A Magia do Amor

27. Adônis Aestivalis

<p “text-align:=”” center”=””>27 <p “text-align:=”” center”=””>Adônis Aestivalis

As semanas seguintes passaram com pressa e bastante movimentação, o sol nasceu e adormeceu algumas vezes, assim com a lua. O mar continuou agitado ganhando sempre um pouco mais de fúria. Naqueles dias, Agatha passou a maior parte do seu tempo na casa da prima, o casal de gêmeos era de fato um encanto e todos estavam apaixonados pela chegada daquelas pérolas.

– Você deveria fazer logo o seu. __ comentava Alana ao ver a prima segurando os bebês com certa maestria.

– Sei que minhas palavras soarão bobas, mas fico imaginando em como deveria ser o Daniel nessa idade.

– Casa-se logo com ela, adote o menino e tenham mais filhos!

– Até parece que é tão simples assim.

– Nós temos a péssima mania de complicar até as coisas mais fáceis de resolver. __ Amélia e Eva entraram no quarto com sorrisos e expressões misteriosas.

– Amor, já cheguei a uma decisão! __ declarou animada. – Só não sei se você vai gostar.

– Parem com o suspense e me digam o que estão aprontando.

– Filha, já sou uma velha, não tenho idade para artimanhas.

– Ah tia… __ colocou um dos gêmeos que adormecera na cama e continuou a acalentar a outra. – É justamente com o acumulo das experiências que nos tornamos melhores nas artimanhas. __ riram.

Eva sentou-se na cama, de frente para Alana, seu olhar para a esposa era nitidamente apaixonado, em seus pensamentos a certeza e o eto por se sentir amando ainda mais aquela mulher.

– Se no passado, alguém tivesse me contado que isso iria acontecer comigo, com certeza eu não acreditaria. __ mas, o fato era que ela estava vivendo justamente o que tantas vezes considerou ser o ato mais insano que um ser humano pudesse cometer, afinal, uma das principais teorias de Eva era a de que haviam tantas mulheres no mundo, que se prender apenas a uma era um sacrilégio. Depois que conheceu Alana, passou a acreditar que loucura mesmo seria não ter aquela mulher fazendo parte de sua vida. Era amor, como nunca pensou que poderia ser. Era simplesmente amor. – Escolhi o nome dos nossos filhos.

– Demos graças aos deuses! Conta amor, eu já não estava mais aguentando esperar, quero poder chamar nossos filhos pelo nome.

– Luís e Anna! __ Eva estava um pouco apreensiva, sabia que os nomes eram simples, mas ela tinha um porque para eles. – Você não vai se pronunciar?

– Eu achei lindos. __ Agatha decidiu falar algo, já que a prima parecia estar ainda pensando sobre a novidade. – Sem contar que os nomes não deixam de ter origem celta. Luís quer dizer combatente glorioso, aquele que contém luz, que é célebre. Já Anna, quer dizer graciosa ou cheia de graça.

– Muitas mulheres… __ continuou Amélia. – Davam esse nome as suas filhas, principalmente quando elas já estavam acreditando que não podiam gerar uma vida, a chegada da criança vinha como uma graça. Talvez, seja por isso o significado.

– Como vocês falam… __ Alana sorria para a esposa. – Luís e Anna, um guerreiro e uma graciosa. __ os olhos brilhavam, denunciando as lagrimas.

– E não é apenas isso… __ Alana riu com a entonação na voz da esposa e esperou pela continuação. – Será Luís Augusto! Que ele tenha um coração tão justo e bondoso quanto o avô. E Anna, porque vem de Alana, e você meu amor… você merece todas as homenagens!

Comovida e ciente de que não conseguiria expressar suas emoções com palavras, Alana puxou a esposa para si com certa avidez e a beijou. Agatha colocou Anna que dormia pacificamente, no berço e saiu do quarto junto com a tia, a passos mansos para que não atrapalhassem o clima entre o casal.

– Ah Eva, como eu te amo! __ pausava o beijo para que pudesse recuperar o fôlego.

