POV Narradora
– Já chega disso, essa discussão toda apenas atrasa o que deve ser feito – falou o juiz encarando as duas com um olhar irritado – As senhoras por favor queiram se sentar!
Erika voltou a se sentar enquanto que Judith permaneceu alguns segundos encarando a lutadora antes de fazer o mesmo. Só quando as duas estavam novamente sentadas foi que o juiz pegou um envelope lacrado que estava em frente à ele.
– Esse é o testamento de Elizabeth – ele disse sério – Ele foi registrado no cartório por volta de um mês atrás por ela mesma, aparentemente houve assistência de algum advogado conhecido por ela, no entanto Elizabeth fez todo processo de registro do testamento por conta própria. De toda forma, ele será aberto hoje – dizendo isso o próprio juiz rasgou o lacre e retirou de lá uma pasta com um documento dentro.
– Excelência, poderia poupar o tempo de todos aqui e ir diretamente para o que pode devidamente nos interessar – pediu Judith já querendo sair logo dali.
O juiz apenas a ignorou e voltou os olhos para as páginas. Depois de alguns segundos ele voltou a falar.
– Após todo o procedimento de alegação sobre sua plena capacidade Elizabeth deixa uma série de instruções quanto a muita coisa aqui – disse ele – São tópicos simples que eu vou ler na ordem deixada por ela – afirmou o juiz calmamente – Do que se refere aos seus bens: O prédio onde se encontra a casa e a loja passa para o filho no caso de seu nascimento, o que se concretiza e exclui a clausula seguinte. A posse das patentes dos produtos criados por ela também passa para a criança. O mesmo se dá para a franquia que ela abriu em parceria com a amiga Jessica. Em anexo à esse testamento está presente também o contrato de parceria especificando a divisão dos lucros e responsabilidades. O carro em nome dela passar para a senhorita Erika Anderson. O contrado de manutenção e uso do garanhão Quarto de Milha Storm, da égua meio sangue Mustang Rizy e da égua Puro Sangue Inglês Queen passa para a supervisão e aprovação de Erika Anderson.
– O que?!? – Judith se levanta indignada – Como ela ousa fazer isso?!? Esses animais eram do Phill! Eu venho mantendo-os desde que meu filho faleceu, ela não pode simplesmente passar a posse deles para Erika!! Eles deveriam ser passados à mim!!!
– Silêncio Senhora Anderson! – advertiu o juiz num tom sério e autoritário, Ange, Kat, Mel e Ted que estiveram quietos até aquele momento não se contiveram a dar sorrisos satisfeitos com aquilo – Mais uma vez, se tiver de repreendê-la mais uma vez pela sua exaltação desmedida e inapropriada o farei retirando-a da sala e mantendo apenas o seu advogado. Então controle-se. Qualquer reclamação sobre o conteúdo desse testamento deve ser feita em outra ocasião! Devo lembra-la de que só o abrimos em regime de urgência porque ele poderia interferir na minha decisão quanto a guarda do filho de Elizabeth!!
Judith apenas virou o rosto irritada e voltou a se sentar. Logo depois de esperar alguns segundos o juiz voltou ao testamento. Ele continuou a leitura em silêncio até que chegou a uma parte que lhe fez erguer uma sobrancelha em surpresa. Ele continuou lendo por alguns segundos até que colocou a pasta a sua frente.
– Realmente, os advogados da senhorita Erika parecem ter tido um palpite válido – disse ele juntando as mãos e as apoiando sobre a mesa – Elizabeth deixou sob a forma de testamento a sua vontade para quanto ao tutor de seu filho. Além disso existem aqui indicações dos motivos pelo qual ela exige que seja assim, os quais são especificamente dirigidos ao juiz responsável pela decisão – ele olhou de uma para a outra, Erika apenas se mantinha calma já que ela não se oporia a nenhuma decisão que tivesse sido tomada por Elizabeth, Judith no entanto, ao se lembrar das ultimas vezes em que tinha estado frente a frente com a mãe de seu neto, ficou realmente nervosa com o que poderia haver naquele testamento – Erika – chamou o juiz encarando-a fixamente – Seu pai nunca foi um homem calmo, motivo que o trouxe diversas vezes à minha presença. A situação envolvendo você e seus pais após a morte de Phillip é amplamente conhecida pela cidade toda, creio que você saiba disso.
