Argentum

Capítulo 17

N/A: Capítulo 6/7 da Maratona 

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Alicia estava sentada numa pequena sorveteria, tinha um potinho com suas duas bolas de sorvete de pistache derretendo a sua frente. O dia havia amanhecido um tanto mais quente e a temperatura tinha subido para perto dos 20°C. Ela resolveu que um sorvete antes do almoço não faria mal algum. A verdade era que eram quase 11 horas da manhã e ela não tinha a menor vontade de nada, muito menos comer. Razão pela qual seu sorvete preferido se encontrava quase intocado a sua frente.

Ela havia saído de casa e ido até a outra cidade na esperança de que sua mente se distraísse o bastante para não mais pensar em Maia Almeida, mas não poderia estar mais enganada. Continuava se lembrando dos olhos verdes, do sorriso doce e gentil, dos modos comedidos e bem calculados. Ainda repassava em sua mente os detalhes do rosto, cabelo, lábios. Por mais que tentasse Alicia mal conseguia se concentrar em qualquer outra coisa que não fossem suas lembranças. Por isso, quando atendeu a chamada de seu celular sem olhar o identificador de chamadas, achou que estava enlouquecendo e ouvindo vozes.

– Alicia Ferraz, quem fala? – foi o que ela disse ao atender a chamada ainda encarando o sorvete a derreter.

– Bom dia Alicia – soou a voz do outro lado da linha fazendo a veterinária arregalar os olhos, mas se recuperar do susto rápido.

– Senhorita Almeida? – ela perguntou ainda sem acreditar e tendo grande certeza de que estava começando a enlouquecer de vez.

– Acredito já ter lhe pedido que me chame de Maia, pelo fato de que já estou chamando-a de Alicia – disse a voz com um tom de riso e a veterinária não conseguiu impedir sua mente de tentar criar a imagem de Maia com um dos sorrisos discretos que deu durante a manhã que passaram juntas – Você pode falar agora? Realmente não quero incomodá-la se o momento não for oportuno.

Por um segundo Alicia considerou dizer que estava ocupada para evitar conversar com Maia. Por um segundo ela pensou que seria a melhor escolha para manter sua distância da moça, mas no segundo seguinte soube que seria incapaz de mentir para ela, mesmo em algo tão simples quanto a estar ou não ocupada. Respirou fundo sabendo que simplesmente não poderia se privar de ouvir a voz de Maia.

– Claro que você não atrapalha – disse ela sem conseguir controlar um sorriso bobo por imaginar Maia preocupada em estar atrapalhando-a – Estou sentada pensando onde irei almoçar – ela decidiu contar.

– Então tem um ou dois minutos para me ouvir? – perguntou a voz calma e esperançosa.

– Tenho todos os minutos que você precisar – afirmou Alicia com tanta convicção que logo em seguida, ao ouvir o riso baixo e controlado de Maia, notou que sua frase poderia ter muitas outras interpretações – Porque eu não pretendo sair de onde estou – disse ela tentando concertar o que havia dito – Quero dizer… Nem estou com fome ainda, apenas pensava onde comer…Acho que você entendeu. Garanto que não me atrapalhará – ela disse esfregando a palma da mão esquerda no rosto logo depois.

– Sim, eu entendi Alicia – disse Maia com um tom de riso controlado que fez Alicia sorrir novamente – Antes de tudo eu peço desculpas por ter pressionado sua secretária, Talitha, para conseguir seu número particular.

– E porque você a pressionou para conseguir o meu número? – perguntou Alicia com um sorriso bobo, mas logo se controlando, não queria se iludir demais.

– Eu realmente preciso falar com você – disse Maia com um tom ficando mais sério, o que fez a veterinária ficar séria também – Eu estou com um grande problema no Rancho e acho que você é a única pessoa que seria capaz de me ajudar e em quem eu confio para fazer isso – disse Maia com um tom solene que fez os olhos da veterinária se arregalarem um pouco.

– O que posso fazer por você, Srta. Almeida? – perguntou Alicia num tom mais sério que impediu até que Maia reclamasse por ela não lhe chamar pelo nome.

