Argentum

O primeiro beijo virou segundo, de dois passaram a três e em algum ponto após isso elas perderam a conta. As mãos de Maia estavam no pescoço da veterinária. As pontas dos dedos finos mergulhadas no cabelo solto da mais velha enquanto seus lábios se beijavam delicadamente. Alicia tinha um braço em volta da cintura da menor e sua mão esquerda pousada na lateral do rosto de Maia. Pequenos sorrisos se formavam nos lábios delas entre um beijo e outro, mas não duravam muito. Seus lábios voltaram a se tocar quando a porta do quarto se abriu fazendo Maia pular de susto e só não se desequilibrar por conta do braço da maior que a segurou.

– Você é uma Péssima amiga! Como teve a coragem de… – Enzo entrou pela porta aberta, mas congelou com metade da frase indignada não dita e a mão esquerda ainda a segurar a maçaneta, seus olhos arregalados percorreram a postura das duas mulheres lá dentro e notando em menos de um segundo o que estava acontecendo antes dele abrir a porta – Oh, parece que interrompi algo – ele falou em tom sugestivo, segurando a gargalhada ao ver os rostos de ambas ficarem tão vermelhos quanto possível – Eu volto depois, podem continuar de onde pararam – falou dando um pequeno sorriso e piscando para as duas antes de sair e fechar a porta outra vez.

Do lado de fora seu sorriso se largou porque, apesar do susto e da surpresa nenhuma das duas pareceu tentar se afastar com sua entrada e isso era um ótimo sinal. Já do lado de dentro as duas mulheres encaravam a madeira escura da porta morrendo de vergonha para não olharem uma para a outra. As mãos de Maia estavam nos ombros de Alicia e a veterinária agora estava com ambos os braços em volta da mais nova, o direito na cintura e o esquerdo nos ombros. Ficaram vários segundos em silêncio até que a mais velha limpou a garganta e respirou fundo.

– É… – começou ela ainda olhando para a porta – Isso foi…anh…inesperado? – falou de um jeito sem graça finalmente desviando o olhar da porta para Maia que fechou os olhos e soltou um resmungo.

– Vou matar meu melhor amigo – sussurrou a menor escondendo o rosto no peito da veterinária e se agarrando a camisa da maior para puxá-la para mais perto.

Alicia não evitou um riso rápido e baixo, mas ao mesmo tempo apertou o abraço em volta do corpo menor que se encolhia contra o seu. Os braços de Maia de moveram até que ela estivesse abraçando a cintura da maior e elas ficaram naquela posição por alguns instantes. A mão esquerda de Alicia começando um carinho nos cabelos de Maia enquanto seu nariz inspirava o cheiro do shampoo da menor. Até que a veterinária se obrigou a mover-se ou não conseguiria nunca sair dali e, por mais que odiasse a ideia, infelizmente tinha responsabilidades e compromissos no dia seguinte que não poderiam ser adiados nem cancelados. Beijou topo da cabeça da mais nova tomando uma inspiração longa com o perfume dos cabelos castanhos claros e, só então, afrouxou o abraço.

– Não demore a voltar – pediu Maia sabendo que aqueles movimentos eram sinais de que Alicia precisava ir.

– Não vou, te prometo – respondeu a mais alta com um suspiro e um sorriso discreto, suas mãos seguraram ambos os lados do rosto da mais nova.

Maia continuou a segura-la pela cintura enquanto se olhavam com carinho. Soltaram um suspiro ao mesmo tempo enquanto as pontas de seus narizes se tocavam numa carícia lenta e seus rostos se moviam alguns centímetros para cima e para baixo. As mãos fortes seguraram com delicadeza o rosto da menor e Alicia tocou os lábios das duas em um selinho leve antes de se afastar e sorrir abrindo os olhos.

– Te ligo quando chegar – disse ela com os polegares esfregando levemente as bochechas de Maia.

– Vou estar esperando – respondeu a menor – Já terei matado meu amigo quando ligar – brincou ela fazendo as duas soltarem risos divertidos.

Com mais um selinho Maia finalmente soltou as mãos da cintura da mais velha e Alicia se afastou. Mas assim que deu as costas ela voltou o único passo que tinha dado. Deixou um beijo na testa de Maia, outro na ponta do nariz e por fim um último selinho antes de dar um sorriso divertido e sair do quarto encostando a porta. Maia sorriu boba colocando as mãos sobre seu rosto enquanto os olhos verdes continuavam a encarar a porta. Já no corredor a veterinária sorriu e suspirou antes de se afastar da porta indo na direção da escada sem notar a figura risonha e divertida que a observava da outra ponta do corredor. Enzo não esperou nada e logo estava abrindo a porta do quarto da amiga e entrando para dentro.

– Eu sabia! – foi a primeira coisa que lhe saiu assim que fechou a porta enquanto ele corria para a cama onde Maia estava sentada ainda com mãos no rosto, mas agora com um sorriso divertido – Eu tinha certeza de que essa viagem traria algo bom! – continuou ele animado se sentando ao lado da amiga – Vamos, quero saber de tudo. O que aconteceu? Quando se beijaram? Quem fez o que?

– Enzo calma! – pediu ela rindo – Me deixe absorver as coisas antes.

