Argentum

Capítulo 94

Na manhã de domingo Alicia e Maia entraram no carro da veterinária e, após pegarem Carlos na casa da irmã, foram os três para o Rancho. Antonieta os encontrou na porta do casarão quando desceram perguntando como estavam e abraçando muito Carlos e depois Alicia e Maia que estava apoiada no braço da namorada. Giulio apareceu logo antes deles conseguirem entrar e fez o mesmo perguntando se estavam todos bem e segurando o rosto do filho para olhar seus ferimentos. Após isso foram todos para a sala de jantar onde Dona Antonieta os fez tomar outro café da manhã antes de, finalmente, os deixar irem para seus afazeres.

Maia e Alicia decidiram subir para o quarto da dona do Rancho e fazerem algo juntas, apesar da veterinária saber que a namorada iria querer trabalhar em algo e que ela teria de convencer Maia a mudar de ideia. No fim acabaram deitadas na cama da menor com a televisão ligada sem que elas se decidissem sobre o que ver. As duas haviam se trocado para roupas mais confortáveis por insistência de Alicia que pretendia que elas usassem aquele sábado apenas para descansar e aproveitarem o tempo juntas. a veterinária estava deitada com as costas apoiadas em vários travesseiros e Maia havia se deitado ao lado dela, mas se apoiando no ombro da maior que a abraçava pela cintura.

– Cansada? – Alicia perguntou quando ouviu um suspiro de Maia enquanto a mais nova mudava os canais tentando achar algo para se distraírem.

– Não, um pouco de sono, mas não cansaço – respondeu desligando a televisão e se movendo para estar de lado e poder olhar Alicia no rosto – Não dormimos muito, mas foi um bom sono.

– Algo ainda está te incomodando? – Alicia decidiu não manter o assunto da noite anterior delas e passar para algo mais sério e que a estava deixando preocupada.

– Sim e não. Continuo pensando no que vai acontecer de agora em diante. Como as coisas vão ficar – Maia voltou a se virar e ficar de costas para a veterinária enquanto fechava os olhos e envolvia os braços da namorada com os seus.

– Vão ficar como sempre estiveram – Alicia respondeu apertando seus braços em volta da menor – Nada vai se alterar realmente. Uma pequena mudança aqui, uma adaptação ali. É assim que o mundo funciona, mudando aos poucos, se adaptando. Mas tudo o que aconteceu nos últimos dois dias não vai ser a causa de grandes mudanças na nossa vida. Vamos lidar com o que aconteceu porque precisamos finalizar essa história toda para seguirmos em frente.

– Eu sabia que não entendia os seres humanos, mas depois disso, percebo que entendo menos – Maia sussurrou soltando outro suspiro – Sabia que as pessoas tentariam complicar nosso relacionamento, mas nunca esperei nada essa magnitude.

– A gente nunca espera, mas as coisas acabam acontecendo, quer estejamos prontos quer não – a veterinária falou se movendo e fazendo com que as duas se deitassem e Maia se virou para deitar de frente para a namorada – Não adianta pensar sobre isso eternamente. As coisas vão acontecer quando tiverem de acontecer e precisamos apenas nos preparar para tudo e esperar que aconteça. O importante é que não estaremos sozinhas nisso.

Maia ergueu a mão esquerda até o rosto da namorada que fechou os olhos para sentir o carinho que ela fez em seu rosto.

– Nunca terei agradecido o suficiente por ter encontrado você – ela sussurrou se esticando para deixar um selinho nos lábios de Alicia.

A veterinária não respondeu e elas continuaram a trocar selinhos e beijos por algum tempo até que tiveram de levantar, pois já era quase hora do almoço e elas queriam comer na cozinha com Antonieta. O resto do dia correu rápido demais na opinião das duas. Um tempo após o almoço a única coisa que fizeram foi ir até o piquete de Lua e Argentum. Como Alicia estava junto dela Maia resolveu entrar no piquete e Lua se aproximou das duas. O potro, muito desconfiado, só chegou perto delas depois de perceber que sua mãe não se incomodou com a presença de ambas e até foi até elas. Por ser muito novo ele ainda não tinha tanta coordenação nem consciência do próprio tamanho e quase derrubou Alicia quando saiu de perto dela muito rápido acertando a cabeça na perna da mesma, mas nada muito grave.

Passaram algum tempo ali com eles, Maia começava a perder seu receio de se aproximar sozinha dos animais e Alicia achava incrível como Lua parecia aceitar a presença de Maia e até procurar estar perto da mais nova e ajuda-la impedindo que Argentum corresse ou se agitasse muito perto dela. Depois disso Alicia e ela visitaram outras instalações do Rancho, mas não demoraram muito a voltar para o casarão. Jantaram na sala de jantar e logo subiram para o quarto da mais nova para descansar. As duas estavam cansadas, tanto do dia movimentado onde andaram bastante quanto de todos os acontecimentos dos dias anteriores.

Maia ainda não tinha notícias de seu advogado a respeito do que fariam a sobre Renato e isso a estava deixando um tanto ansiosa e preocupada demais. Alicia notou a diferença no comportamento da namorada, mas esperou que ela resolvesse falar sobre o assunto. Dessa forma elas acabaram subindo após o jantar e acabaram por usar os banheiros de dois quartos diferentes. Se deitaram em um silêncio não confortável e nem um pouco usual entre elas. A veterinária ligou a televisão enquanto a Dona do Rancho tomava seus remédios antes de se deitar. Logo depois Maia se ajeitou embaixo das cobertas se deitando logo ao lado de Alicia.