– E por isso sou a mulher mais sortuda desse mundo, por saber que sou amada pela mulher que eu amo. __ o beijo foi retomando, e ainda que desejassem muito mais que beijos, Alana estava em fase de recuperação, ficaram entre os carinhos, declarações de amor e beijos calmos.

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Maysa que ansiava tanto pela chegada daquele dia, olhou para o céu e fez uma careta ao notar que o começo da noite ganhava tons mais escuros que o comum, ainda sentia o coração apertado por estar deixando o filho dormir fora de casa. Já Daniel estava tão animado com aquela novidade que mal se despediu dela, a mochila do explorador de mundos continha uma abundância de objetos, para que nada lhe faltasse durante a noite e manhã que passaria na casa do amiguinho. A única coisa que apaziguava o coração da loira, era o fato de que teria aquela noite para ela e Agatha, tudo já estava planejado em sua mente, saindo dali iria buscar a morena na casa de Alana, a levaria para jantar em algum daqueles restaurantes perto da praia, após o jantar caminhariam pela areia até achar um lugar ideal para sentar e admirar o mar noturno e agitado, apreciando um vinho. E depois…

– Depois ela estará em minha casa. __ suspirou e deixou que um sorriso embargado de malícia se formasse. – Pare de pensar besteiras, Maysa. Pode ser que não aconteça nada, o que não tem problemas, só de dormir ao lado dela, abraçada e sentindo aquele cheiro gostoso que ela exala, já é algo que pode ser considerado divino. Mas… __ gargalhou, e se deu conta de que entrava na rua onde Alana residia. – Se acontecer, eu vou adorar. Ai ai, que saudade de sentir aquela pele quente sob a minha… __ continuou a divagação enquanto recordava com alegria da primeira vez em que fez amor com a morena.

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Amélia contava para a sobrinha como havia sido a visita que fez a irmã, admitia o quanto ela e o esposo estavam apaixonados pelo Canadá.

– Daqui a pouco irão querer morar lá também.

– Estamos pensando sobre isso, Thata.

– Sério, tia?

– Sim, seus pais fizeram o convite. Augusto continua empolgado com essa possibilidade, porém, com o nascimento dos gêmeos, essa ideia ficará congelada por pelo menos um ano.

– Sem contar que, um ano é prazo suficiente para vocês irem organizando as coisas. Primeiro meus pais, agora vocês. Vamos sentir tanta saudade.

– Também iremos sentir de vocês, mas sempre estaremos por aqui, da mesma forma que vocês podem ir nos visitar. A verdade é que agora somos só nós dois, Alana tem a Eva e os bebês, Lucas também encontrou o amor, e acredito que antes do que pensamos, eles terão crianças correndo por aquela fazenda. Só…

– Só?

– Falta você, minha filha.

– Oh tia, você sabe que não me preocupo com isso.

– Não nascemos para trilhar sozinhos nessa vida, Thata. É bom ter com quem compartilhar as alegrias e tristezas, faz a vida ficar mais leve. Sei o quanto aquele homem deturpou suas crenças sobre o amor, mas já faz muito tempo. Está na hora de você permitir-se, de deixar o amor encontrar você, e assim que o reconhece-lo, não deixe que lhe escape.

– Tia, eu…

– Não quero intrometer-me em sua vida, sei que tens um grande equilíbrio e até mesmo certa amizade com a solidão, mas complete a felicidade dessa tia que te ama muito e só deseja te ver ainda mais feliz. Eu vi como a filha da Dolores olhava para você, apesar da emoção que aquela noite causou a todos nós, o brilho que havia naqueles olhos era por você.

O riso alto e espontâneo de Augusto invadiu a sala, fazendo com que a esposa e sobrinha voltassem a atenção para ele. Agatha sentiu a face esquentar e teve a certeza de que estava corada quando o homem anunciou a plenos pulmões que a namorada da morena havia chegado para busca-la.

– Homem, não seja indiscreto. __ Amélia repreendia o esposo, embora seu sorriso no canto da boca deixasse claro o quanto havia se divertido com aquilo.

– Não sabia que era um segredo, até agora ninguém negou. __ e olhou brincalhão para a morena que lhe sorriu.

