A Magia do Amor

10. Sábado de sol

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Sábado de sol
 

“Sábado de sol, aluguei um caminhão…” – Mamonas Assassinas

 

Não, ninguém alugou um caminhão, apenas me recordei da música ao me situar que era um perfeito dia de sol, e sábado. A cidade estava movimentada, as ruas tinham ainda mais vida, quem passava em frente aos barracões de frutas e hortaliças, se embriagavam com o delicioso aroma que de lá exalava. Era definitivamente um burburinho gostoso.

 

As pessoas passeavam pela cidade, alguns aproveitavam para fazer suas compras e outros apressavam-se para ir ao circo que estava de passagem por Cabritos, nem preciso ressaltar sobre o quanto as crianças estavam eufóricas com aquela novidade. Até Agatha que amava o silêncio, a paz e a solidão de seu jardim, também estava empolgada com o movimento que a cidade ganhara devido aquela visita inesperada do Circo Máximum, embora tenha ficado um pouco chateada quando passou em frente à loja de Alana e notou que todas as vagas para veículo estavam ocupadas. Acabou entrando em um estacionamento há poucas quadras da Loja Eclipse.

 

Agatha sentia orgulho de como ela e os primos optaram por seguir na vida, embora o legado e a herança que a família possuía fosse suficiente para que eles vivessem confortavelmente, cada um decidiu que queria ter sua própria ocupação. Lucas assumiu a fazenda e tinha vários empreendimentos; da produção de vinho artesanal e queijos aos grandes leilões de animais.

 

Sorriu consigo mesma enquanto abria o porta-malas ao lembrar da sua reação quando a prima contou que abriria uma loja esotérica. Tudo que alguém procurasse de produtos e objetos naturais e ou para práticas de rituais pagão, encontraria na Eclipse, a novidade veio em uma época onde ela ainda não sabia aceitar nada que saísse um pouco do que era tido como normal, no entanto, depois de algum tempo, ela acabou se tornando a principal fornecedora dos produtos naturais que a prima vendia.

 

Olhou para as caixas, coçou a cabeça… jogou a bolsa sobre uma das caixas e começou a retirá-las do porta-malas, haviam seis no total, estavam cheias de frascos com essências, cremes, chás. Era uma encomenda para todo um mês, iam de remédios à perfumes com fragrâncias únicas.

Terminou de descarregar e considerou fazer duas viagens, levando em conta a distância até a loja, porém, teimosa como sempre, decidiu que podia equilibrar tudo com muito cuidado e assim fez, empilhou as caixas, conseguiu fechar o porta-malas com o cotovelo. Atravessou o estacionamento de um ponto ao outro até alcançar a rua e caminhar por uma quadra, então começou a resmungar, era o peso, era o risco desnecessário de deixar uma daquelas caixas caírem e perder dias de trabalho, era o transitar de pessoas que estava mais intenso que o de costume.

 

– Precisa de ajuda?

 

A morena já estava bastante irritada, tinha acabado de desviar de um grupo de adolescentes que por muito pouco não a derrubou, sem falar do motorista mal-educado e apressado que quase a atropelou quando atravessava a rua. Ela virou para ver quem lhe oferecia ajuda, apesar de ter reconhecido a voz. Maysa estava com um sorriso estampado no rosto e montado em seus ombros, Daniel comia algodão doce.

 

– Agatha, fomos ao circo. Sabia que a mamãe tem medo de palhaços? Mesmo assim ela me levou, tomamos sorvete, compramos algodão doce e depois vimos você!

– Exatamente, e me parece que você está um pouco sobrecarregada aí, então eu e o mocinho aqui. __ a loira deu dois toques na perna do pequeno, que logo atendeu ao sinal e começou a escorregar pelas costas da mãe. – Viemos te ajudar.

– Ah, não quero atrapalhar o passeio de vocês. Está tudo bem, as caixas não estão pesadas.

– Hum, mesmo assim nós lhe daremos uma mãozinha, né filhote?

