O Coração de Freya

Capítulo – 14 – Perigo à vista

Capa: Tattah Nascimento

Revisão: Isie Lobo e Nefer

Texto: Carolina Bivard


 

Capítulo – 14 – Perigo à vista

– Deixa pra lá. – Falou vexada.

– As pessoas têm curiosidades em relação a nós. Não falaria com qualquer um sobre como somos, mas no contexto que estamos, acredito que já passamos da fase de desconfianças. Pode perguntar.

– Por acaso, você lê pensamentos também?

Bridget perguntou com ironia, mas sabia que a freyniana era muito observadora. O olhar calmo que via nela, estava sempre perscrutando algo no ambiente.

– Não leio pensamentos, mas gosto de imaginar que leio sinais nas pessoas. – Respondeu devolvendo o tom de deboche.

– É que é uma coisa muito íntima, Helga. Deixa para lá.

– Mais intimidade do que me transformar num cara de dois metros e vinte para vocês? Só se eu ficasse nua.

Bridget permaneceu calada durante uns segundos. Juntava os tomates ao refogado do molho. Mexeu um pouco a panela e abaixou o fogo. Elevou o olhar, fitando Helga, indecisa, lutando entre a curiosidade e o bom senso. A curiosidade ganhou.

– Bom, eu sei que quando vocês transam, pode rolar umas mudanças estruturais, lá na hora.

Helga prendeu o riso, para não deixar a comandante ainda mais envergonhada. Lembrou dos olhares e da forma como Kara e Bridget se tratavam. Também lembrou que, quando desceu da nave auxiliar e Bridget demorou a acompanha-la, olhou para trás e pensou ter visto um beijo entre as duas. Ligou os pontos.

– Sim, temos sim.

– Você é diferente dos freynianos típicos? O que eu quero saber é se você consegue controlar essas mudanças.

– Todos os alomares conseguem controlar, mas eu não faria isso. Meus relacionamentos sempre foram com freynianos e não é um problema para nós.

– Hum. Mas… mas… um freyniano típico não conseguiria controlar, então?

– Esse freyniano típico tem um nome?

Helga perguntou de pronto, deixando um sorriso, muito suave, estampar seu rosto. Bridget percebeu o grande erro que cometera e o rubor subiu por sua face. Diante da mudez da comandante, Helga aumentou o sorriso, mas logo desistiu de provoca-la. Assumiu uma expressão mais séria. Continuou a falar, pois viu que a comandante se calara.

– Kara talvez conseguisse controlar, eventualmente, com algumas técnicas e muitos exercícios para manejar essas mudanças em seu corpo. Levaria um longo tempo, até isso acontecer, e, é um processo doloroso. Outra forma, também, são algumas drogas inibidoras. Mas pense, Bridget.  O que ela é, não é algo que se pode ligar ou desligar como uma ignição. Faz parte dela. Se porventura optasse por isso, para que um relacionamento pudesse acontecer, ela teria que ter certeza de que poderia viver com uma relação sexual pela metade. Com o prazer dela pela metade.

– Certo. – Bridget falou, baixando a cabeça, entristecida. – Pode parecer egoísta, mas… mas eu…

– …Também sentiria o seu prazer pela metade, cedendo ao prazer dela e sufocando o seu desejo.

– Não é sufocar o meu desejo, e sim, ceder ao que não me dá prazer, entende?

Helga meneou a cabeça, afirmativamente.

Bridget engoliu a saliva que se acumulou na boca, pelo amargo da situação. Quando viu Kara desfalecida e o rosto ensanguentado, entrou em pânico, e o coração apertou terrivelmente. A última vez que tivera uma sensação parecida, foi quando perdeu Decrux, sua namorada anterior. Calara-se, afogada em suas emoções e passou a fazer a comida automaticamente. Helga a observava e podia sentir a angustia da comandante, quase palpável.

– Já que você me fez uma pergunta tão íntima, vou lhe fazer uma também.

– É justo.

Respondeu Bridget, espremendo os olhos, tentando imaginar o que Helga queria saber dela.

– Em suas relações nunca utilizou nenhum implemento?

– Implemento?

– É, implementos. – Helga revirou os olhos. – Brinquedinhos, ou algum fetiche. Digamos que nisso estamos em vantagem, pois diminuímos a nossa gama de brinquedos para apimentar a relação. Mas sei que muitos de vocês são bem adeptos deles.