– Sim senhor, eu tenho conhecimento disso – respondeu Erika suspirando.
– Eu tenho ouvido muita coisa a seu respeito nos últimos dias, provavelmente devido a sua permanência na cidade nos últimos meses – afirmou o juiz fazendo Erika suspirar novamente e Judith soltar um sorriso convencido – Sua presença vem incomodando muitas pessoas – o sorriso de Judith aumenta – Entretanto eu não conseguia entender o porque, visto que, apesar de deixar claro a situação, você e a sua companheira sempre foram incrivelmente discretas – ele disse com um discreto sorriso fazendo a morena e Alex ficarem um tanto quanto constrangidas.
– Elas terem a indescência de estarem aqui assim já é motivo o suficiente para o descontentamento de todos nós, bons habitantes dessa cidade – disse Judith o que fez seu advogado suspirar.
– Senhora Anderson, eu e seu marido chegamos a ser muito amigos, como a senhora bem deve saber – disse o juiz de um jeito calmo – Arthur era rude, grosso e intransigente, mas era um ótimo homem. Em respeito a ele e pelo fato de essa audiência estar quase se encerrando eu vou continuar permintindo a sua presença – falou o juiz fazendo o grupo sentado atrás de Erika ter de se segurar para não rir.
– Senhor Juiz – chamou Erika – Me perdoe a insistência e a pressa. Se trata do meu sobrinho e eu irei respeitar a vontade da minha amiga quanto a tutela do pequeno Arthur, mas…Elizabeth será enterrada em pouco mais de uma hora. Se não for inconveniente ao senhor eu gostaria de pedir para que isso não se arrastasse mais do que o necessário.
– Erika tem razão – falou Alex encarando o juiz – Se a vontade da Beth quanto a guarda do Arthur está ai vamos apenas respeitá-la. Toda e qualquer complicação posterior nós podemos deixar para depois.
– A que você está se referindo, senhorita Lancaster? – perguntou ele fazendo Alex ficar sem graça por ele saber seu sobrenome.
– Bem – começou ela respirando fundo – Se for vontade da Beth que a Erika fique com a guarda do Arthur a senhora Anderson vai contestar o testamento e brigar para invalidar isso, o que não vai interferir na decisão de forma imediata. Se a vontade da Beth for que o Arthur fique com a avó Erika vai respeitar, no entanto como sabemos que Judith não vai querer permitir que a Erika ou eu chegue perto do bebê vamos ter de pedir judicialmente por isso, o que também não vai influenciar nada no momento.
– Pois bem – falou o juiz – Antes de tudo eu declaro válido esse testamento de forma que todas as cláusulas especificadas nele devem ser cumpridas. Quanto à guarda legal de Arthur Stuarts Anderson, é por vontade de sua falecida mãe, Elizabeth Stuarts, que ele fique sob responsabilidade e tutela de Erika Anderson,
– O QUE?!? – Judith se exalta levantando enquanto que Erika e Alex começam a sorrir aliviadas e contentes.
– Excelência, devo salientar que minha cliente não vai permitir que isso seja validado – disse o advogado de Judith antes que a mesma começasse a falar – Apesar do que foi alegado a senhorita Erika não apresenta nenhuma condição comprovada de criar uma criança. É inadmissível que a lei permita que a guarda do menino seja entregue a alguém que não terá a mínima capacidade de cuidar dele.
– Na verdade, pelo que consta nas clausulas do testamento, clausulas essas que eu acabei de avaliar – disse o juiz se levantando – Erika não precisaria ter sequer uma renda comprovada para que a tutela do garoto fosse passada à ela. Elizabeth foi clara, específica e prudente ao fazer o que fez. Como tutora do menino, Erika vai ter acesso e controle sobre toda a renda advinda da empresa criada pela mãe, dos rendimentos vindos de certas ações que pertenceram à Phillip e de uma poupança generosa que Elizabeth deixou reservada para o filho. E com isso toda a sua possibilidade de argumentação se esgota senhora Anderson. Visto que o fato de Erika ser lésbica não tem valor algum ao tribunal na decisão a respeito da tutela do garoto.
