A Magia do Amor

21. Todos os sentimentos

21

Todos os sentimentos

 

“E nessa hora em que o sol
Escorre pelo horizonte e seus finos raios
Atingem a janela e suas cores
Enchem de vida todo o lugar
Eu me encontro nos teus olhos
Que brilham delatando um sorriso
Iluminado e colorido que me imunda de vida
Dando-me a impressão de que sempre foi assim…
E que só assim eu fico em paz e feliz!”

 

Coisas da vida, Mohine Yamir in Relicário de Escritos

 

Maysa estava ansiosa, guardava o pacote atrás das costas, em casa ainda havia outro presente, que o Daniel entregaria mais tarde para Agatha, porém, aquele ela mesma queria entregar. Ouviu Agatha se aproximar da porta e sorriu, o cumprimento já havia sido ensaiado incontáveis vezes, estava na ponta da língua. Mas, a bem verdade, ela teve sorte de não engolir a língua como acabou engoliu as palavras, no momento em que viu Agatha. Era um fato, a morena estava radiante, os cabelos soltos caindo nos ombros, e dentro de um robe. Os olhos pareciam mais escuros, mais profundos e brilhavam misteriosamente. E aquele perfume de flores e brisa marinha, quase a fez cair de joelhos, como se levasse um soco no estomago, só que naquela situação, tal abalo era indiscutivelmente bom.

 

– Oi, vizinha! __ com um sorriso mal contido nos lábios, Agatha recostou na soleira da porta. – Você está bem? __ arqueou a sobrancelha.

– A-aham… sim. Eu… é … você estava dormindo?

– Não. __ a morena estava tão calma quanto a loira estava agitada. Abriu a porta. – Acordei bem cedinho. Estou apenas curtindo um dia preguiçoso, ou seria manhoso? __ sorriu e também notou que Maysa continuava parada na porta. – Você não quer entrar?

– Ah, sim! Claro… __ Maysa deu alguns passos para dentro da casa, mas manteve uma certa distância. Era cautela.

 

Maysa vinha se comportando ao máximo que podia, desde aqueles beijos sob o luar, estava tentando resistir à tentação de ficar sozinha com Agatha, e quando tais momentos aconteciam, tentava manter-se calma e sob controle. Não que fosse uma tarefa fácil resistir a morena, pois até mesmo quando estavam no jardim, separadas por uma cerca, ao sol, conversando sobre Daniel, sobre trabalho, sobre quaisquer amenidades… a vontade da loira era de simplesmente mandar tudo para o espaço e ter aquela mulher em seus braços da forma mais lancinante possível, porém, sempre conteve tal vontade. Mas, naquele momento, parada diante de Agatha, com o vazio e silêncio da casa cercando-as, com o perfume da outra enlouquecendo seus sentidos. Com a morena a lhe olhar com intensidade e mistério, definitivamente aquilo era mais do que ela poderia suportar. Precisava entregar o presente e sair dali antes que fizesse uma besteira. Agatha lhe sorriu como se soubesse ou melhor, como se estivesse lendo cada pensamento de Maysa.

 

– O que houve?

– Nada… hã… como você está?

– Melhor impossível! __ o sorriso foi largo e suave. – E você?

– Bem! __ a loira tinha certeza que não era possível ficar ainda mais tensa.

 

Maysa observava a forma como Agatha movia-se pela cozinha.

O gato a enroscar-se entre as pernas da dona, Agatha colocou a ração de Aquiles, e abaixou-se para afagar o gato enquanto ele comia. O robe abriu, deixando à mostra as pernas da morena, Maysa engoliu o suspiro, engoliu a seco… engoliu o gemido, mas não conseguiu desviar os olhos. Agatha jogou os cabelos para trás, olhando para a loira e lhe presenteou com outro sorriso.

 

– Eu tenho umas mudas novas, estão na estufa. Servem para fazer horta, talvez você queira. __ Agatha levantou. – Quando você tiver uma horta, nunca mais vai querer comprar aqueles temperos de supermercado.