– Eu sei que você quer me ajudar, Helga, mas esquece. Não é a mesma coisa. Já usei sim, mas é diferente, entende? A gente… aquilo não é real. Como você disse, é um fetiche, uma brincadeira, não faz parte da relação em si. Eu não acredito que você queira reduzir a isso, o que acontece comigo… conosco.

– Eu não reduzi. Eu brinquei para te mostrar que é algo que pode fazer parte de sua relação. Você não pode afirmar que não sentiria prazer.

– Oi?

– Estou dizendo que a sua questão não é o que dá prazer ou não. Sua questão é que não há controle sobre o que ocorrerá.

– Você não acha que comparar o que pode ocorrer com Kara a acessórios, é reduzir demais a questão? Um brinquedinho, é falso. É o jogo, é fantasiar as brincadeiras até chegar nesse ponto. Com ela é diferente. Faz parte do corpo dela, é real e surge a qualquer momento. Não dá para falar, hoje não quero assim.

– Você chegou no ponto que eu queria. Como disse antes, não é o que te dá prazer. Vejamos pelo meu ponto de vista. Os “brinquedos” como você fala, são feitos de um material bem realístico e manufaturado exclusivamente para você, acoplando-se a seu corpo como uma máscara. Ele também reage de acordo com a sua excitação e ação no momento do coito. Pode não ser exatamente real, mas o aspecto que ele dá, quando conectado a você, é.

– Onde você quer chegar?

A irritação começava a subir na cabeça da comandante.

– O que quero dizer é que seus sentimentos são contraditórios com relação a essa questão. Infelizmente a frustração vai permanecer, Brid. A forma de Kara se relacionar não é simplesmente um comportamento e por isso não dá para mudar. A não ser que, por ela gostar de você, aceite inibir, quimicamente, uma parte importante dela. Mas, e você? Os conceitos do que gosta ou não, fazem parte de você?

– Eu sabia que não devia conversar contigo.

– E por que não?

– Como vou debater com uma mulher que foi conselheira de um planeta inteiro?

Bridget mexeu na panela com o cenho fechado e Helga a encarou durante um tempo e, por fim, voltou a falar.

– Eu sei que é importante para você. Não pense que falei para jogar sal na sua ferida. Mas a condição dela é…

– … Não é imutável. Não diga isso porque não é. Quantos nascem homens, ou mulheres e na verdade, não é o que são e mudam a sua forma.

– E acha que ela não quer ser o que é? Ela é uma freyniana e é lésbica se quer saber. Nasceu mulher e gosta de ser mulher, mas a nossa espécie tem essa característica física. Homens freynianos gestam também. Pense nisso. Eu não sei quais os anseios de Kara e nem o que ela está sentindo por você. Pode ser algo tão forte que lhe traria felicidade em fazer estas mudanças, mas eu vou responder por mim. Mesmo conseguindo controlar, não o faria. Já fiz, e posso dizer que não foi nada bom.

– Por quê? Desculpa eu fazer esse monte de perguntas e entrar na sua intimidade.

– Não tem problema. Eu entendo sua angustia. É algo muito diferente de sua espécie. Eu e meu marido queríamos um filho. Foi pouco antes dele morrer e antes de toda a tensão antecedente à guerra. Conversamos e, de comum acordo, achávamos que era melhor que eu engravidasse pela profissão de risco que ele tinha. Dois meses depois de termos esta conversa, desistimos e optamos pela gravidez que viesse; ou minha ou dele. Estava afetando nosso relacionamento. Esse tipo de relação foi frustrante para ambos.

As duas se calaram, assim que a porta do refeitório abriu. Decrux entrou seguida de Kara. Estavam rindo, como se estivessem brincando. Os olhos risonhos da engenheira procuraram os de Bridget. A comandante devolveu o olhar na mesma intensidade e, de repente, aquela conversa pesada com Helga ficou para trás. Sentiu alívio e felicidade, ao ver o rosto da engenheira sem qualquer marca da escoriação, feita pela agressão que sofreu.

– Qual o motivo das risadas? Decrux deve ter falado alguma besteira, só pode.

– Você tem implicado muito comigo, Bridget. – Retrucou, Decrux

– Não foi nada. Só tive a minha vingança por ela ter me feito cair esborrachada no chão do centro médico, quando nos colocou em suspensão.

