Argentum

Capítulo 62

N/A: Eu peço perdão pela demora (absurda) em atualizar. Mas aconteceram muitas coisas nessa semana e eu ainda estou meio lotada de coisas.

Para quem não lembra eu tinha feito Enem. Pois bem, saíram as notas e abriu Sisu e toda aquela tensão que alguns já devem conhecer. E eu tenho o sério defeito de não conseguir exteriorizar meus pensamentos enquanto eles estão desorganizados (às vezes devo irritar muito minha namorada com esse defeito porque eu preciso absorver tudo e entender o que me passa pela cabeça antes de conseguir explicar pra ela kkkk, ainda bem que meu anjo é paciente cmg). Quando tenho muita coisa na cabeça nada consegue sair. Imaginem uma sala cheia de adolescentes desesperados para iniciar as férias da escola, encerra a última aula e todo mundo pula da cadeira correndo junto pra porta. É mais ou menos o que acontece com a minha cabeça. E digamos que a porta da escrita é mais estreita que o normal =P

O fato é que eu passei hehe e essa semana foi confusa pq para o curso que eu escolhi (Ed. Física Licenc.) era necessário até atestado médico então eu estive correndo atrás das coisas para a minha matrícula. Então vocês podem imaginar que a minha cabeça está meio lotada. 

Então eu peço desculpas se eu demorar a atualizar o próximo capítulo. Minha mente ainda não ser reorganizou (apesar de estar no caminho). Agora vamos ao capítulo e nos vemos nas notas finais.

;]

 

 

O dia começou normal para a veterinária. Ela se levantou cedo, correu por meia hora pelas ruas em volta, voltou para casa. Trocou mensagens com Maia que havia acabado de acordar e depois tomou um banho. Desceu e se sentou com sua mãe para o café que foi tranquilo e sem conversa, apesar de Dona Marta estar observando atentamente a filha e percebendo que as mudanças notadas no dia anterior continuavam presentes, o que lhe colocou um discreto sorriso no rosto. Quando desceu para a clínica foi direto a sua sala colocando o jaleco branco por cima da camisa branca de mangas longas e deixando-o aberto mostrando também a calça jeans preta.

Começou a organizar suas coisas na sala pois sabia que teria uma consulta às 9 horas, por sorte o clima estava mais agradável e a temperatura se manteve numa média de 12° com previsão de subir conforme o dia. Um pouco antes da hora da consulta, enquanto Alicia organizava seus blocos de notas e receitas sobre a mesa, a porta da sala se abriu dando passagem para Talitha que tornou a fechar a porta antes de caminhar até a mesa onde estava a veterinária.

– Certo, agora vai me contar o que aconteceu – falou ela recostando a lateral de seu quadril na mesa e encarando o rosto alegre da melhor amiga que estava em pé atrás de sua cadeira.

– Eu não tenho ideia do que você está falando – respondeu Alicia com um discreto sorriso.

– Não se faça de desentendida. Sabe exatamente do que estou falando – retrucou Talitha rolando os olhos e se sentando na ponta da mesa – Vamos. Me conte o que aconteceu durante a viagem? E não me venha dizendo que não houve nada, essa sua cara alegre não me engana. Acho que não vejo esse sorriso e esse brilho nos olhos desde o dia em que nos contou que havia passado no vestibular.

Alicia sorriu sem graça, mas não conseguiu negar a comparação. Realmente só havia se sentido tão bem e tão tranquila e realizada no dia em que havia descoberto que havia passado no vestibular. Mesmo assim ela não pretendia contar a melhor amiga sobre a viagem ainda. Claro que Talitha ficaria sabendo dos detalhes da noite em que ela e Maia haviam se declarado, mas não naquele momento. Por esse motivo ela apenas sorriu e deu de ombros deixando claro que não iria dizer nada ainda.

– Pelo Amor de Deus Alicia! – reclamou Talitha tentando se mostrar brava, mas falhando e rindo um pouco – Eu estou morrendo de curiosidade. Sei que houve algo e tenho certeza absoluta, só pela sua cara, que foi algo incrivelmente bom. O que custa me contar logo?

– Não custa nada – respondeu Alicia rindo da amiga que havia se levantado e cruzado os braços de forma impaciente – Não é como se eu não fosse te contar, porque vou. Apenas não agora, então tenha paciência.

