até ali, começou em um dia de tormenta, como aquele.
Ela pousou o olhar na torre norte de vigília, onde dois arqueiros esforçavam-se para manter a atenção além das muralhas. Mas a chuva era tão intensa, e as nuvens sobre suas cabeças tão escuras, que pouco se via além do fosso em volta delas. O vento atirou gotas de água gelada na face de Marie, que estava recostada a parede do corredor externo, ao lado da porta do quarto em que Virnan repousava.
A mestra baixou a vista para as mãos trêmulas, que nada tinham a ver com o esforço que fez para livrar a esposa do veneno. A quantidade de magia que usou era insignificante. Mas a sensação de agonia que a tomou quando encontrou a “raiz” dele, ainda a tomava.
Diante do pedido de pressa que Virnan fez, Bórian encerrou a conjuração que reprimia a magia de Marie. E, como ocorreu em Bantos, a mestra cerrou os olhos, encostou a testa à da guardiã e foi sugada para o interior dela. Outra vez, viu cada veio mágico que percorria o corpo da esposa. Admirou as cores deles que, diferentemente da vez anterior, — quando a magia dela ainda estava aprisionada — se cruzavam em milhares de pequenos pontos, formando pequenos círculos de luz, que brilhavam intensamente como estrelas. Eles realmente lhe pareceram uma constelação.
Obedecendo as instruções que Virnan lhe deu, navegou naquele rio de cores mágicas à procura do veneno da Sombra. A tarefa era cansativa e pareceu lhe consumir por horas. Em verdade, apenas alguns minutos se passaram.
Aquela “coisa” parecia mesmo com um emaranhado de raízes, que se conectavam aos veios mágicos de Virnan. E, quando se deu conta da presença de Marie, tentou atraí-la e se conectar a ela, enervando seus pensamentos. Por algum tempo, a mestra se entregou àquelas sensações, e uma crescente tristeza começou a se assentar em seu coração.
Estava se entregando àquele veneno e deixando que a tomasse também, mas a voz de Virnan a alcançou. A esposa sussurrava o voto que as uniu, recordando-a que a descoberta daquela união, foi o momento mais feliz de sua vida. Como se aquela alegria erguesse um escudo à sua volta, seus pensamentos clarearam e ela apressou-se a erguer uma mão fantasma que a conectou a aura mágica de Melina.
Juntas, tia e sobrinha, extraíram o veneno da guardiã. Marie manteve a expressão inalterada, assim como a tia, mas Emya não conteve o grito de susto. Como Virnan disse, era apenas o veneno de algo ruim, mas ele começava a tomar a forma de uma sombra e apresentou-se para eles como se fosse uma criança deformada, cuja pele era feita de óleo negro e viscoso, e os olhos eram duas órbitas vazias.
A mestra encarou-o por um instante, então pegou a adaga. Enfiou-a até o cabo naquela criatura asquerosa, então entregue a raiva pelo mal que aquela coisa estava fazendo a mulher que amava, não sussurrou, não falou devagar. Ela simplesmente gritou:
— Luminai!
A luz que tomou o quarto era tão forte que, por alguns instantes, foram cegados. Quando desapareceu, Virnan estava inconsciente, sendo apoiada por Melina para que não caísse do banco. Emya tinha os olhos arregalados e os lábios entreabertos, como se o ar lhe faltasse. Quanto a Bórian, tinha perdido completamente a postura altiva. Suas feições demonstravam um pesar tão grande que, por um momento, as mulheres imaginaram que ele iria chorar. Contudo, o espírito recuperou-se rápido e tomou a ex-companheira de círculo nos braços para depositá-la na cama cuidadosamente.
— Você está bem?
A pergunta de Emya arrancou Marie da contemplação das mãos. Baixou-as e escondeu nas costas em um gesto casual, que Virnan costumava repetir com frequência. Inclinou a cabeça, afirmativamente. Lançou um olhar para a porta do quarto, de onde a irmã tinha acabado de sair. Lhe adivinhando os pensamentos, Emya disse:
— Ela ainda está inconsciente. A deixei com aquele espírito. Pelo menos, acho que ele está lá, já que depois que nossa tia encerrou a conjuração daquele círculo, não o vi mais.