– ISSO É INADMISSÍVEL!!! – gritou Judith olhando do juiz para Erika que se manteve sentada, mesmo com Alex tendo se levantado – O MEU NETO NÃO SERÁ CRIADO POR UMA….UMA…UMA HOMOSSEXUAL!!! A LEI NÃO PODE PERMITIR QUE ESSE TIPO DE PESSOA CUIDE DE UMA CRIANÇA!!!
– Senhora eu devo alertá-la de que sua declaração agora nos dá a liberdade de processá-la – disse o advogado mais velho de Erika.
– Esse tipo de coisa não é legalizada no Oregon – alertou o advogado de Judith tentando manter a calma.
– Não faz diferença – voltou a dizer o juiz ainda em pé – Antes de tudo a guarda está sendo passada apenas para Erika, e não como se o garoto estivesse sendo adotado por ela e sua companheira, que pelo que me foi informado não são casadas. Isso não é um documento de adoção senhora Anderson. Isso é uma mãe escolhendo quem vai criar o filho dela visto que ela não estará presente para fazê-lo! Entretanto, independente das leis estaduais relacionadas a casais do mesmo sexo, nada disso se aplica aqui ao meu entendimento. Se a senhora preferir pode levar o testamento a contestação, entretanto, como serei eu a, provavelmente, julgar isso também eu já me sinto no direito de lhe advertir que esse documento foi muito bem planejado para que não seja algo nada simples fazê-lo perder o valor. Quanto a guarda do menino, eu também lhe asseguro Senhora Anderson, que se isso recair sob meu julgamento ou de qualquer outro juiz com bom senso, a senhora vai estar perdendo o seu tempo. Nessas questões o que importa é a vontade da mãe e as alegações das partes interessadas, no entanto Elizabeth foi bem clara nas suas razões ao nomear Erika Anderson a guardiã legal dessa criança. Ela incluiu no testamento, num documento escrito de próprio punho, todas as razões pelas quais ela se recusava a permitir que sua criança fosse especificamente criada pela senhora. E, apenas para citar as mais relevantes, eu vou ler um desses tópicos – ele disse pegando novamente a pasta e direcionando seu olhar para ela – Nas palavras de Elizabeth: “Apesar de todo o respeito que ainda tenho por Judith Anderson, visto que ela é a mãe do homem que eu mais amei na vida e que é pai do meu bebê, eu não me conformo em deixar brechas para que ela venha a se tornar a guardiã legal do meu filho ou filha. Não após ter presenciado toda a opressão, o sofrimento e a humilhação que ela foi capaz de impor a Erika, sua filha mais nova, após a morte de Phillip. Eu ainda devo a ela respeito, mas uma mãe que faz o que ela fez com Erika não é o tipo de mulher que eu quero cuidando e ensinando o meu filho. Nada me faria mais desgostosa do que ter o meu bebê passando por tudo o que Erika passou apenas por não ser o que Judith queria que ela fosse. Com Erika, sei com absoluta certeza que minha criança poderá crescer livre de preconceitos e imposições que prejudiquem seu desenvolvimento individual. Apenas com Erika eu sei que meu filho ou filha poderá ser quem ele realmente é sem receio de repressão, independente das escolhas que ele ou ela venha a fazer futuramente”.
Judith ficou sem fala, abrindo e fechando a boca tentando encontrar palavras para combater e derrubar tudo o que o juiz havia acabado de ler. Ao mesmo tempo Erika chorava baixinho ao saber que a amiga tinha feito tudo aquilo por precaução porque confiava tanto nela.
– Senhores, tendo em vista tudo o que transcorreu aqui eu creio não haver mais oposições – disse o juiz pegando uma caneta e assinando algo para logo depois pegar um carimbo e carimbar sobre sua assinatura, ele então estendeu um documento para um dos advogados de Erika – Essa é a declaração que passa a guarda legal do garoto para Erika Anderson. Ela deve assinar e registrada em cartório. Minha decisão está tomada e eu peço que todos se retirem calmamente.
Senhor Meritíssimo, com todo respeito, YOU ROCKS!!!!
Beth – VOCÊ É ICÔNICA!!!! Nunca esperei menos!! Mulher maravilhosa!!!! Uooow!!!
Beth MARAVILHOSA SEMPRE!!!
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Como é bom ver a Judith quebrando a cara!! kkkkkkkkkk
É ÓoooTimooo ver isso kkkkkkkkkkkkkk
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