Eras: A Guardiã da União

Capítulo IX — Templo Luzeiro: A recepção

Eras – A guardiã da União

Texto: Carolina Bivard

Ilustrações: Táttah Nascimento

Revisão: Isie Lobo, Naty Souza e Nefer


 

Capítulo IX — Templo Luzeiro: A recepção

Eu estava um pouco encabulada com a recepção e agradeci. Ela se voltou para Arítes e a abraçou da mesma forma. Devo dizer que o constrangimento de Arítes não foi menor que o meu. Soubemos do nome da abadessa pouco antes de vir para Cadaz, contudo entendi que minha mãe não era tão econômica ao dar informações e notícias sobre nós para o Templo das Guardiãs, denominado Templo Luzeiro.

– Sua mãe mandou notícias através de Eileen; por isso nós e as esperávamos. Esta é Khlóe, nosso oráculo.

Nos apresentou à mulher que minha mãe havia comentado ser o oráculo do templo e, em seguida, apresentou-nos, Oskar, sacerdote-curandeiro e Liv, “a cosantóir”. Pelo que entendi, este era o nome dado a quem cuidava da proteção do templo.

Virei-me para o casal e agradeci pela ajuda. Eles sorriram, rendendo uma pequena reverência, distanciando-se de nós.

– Vamos, devem estar cansadas. Tem uma refeição esperando e um quarto para vocês. O templo não é longe daqui e acredito que seus cavalos queiram descansar. Temos um estábulo para eles.

– Eles não gostam de ficar presos.

Arítes respondeu, preocupada em manter Équinus e Épona num estábulo. Ela amava cavalos e a simples menção de deixá-los desconfortáveis, a incomodava. Caminhamos por uma rua lateral e saímos das cercanias da parte central da cidadela, até chegarmos a uma pequena mata de coníferas. Num curto trajeto após as árvores, o templo se descortinava, numa clareira ampla. Eram três grandes construções em pedras, cercada por muro, guarnecido de sentinelas.

Arítes se apressou em tirar as selas dos cavalos e soltá-los. Correram pelo descampado, em direção à mata que havia por trás da construção. Sabíamos que, quando precisássemos, eles retornariam. Entramos pelo portão e pudemos observar as construções. Eram grandes, porém não opulentas. Arquitetura em blocos de pedras simples e bem construídas.

– O prédio da esquerda é a biblioteca de Cadaz. É aberto ao público. Quem quer se instruir em algo, pode entrar. Ela fica aberta até o entardecer. O prédio da direita é nosso hospital.

– Recebem qualquer pessoa?

– Sim. Se precisam de nós, recebemos. Para que a Divina Graça nos daria a possibilidade de estudar sobre as doenças, se não utilizássemos essa sabedoria? O prédio central é o templo, salas de aprendizado, cozinha, refeitórios, quartos e todas as utilidades de que precisamos para viver. – A abadessa concluiu. – Meu marido está nos aguardando para uma refeição.

– É casada?

Perguntei, achando que encontraria uma pessoa apenas voltada para o sacerdócio.

– Sou. – A abadessa riu. – Não somos proibidos de nos relacionar. Por acaso sua mãe não se casou com um rei e você com a protetora?

Sacudi a cabeça e ri de mim mesma, pela enorme besteira que havia falado.

– Temos uma edificação atrás para treinos de táticas de defesa, também. Não somos bélicos, mas temos que nos precaver de salteadores. Temos que nos proteger. Sei que são guerreiras e se quiserem treinar enquanto estiverem aqui, podem utilizar. – Liv, a cosantóir, falou.

– Então são quatro prédios ao todo.

Perguntei, pois não conseguia ver o último.

– Ah, sim. Havia me esquecido. Ele é mais baixo que os outros e como está atrás, não conseguimos vê-lo daqui. – A abadessa informou.

Acenei com a cabeça em entendimento. Entramos na construção central, acompanhando nossos anfitriões. Um homem de meia idade veio nos receber, sorrindo. Reparou em nossas vestes suadas e sujas.

– Devem estar cansadas. Querem se banhar e trocar de roupa, antes do jantar?

Eu e Arítes nos olhamos e parecíamos duas andrajosas com as vestes sujas de sangue, rasgadas e úmidas.

– Desculpe-me por Rurik. Ele é o meu marido e muito direto, às vezes. – A abadessa falou sorrindo e continuou. – No entanto acredito que estejam cansadas mesmo e um banho as relaxaria, antes de cearem.

