Encontros Desastrosos

Faltava algo no beijo dela, no meu beijo. Era como se eu beijasse minha irmã. Afastamo-nos. Ela sorriu e sentamos no sofá novamente.

– Esse beijo foi estranho! – Ela comentou.

– Tenho que concordar com você!

– Foi como se eu beijasse uma irmã. Não fique ofendida, você beija bem!

– Olha! Você também beija, mas realmente foi como beijar uma irmã.

– Então, temos a mesma opinião. Ainda bem!

– Sim!

Caímos na risada novamente, ela era uma pessoa incrível. Levou-me para conhecer a casa, o seu quarto e galeria. Me fez prometer que iria posar para ela me pintar, seria um presente para mim. Conversamos muito e ela me contou sobre a ex que, aliás, era pra ela o quadro da sala. Uma mulher que se fechou para o amor, as duas sofreram muito e minha amiga ainda sofria por ela. E eu contei sobre a Camila, choramos juntas e eu acabei dormindo na casa de Olívia.

No outro dia, nenhuma de nós precisaria trabalhar. Como era domingo, ela me convidou para passar o dia com ela, fomos ao meu apartamento buscar roupa para que eu tomasse um banho e deixar meu carro, já que, iríamos no dela. Iríamos para uma fazenda encontrar com os amigos que ela queria me apresentar.

Entramos juntas de mãos dadas no prédio e em meia hora saímos. Até parecíamos um casal de mãos dadas. Mas, na realidade, tinha encontrado em Olívia uma amiga irmã. Engraçado que nem quando era amiga da Camila, eu sentia isso por ela. Essa amizade de irmã.

Fomos para a fazenda e ela me apresentou todas as amigas e conhecidas. Contou-me que foi ela que decorou a casa da amiga e me mostrou mais algumas pinturas. Realmente, tínhamos muito em comum. Ela era totalmente agradável.

– Ju, vem cá… Vamos tomar banho na piscina.

– Tá, vamos!

Vestimos nossos biquínis e saímos correndo, as duas de mãos dadas, para pular na piscina. Escorregamos e caímos de bunda no chão. O riso foi geral. Ana Clara, amiga de Olívia, gritou:

– AGORA VOCE ACHOU UMA PARCEIRA DE TOMBO HEIN, OLÍVIA?! MELHOR AS DUAS COMPRAREM UMA ARMADURA, SENÃO VÃO ACABAR SE MATANDO!

Foi inevitável não lembrar de Camila. Olívia percebeu, se levantou do chão e me ajudou a levantar me dando um abraço forte.

– Não há motivos para tristeza, Ju. Vamos, a piscina nos chama!

E nós, enfim, mergulhamos na água gelada da piscina. O dia passou rápido e eu nem percebi. Logo estava na hora de voltar para a vida real.  Olívia me deixou na porta do prédio e desceu comigo, me abraçou bem forte e disse.

– Obrigada, tenho que agradecer a Lohanna por me apresentar você. Me proporcionou um dia agradável, estava precisando de uma amizade como a sua.

– Eu que tenho que agradecer.

Ficamos um tempinho abraçadas, transmitindo o carinho e confiança que adquirimos uma pela outra, em apenas um dia. Ela beijou o meu rosto. E se despediu.

Fiquei esperando ela entrar no carro e ir embora. Quando estava entrando no prédio, senti mãos me impedirem de entrar, mãos que eram tão conhecidas minhas e que achei que nunca mais iria sentir.

– Você está namorando? – Me perguntou num tom ríspido!

– Camila! Isso já não é da sua conta! O que você está fazendo aqui?!

Seus olhos estavam vermelhos de raiva, ela me segurou pelos ombros e sacudiu!

– Diga! Você está namorando?

– Chega, Camila, você tá me machucando!

– Ju, desculpa… Eu… Eu… Não sei o que deu em mim… Eu preciso falar com você.

– Agora você quer falar comigo? Depois que eu fui lá na sua casa e queria falar com você… E, se eu me lembro bem, você não quis. Por que agora eu tenho que te escutar?!

– Ju, por favor. Eu preciso que você me escute. Eu sei que errei com você. Mas por favor.

– Olha, Camila, se eu pudesse nunca mais olharia na sua cara. Depois que declarei meu amor por você… Você, simplesmente, mandou que eu fosse embora.

– Eu sei… Mas se você escutar o que eu tenho a te dizer, prometo que nunca mais volto aqui e deixo você em paz com sua namorada. Mas preciso que você me escute, porque eu já não me perdoo pelo que fiz e por ter deixado você assim. E, também, não vou me perdoar se não falar tudo que guardei por esses dois meses.

– Certo… Tudo bem… Vou escutar você… Vamos subir!

Entramos silenciosamente no prédio. A última vez que ela entrou ali do mesmo modo silencioso comigo, acabamos fazendo amor na cama e agora, talvez, fosse a última vez que a veria realmente.