Tomei um banho, comi alguma coisa e fui para meu quarto, queria apenas dormir e esquecer tudo o que passou, queria que todas as lembranças fossem esquecidas e que minha vida começasse a partir de agora. Rolei na cama por horas e me senti sozinha, senti falta da Bela, senti falta de seu sorriso, do seu carinho, do seu abraço, mesmo que por um final de semana ela se tornou presente nos momentos que precisava de apoio e esse último momento foi decisivo, estava pronta para acabar com a minha vida e ela simplesmente apareceu mais uma vez.
– Queria tanto você aqui! – Falei baixo.
– Posso entrar? – Maurice estava na porta.
– Claro. – Me sentei na cama.
– Acho ruim perguntar como está, mas preciso saber…
– Ainda não sei como estou, não parei para pensar, mas acho que tudo ficará bem a partir de agora.
– Não terá que se preocupar. Sua mãe disse que já havia dormido, mas senti que ainda estava acordada.
– Apenas pensando. Belinda está bem?
– Fisicamente sim, já emocionalmente… Ela é forte, mas dá pra sentir que está preocupada.
– Ela salvou minha vida e não fui capaz de agradecer.
– Não se preocupe com isso, ela fez de coração e pelo coração. – Olhei para o homem em minha frente. – Quando foi levada e ela disse que iria te encontrar me confessou estar apaixonada por você, assumo que já estava desconfiando, mas como Bela, pelo que eu saiba, não teve outro relacionamento homossexual, preferi observar melhor.
– Eu também não havia, até então, me envolvido com outra mulher, mas sua filha me conquistou.
– Ela é uma ótima pessoa, não só porque é minha filha, mas ela é.
– Sim, eu sei que é. – Ele tirou o celular do bolso.
– Ligue para ela, sei que apesar de qualquer coisa, ela é a melhor pessoa para estar ao seu lado agora. – Peguei seu celular e ele deixou um beijo em minha cabeça e saiu, o número já estava discado, apenas apertei para concluir a ligação.
– Pai? Está tudo bem? – Fiquei em silêncio ouvindo sua voz. – Pai?
– Sou eu, Bela…
– Kay, está tudo bem?
– Calma, está tudo bem… – Suspirei. – Eu preciso de você, você pode me perdoar por mais cedo? Eu só não sabia como agir. Estava confusa.
– Eu não tenho que te perdoar por nada, me desculpa se ocultei qualquer coisa de você.
– Entendo, mas estava tudo tão estranho e confuso. – Ouvi uma batida na porta. – Só um segundo. “Pode entrar”. – Vi Belinda entrar, ela sorria, o sorriso que eu tanto amava, eu amava aquela mulher.
– Me desculpe, mas eu não ficaria tranquila em casa. – Desliguei o telefone. – Meu pai não faz ideia antes que pergunte. – Saí da cama e pulei em seu abraço. – Eu estava morrendo de saudade.
– Eu também, tentei dormir, mas não parava de pensar em você. – Beijei seus lábios em meio as lágrimas. – Eu te amo, Belinda! Eu te amo mais do que posso explicar.
– Eu te amo! – Seu abraço se tornou apertado e nossas mãos se entrelaçaram depois. – Quer casar comigo?
– O que?
– Casa comigo, sei que estamos pulando uns cinco anos de relacionamento, mas eu tenho toda a certeza do mundo de que é com você que quero passar o resto da minha vida! – Sentei na cama e fiquei olhando para ela. – Me perdoa, eu preciso controlar, você acabou de passar por uma situação difícil e eu estou aqui falando demais.
– Não é isso… – Bela ajoelhou na minha frente. – É só que…
– Não precisa falar, eu estarei aqui de qualquer forma, vou me mudar pra cá e não vou sair de perto de você. – Beijei seus lábios para finalmente calar a boca.
– É só que eu aceito!
E eu que jamais pensei em casar estava ali, vestida de branco e o véu arrastando no chão, olhei para minha direita, minha mãe me acompanhava até o altar, havia um juiz de paz, não contive as lágrimas. Bela já me esperava, estava linda em um terno feminino branco, seu sorriso, ah, seu sorriso, em meio às lágrimas, apenas lágrimas de felicidade. Dois meses, foi o tempo necessário para o casamento acontecer… Eu não acreditava que fosse possível, mas existe uma pequena possibilidade de esbarrar no amor da sua vida em um lugar qualquer, em uma situação qualquer e não podemos controlar. Nos tornamos perfeitas uma para outra, com os erros e acertos escolhemos viver.
FIM