Elas permaneceram em silêncio encarando a televisão, seus ombros se tocando e as duas desconfortáveis. Notando que, sem um incentivo, Maia continuaria com seu silêncio reflexivo Alicia decidiu iniciar ela mesma o assunto, qualquer que fosse ele.

– O que tanto pensa? – ela perguntou se virando para a namorada que continuou a encarar a tela onde passava um comercial.

– Em tudo – Maia respondeu suspirando e alcançando o controle que estava nas mãos da veterinária para desligar a televisão – Eu ainda tento entender porque tudo aconteceu. Eu sabia que não seria fácil – ela acrescentou virando o rosto para Alicia e se deitando de lado para ficar numa posição mais confortável – Já tinha essa consciência desde o momento em que entendi que estava apaixonada por você. Eu apenas não esperava que fosse ser assim.

Alicia ficou sem saber o que responder. Sua expressão estava cansada e triste, além de preocupada. A mão esquerda de Maia saiu do travesseiro onde estava apoiada ao lado de sua cabeça e foi para o rosto da veterinária, uma carícia leve na bochecha, os dedos finos contornando as linhas do rosto da namorada.

– Porque está me olhando assim? – Maia quis saber notando o olhar de Alicia ficar desanimado e triste.

– Eu juro que também não esperava que as coisas acontecessem da forma que aconteceram – ela falou desviando o olhar e solta do um suspiro cansado ao se virar e deitar de costas – Eu sei que tudo isso não está sendo fácil pra você. E…Acho que entendo se você achar que é demais.

– Alicia? Do que está falando? – a menor perguntou apoiando o cotovelo direito no colchão e erguendo a cabeça e o tronco para tentar encarar o rosto de Alicia, mas a mesma se sentou colocando as pernas para fora da cama.

– Eu vou compreender se não estiver preparada pra enfrentar tudo isso – ela falou com a cabeça baixa e a voz cansada e desanimada, os olhos verdes se arregalaram ao compreender o que a outra havia entendido.

– Está pensando que eu quero desistir? – ela perguntou para confirmar o que já estava vendo na postura da namorada.

– Não é como se você não pudesse, Maia. Talvez eu até deveria ter esperado por isso – Alicia disse a última parte e num sussurro – Vamos ser justas, nem eu nem você imaginávamos as proporções que as coisas tomaram. Não deveria ser surpresa que você sentisse que deveria desistir disso tudo – ela gesticulou com as mãos abrindo um pouco os braços como se indicasse a si mesma e sua presença no quarto.

Não houve uma resposta imediata, tudo o que Alicia ouviu foram os ruídos de Maia de movendo sobre a cama e os cobertores, mas ela não esperava que a menor estivesse se movendo em sua direção. Arregalou os olhos ao sentir os braços cobertos pela manga comprida do pijama branco envolventes seus ombros. Sentiu a respiração quente contra deu pescoço e, logo depois, o queixo da namorada pressionado contra seu ombro.

– Pare de pensar besteiras – Maia sussurrou gentilmente, se por um lado poderia se sentir magoada por Alicia supor que ela estaria desistindo, por outro a lembrança do final que o último relacionamento da veterinária teve a impulsionou a tratar aquela situação com mais delicadeza e cuidado – Não pretendo desistir de nós. Então para de pensar essas idiotices. Eu só tentava compreender como o ser humano é capaz de fazer coisas tão absurdas e violentas contra outra pessoa apenas porque ela é capaz de amar e ser feliz – Alicia virou o rosto para olhar os olhos verdes da namorada – Eu não vou abrir mão da minha felicidade – Maia sussurrou aproximando os lábios das duas – Não me importa o que isso custe – ainda disse antes de segurar o rosto de Alicia pelo queixo com a mão direita e beijá-la com carinho.

O Beijo delas durou alguns segundos, a mão direita de Alicia alcançou a nuca de Maia e a mão esquerda se colocou sobre o braço que circundava seus ombros. Quando encerraram o Beijo com selinhos seus olhos se abriram ao mesmo tempo. Maia fazia um carinho discreto no rosto de Alicia que se perdia nos olhos verdes.

– Me desculpe ter pensado que você desistiria da gente – ela sussurrou envergonhada baixando o olhar.

– Eu não posso imaginar como foi pra você ver alguém desistir de ti um dia. Mas eu também não pretendo descobrir e muito menos permitir que você sinta isso outra vez – Maia afirmou com toda a convicção que conseguia expressar em sua voz e em seu olhar.

Elas deixaram suas testas se tocarem e ficaram naquela posição por alguns instantes até a menor puxar a veterinária de volta para a cama onde se deitaram juntas com Maia descansando a cabeça sobre o peito de Alicia que a envolvia em seus braços. Acabaram adormecendo daquela forma.

 

N/A: Olá pessoinhas.

Eu sei que não tem desculpa pro tempo que eu demorei a voltar, sinto muito por isso. Aconteceram tantas coisas que não tenho nem como falar tudo, em resumo, não estou tendo tempo nem para respirar direito. Ficou bem difícil conseguir escrever alguma coisa.

Mas, como consegui terminar esse capítulo escolhi postar ele para não deixar vocês por tanto tempo seguido sem nada. Não posso dizer quando vou conseguir voltar de novo, mas estou esperando pelo final do meu semestre ansiosamente.

Então é isso, espero que não tenham me abandonado e que continuem tendo mais um pouquinho de paciência com a minha pessoa.

Até o próximo

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Notas:



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