Alicia ouviu todo o relato de Maia sobre os cavalos, o comprador e o contrato de gaveta que o velho Senhor Augustus tinha com o homem. Ela própria conhecia Maurício Villar e sabia que quebrar um contrato com o homem não era uma boa ideia. Ele era um grande criador, mas tinha seus cavalos em uma propriedade próxima a Porto Alegre. A veterinária explicou para Maia que para fazer o que ela pediu teria que ver todos os potros e avalia-los um por um o mais detalhadamente possível.

Maia perguntou quanto tempo seria necessário para isso, explicando logo depois que Villar viria na segunda pela manhã para escolher os potros. Alicia quis saber quantos potros eram. Maia disse que seriam nove e a veterinária respondeu que precisaria de um dia e meio ou um pouco mais. A nova proprietária do Rancho perguntou quando ela poderia fazer as avaliações, pedindo com um tom gentil se ela poderia fazer isso o mais rápido possível.

Alicia se recordou que teria uma consulta na parte da tarde do dia seguinte e outra na parte da manhã do sábado. Se saísse naquele instante chegaria na cidade por volta das 15h da tarde, só conseguiria estar no Rancho perto das 16h e já seria muito tarde para começar a avaliar os animais. Explicou sua agenda à Maia dizendo que poderia tentar chegar mais cedo possível na cidade para ir e avaliar pelo menos um dos potros ainda naquele dia.

– Não, não faça isso – falou Maia com um tom de preocupação – Almoce tranquila e não se apresse na estrada. Posso esperar até amanhã cedo. Marcamos então de você vir na sexta pela manhã, e depois no sábado a tarde.

– Eu precisaria do domingo também se fizermos isso. Talvez só a parte da manhã de domingo, mas mesmo assim – disse a veterinária com um sorriso por ver que Maia não queria que ela dirigisse com pressa.

– Tenho certeza que não será problema nenhum que alguns funcionários trabalhem no domingo para nos ajudar – disse Maia com uma voz que fez Alicia achar que ela estava sorrindo – Pagarei as devidas horas extras a todos e não teremos problemas. Queria saber apenas como posso pagar você por esse serviço. Não acho que é algo que você faça normalmente, nem sei em que categoria de prestação de serviço isso poderia se encaixar.

– Não se preocupe com isso – falou Alicia sabendo que não queria cobrar nada pelo serviço – Vamos combinar em você pagar apenas a quilometragem que eu terei que percorrer nesses dias e nada mais.

– Não acho que isso seja justo Alicia – falou Maia com um tom sério – Você vai perder todo o seu final de semana nisso. Não vou aceitar que não receba algo digno.

– Não irei perder meu final de semana – disse a veterinária com um sorriso bobo – Estarei fazendo um favor a uma amiga – disse ela controlando o sorriso – Vou almoçar agora, assim que chegar lhe aviso para combinarmos em que horário eu posso ir ao Rancho amanhã.

Elas concordaram com aquela sugestão da veterinária e, depois de Maia passar seu número particular para ela também, se despediram. Alicia soltou um longo suspiro. Havia viajado para tentar tirar Maia da cabeça, mas, além de ter pensado nela o tempo todo, o destino arquitetou que ela não fosse capaz de ficar tanto tempo longe da mais nova. Podia ter negado o pedido, mas a veterinária não seria capaz de dizer não a um pedido de ajuda da dona dos olhos verdes.

Terminou seu sorvete o mais rápido que podia e entrou no primeiro restaurante que encontrou depois. Almoçou e logo estava em seu carro voltando para casa ansiosa para chegar e falar com Maia de novo. E mais ansiosa ainda ela estava para a chegada de sexta-feira, mesmo que continuasse se recriminando e tentando não se empolgar demais nem se deixar envolver muito por Maia.



Notas:



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7 Respostas para Capítulo 17

  1. cara, nao era melhor Alicia passar logo o final de semana na fazenda? po,Maia também ta lerda na parada! rss
    Mas vamos vê o que vai dar esses dias a Alicia direto la, pelo menos um beijo tem que sair ne?

    Bjs
    Mascoty

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