– Ah! Quase me esqueço – disse ele fazendo-a parar de falar e logo depois soltar um gritinho mais de susto do que de dor ao ter levado um tapa no braço – Sua Desalmada! Como me manda aquela mensagem aquela hora da madrugada e some o resto do dia!! Tem noção da ansiedade em que me deixou?

Maia nem tentou segurar e soltou uma alta gargalhada pelo jeito indignado do melhor amigo que havia se levantado e apoiado as mãos na cintura enquanto batia a ponta do pé direito no chão demonstrando toda sua irritação. Enzo rolou os olhos para a reação da amiga e voltou a se sentar empurrando-a de leve com o ombro e esperando que Maia decidisse contar-lhe tudo. Quando parou de rir a dona do Rancho abraçou o melhor amigo de lado colocando a cabeça em seu ombro e sorrindo bobamente ao começar a contar cada detalhe da viagem.

– Ain eu já adoro essa mulher! – falou Enzo após ouvir sobre como Alicia havia se posicionado de forma tão madura em relação às duas – Ela realmente está apaixonada por você, amiga! – exclamou abraçando Maia.

– Eu sei – respondeu ela sorrindo de olhos fechados e se aconchegando no abraço dele.

– Não, Maia – disse Enzo de forma suave os afastando para encarar o rosto da amiga que o olhou de volta com os olhos verdes ainda brilhantes, mas curiosos – Lembra das brincadeiras que eu ou Fred sempre soltávamos quando você saia com a gente? Que sapatão parece que se apaixona num dia e no seguinte já acha que vai casar, ter três gatos, filhos, morar junto, etc.?  – falou ele com um tom de riso – Geralmente é mesmo assim que acontece, não que seja ruim ou mal, mas essa veterinária te pediu um posicionamento. Não é só deslumbre por você retribuir. Ela não sonhou apenas, é muito mais sério que isso.

– Sei que é sério, Enzo. Ela se colocou numa posição extremamente arriscada para não se deixar levar por algo que poderia ser passageiro – falou Maia com uma expressão pensativa se recordando da conversa que teve com Alicia na noite anterior – O que eu sinto poderia não ser tão forte. Eu poderia querer que nossa relação fosse secreta ao resto do mundo. Mesmo assim ela não ignorou o assunto, mesmo correndo o risco de eu desistir dela ou de descobrir que eu tinha apenas curiosidade ou algo do tipo.

– Não existem muitas pessoas maduras assim no mundo, Maia. Não existem mesmo – disse o rapaz impressionado e admirado com a forma como aquelas duas mulheres estavam lidando com tudo.

– Alicia pensou no presente tanto quanto no futuro – murmurou Maia encarando a porta do quarto e sorrindo – E fez isso em segundos. Ela se colocou no meu lugar não só como pessoa, mas como empresária e administradora também. Ela pensou no impacto que ter nosso relacionamento público poderia ter para mim na hora dos acordos de vendas, Enzo. Tem noção disso? Ela pensou em como isso ia afetar ao Rancho antes de pensar em como pode afetar a clínica dela! Quem faz isso? – perguntou encarando o amigo com um sorriso bobo e desacreditado.

– Alguém que ama de verdade – respondeu ele segurando o rosto da mais nova entre as mãos – Essa mulher te ama de verdade, amiga.

– Eu nunca encontrei outra pessoa tão sensata, compreensiva, madura e confiável quanto ela – murmurou Maia soltando um suspiro.

– Então não a perca. Porque não existem muitas pessoas com todas essas características – brincou Enzo abraçando Maia outra vez.

– Amigo, eu amo aquela veterinária – murmurou ela com um largo sorriso apoiando o queixo no ombro de Enzo – Ninguém no mundo vai conseguir amá-la mais do que eu. E nada vai me impedir de estar ao lado dela agora que eu sei o que realmente sinto.

Enzo sorriu, mas não separou o abraço entre eles. Nunca havia visto a amiga tão feliz, uma felicidade que parecia transbordar dela e iluminar tudo a sua volta. Uma felicidade que fazia os olhos verdes brilharem numa intensidade que os deixava parecidos com um mar calmo onde todos gostariam de estar. Agora a única coisa que faltava era estar cara a cara com a veterinária dona do coraçãozinho do seu pequeno anjo. Afinal, ele era o melhor amigo de Maia e sentia-a como a irmã que nunca teve, precisava colocar Alicia contra a parede para ter certeza de que estaria deixando sua pequena em boas mãos. Mas, perceptivo como era, ele já sentia que sim.

N/A: Consegui chegar na quarta kkkkk.

Não garanto que volto no fds, mas acredito que sim. No mais tardar até segunda tem capítulo novo =]

Maaaas, quero deixar aqui hoje uma brincadeirinha de adivinhação. Quem leu outras coisas que já escrevi sabe que eu gosto de surpreender hehe, e gosto de um pequeno drama também.

(Quem não quiser Spoiler corra para o final das notas!!!!!!!)

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Surgirá uma pessoa que vai tentar se intrometer e separar as duas. Nunca mencionei o nome dessa pessoa, mas a existência dela já foi citada nos capítulos anteriores. Quem conseguir adivinhar antes de acontecer ganha o direito de pedir um capítulo especial sobre qualquer personagem (mais ou menos como o extra que fiz sobre Enzo e Maia). Que as apostas comecem kkkkk

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Fim do Spoiler kkkkkkk

Espero que tenham gostado do capítulo.

Bjs

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