N/A: Sei que as músicas desse capítulo não são muito novas hehe. Mas na época em que escrevi ele foram elas que eu ouvi e que combinaram com a cena. E são ótimas músicas também. Sugiro que ouçam
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POV Angeline
Quando Alex saiu Katerine se levantou e andou até a janela. Ela estava visivelmente irritada com a intromissão de todos na nossa relação. Devo admitir que eu não me importava com isso, mas não era eu que ficava aqui pra ouvir os comentários depois.
Quando Alex mencionou a palavra namorada…naquele contexto que deixava explicitamente claro que ser capaz de dizer essa palavra se referindo à pessoa certa era algo muito bom…bem, foi impossível não lembrar de todas as vezes em que eu já pensei ou até me imaginei chamando Katerine assim. Era algo estranho, mas Alex tinha razão…… Poder dizer isso se referindo a mulher certa parecia ser algo incrivelmente bom.
A palavra deixa de ser apenas uma simples palavra…….ela se torna uma realidade. Um fato.
O fato era que eu queria poder dizer que aquela loira estonteantemente linda parada logo ali à minha frente era minha. Minha garota, minha amante, minha namorada…Minha mulher. Eu queria isso como nunca quis algo do tipo. Eu queria esse “compromisso”, essa “definição”, esse tipo de “relacionamento”. Eu queria Katerine pra mim de todas as formas e sob todas as circunstancias possíveis.
Olhando pra ela ali, parada sob a luz da rua que entrava pela janela aberta, eu tive a certeza de que ela era quem eu queria ter sempre do meu lado. Eu realmente quero essa mulher. Na minha casa, na minha cama e, principalmente, na minha vida. Mas a minha experiência em criar laços ou avançar em relacionamentos era menor que nula, era abaixo de zero.
Eu fui a riquinha mimada por muito tempo sim. Nunca quis ninguém porque todos estavam ali pelo meu dinheiro e eu sabia disso e me aproveitava também. Mesmo com todas as noites de festas, bebedeiras e mulheres eu me mantive solitária. Concluir os cursos de Economia e Relações Internacionais ao mesmo tempo foi simples porque, mesmo após as baladas e toda essa coisa, eu continuava com tempo livre……sem nunca ter ninguém comigo.
Mas eu queria ela. A garota loira e linda com uma personalidade forte que odeia estar sob os olhares das pessoas. A mulher imponente que não aceitava ordens nem opiniões vazias. Eu queria ela me contrariando como sempre fazia. Queria ela rindo do meu jeito autoritário ao me desobedecer. Eu queria ela. Apenas ela. Seus braços a minha volta ao dormir e acordar. Seu cheiro em tudo o que antes só tinha o meu. Sua voz ecoando nos meus ouvidos por entre as paredes de um lugar que eu poderia finalmente chamar de lar.
– Porque está me olhando assim?? – ela pergunta, provavelmente fiquei tempo demais encarando-a e ela percebeu, Kat sempre percebia.
– Você é linda, por isso – falei me levantando enquanto ela rolava os olhos e cruzava os braços sobre os seios.
A abracei por trás, o salto me deixava bons centímetros mais alta, o que permitiu que eu conseguisse colocar meus lábios no topo da cabeça dela. Senti os braços dela se abrirem e segurarem os meus que eu deixei, sem reação nenhuma, acabarem entrelaçados nos dela.
– Erika vai ficar bem, certo? – ela perguntou virando o rosto para me olhar, não parecia preocupada, aquela pergunta era só ela tentando puxar um assunto.
– Claro que vai – respondi beijando o canto da boca dela; o que a fez sorrir – Melissa tem irritado muito você? – perguntei calmamente sentindo o cheiro que vinha dos fios dourados.
– Um pouco. Ela não entende que eu não preciso que você faça algum pedido ou coisa assim – respondeu Katerine com um sorriso leve – Eu tenho você, sei que te tenho pra mim. É tudo o que eu preciso agora. Oficializar algo não é necessário.
– Tem certeza? – perguntei e ela me encarou de um jeito mais sério, então se virou ficando de frente pra mim, mas ainda nos meus braços.
– Eu tenho você pra mim? – ela perguntou e eu assenti com um movimento da cabeça enquanto sentia os braços dela rodearem a minha cintura – Você me quer pra você? – ela perguntou e eu afirmei que sim de novo – Então eu não preciso de mais nada. Ter você é o bastante, não tem que me pedir em namoro como Melissa e o resto do mundo parece querer.
– Você não quer? – perguntei deixando minhas mãos ficarem mais perto do meio das costas dela e encostando nossas testas enquanto sentia um medo surgir no meu peito – Digo, namorar comigo. Você não gostaria disso??
