Nightingale

Capítulo 97 – Um quase esquecimento

POV Alex

Lá estava eu, chegando no hotel depois da passagem de som. Deveria estar no aeroporto, mas os ensaios atrasaram, o que atrasou a passagem de som de todas as bandas, o que levou a minha presença no meu quarto de hotel meia hora depois do horário previsto para a chegada de Erika com o Arthur. Eu estava cansada por causa dos atrasos e de toda a preparação, mas também estava frustrada por não poder ir busca-los no aeroporto. Meu produtor mandaria alguém da organização ir trazê-la, mas quando avisei ela que estava tudo atrasado Erika me pediu o endereço do hotel e disse que quando chegasse pegaria um taxi para cá. Não pude discutir com ela.

Eu tinha conseguido organizar tudo, exceto impedir que meu quarto e o de Tiffany estivessem no mesmo andar. Agradeci mentalmente enquanto entrava no hotel por ela ser apenas a vocalista, assim saiu antes do resto de nós que precisávamos terminar de ajeitar todos os instrumentos. Caminhei com a minha mochila no ombro e parei em frente ao elevador para espera-lo. Mas eu não tenho tanta sorte na vida assim e, antes do maldito elevador chegar no térreo uma certa pessoa parou ao meu lado.

– Olha só quem eu encontro – disse Tiffany me encarando com um olhar de surpresa fingida – Achei que iria buscar a sua namoradinha no aeroporto.

– Você sabe bem que tudo atrasou hoje. Não tinha como eu ir buscar ela – respondi suspirando.

Ela havia parado de tentar me “fazer enxergar a burrada que estava fazendo”, segundo o que ela mesma dizia. Não que ela gostasse do fato de eu e Erika estarmos juntas, ela ainda me olhava com raiva e irritação as vezes, mas na maior parte do tempo apenas me ignorava. Ela tinha parado de tentar falar comigo e de me irritar, agora apenas vinha, fazia a parte dela, tentava aparecer para quem quisesse ver e ia embora. Até onde eu sabia pelos poucos comentários que os rapazes faziam, ela estava indo a muitas festas como sempre, saindo com muitas pessoas como sempre e bebendo bastante como sempre.

– Que seja – disse ela dando de ombros e cruzando os braços para esperar o elevador comigo.

Eu não queria conversa com ela, eu não queria conversa com ninguém na verdade, então apenas a ignorei. Coloquei as mãos nos bolsos da calça e esperei a porta se abrir. Quando elas o fizeram eu entrei ficando num canto do elevador e Tiffany foi para o outro extremo. Subimos até o nosso andar e saímos do elevador. Ao menos consegui que meu quarto fosse bem longe do dela, assim cada uma seguiu para um extremo do corredor.

Olhei meu celular quando ele vibrou logo depois de eu abrir a porta do meu quarto. Era Erika dizendo que havia acabado de pegar um taxi. Sorri com isso e olhei a hora enquanto fechava a porta. Encarei o relógio digital na tela do celular com a data em baixo dele. Aquela data tinha algo que me chamou a atenção e acabei ficando quase dois minutos encarando ela. Até que me lembrei e bati com a mão na testa de tão burra que eu era.

Amanhã eu e Erika faríamos um ano de namoro!!!!!!

PUTA MERDA!!!! COMO EU ESQUECI ISSO?!?!?!?!?!?!

BURRA! BURRA! BURRA!!!!!!!

Ai que ódio de mim.

– Não acredito que esqueci disso – disse para mim mesma enquanto batia a palma da mão na testa e entrava no quarto.

E agora? O que eu faço?? Se eu tivesse lembrado disso antes teria tempo pra planejar algo, mas agora, com poucas horas até amanhã e poucos minutos até a Erika estar aqui eu não tenho tempo pra praticamente nada.

Vamos Alex! Você sempre foi boa em sair de situações complicadas. Sempre teve ideias brilhantes nos momentos de maior pressão. Você tem que ter uma ideia!!!!

Sentei na cama e encarei o chão, quando isso não ajudou deitei e encarei o teto. Erika e eu estávamos juntas a um ano….  Deus! Como o tempo passa rápido. Parece que foi a poucos meses que eu a beijei pela primeira vez….na verdade…sempre parece que é nosso primeiro beijo… a sensação de beijá-la ainda é a mesma, ainda me trás a mesma emoção. Nós ainda somos as mesmas, apesar de tudo o que já passamos, quando estamos juntas continuamos as mesmas bobas apaixonadas fazendo coisas idiotas e rindo uma da outra.

Me lembrei do nosso aniversario de 6 meses e da ideia original que eu tinha tido para aquela ocasião. Nunca que eu conseguiria algo igual agora. Planejei aquilo por três semanas, três semanas escrevendo naqueles papeis, jogando um monte fora e reescrevendo tentando sempre não repetir as frases. Agora se eu tivesse 30 minutos seria muito. Em 30 minutos eu mal posso escolher uma musica……. uma musica.