– Será ótimo, vou querer sim. Obrigada! __ Maysa estava começando a se sentir à vontade novamente. – O Dan está encantado com as gérberas que você deu para ele.

– Só não deixe que ele molhe elas excessivamente. Elas são delicadas demais. Então, Maysa? __ encarou a loira, que respirou fundo algumas vezes.

– Então, o que?

– Vai ou não vai me mostrar o que está escondendo aí?

– Nossa, nem posso enganar você! __ sorriu e estendeu as mãos, entregando uma caixa embrulhada em um vivo papel dourado.

– Você lembrou!

– É claro que sim. Me pergunto se alguma vez eu realmente deixei de esquecer! Não vai abrir?

– Sim! __ Agatha rasgou o papel, revelando uma caixa com as iniciais da loja de Alana. –  Hum! Agora estou ainda mais curiosa. __ levantou a tampa da caixa, e suspirou ao retirar uma delicada e frágil figura de uma menina, esculpida em ametista. – É linda! É realmente linda!

– Passei na loja dia desses, tinha acabado de chegar. Me fez lembrar de você…

– Obrigada! __ com a mão livre, acariciou o rosto da loira. – Você não poderia ter me dado algo mais perfeito.

 

Depositou a caixa sobre a mesa, sem tirar os olhos da loira. Deu mais alguns passos e estava tão próxima de Maysa, sabia o que estava fazendo. Não era impulso, não era curiosidade, não era um jogo, em verdade, não era nada que pudesse ser explicado com palavras. Ergueu-se um pouco para que seus lábios pudessem tocar os lábios da outra, e quando Maysa ponderou antes de deixar que aquele ato acontecesse, a morena pode sentir o quanto a loira estava afogando-se em um mar de autocontrole e desespero.

 

Era por esse momento que Agatha esperava; por esse momento sem nomes ou definições. Fora por isso que passara boa parte da manhã dedicando-se ao antigo ritual feminino de banhos, cremes e perfumes. Era para Maysa, era para si mesma, era para aquele momento. Para aquela entrega.

 

A loira sentia como se tudo em Agatha, fosse para atraí-la, tornando seu autocontrole em algo vago e sem importância. Sabia o que poderia acontecer se aquele ato continuasse. Tentou recuar, mas Agatha a envolveu em seus braços.

 

– Maysa… está tudo bem! __ a loira não conseguia compreender como alguém conseguia lhe agitar e acalmar ao mesmo tempo. Os lábios da morena continuavam ali, rentes aos da loira. – Ah, Maysa… apenas me beije.

 

Os lábios de Agatha entreabriram-se, fazendo um convite qual Maysa jamais conseguiria recusar. O beijo foi exatamente como a morena costumava lhe deixar, calma e excitada. Era suave, mas havia urgências, e a loira travava sua própria batalha interna, para impedir que aquele abraço e beijo trilhassem um caminho impossível de regressar.

 

– Hum… Agatha… eu… __ precisou de ar. – Melhor eu ir embora, tenho que trabalhar.

 

Com um sorriso nos lábios, Agatha ao mesmo tempo em que se divertia também se derretia ao ver o quanto a loira estava levando a sério sua promessa de ir com calma.

 

– Maysa… __ ela deslizou os dedos pelo braço da loira e a sentiu estremecer. – Eu sofri um incidente anos atrás, nada demais. Porém, esse fato me fez rever toda a minha vida, e desde então, todos os anos, neste dia, eu me permito simplesmente fazer qualquer coisa que eu realmente queira. Desde que acordei, já sabia exatamente o que queria, mas agora… agora eu tenho ainda mais certeza. E, eu quero você… se você ainda me quiser.

– Você sabe que eu a quero. __ as palavras quase não saíram.