– Isso seria ótimo. Foi uma viagem cansativa e recebemos intrusos no nosso acampamento que queriam nos matar. Temos que saber como nos encontraram e quem os enviou. Alguém está, claramente, querendo nos impedir de achar respostas que auxiliem Brenna na passagem do Astru.

Arítes foi direta. Minha esposa era uma mulher prática e não engolia coincidências. Eu sabia que ela estava remoendo o ataque e o quanto aquilo a incomodava. Assim que falou, reparei que ela observava a todos, pois não era tola. Este foi o jeito que encontrou para verificar alguma reação na fisionomia de nossos anfitriões. Arítes já começara as suas investigações sobre o nosso ataque, mesmo antes de se acomodar no templo.

– Só temos mais um problema. – Falei. –  Trouxemos uma muda de roupas apenas e não são de campanha. Para o jantar, ela serve.

Falei e Liv se prontificou.

– Pode deixar que temos uma lavanderia e, se acaso, as roupas de vocês não estiverem prontas amanhã de manhã, veremos algumas roupas dos irmãos do grupamento de proteção, até que a de vocês fique disponível.

– Obrigada, irmã Liv. Isto seria ótimo.

– Não precisa me chamar de irmã, Tália. – Ela sorriu. – Aqui nos tratamos pelo primeiro nome, assim não fazermos distinção entre ninguém.

Seguimos para o quarto designado a nós e Arítes estava séria. Eu não sabia por que. Entramos e depositamos nossos alforjes sobre um aparador, para retirar nossas coisas.

– O que foi? Você parece que não ficou feliz em chegarmos.

– Não foi nada.

– Arítes…

Dei uma entonação ao nome, que ela conhecia bem. Minha esposa jogou a roupa, que havia tirado do alforje, sobre a cama e bufou.

– Estou pensando que tudo está indo muito bem, só que não. Pois só nós, seus pais e Eileen, sabiam que viríamos para cá, e quando chegamos, descobrimos que os irmãos também sabiam, por uma mensagem enviada a eles. Continuo querendo saber quem nos atacou e por quê.

– Percebi quando falou sobre o nosso ataque. Ficaremos de olho; tudo bem?

– Tudo bem, mas fique alerta. Não gostei do jeito da Liv.

Revirei os olhos.

– Vi o jeito que a observou. Apenas separe os sentimentos, tá? Você a olhou enviesada, porque ela colocou a mão no meu ombro e sorriu para mim ao falar. Tem muita gente aqui para desconfiar, além dela.

– Você quis dizer que ela sorriu insinuante.

Iria contestar, contudo Arítes se adiantou, reparando o que disse.

– Eu sei, eu sei! Só não gosto da coisa pegajosa que ela fez. Bom, temos o momento do jantar para conhecer a todos. Vamos lá.

Em Eras, as coisas continuavam borbulhando e acredito que minha filha borbulhava também, e por diversos motivos. Um deles era o fato da conselheira passar horas ao lado dela.

***

Brenna, cansada de ficar segurando os escritos para que Thara lesse, arrumou um cavalete para apoiá-los. Permanecia ao lado da conselheira enquanto ela lia, traduzia ou procurava em seus manuscritos palavras que não conhecia, para traduzir, corretamente, o pergaminho. Em determinados momentos, Thara estendia a mão para tentar ajustar o pergaminho, para conseguir lê-lo e Brenna a impedia. Lá pelas tantas, numa dessas ações reflexas da conselheira, Brenna se cansou de lhe chamar atenção e deu um tapa na mão dela.

– Ai!

– Já falei que você não pode tocá-lo. Quer que algum encantamento desgraçado caia sobre você?

– É inconsciente. Costumo trabalhar sozinha e manusear meus próprios livros e manuscritos. Pode subí-lo um pouco mais? É chato ter que pedir toda vez para ajustar ao cavalete.

Thara respondeu, emburrada com o tapa que levou, voltando o olhar para o que escrevia. Brenna sempre foi indiferente a mimos ou rabugices de quem quer que fosse, contudo o semblante amuado e o bico de aborrecimento que a conselheira fez com os lábios, provocou nela um riso. Colocou a mão, delicadamente, sobre a de Thara, fazendo-a parar e olhá-la.

– Só não quero que nada aconteça com você, Thara. – Brenna falou, suavemente. – Nem sabemos o que esse encantamento causa, imagina procurar algo para quebrá-lo?