– Eu sou mesmo um gênio – disse alto sorrindo para o teto e me sentando na cama – Certo, Alex, você tem uns 10 minutos pra preparar o resto. Então vamos às ligações.

——xxx——

Eu estava saindo do banho quando o telefone do hotel que ficava na cabeceira da cama começou a tocar. Corri pra ele só de toalha e ainda meio molhada e atendi. A recepção dizia que Erika estava lá e eu disse que ela tinha permissão pra subir. Enquanto ela subia eu corri para vestir um short de malha largo e uma regata cinza por cima de um top branco que achei na mala. Assim que terminei de passar a regata pela cabeça bateram na porta e eu sai correndo para abrir.

Lá estava ela. Usando um casaco de moletom preto e um jeans azul escuro com aqueles velhos sapatos marrons. Nos ombros ela trazia duas bolsas e nos braços estava o Arthur, usando um mini all star verde, uma calça de moletom azul escuro e um casaco com capuz branco e cinza. Nós nem precisávamos falar nada, apenas nos olhamos e eu peguei as bolsas enquanto ela entrava e fechava a porta. Deixei tudo no sofá que tinha numa espécie de sala antes do quarto e me virei. Ela chegou perto de mim e se inclinou me beijando e eu quis mais do que tudo agarrar ela ali mesmo, mas tínhamos um bebê do qual cuidar.

– Oi – disse ela com os lábios ainda colados aos meus e sorrimos.

– Oi – eu falei puxando ela para o sofá onde nos sentamos – Como foi a viagem? Você se comportou garotão?? – perguntei pra ela e depois para Arthur enquanto colocava as mãos no rostinho dele para fazer carinho e cócegas o que o fez rir e ele logo estava estendendo os braços para mim querendo o meu colo.

– Foi tranquila, ele dormiu durante 4 horas desde que o coloquei no carro em casa até entrarmos no taxi já aqui em Portland – contou ela se encostando metade no braço do sofá e metade no encosto de forma que ficou meio de frente para mim e Arthur.

Eu estava com ele meio em pé sobre as minhas pernas enquanto ele parecia tentar se equilibrar e desfazer com as mãos as caretas que eu fazia para ele. Até que ele decidiu acabar de vez com a brincadeira e se jogou abraçando meu pescoço.

– Ele está cada vez maior – comentei rindo como boba abraçando ele e sacudindo-o de um lado para o outro enquanto ele gargalhava – Acho que alguém aqui não vai deixar os outros dormirem muito cedo – comentei colocando Arthur deitado de barriga para cima nas minhas coxas e comecei a dar cheiros no pescoço e barriga dele o que só o fazia rir ainda mais.

– Tudo bem, nós também vamos dormir tarde – comentou Erika se aproximando de nós e beijando o meu pescoço, coisa que fez eu me arrepiar e suspirar.

– Você sabe que se não fosse essa coisinha linda aqui no meu colo eu já teria te apresentado a linda e enorme cama desse quarto não é? – perguntei sem encará-la e continuando a olhar Arthur que ainda sorria – Né Arthur – falei com aquela voz idiota que todo mundo faz quando vai falar com um bebê – Sua tia é muito linda. Se não fosse você eu e ela já estariamso fazendo outra coisa. Mas tudo bem garotão. Eu ainda vou ter muito tempo pra curtir ela.

– Idiota – murmurou ela rindo, mas quando a olhei pude ver o rosto dela mais corado do que o normal.

– Saimos daqui em 4 horas – disse ajeitando Arthur que tinha se distraído com uma mecha azul do meu cabelo – Quer tomar um banho e descansar um pouco? Eu tomo conta desse pequeno aqui – disse sorrindo e me inclinando para roubar um selinho rápido.

Ela respirou fundo e então me encarou chegando um pouco mais perto e se inclinando ao mesmo tempo em que segurava um lado do meu rosto. Quando me beijou eu tive que suspirar com o jeito delicado com que os lábios dela acariciaram os meus. Como sempre, os beijos que Erika começava eram sempre os mais delicados, lentos e torturantes. E mesmo assim me pareciam ser os melhores.

Depois de manter meu lábio inferior preso pelos dela por alguns segundos ela se afastou e, dando um beijo na minha testa e outro na testa do Arthur, se levantou dizendo que ia tomar um banho rápido e trocar de roupa. Fiquei olhando ela se afastar, as roupas largas não me impediam de lembrar como era cheio de curvas aquele corpo e só de pensar já foi o bastante para o meu foco sumir completamente. Ao menos eu tinha o Arthur pra me trazer de volta pra realidade ao colocar uma mão nos meus olhos.

– Ok ok, entendi, não é pra olhar – sussurrei rindo pra ele e o encarando – Sua tia me deixa louca sabia? Nem adianta me recriminar, a culpa é dela por ser gostosa daquele jeito – sussurrei para ela não ouvir e alcancei a bolsa dele atrás de algum brinquedo para distraí-lo.

E distrair a mim também, assim eu não invadia o banheiro atrás da minha morena.



Notas:



O que achou deste história?

Deixe uma resposta

© 2015- 2017 Copyright Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem a expressa autorização do autor.