– Tio… tia… sei que querem me casar também, estão empolgados com os gêmeos e com o casamento de Lucas, mas ainda não posso casar. Bom, não quero deixar a Maysa esperando, digam ao casal que deixei beijo para elas e os filhos. E tia, não deixe de contar ao meu tio os nomes dos bebês, tenho certeza que ele vai amar. __ piscou, abraçou os tios e saiu o mais rápido que podia, antes que eles se incumbissem de celebrar o casamento dela e Maysa naquele mesmo instante.

A morena atravessou o gramado e alcançou a calçada, Maysa a esperava com um sorriso estampado na face e um vasinho com adônis de cor vermelha. A senhora da floricultura contara a Maysa que o significado da flor era: recordação amorosa. E sua história era de fato, interessante: Afrodite e Adônis se apaixonaram perdidamente, mas o jovem morreu ao ser ferido fatalmente por um javali, que fora enviado por Ares, o deus da guerra, que era amante de Afrodite e ficou com raiva por ter sido abandonado. Mas, Afrodite transformou o sangue do ser amado em uma flor chamada anêmona, e ao longo dos anos a adônis aestivalis foi associada a lenda por ser semelhante as anêmonas, já que ambas pertencem à família das ranunculáceas.

Mito ou não, a loira ficou encantada e desistiu de procurar outras flores, sua escolha já havia sido feita.

Agatha agradeceu o mimo depositando um beijo rápido e sutil nos lábios da loira. Entraram no carro e ainda falavam amenidades, Maysa sorria encantada ao saber o nome dos gêmeos e os porquês de Eva. Pensar em como a amiga estava uma mãe coruja a fez sentir o coração pesar.

– Você pode dizer alguma coisa que aplaque esse sentimento de culpa que está fazendo festa dentro de mim? __ a loira falava enquanto o carro se afastava da casa de Alana.

– Por que se sente culpada?

– Por ter uma parte minha que está comemorando o fato do Dan não estar em casa essa noite?! __ seu riso foi nervoso e incerto.

– Maysa… __ a morena sentiu um súbito desejo de tomar aquela boca para si e beijá-la, mas sabia que poderia acabar causando um acidente se tirasse a concentração da loira ao dirigir. – É mais uma descoberta para ele, será uma noite de aventuras. Sendo que corremos o risco de você receber uma ligação no meio da noite para ir busca-lo pois está chorando com saudades da mãe.

– É a primeira vez que ele dormirá fora de casa. __ havia certo desespero naquelas palavras.

– A parte que comemora está perdendo para a parte que é uma super mãe e protetora! __ riu. – Mas, vou te ajudar a passar por isso sem ter crise existencial. __ prendeu o riso ao ver o olhar que Maysa lhe lançou, não foi de recriminação, ao contrário, aquelas palavras pareceram lhe agradar, os pensamentos da loira eram tão transparentes que fez Agatha engolir a seco e sentir algo contrair-se dentro dela.

– Hum, você vai me ajudar?

– Aham, vou invadir sua cozinha e preparar algo para jantarmos. Pensei que podíamos tomar um vinho também, conversar, talvez, assistir algum filme.

– Pensamos mais ou menos nas mesmas coisas.

– Me fale o que você planejou.

– Bom, te levar para jantar naquele restaurante, é… Manga Rosa. Depois poderíamos tomar o vinho admirando o mar, mesmo estando tão agitado, ele continua lindo. E então casa e filmes, ou fazer qualquer outra coisa que você desejar.

– Que tal comprarmos algo no Manga Rosa, pois, adoro os pratos que eles servem lá. Levamos para casa, deixamos tudo pronto para quando sentirmos fome, e vamos ver o mar e tomar vinho?

Créditos musicais: A Woman In Love – Barbra Streisand (https://youtu.be/H6Mg1oPhPug)



Notas:



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4 Respostas para 27. Adônis Aestivalis

  1. Essa noite promete! rsss

    Gostei da historia da flor Adônis ! adoro historias dos Deuses gregos!
    beijos fica na paz
    mascoty

  2. Espetacular….nem sei mais o que dizer sobre como vc se supera diante de cada capitulo…um melhor que o outro.
    Amo essa história!!
    Parabéns…nota 1000..

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