– Eu sei… eu sempre soube. __ a morena sorriu, e por dentro estava tão calma quanto um mar agitado. – Sei que você me quer, porque vejo isso quando olho para você. Sei que me quer porque posso sentir isso toda vez que você me toca. E sei o quanto você tem sido paciente… sei o quanto tem se controlado para manter sua palavra de que nada aconteceria enquanto eu não estivesse pronta…

– A-aham… estou tentando. __ meio incerta, a loira deu um passo para trás. – Mas, não tem sido tão fácil.

– Acredite, também não é para mim, mas nesse momento, eu gostaria que você esquecesse todas as palavras, gostaria que você apenas me aceitasse, e que aceite o fato que desejo te entregar tudo o que eu puder…

– Agatha, o que você está me pedindo é…

– Estou… eu estou pedindo que me mostre o seu amor, que me mostre tudo o que foi guardado por tanto tempo. Estou pedindo que aceite a minha entrega e que você também se permita.

 

Maysa estendeu a mão, e tocou o rosto de Agatha… não havia mais a necessidade de perguntas, pois dentro daquela troca de olhares estavam todas as respostas. Não existiam palavras em todo o mundo que pudessem traduzir o que era sentido por ambas naquele momento.

 

A loira só se deu conta de que foi guiada até o quarto da morena, quando finalmente aquela troca de olhares foi quebrada pelo perfume envolvente que tinha no ambiente. A mistura de fragrâncias; flores, mar e algo que Maysa não sabia identificar. O sol brilhava lá fora, e seus raios invadiam o cômodo através dos vidros da janela, espalhavam-se pela cama, e esbarravam em Agatha, fazendo com que o robe ficasse ainda mais rubro e reluzente.

 

Agatha pensava que era tolice ficar nervosa naquele instante, mas suas mãos tremiam, em um misto de excitação e nervosismo quando ela as estenderam para poder abraçar a loira. Ela não estava arrependida, não desejava voltar atrás. Ela quis e continuava querendo aquele momento, ainda que a calma e certeza que tivera minutos atrás tivessem desaparecidos pela ansiedade, pelo desejo e medo. E a loira conseguia perceber tudo aquilo ao olhar nos olhos de Agatha, e se perguntava silenciosamente, se era possível que a morena compreendesse que aquilo que ela estava sentindo era o mesmo que acontecia com ela? Como em um espelho, uma refletia os sentimentos da outra.

 

– Agatha… __ a loira pegou a mão da outra e beijou. – Não farei nada que não queira, não a machucarei, eu juro.

– Eu sei… eu sei. __ a morena entrelaçou os dedos nos dela, e tentou saber se o medo que estava sentindo era realmente pelo que estava prestes a acontecer ou, pela profundidade do amor que sentia e já não podia mais negar.

 

Maysa a beijou! Um beijo profundo, calmo e revelador.

Um beijo excitante, instigante e tranquilo. O tempo parou, simplesmente deixou de existir. Em toda a galáxia, só havia aquele momento. Aquele encontro não apenas de lábios, corpos, desejos, mas também, o encontro de almas.

Maysa afagou os cabelos da morena e os dedos mergulharam sentindo a maciez, e então os espalhou pelo travesseiro. Os lábios se separaram para que a loira começasse uma vagarosa jornada de beijos no rosto de Agatha, a morena sentiu o tremor de nervoso dar lugar a deliciosas sensações. O ritmo era mantido tão calmo e lento, que cada beijo ou toque, pareciam perdurar uma eternidade.

 

Maysa murmurava promessas doces, palavras cheias carinho e o coração mais uma vez declarava-se, delatando todo o amor que havia guardado. Aquilo fez com que Agatha tivesse a sensação de estar flutuando, e caiu sobre seus lábios um sorriso ao encontrar os lábios da loira novamente. Agatha já deveria saber que seria assim, dolorosamente lindo, indescritivelmente mágico. Sentia-se amada, protegida e segura. E quando Maysa puxou lentamente o robe pelos seus ombros, ela não sentia mais nenhuma gotinha de medo, e acolheu com prazer e certa vertigem a sensação dos lábios da loira em sua pele. Mas, sabia que precisava sentir mais, ansiosa, puxou a camisa da loira, Maysa até hesitou um pouco, por segundos imperceptíveis, antes de deixar que Agatha tirasse. O encontro de peles, a pressão do corpo sobre o outro, arrancou gemidos. A morena sentiu o corpo da outra arrepiar e estremecer quando pousou suas mãos nele.