– Boba – ela disse sorrindo o que me fez sorrir de volta – É claro que eu gostaria. Eu não precisar não significa que não queira, sei lá, daqui algum tempo, que sejamos isso. Mas não temos que nos apressar por causa da opinião dos outros. Vamos levar o nosso tempo Angeline. Você tem seu trabalho e eu tenho que terminar meus estudos. Você tá sempre viajando e nem mora aqui. São muitas coisas com as quais a gente tem que lidar. Isso pode esperar.
Ela tinha razão, aquilo podia esperar. A questão era: Eu quero esperar? A resposta quase imediata que me vinha a mente era: Eu não quero esperar.
Nunca na vida eu havia pensado em como seria a mulher perfeita pra mim, mas se eu pensasse a respeito nunca descreveria Katerine. Ela me contrariava, ela gostava de me irritar, amava provar que estava certa e eu errada mesmo quando era o contrário, nunca fazia o que eu pedia pra fazer, era completamente independente em tudo e odiava meus palpites sobre sua vida. Ela definitivamente não entraria na minha lista de mulheres perfeitas ou quase. Mas ela era linda, completamente linda. Tudo nela era maravilhoso. Seu rosto, seus olhos azuis, seu cabelo dourado, sua pele branca e macia. Katerine tinha aquele tipo de beleza estonteante que atraia olhares e ela sabia usar isso a seu favor.
Eu tinha que agradecer e muito ao destino por ela ser amiga da Erika e Alex, porque isso tinha me feito ir com calma no começ. Isso tinha me feito prestar mais atenção. Se eu a encontrasse numa festa, uma boate ou outro lugar do tipo, toda produzida, completamente linda como eu sei que ela pode ficar, eu teria partido para a conquista. Teria sido a caçadora indo atrás de uma presa. Se eu teria conseguido fisga-la ou não eu não posso afirmar, provavelmente sim, afinal, Katerine não era uma presa comum, ela era uma caçadora também. Só que se tivesse sido dessa forma, bom, teria sido uma noite de sexo incrível si. Só que eu perderia a oportunidade de conhecer ela de verdade. Eu deixaria uma mulher incrível escapar das minhas mãos e perderia a oportunidade de ter essa mulher pra sempre.
Tê-la pra sempre…….era isso que eu queria no fundo. Ela pra mim, sempre, do meu lado, comigo, sendo minha e me tendo pra ela. Era necessário um namoro pra isso? A resposta era claramente não. Eu poderia tê-la pra sempre sem entrar no mérito de uma relação desse tipo, essa definição não era realmente necessária num relacionamento. Mas aquilo que Alex tinha dito a pouco estava na minha mente claramente. A frase “as coisas mudam quando a gente pode dizer a si mesma e aos outros que tem alguém e quando pode chamar essa pessoa de namorada e essas coisas” ainda rodava na minha mente.
Eu já sentia algo assim….essa vontade de poder me referir à Katerine dessa forma. Mas depois desses últimos quatro dias longe da loira foi que isso ficou muito mais claro pra mim. Foi num dos coquetéis chiques aos quais eu sempre tinha que comparecer. Ocasiões em que eu, antigamente, usava pra conquistar mulheres. Naquela noite Katerine tinha um trabalho para fazer e não pode ficar conversando comigo, então eu fiquei meio entediada no evento. Sentei em frente ao bar bebendo algo com pouco álcool, o que já não era tão comum pra mim. Foi quando uma morena maravilhosamente linda se aproximou. Eu a conhecia, era uma investidora da empresa com a qual eu pretendia fazer um acordo sobre a distribuição dos meus produtos.
Ela era linda sim, não posso negar que não reparei nos detalhes, lindas pernas a mostra, olhos castanhos dourados, boca perfeitamente destacada com batom vermelho. O tipo de mulher que no final de uma noite como essa estaria gemendo na minha cama. Mas eu a olhei, a analisei, a achei linda, mas não senti absolutamente nenhuma vontade de fazer algo mais do que isso. Eu não a queria e isso ficou muito claro pra mim quando ela começou a tentar uma aproximação e isso não me causou absolutamente nada. Depois de alguns minutos eu já estava quase me irritando com a mulher e ela então me pergunta o porque de eu estar me esquivando.
A resposta automática que me veio a mente foi essa: dizer “eu tenho namorada”. Mas isso não era verdade, Katerine não era minha namorada. Ela era alguém muito importante, um compromisso, mas não podia chama-la de namorada sem ter feito um pedido. A minha resposta para a morena foi um curto e grosso “estou ocupada e comprometida” então sai de lá, mas com aquilo ainda na minha mente. Eu me perguntei: “será que Kat não passa, passou ou vai passar por alguma sutiação assim?”. O fato de ela ser bissexual e, consequentemente, reparar em homens e mulheres só me fazia ficar ainda mais confusa e, tenho de admitir, insegura. Será que ela apenas dava uma desculpa qualquer e saia? Ou será que ela dizia que já tinha alguém em quem estava interessada e evitava? Eu não sabia e isso começou a me corroer por dentro.