Elas se olharam, ternamente. A conselheira desviou o olhar, cerrando os olhos brevemente, e depois fixou o olhar no manuscrito à frente. Suspirou.

– Eu sei. Não me aborreci com você. É que… de tudo que traduzi até agora, não há nada que fale, ainda, o que fazer para te ajudar, nessa tal passagem. Fala sobre conceitos de magia, sangue mágico… Discursa sobre a separação dos reinos em detalhes e não cheguei a um décimo dos escritos.

– Calma. Eu não sou lá muito boa em decifrar enigmas, e você bem sabe. Prefiro lidar com armas, em minha mão, do que uma pena de escrita. – Brenna sorriu. – Mas por tudo que aprendi, ao longo da vida com minha mãe e minha avó, as informações dos Escritos Sagrados, não são diretas. Não desanime. Tudo é relevante, mesmo que não percebamos de início. – Minha filha encolheu os ombros, displicente. – Bom, isso é o que as duas falam para mim.

Sorriu, recebendo outro sorriso de volta e um aperto na mão que ainda segurava a da conselheira. Encararam-se, apreciando o momento. Thara não queria ser pega, outra vez, no magnetismo que Brenna exercia sobre ela, no entanto não conseguia se afastar do olhar. Não era só a conselheira a se hipnotizar. A jovem Guardiã também se embevecia nos olhos dourados da sábia e na atração que de seu corpo emanava.

Brenna não se fez de rogada. Segurou a nuca de Thara e a trouxe para um beijo. A conselheira tentou resistir, contudo foi apenas por um décimo de segundo. O pensamento em se apartar passou tão rápido como um raio que se esvaiu assim que sentiu a língua de Brenna tocar a dela. Largou a pena de escrita e arrebatou a cintura de Brenna num abraço, estreitando os corpos.

Não precisaram fazer muito esforço para levantarem e caminharem em direção ao quarto, espremendo-se entre beijos e gemidos. Esbarrões em móveis e barulhos de coisas caindo pelo chão, não eram suficientes para que chamassem a atenção e as despertasse da bruma de excitação que crescia no beijo. Jogaram-se na cama, despindo-se apressadas. Tudo ocorria rápido e irrefletido, apoiadas na ânsia de terem uma a outra, novamente. Não queriam dispensar pensamentos sobre o que viria depois.

Tatearam o corpo, uma da outra, arrepiando os corpos suados pelo calor do desejo. Penetraram-se mutuamente, mordiam porções de carne de qualquer parte que alcançavam para aplacar a vontade. Saciaram-se no gozo de sentimentos nunca vividos e descansaram os corpos na satisfação muda de suas almas.

Esta não seria a última vez. O que eu falei antes sobre não usarem meu quarto só para tradução dos Escritos..?

Definitivamente, meu quarto foi utilizado para muito mais. Digamos que eu não gostasse de partilhar meu mundo e de Arítes com outra pessoa, mesmo que fosse minha filha. Por que não usavam o quarto de Brenna?

****

Eu e Arítes chegamos ao refeitório, onde várias mesas se dispunham ao longo do salão, ordenadas em fileiras. Cabiam de seis a oito pessoas em cada uma delas. Nem todas as mesas estavam ocupadas, talvez pela hora da noite que já estava adiantada. A maioria das pessoas que jantavam eram mulheres, entretanto havia alguns homens também, o que me etou de uma forma positiva. A abadessa veio nos receber e nos conduziu a uma mesa em que ela, o marido, a cosantóir Liv, a oráculo Khlóe e Oskar, o sacerdote-curandeiro, estavam. Presumi que eles seriam as pessoas que estariam em contato direto conosco, naquela empreitada. Assim que sentamos, foram colocadas baixelas de um guisado, muito aromático, em nossa mesa, instigando ainda mais meu estômago que estava sentido das horas de jejum que eu e Arítes passamos.

– Sentem-se. Vamos comer e conversar sobre o que está ocorrendo.

Nos servimos em silêncio e pousei minhas mãos sobre a mesa, esperando alguma prece de agradecimento à Divina Graça, que não veio. Todos do templo começaram a comer e eu não me faria de rogada. Após algumas colheradas, peguei o pão, parti para molhar no guisado e, antes que colocasse o naco que sobrou na travessa, senti meu pedaço restante de pão sair de minha mão, pego pela cosantóir. Elevei meu olhar, pois ela estava à minha frente, segurando o pão e… minha mão. Ela sorriu, retirando o pedaço, e seus dedos resvalaram pelos meus. Isso não daria certo. Arítes estava a meu lado e pegou outro pão, partindo em duas porções. Colocou uma ao lado de meu prato e falou:

– Esse você divide comigo, meu amor.