– Você sabe que paciência não é algo que eu possuo – resmungou a menor com um suspiro irritado e começando a caminhar para a porta da sala – Por enquanto vou esperar, mas de hoje isso não passa. Você só tem uma consulta, então até o fim do dia você vai me contar tudo e nem adianta tentar me enrolar – completou ela antes de fechar a porta do consultório e voltar a recepção.

Alicia riu sabendo que não teria descanso após a consulta até que contasse tudo à Maia, entretanto ela pretendia esperar o dia seguinte, quando Maia viesse até a clínica, para contar tudo a mãe e, depois, os detalhes à Talitha. Sentou-se em sua cadeira com um largo sorriso no rosto recordando esses detalhes. Estava morrendo de saudades de Maia. Não via a hora de sexta chegar. Não que ela quisesse que Enzo fosse embora, notava quão bem a presença dele fazia a mais nova, mas infelizmente era o fato dele estar indo que proporcionaria a ela ver a dona do Rancho.

Abriu uma das gavetas de sua mesa pegando dentro dela sua agenda onde Talitha escrevia todos os seus compromissos a cada fim de dia. A amiga tinha uma outra agenda em sua mesa onde ela anotava tudo e marcava as consultas, mas sempre deixava uma cópia de tudo para ela ali. O que era bom porque ali ela apenas passava as consultas confirmadas e não os rascunhos de agendamentos. A veterinária abriu nas páginas indicadas pelo marcador e folheando os próximos dias. Observou que no domingo e na segunda não havia nada marcado ainda e sorriu.

Queria ir até o Rancho passar alguns dias com Maia. Estava decidida a separar alguns dias de suas semanas para ficar no Rancho com Maia. Ainda tinha vontade de ensinar a mais nova a montar e tinha mais vontade ainda de poder passear com ela pelo Rancho a cavalo. Fora o fato de que pretendia supervisionar a doma e cuidar pessoalmente do treinamento de Argentum. Ela sempre amou cavalos com todo seu coração muito antes mesmo de ser veterinária, mas tinha por aquele potro um carinho especial.

Decidiu que usaria esses dois dias já vagos e pegou um lápis que estava na porta canecas a direita escrevendo as palavras “Apenas Emergências” em letras grandes nas páginas correspondentes aos dois dias livres. Não usou muita pressão no lápis para o caso de Talitha precisar agendar algo, se acontecesse a amiga passaria uma borracha nas palavras e Alicia não gostava que sua agenda ficasse manchada. Alguns minutos depois sua paciente, Luli uma gatinha de mais ou menos uma semana e meia de idade que havia sido encontrada abandonada na rua, chegou. Era uma felina um tanto desconfiada e medrosa, por isso era complicado o exame. Alicia precisava fazer movimentos muito lentos e, mesmo assim, Luli tentou escapar de suas mãos para a porta seis vezes.

Os relatos da moça que estava cuidando da gatinha era que Luli parecia sentir dor após comer. Como era muito pequena a gatinha tinha que ser alimentada com uma seringa e, por essa razão, a jovem que havia encontrando-a precisava segura-la na mão. E ela relatou que nesses momentos sentia algo estranho na barriga da gatinha. A veterinária tinha suas dúvidas, mas o custo de conseguir examinar a pequena foram alguns arranhões. Ao final Alicia conseguiu descobrir que o desconforto que Luli vinha sentindo era resultado de uma pequena hérnia no umbigo*.

Alicia identificou que o anel da hérnia era minúsculo, não mais de quatro ou cinco milímetros de diâmetro. Levando em conta que Luli era muito jovem ela decidiu esperar mais algumas semanas para acompanhar o desenvolvimento. Orientou que a gatinha estivesse sempre com uma faixa comprimindo a barriga para impedir que as alças intestinais forçassem a hérnia e pediu um retorno para a semana seguinte. Não havia muito mais a fazer, caso a hérnia acabasse por aumentar ela faria a cirurgia corretora junto com a castração da gatinha. Então sentou-se em frente a sua mesa para escrever algumas outras orientações sobre a alimentação de Luli durante aquela semana.

Do lado de fora Talitha estava sentada atrás da mesa da recepção lendo um resumo enviado por um colega no computador da clínica, ela tinha um trabalho para fazer e havia conseguido esse resumo com um colega que já havia feito a mesma matéria. Estava um tanto distraída, mas notou quando a porta da clínica se abriu. Desviou sua atenção para a agenda de Alicia aberta logo a sua frente procurando alguma outra consulta enquanto ouvia o som dos saltos de uma mulher baterem contra o piso.

– Bom dia, eu gostaria de falar com Alicia – falou a voz chamando a atenção de Talitha que havia virado uma página procurando alguma consulta que poderia ser adiantada.