 

Maysa lutava contra a volúpia e a avidez, mantendo o ritmo calmo, terno e apaixonado, enquanto retirava o robe de Agatha. A pele morena perfeitamente bronzeada, macia e perfumada, tão provocativa… quando os lábios de Maysa encontraram um dos seios enquanto massageava o outro, o gemido abafado e rouco que a morena deixou escapulir, ecoou em Maysa como um trovão rasgando os céus e molhando-a! A loira continuou com toda delicadeza que poderia ter, usava os lábios, a língua, mãos, dedos, corpo, para levar Agatha a todos os estágios possíveis de sensações e prazer. Embora, algo gritasse dentro dela, exigindo que fosse mais rápida, Maysa, manteve o ritmo vagaroso.

 

Agatha sentia os olhos pesar e fechar, desfrutava de cada sensação que a outra lhe proporcionava. Como entender que Maysa sabia exatamente onde tocar, onde beijar, e fazer seu coração saltar daquele jeito? A morena gemeu entre os lábios, enquanto Maysa lhe entregava mais e mais de todo o amor que lhe tinha.

 

Foi entre sussurros, caricias delicadas. Entre palavras de amor, movimentos involuntários e incontroláveis… com o perfume das flores tornando o ar mais denso. Os lençóis amassados e apertados, os corpos umedecidos pela paixão. Os raios de sol, formando um arco íris de magia e cores por cima dos olhos semicerrados da morena, que uma onda arrebatadora de calor, êxtase e prazer, explodiu com tamanha fúria dentro de Agatha…

 

– Maysa! __ agarrou-se a loira. E foi completamente dominada por aquele lampejo de prazer, que a deixou tremula.

 

A loira deixou escapar um gemido e a beijou, sentindo a respiração quente e ofegante… a morena abraçou a loira com força, como se desejasse mostrar que ali era o seu lugar para todo o sempre. Seu coração ainda disparava, o corpo da outra fazia uma leve pressão contra o seu, a excitação estava até o âmago. Ainda não era o fim, decerto o princípio do começo.

 

– Continue… quero mais, Maysa. Por favor, preciso de mais!

 

Créditos musicais:

Cherish The Day – Sade (https://youtu.be/pKhfoKOTwZY)

 



Notas:



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2 Respostas para 21. Todos os sentimentos

  1. Amor demais por essa amizade que Agatha e Maysa tem, (certo que agora né as coisas estão melhorando ?) é tão bom saber que temos alguém que possa ser um ombro e apoio acima de tudo, que tá ali só pra cuidar e amar a vida e nós como ela, nossa, eu sou apaixonada pela amizade delas !!
    UAU, realmente esse momento foi incrível, aconteceu naturalmente (e planejado por Agatha) e foi demais, porque não foi só uma transa e pronto, elas não planejaram detalhadamente, só aconteceu, no momento certo, quando Agatha estava pronta, confortável e entregue para isso, tem como se apaixonar mais por Thayse? (Agatha + Mayse)
    incrível demais a preocupação e o cuidado da Maysa com a agatha, a entrega, de corpo e alma, ELAS SE PERTENCEM SIM,
    Se amaram antes do toque e agora se amam completamente e intensamente mais ❤❤
    Capítulo maravilhoso Afrodite!!???
    Obs: Eu amei o presente que Maysa deu a Agatha, fofo demais, ahhhh!!
    Cidinha.

    • Cidinha,

      Pois é, amada. Nada melhor do que ter alguém que nos transborde.
      Encantada e agradecida com o teu comentário. #ThayseForever

      Beijos, amada.

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