Acredito que a abadessa tenha percebido todo o enredo, porque esboçou um sorriso de lado, quase imperceptível. Fiquei vermelha de vergonha e observei todos à mesa. Ela se pronunciou, desfazendo o desconforto da situação.

– Chegamos num momento em que todos estávamos esperando. A harmonia dos reinos. Sabemos que não estaremos mais unidos a Tir, entretanto Tejor terá magia, novamente.

– Quem estava esperando? Em nenhum Escrito li que voltaríamos a ter magia. – Falei.

– Mas sabíamos que, um dia, viria a Guardiã da União. Nunca soubemos, exatamente, o significado. Porém entendemos que ela seria a condutora da reunião entre os reinos. Hoje, temos oráculos e as Senhoras da Natureza que conseguem nos contatar e nos guiar. Alguns objetos são mágicos e elas conseguem trazer a magia de Tir para cá, com muito esforço. Como os cavalos alados, por exemplo, mas magia entre nós, não existe.

Larguei minha colher no prato. Aquela conversa me irritou.

– Olha, sou uma Guardiã com orgulho e compreendo meu legado. A minha mulher é a Protetora do Reino, todavia estamos falando de uma menina que fará dezoito anos e está numa encrenca danada, se não descobrirmos como conduzi-la. – Tomei ar, para não extrapolar meu nível de revolta. – O legado dela, após a passagem do Astru, ainda está bem nebuloso. Para além da importância disso tudo, ela é, primeiramente, minha filha. Sugiro nos concentrarmos em como faremos ela passar por isso, de forma segura, para depois descobrirmos o legado dela, tudo bem?

Oskar e Khloé sorriram zombeteiros; eu e Arítes os olhamos, ferinamente.

– Desculpe, Tália, mas avisei a Valda para que não iniciasse uma conversa de forma tão direta. Nós vivemos aqui, ligados à cultura e, para nós, é algo que está na nossa vivência e alma. São naturais para nós, como vemos os acontecimentos dos reinos, contudo vocês são do mundo. Entendemos que era para ser assim, para que você nascesse com a ligação da cultura e o conhecimento do mundo. Nós vivemos aqui, dedicados, em uma cidadela isolada. A forma como enxergamos a vida é diferente, entende? – Oskar se pronunciou.

Os ânimos se acirraram… ou melhor, meu ânimo estava belicoso.  Não gostei de tratarem minha filha como uma salvadora, quando, na verdade, ela é que precisaria ser salva.

– Tudo bem. Temos divergências em como enxergamos essa passagem, mas o objetivo é o mesmo, certo? Então colocaremos as cartas na mesa. Queremos nos inteirar de tudo que sabem para conseguirmos ajudar Brenna. Fora o fato de ter gente atrás de nós. Gostaria de saber se vocês têm alguma ideia do por quê nos atacaram e quem seria.

Arítes sempre prática e assertiva. Em alguns momentos, isso me irritava, mas em horas como aquela, reacendia minha paixão. Poderia fazer amor a noite inteira naquele dia, e com prazer, só por ela ter colocado tudo nos devidos lugares.

– Eu entendo a aflição de vocês. A nossa excitação com a nova etapa de Tejor, por tudo que esperamos, ao longo dos anos, pode estar dirigindo minhas palavras. Contudo tenham certeza que, para nós, é importante descobrir como fazer a passagem de Brenna ser suave e bem-sucedida.

A abadessa elucidou e abrandou nossas apreensões, porém não completamente e, outra vez, Arítes interveio.

– Ótimo este esclarecimento.  Quero determinar ações práticas para atingir nossos objetivos. O tempo não nos favorece e gostaria que Tália tivesse suporte para procurar nossas respostas. Não posso lhe auxiliar diretamente nisso, mas posso investigar sobre quem gostaria de nos impedir.

– Eu posso auxiliar Tália…

Liv se colocou à minha disposição, o que me deixou intrigada. Pelo que me constava, ela fazia parte do comando de proteção do templo e não devia ser alguém que conhecesse, intrinsecamente, as estantes da biblioteca.

– Agradeço sua disposição, Liv, mas creio que seja mais eficaz acompanhar minha esposa nas investigações. – Olhei-a seriamente. –  Ela precisará de assistência e você tem habilidades para isso. Gerenciaremos com sabedoria as nossas atribuições. Deve haver alguém na biblioteca que esteja apto a me acompanhar, ou não?