A mestra riu do modo como falou. Bórian estava mesmo no quarto. O espírito não tinha muita escolha quanto a isso, já que tinha se prendido ao bracelete de Melina para poder segui-las naquela viagem. Não fosse assim, seria atraído para os Portões no momento em que pisasse em Valesol. A grã-mestra tinha ido à procura de Lian e deixou o objeto ao lado das armas castir.
Marie lhe tocou a face, emocionada. Queria lhe falar, mas para isso precisaria de Bórian e necessitava de um momento a sós com a irmã. Então, limitou-se a abraçá-la forte, entregue a alegria do reencontro e assim permaneceram por um longo tempo.
**
Virnan despertou de um pesadelo, banhada em suor e com o coração acelerado. Sentou na cama, respirando forte.
Por um momento, não soube onde estava e perdeu-se na contemplação da chuva além da janela e nos sons dos trovões. Os céus pareciam estar desabando.
— A idade enfraqueceu você. — A voz de Bórian lhe chegou.
Ela deslizou o olhar pelo cômodo até encontrá-lo sentado ao lado da mesinha onde as armas castir estavam. Tornou a deitar-se, encarando o teto por algum tempo. Percebia a magia fluíndo normalmente em seu corpo e que a febre e as dores já tinham lhe abandonado. Contudo, os tormentos do pesadelo, ainda estavam bem vívidos.
Manteve-se em silêncio por um longo tempo, até que a respiração normalizou e arrastou-se para fora da cama. Avaliou o estado dos ferimentos, satisfeita em perceber que já não passavam de arranhões.
— Deveria descansar um pouco mais. Restaurar suas forças completamente. — Bórian aconselhou.
Ela lançou um olhar para a couraça, largada em um canto de parede. O estrago que as garras da Sombra de Lorde Axen fez, inutilizou-a. Irritado com seu silêncio, Bórian lhe atirou uma bolsa de couro, que Melina carregava quando chegou.
— Aquela castane loira disse que você tem o péssimo hábito de destruir suas roupas, quando desaparece. Imagino o que ela diria se a visse banhada em sangue, como já testemunhei…
— Tenho muito em que pensar para deixar que você me irrite hoje. Então, me poupe dessa conversa inútil.
Ela despiu-se das roupas que Emya lhe emprestou e abriu a bolsa. Não lhe incomodava o olhar atento de Bórian, assim como não se incomodaria se o quarto estivesse cheio de pessoas. Passou muito tempo em acampamentos militares, para que ainda tivesse algum pudor sobre isso.
— Desculpe, mas o vermelho estava em falta — ele zombou, enquanto ela retirava da bolsa as vestes Castir nas cores tradicionais, branco e preto.
Enfiou-se dentro delas e da nova couraça. Deslizou as mãos pelos cabelos, alinhando-os, e se aproximou dele. Pegou a adaga e colocou na cintura, fazendo uma careta para o machado. Bórian passou a mão sobre o cabo dele, como se estivesse fazendo um carinho.
Virnan inspirou fundo, mirando-o nos olhos.
— Você gosta de falar dos meus pecados, Caçador, mas será que recorda quantas atrocidades cometeu com essa arma?
Os olhos dele se estreitaram.
— Se está preocupada com a sua humana amitsha, pode ficar tranquila. Não tenho a menor intenção de machucá-la.
Os lábios dela se entortaram em um sorriso escarninho, e afastou-se. Caminhou até a janela e admirou a chuva por algum tempo. O céu escuro dava indicativos de que a tormenta duraria até a noite, talvez chegasse ao dia seguinte. O som de um trovão abafou o estalar de lábios dela, antes que se voltasse para o interior do cômodo, novamente.