– Você não é daqui – disse a jovem ao erguer o olhar e ver a mulher de cabelos castanhos escuros, quase pretos, e olhos azuis claros; algo naquela mulher lhe era familiar, mas tinha certeza de que nunca a havia visto na cidade.

– Não, eu não sou – respondeu a mulher que deveria ter por volta de 35 anos – Alicia e eu estudamos juntas, vim para vê-la.

– A Dra. Ferraz está em uma consulta no momento – respondeu Talitha encarando a mulher de forma séria, a presença dela lhe causava uma sensação ruim – Se puder esperar eu aviso que está aqui – falou ela fechando a agenda e afastando a cadeira da mesa e indicando onde ela poderia esperar, a mulher se virou para ir até as cadeiras que estavam num canto ao lado da porta – Você ainda não me disse seu nome – falou Talitha antes que ela desse um passo.

– Jéssica, meu nome é Jéssica Campos – respondeu ela com um sorriso calmo.

 

 

*Hérnia umbilical acontece facilmente em filhotes, tratasse da cicatrização incorreta ou incompleta do umbigo após o corte do cordão umbilical. A pele está sempre cicatrizada, entretanto o peritônio (uma membrana que envolve todo o interior do abdômen isolando os órgãos internos das camadas musculares) não se fecha e o orifício resultante, chamado de anel, pode causar diversos problemas ao animal, desde um desconforto abdominal até a pior consequência que é o aprisionamento de partes do intestino.

 

Notas importantes!!: Esse capítulo estava pronto desde a manhã de quinta, mas de última hora eu decidi incluir um outro tema e por isso reescrevi o caso clínico que Alicia atendeu. Isso tudo porque vi a oportunidade de falar sobre algo muito sério que tenho certeza de que, não importa onde você more, existe em algum lugar na sua cidade. Falo de animais abandonados. É uma realidade que infelizmente está presente em muitos lugares do mundo e que não é fácil de ser mudada porque para isso é necessário que a mente das pessoas mude (e sabemos todos que isso realmente não é nada fácil de acontecer). O que nos leva a outro assunto que, em algum ponto, pode começar a ajudar a diminuir a quantidade de animais deixados a própria sorte no mundo. Esse ponto é a castração. Eu sei que você pode querer muito que seu cão ou gato tenha filhotinhos porque ama seu amigo e amaria muito os filhos dele. Compreendo realmente quem não quer levar seus companheiros de quatro patas para a castração. Entretanto, como veterinária e como pessoa, recomendo que faça isso sim! Machos e fêmeas devem ser castrados. Pense um pouco a respeito. A maioria deles vai ter mais de um filhote, algumas vezes podem ser 5, 6 ou mais. Você não terá condições de cuidar de todos e precisará doar a maioria ou pelo menos um (Caso não seja rico o que é bem provável). E apesar de que você vai escolher com carinho as pessoas mais responsáveis que conhece para adotarem os filhotes, você pode realmente garantir que essa pessoa vai cuidar dele para sempre? E os filhotes desse filhote, pode garantir que essa pessoa que adotou o filhotinho vai ter a mesma consciência que você com os futuros novos filhotes?

Eu não sei vocês, mas eu não conseguiria acreditar nisso….nunca conhecemos o real interior dos outros. O fato é que, em algum ponto da árvore genealógica, um ou mais desses descendentes serão abandonados por pessoas sem respeito e sem consciência. Eu entendo se alguém argumentar que pode se esforçar para que isso não aconteça escolhendo as pessoas certas…mas como eu disse… Infelizmente em algum ponto vai acontecer. Outra questão que preciso ressaltar (e talvez seja algo mais importante em gatos do que em cães porque é um tanto mais complexo restringir o acesso a rua aos felinos, apesar de que é o que deve ser feito também com os gatos) é que a castração faz com que o comportamento de sair em busca de parceiros não aconteça, principalmente em machos. Ao estarem na rua procurando parceiros os animais se expõem a diversos riscos entre eles acidentes, parasitas, doenças (às quais é preciso ressaltar que existem as sexualmente transmissíveis também) entre outros perigos. Eles não tem a consciência que nós seres humanos temos (ou ao menos deveríamos ter) que precisamos nos proteger desses riscos estando fora de casa.