Arítes manteve a expressão neutra e continuava a comer, tranquilamente, todavia tinha certeza que se regozijava com a minha resposta, fato que constatei quando voltamos para nosso quarto.

– Certamente que tem. Khloé passou muitos anos como a curadora da biblioteca e, hoje, há a jovem Kamilah. Ela é muito empenhada. – A abadessa respondeu.

– Eu posso ajudar. Tenho certeza que Kamilah me superou no conhecimento, no entanto conseguiremos avançar com mais pessoas procurando. Estarei cedo na biblioteca para lhe auxiliar e apresentarei Kamilah a você.

– Obrigada, Khloé.

Respondi com um sorriso terno. Tudo bem… Podem dizer que isso é típico de mim, por ser a Guardiã da Indulgência. Sei que não consigo ficar com o humor enviesado muito tempo, quando me deparo com uma situação mais agradável. Khloé e Oskar, de todos, pareciam compreender mais a situação.

Conversamos sobre muitas coisas, após este ocorrido, e pudemos entender como a vida no Templo Luzeiro caminhava. Foi esclarecedor e nos sentimos mais em casa. Fomos dormir logo após. Afinal começaríamos a pesquisa logo cedo.

****

– Está satisfeita, Êlia?

– Estou aliviada, Tórus. Sempre lhe considerei muito, entretanto estou longe de estar satisfeita.

– Compreendo. O fato de que eu esteja dizendo a verdade, não quer dizer…

– … Que seja a verdade. O que os outros disseram para você, pode não ser o que ocorre.

– Eu lhe entendo, Êlia. A Casa de Sábios e o Templo Luzeiro se afastaram muito, ao longo dos séculos. Principalmente, nos últimos cem anos.

– Eu deveria saber a relação que nós do Templo Luzeiro temos com a Casa de Sábios. As Guardiãs mantêm tudo registrado. Isto é outra coisa que não compreendo. Não acha estranho, Tórus?

– Você nunca nos procurou, mesmo sendo a Guardiã. Até a Guerra de Sangue, há dezenove anos, eu nem sabia que você era Guardiã.

Minha mãe relaxou os ombros, em desânimo. Desconfiava de todos e sua postura era apenas uma: ocultar de quem quer que fosse a sua posição de Guardiã, mesmo para os sábios da irmandade Célitas. Para ela, e para mim também, os sábios não tinham qualquer relação conosco.

– Eu não sei, Tórus. Tudo isso me parece estranho e de uma forma ruim.

– Então temos outro problema, Guardiã Êlia.

– Um problema de confiança, eu sei.

– Não. O problema de que não sabe quem é, Guardiã Lâmia de Luz…

Minha mãe ficou em choque. Mais tarde ela me confidenciou o medo que se apoderou dela, após ouvir aquelas palavras.

No mesmo instante em que ouviu Tórus lhe chamar de Lâmia de Luz, o sonho voltou à mente e ela apertou a fronte com os dedos, como se uma dor forte lhe acometesse.

– Me diga o que sabe sobre o que é Lâmia de Luz, Tórus. Sei que o Templo de Cadaz é também chamado de Templo Luzeiro, mas várias coisas se perderam em minha mente. Vim muito criança para cá.

– Não acredito que seja por isso a sua falta de lembranças. Nós, Célitas, perdemos a árvore das Guardiãs há muito tempo, mas vocês crescem sendo educadas para isso. Todo conhecimento é passado de mãe para filha. O que sabemos sobre vocês é um conhecimento de manuscritos. Segundo nossos registros, a Lâmia de Luz dá origem à Guardiã da Indulgência que, por sua vez, traz ao mundo a Guardiã da União.

– Então você soube que eu era a Lâmia de Luz, porque na Guerra de Sangue contra Natust, descobriu que Tália era a Guardiã da Indulgência.

– Exato. Mas se você não sabe o que é, não me pergunte. Nossos manuscritos são superficiais. Apenas sabemos que a Lâmia de Luz tem um papel primordial na harmonia dos reinos, juntamente com a Guardiã da Indulgência e a Guardiã da União, contudo não sabemos qual é.

– Ai, merda!  O que eu fiz de errado? O que deixei passar?


Nota: Promessa cumprida! 😉 Bom fim de semana a Tod@s!

 



Notas:



O que achou deste história?