— As pessoas me parabenizavam por ter quebrado as barreiras milenares que faziam dos aurivas meras ferramentas. Mas o que eu fiz, de fato? Meu sangue é misto, só isso. — Encarou-o. — Nunca tive orgulho destas vestes, desta arma, deste título. Por mais nobre que seja ser a protetora de três mundos, por que me orgulharia de pertencer a uma Ordem que dá aos seus membros o dever de caçar e assassinar crianças, só porque tiveram a infelicidade de nascer com um dom “proibido”?
Bórian se empertigou sobre o assento. Seus lábios crisparam e ele tornou a acariciar o machado, entregue às lembranças da vida como um Castir. Ela continuou:
— Vocês me provocavam, menosprezavam e xingavam. “Príncipe de sangue”, “Cavaleiro vermelho”, “Sanguinária”, “Morte alada”, entre tantos outros apelidos que tinham por objetivo me recordar das coisas que fiz na guerra. Não me orgulho das vidas que tirei, mas o que fiz é justificável pelo momento em que vivíamos. Era guerra; matar ou morrer. Deixar que amigos e família perecessem, ou empunhar uma espada e defendê-los.
Sorriu de lado; um gesto sem emoção, como se fosse apenas um espasmo dos músculos.
— Não nego que essas coisas ainda me afetam, que as lembranças se infiltram no meu sono e se tornam pesadelos. Mas quando paro para pensar que estávamos nos encaminhando para a destruição completa do nosso povo, não tenho arrependimentos do que fiz para acabar com aquela guerra. Você pode dizer o mesmo dos seus atos como Castir?
Ele encerrou o “carinho” que fazia na arma e recostou-se à mesinha, fitando-a.
— Fiz o que era necessário. Assim como você tinha o dever de caminhar entre os mundos caçando as Sombras, eu tinha o meu caçando Amitshas.
— Aos meus olhos, há uma grande diferença entre os dois. Meu dever era destruir aquelas abominações, enquanto o seu era destruir a vida de crianças.
— Sabe bem que não as matava!
Ela chegou mais perto.
— Era praticamente o mesmo! Você deixava cascas vazias ao decepar a magia das almas delas. Pessoas sem voz, sem desejo, sem viço!
Bórian ficou de pé e aproximou-se dela, obrigando-a a erguer a face para encará-lo.
— Ela é perigosa. Você sabe bem disso. Mas já estou morto e, ao contrário de Voltruf e Joran, não me considero mais um castir. Não tenho a menor obrigação de agir contra a sua humana. Mas se alguém em Flyn descobrir sobre os seus poderes…
Virnan sorriu de um jeito malvado e Bórian deu-se conta de que jamais viu tamanha crueldade visitar o rosto dela.
— Hoje, sou tudo aquilo que eu desprezava. Sou filha de um Deminara. Sou a porcaria da rainha de Flyn; provisoriamente, mas não deixa de ser verdade. E, também, sou toda a Ordem Castir. Se alguém tentar machucar Marie, irei esmagá-lo. Seja ele, florinae, humano ou espírito!
Pousou a mão no peito dele e o espírito se curvou, sentindo a dor, que a magia agressiva dela lhe infligia, espalhar-se pelo corpo. Virnan se afastou e a dor se foi com ela. Ainda se recuperando, Bórian falou:
— Ela me intriga, é só isso. — Garantiu. — Nunca vi uma amitsha que tenha chegado a essa idade e que conseguisse conter seus poderes. Mas você sabia que isso iria me interessar, não é? Por isso falou o que ela era. Não sou estúpido, sei bem quando estão tentando me manipular.
Ela riu, sentando na beirada da cama e cruzando as pernas. O que ele dizia era verdade.
— Mesmo assim, você se aproximou dela. — Observou com ar vitorioso e provocador.
— Por que estava curioso por ela e, principalmente, com o seu objetivo a fazer isso. Você não dá ponto sem nó, Príncipe. O que você realmente quer de mim?
A Castir sorriu mais largo, descansando o queixo na mão de forma descontraída.
— Eu quero uma Canção.
Se fosse possível, Bórian teria empalidecido.
— Está louca!