– Isso mesmo, mamãe! __ foi quase um grito. Daniel estava agitado, também pudera, tinha comido todos os doces que desejou.

– Sério, está tudo bem. __ não que a morena fosse extremamente orgulhosa, ela sabia o quanto parecia uma tola ao recusar ajuda em uma situação como aquela, mas estava obtendo sucesso em manter-se afastada da loira, embora não pudesse dizer o mesmo quanto aos pensamentos. – Me sentirei mal por interromper o passeio de vocês.

– Não temos mais planos para hoje. __ afirmou enquanto olhava para o filho, esperando que ele reafirmasse suas palavras.

– É Agatha, estamos só andando por aí. Aproveitando o nosso dia de folga.

 

A morena não conseguiu conter o riso, a boca de Daniel estava azul e os olhos brilhavam. Ensaiou mais uma recusa, porém teve suas palavras ignoradas pela loira que simplesmente pegou algumas das caixas.

 

– Afinal, vizinhos deveriam se ajudar.

– Eu também quero carregar uma! __ o pequeno pulava e tinha as mãos estendidas, aguardando Agatha lhe dar uma caixa.

– Tudo bem, obrigada. __ a morena entregou a caixa mais leve para a criança. – Levarei essas coisas para a loja da minha prima, não fica muito longe daqui.

– Os bebês já saíram da barriga dela?

– Ainda não.

– Eu perguntei a minha mãe como sua prima conseguiu ter dois bebês dentro dela e ela disse que é porque às vezes há o dobro do amor. Você sabia disso?

 

Agatha, que passou a semana inteirinha fugindo de um encontro com Maysa, por não ter ideia de como agir, naquele momento se perguntava como poderia ser indiferente a pessoa que Maysa havia se tornado. Como podia ser indiferente a mulher que apenas pelo fato de lhe sorrir e caminhar ao seu lado, conseguia fazer com que até sua irritação desaparecesse.

 

– Parece que a sua mãe tem a resposta para tudo.

– Acredite, não é sempre. Mas, quando seu filho é uma criança bastante curiosa, e pergunta sobre tudo, é valido tentar acertar. __ sorriu orgulhosa. – Aonde você tem se escondido?

– Não entendi.

– Há dias que não te vejo no jardim ou passeando pela praia. Não achava que você fosse o tipo de mulher que se acovarda por qualquer coisa…

– Não sei do que você está falando, até porque estava em casa, trabalhando. Você mesma está segurando um pouco do meu trabalho.

– Hã, então foi isso. Que bom, pois pensei que eu precisaria bater na porta da sua casa pedindo uma xícara de pó de café.

– Não deveria ser de açúcar? __ perguntou Agatha tentando disfarçar um sorriso.

– Não, açúcar já está muito manjado. Mas, quase fiz isso mesmo. __ Maysa olhou séria para Agatha.

– Pois agradeço a sua moderação!

– Com certeza, você deve mesmo agradecer por eu não ter ido, Agatha!

 

Provavelmente depois daquele quase beijo, Maysa deveria estar querendo respostas, a morena só não sabia se tinha as tais respostas. Afastou a franja do rosto e chamou Daniel.

 

– Vamos por aqui, assim entraremos pelos fundos, pois aos sábados a loja costuma ficar cheia.

– Mas, o que é vendido lá?

– Um pouco de tudo. Acho que você vai gostar ou pelo menos achar interessante as mercadorias. Enfim, chegamos! __ indicou uma porta, que tinha vasos com violetas enfeitando a pequena calçada. – Daniel, você pode abrir a porta?

– Sim! __ a impressão era de que para o pequeno quase tudo é uma grande festa, ou realmente uma aventura onde descobrirá mundos mágicos, criaturas místicas e passagens secretas. Ele abriu a porta e de cara arregalou os olhos! – Cãezinhos de floquinhos! __ deixou a caixa no primeiro lugar que achou e foi correndo para o meio de três dálmatas, que o cheiravam e lambiam.

