A Magia do Amor

18
Hellen Barros
 

A mulher saiu do carro fechando a porta com certa pressa. Acionou o alarme, deu alguns passou, mas virou para cumprimentar as pessoas que estavam em pé na calçada.

– Boa noit… Eva?

E todos os olhares curiosos foram destinados a Eva. Na cabeça de Alana, a pergunta já havia se formado: “quem é essa daí, falando o nome da minha mulher com tanta intimidade?”

– Hellen?

– Eva! Uau, está mais gostosa do que a última vez que nos vimos!

– E casada! __ falou uma Alana muito séria e pronta para briga.

– Desculpe, mas esse gostosa foi com todo respeito! Vamos, me apresente sua esposa! __ e sorriu em tom provocativo.

– Hellen, essa grávida mais linda do mundo, é a minha excelentíssima esposa, Alana… E amor, essa mocinha que adora provocar uma confusão, é a Hellen Barros. Ela é a escritora daquele livro que você adorou; Paixão Proibida, e também é a editora dela que publica os meus livros e os livros da May!

– É um prazer conhece-la, Alana.

– Aham, igualmente! __ mentira, Alana ainda queria dar uns tapas naquela mulher, não havia nada de respeitador naquele “gostosa”. Mesmo assim, tentou ser cordial. – Eu amei o seu livro! __ não mentiu, a estória era realmente boa.

– Foi inspirado no meu amor pela sua esposa! __ provocou, mas quando viu Alana mudar de cor, esclareceu as coisas. – Estou brincando, linda. A minha verdadeira musa inspiradora está morando naquela casa! __ apontou para casa de Maysa, o que gerou muito desconforto em Agatha, a mesma sentiu o rosto esquentar. – Não vai me apresentar o outros, Eva?

– Claro. Este é o Lucas, irmão de Alana e a ruivinha ao seu lado, é Olívia, a esposa dele. E está aqui é, Agatha, prima de Lucas e Alana!

– É realmente um prazer conhecer vocês, faz tempo que não vejo pessoas tão bonitas quanto eu, reunidas no mesmo ambiente. Para ficar completo, só falta a menina dos meus olhos e seu principezinho. __ obviamente ela falava de Maysa, e a morena não estava gostando nem um pouco do rumo daquela conversa. – Vocês me perdoem, tenho certeza que seria muito interessante ficar e conversar com vocês, mas preciso ir vê-los, novamente, foi um prazer conhece-los. E Eva, estou hospedada naquele hotel azul que tem no centro da cidade, depois me procure para fecharmos alguns detalhes sobre seu novo livro. Boa noite a todos. __ e dirigiu-se a casa de Maysa.

Antes mesmo que Hellen alcançasse a porta, Daniel já saiu em disparada para o colo da moça, abraçando-a. O pequeno sequer percebeu a presença de Agatha e companhia, na calçada. Houve alguns minutos de silencio, Agatha e Alana compartilhavam o mesmo sentimento de querer fazer picadinho de Hellen Barros.

– Alguém quer comentar isso que acabou de acontecer? __ perguntou Lucas.

– Definitivamente, meu desejo não é de comentar e sim de agir, mas estou cansada. Eva, só vou te dizer uma coisa, se você for se encontrar sozinha com essa sujeitinha aí, você não terá casa para voltar, nem mesmo nossos filhos eu deixo você ver! __ e apesar do riso que Alana conseguiu arrancar dos demais, Eva bem sabia o quanto a esposa estava falando sério, tanto que nem questionou, foi apenas buscar o carro.

Lucas e Olívia se despediram, e as primas tiveram alguns minutos à sós.

– Viu que te falei, Thata. Você fica dando muito mole, era obvio que logo iria aparecer um ser desses para querer roubar a sua loirinha. __ a bem verdade, Alana estava aproveitando para colocar mais lenha na fogueira, ao perceber o quanto a prima estava vermelha e não era de timidez.

– Cala a boca, Alana!

– Podemos transformá-la em um sapo, ou deixa-la bem feia… tem um livro de feitiços lá na loja, vai que algum deles funcionem? __ rir não era a intenção, mas acabaram caindo na gargalhada.

– Não precisa de nada disso, quando eu quero, também sei lutar. __ Agatha ergueu a sobrancelha e por alguns minutos até pareceu totalmente destemida e segura de si.

– Ui… falou a dona da porra toda! Já que você sabe se cuidar, não precisa mais de mim por aqui, deixa eu ir que minha mulher está de cara feia dentro do carro, ela não gosta de esperar. Thata, você prestou atenção em tudo que meu amor disse?

– Uhum…

– Então não seja medrosa, nem burra… até porque isso não é característica da nossa família. Te amo, prima. Mas, você é muito lenta.

– Nossa…

– É isso mesmo, nem adianta revirar os olhos! Agora já vou.

Despediram-se, mas Agatha continuou na calçada, refletia sobre tudo que foi dito, tanto por Eva, quanto aquele conselho meio torto, porém sincero, que a prima acabara de lhe dar. Via as luzes acesas na casa ao lado da sua, uma música mais animada passou a tocar, encolheu os ombros, abaixou a cabeça e sentiu uma dor diferente.

A morena finalmente entendia que aquela dor era o medo de perder. Embora parecesse besteira temer perder alguém que em momento algum se declarou sua. Aquela fisgada que sentia, era a mordida do bichinho chamado ciúmes. Para Agatha aquele sentimento era novo, gigantesco e doloroso. Não sabia ao certo o que fazer, mas sabia que precisava agir.

Créditos musicais:

Agito e Uso – Angela Rô Rô (https://youtu.be/wQMAzJ9iyfs)