— O que é a vida sem um pouco de loucura?! Pense sobre isso, mas não demore muito para se decidir. Nosso tempo está se acabando.
Se colocou de pé, atenta ao movimento da porta, que se abriu para dar passagem a Marie e Emya. Sem cerimônia, enfiou-se entre os braços da esposa, aspirando o aroma dos seus cabelos com alegria. Recebeu um beijinho no topo da cabeça.
Apesar de ainda haver uma ruguinha de raiva se destacando na testa da mestra, ela abriu um sorriso aliviado e lhe acariciou a face, antes que se afastasse completamente.
Você está bem?
— Sempre, desde que você esteja por perto.
Não pense que vai escapar… Virnan lhe segurou as mãos, impedindo que concluísse a frase. Beijou-as e sorriu.
— Deixarei que brigue comigo o quanto quiser. Mais tarde. Mas creio que tenha coisa melhor para fazer agora. Que tal conversar um pouco com a sua irmã?
A alegria nos olhos de Marie só podia ser comparada a de Emya. Ambas estavam ansiosas por esse momento.
Seria maravilhoso.
A mestra gesticulou e, mal terminou de fazê-lo, Virnan conjurou um círculo, que se alojou no braço de Emya. Explicou:
— É mais fácil protegê-la do que tentar conter a sua magia. Assim, poderei me afastar o suficiente para lhes dar privacidade, enquanto resolvo outros assuntos. Só tome cuidado para não se exaltar.
Lhe fez um carinho no queixo e ficou na ponta dos pés para beijar o local. Então, pegou o machado e o bracelete de Melina para que Bórian pudesse lhe acompanhar e saiu, lançando uma piscadela para Emya.
As irmãs fitaram a porta fechada por um longo instante, no qual o silêncio foi interrompido por um trovão. Marie suspirou e sorriu largo, trazendo Emya para os braços, outra vez.
— Não sabe quanto senti sua falta! — Disse.
Emya não conteve as lágrimas de alegria. Sorria e chorava, repetindo:
— Ainda não consigo acreditar que você está aqui!
***
Petro andava de um lado para outro, diante das grades da cela onde o corpo de Ilan Dastur havia sido trancafiado. Ele ainda não entendia o porquê daquilo, se o homem — ou que quer ele fosse — já estava morto. Contudo, Virnan tinha insistido em mantê-lo ali e o spectu logo se prontificou a vigiá-lo. Movido muito mais pela curiosidade do que pelo desejo de ajudar, Petro se ofereceu para acompanhá-la.
Ele planejou tirar algumas dúvidas com o espírito da rainha florinae, mas esta não estava muito disposta a falar e rejeitou todas as suas tentativas de iniciar uma conversa. Petro cruzou os braços, lançando um olhar de esguelha para ela.
Literalmente, empoleirada no encosto de uma cadeira, o pássaro Lyla chilreou baixinho. Entortou a cabeça um par de vezes e abriu as asas, como se estivesse a se espreguiçar. Cançado do silêncio e de caminhar sem sair do lugar, Petro sentou no chão, recostado à parede.
— Você também devia repousar, Guardião. — Lyla falou, assumindo a forma humana. Sentou na cadeira, cruzando as pernas de forma elegante.
O homem inspirou fundo. Ainda não tinha conseguido se acostumar com aquilo.
— Eu estou bem, Senhora. Obrigado pela preocupação.
Ele admirou o rosto atraente de olhar distante. A impressão que tinha era de que ela estava sempre envolta em lembranças. Era como se carregasse um grande peso sobre os ombros. Pelo pouco que sabia dela, não deixava de ser verdade.
Resolveu arriscar outra vez.
— Perdoe-me se estou sendo intrometido e demasiado insistente, Senhora. Mas gostaria de entender o que está se passando. Sei que o que nos contou é apenas uma parte da verdade. Há sempre algo mais quando a Guardiã Virnan está envolvida. E depois do que vi na noite passada…
Passou a mão no rosto, tentando afastar o cansaço.