– Daniel! __ o tom da voz de Maysa foi firme, e fez com que a criança ficasse imóvel imediatamente. – Como que você faz isso, o que eu te disse sobre animais que não conhecemos?

– Mas eles são tão bonitos!

– Tudo bem. __ tranquilizou Agatha, colocando as caixas sobre um balcão. – Mas, sua mãe tem toda razão. Nem todos os animais gostam de brincar com crianças.

Daniel arregalou os olhinhos preocupado. – Mas esses gostam, né Agatha?

– Gostam! __ e olhou para Maysa. – Está tudo bem, foram treinados por mim, não vão atacar o Daniel, se eles não gostarem da brincadeira, irão apenas se afastar.

 

Porém, para o suspiro aliviado de Maysa e alegria de Daniel, os dálmatas estavam adorando o carinho que recebia do menino, que estava tonto sem saber quem acarinhava primeiro.

 

– Eles gostam de mim! __ o sorriso do pequeno era de desarmar até a feição preocupada da mãe. – Veja mamãe, eles gostam mesmo de mim!

– É! Estou vendo, filhote!

– Hum, a Alana costuma deixar algumas petiscos e sucos aqui. __ Agatha abriu a geladeira. – Tem refrigerante, aceitam?

– Chega de doces para esse mocinho por hoje. Mas, aceitaríamos água, se tiver! __ Maysa pegou a primeira garrafinha abriu, colocou o canudo e deu para o filho, e voltou para pegar a sua. Recostou no balcão enquanto Agatha ainda mexia na geladeira. – A loja fica do outro lado?

 

Vendo que Maysa apontava para uma porta, Agatha apenas assentiu.

Maysa viu uma planta diferente, com folhas pontiagudas e sua coloração variava entre um verde mais forte e um verde quase amarelado.

 

– Ela também é que nem você?

– Hum?

 

Maysa passou a mão sobre o ombro de Agatha, para tocar na planta. A morena tentou fingir que não notou que naquele instante seus corpos se tocavam. Culpou o espaço pequeno que a prima usava como estoque. Podia sentir o cheiro Maysa lhe invadir os pulmões.

 

– Ervas e tudo mais?!

– Mais ou menos. __ engoliu a seco quando viu Maysa bebendo água na sua frente, com a cabeça um pouco inclinada deixando o pescoço à mostra.

– Estava pensando, que poderia ser uma atividade boa para mim e o Daniel. Talvez, se você não se importar ou estiver muito ocupada, pudesse nos ensinar a cultivar algumas plantas, talvez uma horta. Seria bom ter amoras no quintal.

– Precisam de cuidado, atenção, carinho. __ Agatha esforçava-se para manter o tom firme e enquanto tentava controlar a respiração. – É como cuidar de uma pessoa, Maysa.

– Mas, nem todo mundo sabe como cuidar…

– Às vezes, as pessoas não estão prontas no mesmo momento em que a outra está, e isso pode ser bem complicado.

– Hum…

– Maysa… você está fechando a passagem.

– Hã?

– Você está no meu caminho! __ Agatha não saberia dizer se era no caminho para chegar até a porta ou se no caminho metafórico que se refere a vida.

– Espero que sim!

 

Créditos musicais:

A Paz – Gilberto Gil (https://youtu.be/Hpo49PNa8L0)

Sábado de Sol – Mamonas Assassinas (https://youtu.be/rX2Bw-mwnOM)



Notas:



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2 Respostas para 10. Sábado de sol

  1. ?????????
    Estou assim Afrodite!!
    Joga pra rolo amiguinha a gente merece!!!
    Isso não é justo depois de um capitulo incrível desse vc me deixar com água na boca…
    O beijoooooo
    O beijoooooo
    O beijoooooo
    O tão esperado BEIJO
    Eu QUERO!!
    Tem misericórdia de mim Afroditizinha!!!
    Beijo, “te amo mais que CHOCOLATE com calda de MARACUJÁ!!!” ?????
    ?????????
    Meu fim de semana será assim!!
    Cidinha.

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