Quanto às fêmeas é preciso dizer que a castração previne e é a solução para diversas doenças, algumas muito perigosas. Já é cientificamente comprovado (se quiserem eu acho o artigo que sei que tenho guardado em algum lugar) que a castração antes do primeiro cio reduz em mais de 90% (se bem me lembro é 95%) a chance da fêmea desenvolver câncer de mama. E caso você não saiba, é uma das enfermidades mais recorrentes durante o envelhecimento e de mais dificuldade de tratamento. Caso não seja descoberto cedo a cirurgia necessária é altamente extensa e invasiva podendo ainda ocorrerem recidivas porque pode afetar áreas com pouca margem de segurança. Além de evitar infecções e inflamações uterinas que podem se agravar para infecções sistêmicas.

Eu sinto muito ter falado tanto nessas notas (que serão inseridas dentro do capítulo exatamente por estarem enormes), mas é que corrigindo o capítulo eu me dei conta de é um assunto de essencial importância. E tentei explicar da forma mais simples possível porque sei que nem todos conseguiriam entender completamente e talvez alguns ainda não compreendam. Por isso, se você tem ou pretende ter ou está buscando um amiguinho de quatro patas para ter na sua vida leve-o a um veterinário da sua confiança e peça maiores explicações. Infelizmente a cirurgia de castração não é muito barata, mas algumas ong’s, hospitais veterinários universitários e alguns centros de controle de zoonoses pelo país fazem esse tipo de cirurgia de forma gratuita ou com baixos custos. Procure se informar e buscar esses locais se você não tem condições de pagar uma cirurgia numa clínica particular.

Lembrando a todos vocês que eu sempre estou disponível para responder esse tipo de pergunta e ajudar quando puder. Então se quiserem falar comigo pelos comentários ou me mandar uma mensagem podem ficar a vontade. Além do meu twitter (@an_403998), se quiserem falar comigo por lá. Eu sempre fico feliz em responder e sempre tento dar um tantinho de atenção a todo mundo mesmo que eu esteja numa rotina mais corrida.

 

 

N/A: Agora nosso resultado hehe. Graças a Aly, leitora do Nyah, e a Mari, leitora do Lettera, (Obrigada Aly e Mari! Eu jurava que tinha falado dele, mas não lembrava. Sem vocês eu teria que reler todos os meus capítulos e estava realmente sem tempo pra isso *-*)  agora sabemos que eu mencionei sim o irmão da Talitha; capítulo 8 quando estou apresentando alguns personagens eu cito que ela tem um irmão. Pois então hehe, ninguém acertou. Quase todo mundo apostou na ex da Alicia (que como viram aparece. Sim é a Jéssica pra quem não tinha certeza ainda kkkkkk). Não que ela não vá incomodar, mas não será a pedra no sapato das duas (que analogia mal colocada, senhor, eu não to pensando bem mesmo não).

Bom, eu não vou deixar previsão do próximo cap porque não sei nem quando vou estar com tempo para ele (apesar de ter ele rodando confusamente na minha cabeça). Mas prometo que no momento em que ele estiver pronto eu volto!
Bjs pessoinhas lindas
;]
PS: Senti saudade de vocês! E não desisti de responder todo mundo, ainda vou conseguir kkkkk

PS(2): Eu me atrapalhei toda, mas o primeiro cap de Who You Are sai amanhã. Só pra avisar mesmo kkk =P 



Notas:



O que achou deste história?

4 Respostas para Capítulo 62

  1. caramba! logo agora que Alicia resolveu esquecer a ex , ela reaparece! Tomara que Maia de logo um chega pra la nela!
    Muito interessante você tocar nesse assunto da castração e explicar melhor como é o processo e o bem que isso pode trazer ao nossos bichos de estimação!
    Eu ia esperar você postar mais capítulos , mas se eu começo a ler não consigo parar! rss
    beijos
    fique na paz
    Mascoty

    • Ela reaparece, infelizmente –‘ maaaas ok.
      Esse assunto me veio qnd terminei o capítulo. Reescrevi uma parte para inserir porque é um assunto muito importante e eu quis aproveitar a oportunidade para falar sobre.
      Kkkkk eu não vou demorar, já tenho ideias, falta só tempo.

      Bjs
      ;]

  2. Parabéns pelo resultado do processo seletivo!
    Super compreensível o atraso, fica de boa! A gente espera ansiosamente a continuação.
    As coisas vão se assentar em breve, tudo vai dar certo!

    • Muito obrigada *-* Fiquei mt feliz
      Vou tentar preparar algo para o carnaval. Tbm acho que não vou demorar tanto tanto. Mas realmente daqui a pouco as coisas vão se ajeitando

      ;]

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