— Ela não tinha magia. Nunca a vi conseguir conjurar nada e, de repente, ela está criando escudos invisíveis e roubando o ar das pessoas com um simples gesto. — A mirou nos olhos. — Como ela pode ser a rainha atual do seu reino, quando até uns poucos dias ele não passava de uma lenda? Qual é a relação de vocês?
O spectu sorriu. Como esteve presa a adaga, acompanhou os passos de Virnan na Ordem e viu a relação tempestuosa, mas, também, respeitosa dos dois guardiões. Assim como Virnan, acreditava que Petro era um homem de visão, muitas vezes, limitada. Contudo, uma pessoa de grande valor.
— Ela sempre teve magia, Petro, mas estava aprisionada. — Fez um gesto vago. — A história é longa e agora não tenho tempo de contá-la, pois ela está vindo para cá.
— Como sabe?
Lyla sorriu.
— Ela acabou de me dizer. — Deu dois toquinhos na testa com o dedo indicador. — Mas ainda tenho tempo de responder suas últimas perguntas e a resposta é a mesma para ambas. Virnan assumiu o trono porque é minha irmã.
O guardiã franziu o cenho tentando compreender aquilo, mas antes que pudesse fazer outra pergunta, Virnan apareceu, acompanhada por Melina e Mestre Lian. A castir esbarrou neles alguns metros antes da porta pela qual haviam acabado de passar.
Surpreso, Petro apressou-se a cumprimentar a Grã-mestra e enviou um inclinar de cabeça discreto para Lian e Virnan.
— Fiquei sabendo que se envolveu em problemas, Majestade. Folgo em vê-la bem. — Melina falou para Lyla, que lhe sorriu em resposta e agradeceu o cuidado.
O spectu se aproximou da irmã, passando a mão pelos, agora arranhões, no rosto dela.
— É uma pena, isso daí vai deixar cicatriz.
Virnan lhe beijou a mão. Por um momento, a recordação do desespero que sentiu ao achar que ia perdê-la, lhe invadiu a mente e turvou os pensamentos. Mas tratou de afastá-los com um sorriso. Soltou a mão dela.
— Mas ainda estou bonita. — Retrucou, notando que Petro alternava a vista entre uma e outra.
O guardião buscava alguma semelhança física que pudesse confirmar a declaração do espírito, mas aquelas duas não podiam ser mais diferentes e a confusão em sua mente só aumentou.
— Não poderá dizer o mesmo daqui a cem anos. Enquanto isso, continuarei com esta bela face, desfrutando a paz de Inamia. — Lyla provocou, aliviada por vê-la bem e notar que a raiva dela tinha arrefecido.
— Não fale bobagens. As cicatrizes só aumentam meu charme. Acaso as da minha mãe a deixavam feia?
— Antes você tivesse herdado a beleza de Denna! Entendo perfeitamente porque nosso pai enlouqueceu de amores por ela.
Virnan sorriu com o comentário, mas decidiu não retrucar. A mãe foi mesmo dona de uma beleza assombrosa, que arrastava olhares de cobiça e admiração. Contudo, Denna nunca permitiu que a notassem apenas pela beleza, trabalhou duro para ser reconhecida como uma das melhores protetoras de Flyn.
A castir ignorou as interrogações que se assentaram nas faces dos dois homens e voltou-se para o interior da cela, deixando de lado a conversa amena.
— E então?
— Ele está acordado faz algum tempo.
— A-acordado?! — Petro gaguejou e Lyla deu de ombros com um sorriso zombeteiro, que ele achou muito parecido com o de Virnan. Esta, por sua vez, chegou perto da grade e sussurrou algo que os outros não conseguiram entender.
Pequenos fios de luz brilharam em volta do corpo do lorde. Alguns pareceram “arrebentar” ou folgarem. Um instante longo se passou sem que nada acontecesse. Mas, de repente, ouviram um gemido baixo e abafado, então o lorde sentou.
A guardiã sorriu, maldosa.
— Olá, vermezinho! Sentiu saudades?