Não sermos namoradas significava que eramos menos do que isso, mas nossa relação era mais que isso! Eu sentia e sabia que era. Então porque não estávamos namorando ainda?? Nos dias subsequentes, enquanto eu pensava nisso, me lembrei de como Alex e Erika eram quando eu as conheci. Desde o primeiro momento ficou claro que elas tinham alguma coisa, isso era óbvio até pelos olhares. Mas eu senti a importância disso quando soube que eram namoradas. Sempre que Erika reafirmava pra mim que estava com a menor eu podia notar que era sério. Só que…quando elas diziam que eram ‘namoradas’… A palavra parecia vir com um peso muito maior…era o que, junto a Erika me dizendo que amava a guitarrista, me fez desistir completamente da morena.
Agora eu entendia o peso que essa palavra tem quando se pode colocar, antes dela na frase, o promome “minha”. Eu tinha a mulher mais incrível que já conheci ali nos meus braços, sorrindo pra mim, com a testa encostada na minha e com aqueles olhos azuis me fitando com uma calma impressionante, mas não podia chama-la de namorada. Não seria correto nem chama-la de minha. Se eu o fizesse ela seria o que? Minha ficante? Ou meu caso? Minha amante?? Eu não conseguia descrever Katerine assim, ela não era isso, ela tinha que ser mais…..
Minha mão esquerda escorregou pela cintura da loira e eu a trouxe par mais perto. Nossas testas se desencostaram, mas nossos rostos ficaram colados um no outro. Minha mão direita veio até o rosto dela, meu polegar tocando de leve a pele macia perto dos lábios e depois sobre eles. Então um suspiro escapou dos meus pulmões. Eu tinha a mulher mais maravilhosa e perfeita do mundo pra mim e estava deixando de lado certas formalidades que, apesar de desnecessárias, eram incrivelmente prazerosas e importantes.
– Você tem razão – falei sorrindo e deixando minha mão ir para o pescoço dela – Isso pode sim esperar. Só que eu não quero esperar, Katerine – vi o olhar dela ficar confuso enquanto ela subia as mãos para os meus braços perto dos ombros, a forma com que ela franziu o cenho me fez rir baixo e então eu a beijei, um beijo lento e calmo, para logo depois ir com o rosto para perto do ouvido dela – Eu não tenho um anel, isso deveria ter sido preparado antes, mas eu não costumo ser precipitada ou fazer algo sem planejamento então é por isso que não tenho todo o necessário – sussurrei antes de beijar o pescoço dela de leve.
– Ange – disse ela confusa tentando me afastar para poder me olhar – Do que é que você está falando mulher? – disse ela quase rindo.
– Eu quero poder chamar você de namorada, de minha namorada – disse afastando o rosto do pescoço dela, apesar dele ser muito convidativo, e nos encaramos, ela com os olhos arregalados de surpresa e eu com um sorriso divertido por conta daquela expressão.
– Ange, se você está fazendo isso por causa do que a Alex disse ou porque acha que eu preciso disso então pode parar porque eu não preciso – ela foi dizendo ficando mais séria e tentando se soltar de mim, mas eu a mantive bem presa nos meus braços.
– Dane-se o que acham ou querem – falei segurando o rosto dela bem perto do meu – O que a Alex disse influencia? Nem sim nem não. Acontece que eu venho pensando e uma coisa que ela disse hoje fez todo o sentido junto com o que eu já tinha rodando na minha mente – disse aproximando minha boca da dela – Eu quero você de todas as formas possíveis. Te quero como minha mulher, minha companheira e minha namorada também. Eu quero poder dizer “eu tenho namorada” se alguém perguntar. Não é pela Alex, nem pela Erika, nem pela Melissa. Meu amor, não é nem por você. É por mim. Seja minha namorada – pedi encarando aqueles olhos azuis claros que me encaravam com certa admiração.
– Não era pra isso ser uma pergunta?? – questiona ela erguendo uma sobrancelha e passando os braços em volta do meu pescoço me deixando confusa; fato que ela parecer notar – Não deveria ter sido algo mais perto de: “Kat você quer namorar comigo?” ou até “Você quer ser minha namorada?”.
– Ah Katerine – falei rindo – Até parece que você não me conhece – disse dando um sorriso cafajeste e descendo a mão da cintura mais para baixo o que a fez rir também.
– Sim, Angeline Carter, eu quero ser sua namorada, já que você pediu isso dessa forma tão romântica e educada – ela me fala enquanto ri de mim e coloca uma mão nos meus cabelos – Eu sou sua e você é minha – ela sussurra com a boca perto da minha – E agora sou sua namorada e você a minha namorada também – diz ela antes de me beijar.
Depois de nos matar de aflição com a luta e os machucados de Érika, somos agraciadas com esse capítulo cheio de fofurices.
É um anjinho essa autora heim!?
Eu gosto de trazer casais inusitados hehe. Mas sim, um bom alívio depois do sufoco com a Erika =P
Anjo sou não hehe, mas sou boa pessoa.
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