14 Respostas para Capítulo IX — Templo Luzeiro: A recepção

  1. Wow, uma montanha de emoções, hahahaa aquela Liv. Não queirá provocar Arites, a bicha é quase pior do que Thalia hahaha
    E Brenna e Thara hahah duas safadenhas. Haja mistérios, o que a rainha mais sexy fez de errado.
    Muito bom o cap. Maravilhoso
    Xero bem grande ❤

    • A Liv não sabe com quem está lidando. kkkkk Tá mexendo em vespeiro. rs E a Brenna e a Thara tão é curtindo muito, isso sim. rsrs
      Bom, a rainha mais sexy também quer saber o que fez de tão errado, que nem sabe quem é ela nessa bagaça toda. rsrs Vamos caminhando… rs
      Valeu, Flavinha!
      Um beijão e um xêro pra ti também!

  2. Muito legal poder comentar sem logar, ??????

    Me lembrei que tenho que trocar minha foto do perfil. Ainda é a filhotinha de Brid e Kara, hahaha, que por sinal vc não nos deu, hum! ?

  3. Sei que o momento é tenso… mas ri muito de Aristis com ciúmes e deixando Tália envergonhada. Será que essa tal Liv não sabe o perigo que está correndo? Mulher ciumenta é fogo kkk. Vamos ver no que vai dar essa investigação. Eu, no lugar de Aristis, passava um medinho na Cosantóir ?
    Brenna utilizando a cama das mães para momentos agradabilíssimos e Tália contrariada, rsrs . Será que isso tudo não seria ciúmes de seu bebê não? Por mais que Eras é bastante liberal, mãe é mãe.
    Revelações e mais responsabilidades para Êlia!!!

    Beijão, Carol
    E obrigada pelo extra!
    Incrível!

    • Oi, Fabi!
      Eu acho que Arites não atura muito tempo não. Tenho cá para mim que ela vai passar esse medinho na cosantóir em breve. rsrs

      Acho que a Tália gosta da conselheira, mas daí a filha e ela ficarem de lesco na cama dela, não sei não. rsrsrs

      A Êlia tá perdidinha dessa vez, coitada. rs

      Muito obrigada, Fabi!
      Um beijão pra ti também!

  4. Muito engraçado esse ciúme toda de Arítes! hahaha Parece que o povo percebe e faz para provocar! hahaha

    Brenna e Thara estão parecendo fogo e pólvora, bastou encostar para explodirem! Pior que tá na cara que são loucas uma pela outra, mas só elas não percebem! Já imagino que depois desse momento de amor elas vão entrar em atrito novamente, ou melhor, vão se fechar na concha da não conversa e mais uma vez vão achar que foi só sexo para a outra. Essa juventude! hahaha

    Bjãooo

    • oi, Pregui!
      Concordo contigo. kkkkk Arítes fica pra morrer e acho que o povo não tem muito censo. rsrs
      Elas são jovens e apesar de já estarem na pista a algum tempo, amar mesmo, nunca. Aí já viu. Não conseguem se doar com medo. rsrs Vamos ver no que vai dar. rsrsr
      Valeu, Preguicella! Brigadão!
      Beijo enorme!

  5. Isso aí Arítes, mostra quem é que manda nessa bagaça! Mulher folgada, se metendo com Mozão! Hahaha

  6. Zizuis,

    amei tudoooo, quem é essa criatura (Liv) q dá em cima da Tália assim na maior cara de pau… quer morrer mulher?? Tá mto estranho esse comportamento. Gostei q Arítes tá ligada… k k k
    Guardiã Lâmia de Luz??? ai ai ai…

    Brenna e Thara são combustão instantânea, elas são ótimas.
    Ótimo o cap. valeu pelo presente…
    Bjs…

    • kkkk Essa criatura tá chamando a Arítes pra briga, né? rsrs Mas a comandante sabe cuidar do que a interessa. he he he
      A Êlia anda meio perdida. Ela sempre foi certa de tudo e agora…

      Valeu, Nádia! Brigadão pelo carinho!
      Um beijo grande!

  7. Ai autora, a Talia eh maezona mesmo. kkkkkkkkk Que mae gosta que filho transe na cama dela? kkkkkkkkkkkkk
    aquelo sonho da elia era sobre ela maesma? Amando!
    bj!

    • Então, a Tália é sim, mas acha que tem que dar umas chamadas na filha de vez em quando, senão Brenna abusa. rs
      Parece que o sonho era sobre ela sim, Bia. Muita coisa ainda por revelar. rs
      Obrigada, Bia
      Um beijo grandão!

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