– Vingança?

– É. A gente estava conversando sobre isso e eu fiquei indignada com ela contando a história. Tinha um banco atrás dela e ela deu um passo para trás. Quase se esborrachou no chão, também.

– Ei, eu nem balancei, tá?! E depois estava concentrada em fechar o rombo da sua cabeça. Você, Kara, devia ser mais gentil e não me sacanear.

– Eu sou gentil, Decrux, mas você vive sacaneando a gente. Então a resposta é não. Quando eu puder, eu te sacaneio.

– Ok! Vamos parar com a implicância que a macarronada está pronta.

Bridget falou, saindo de trás do balcão, segurando uma panela. Colocou no meio de uma mesa que dava para as quatro pessoas sentarem à volta, confortáveis. O refeitório era relativamente grande, visto a quantidade de pessoas que se alimentavam ali, quando prestavam algum serviço de transporte. Decrux se adiantou e pegou pratos e talheres para todas.

– Nossa! Há quantos anos não sei o que é uma comida decente!

– Eu pensei a mesma coisa, há dois dias, quando Bridget fez nosso jantar em Pontos. Me segurei pra não passar vergonha.

Kara respondia alegre e Bridget, abriu um sorriso, olhando a freyniana comer com gosto.

– E não conseguiu disfarçar muito. Pensei que você não comesse há dias.

– Ora sua…

As brincadeiras corriam alegres e Bridget preferiu deixar que o jantar acabasse para discutir o que fariam. O prazo final que Phil havia dado para retornar à República terminaria no dia seguinte. A comandante olhava para aquelas mulheres à sua volta e via Kara interagindo, feliz, com sua conterrânea. Matavam saudades e contavam histórias. Ela prestou atenção em todas. Cada vez que alguma delas falava sobre como viviam em Freya, mais um pouco passava a conhecer da engenheira.

– Você era terrível, Kara. Quando entrava uma turma nova no programa espacial, era um mês escutando pelos corredores que tinham medo das aulas de engenharia e manutenção de naves. Não sei como escolhiam você para ser patrona da turma quando se formavam.

– Segredo de estado.

Bridget sorriu, escutando o tom teatral com que Kara respondera.

– Então você dava aulas para as turmas de oficiais de frota em Freya?

Kara meneou a cabeça afirmativamente, com uma expressão cômica, colocando outra garfada de macarrão na boca.

– Ela dava a aula inaugural e a cadeira de iniciação à engenharia e manutenção de naves. No último período pegava novamente a turma na cadeira de engenharia prática de núcleo de fusão.

– Ah, que sem vergonha! Então foi por isso que conseguiu consertar o núcleo, quando fomos avariados!

Bridget mexeu com ela, fingindo revolta, mas o sorriso não deixava seu rosto e Kara correspondia, tanto nas brincadeiras, quanto os olhares ternos.

– Se eu não conseguisse, comandante, podia jogar fora meus quatro anos de aulas para os oficiais da frota de Freya.

– Precisa de quantos anos para se formar em oficial em Freya?

– Dois anos.

– O quê?! Na república levei cinco anos e isso porque fazia a minha faculdade junto.

 – Lembra quando lhe falei sobre os implantes de aprendizagem?

– Sim, lembro.

– As aulas da frota em Freya eram apenas para colocar em prática e estimular as conexões dos conhecimentos teóricos que eram implantados. Não adianta você ter base de conhecimento implantado, se não sabe o que fazer com ele.

– Vocês saem implantando essas coisas e nunca deu errado?

– Há um limite de informações que um cérebro consegue receber, além de tempo entre um implante e outro. Não se pode fazer quantos implantes a pessoa quer. O cérebro não aguentaria, mas uma coisa descobrimos, quanto mais tempo entre um implante e outro, mais informações o cérebro consegue assimilar.

– Não compreendi.

– Vou dar o meu exemplo. Eu fiz um implante para iniciar a minha faculdade de engenharia, tinha dezessete anos na ocasião. Depois leva de um ano e meio a dois anos e meio para fazer com que esses conhecimentos sejam consolidados e se faça as conexões. Varia de indivíduo para indivíduo. Eu, por exemplo, fiquei dois anos na faculdade, para poder fazer as conexões entre os conhecimentos que recebi em meu implante e a prática da engenharia e, coligação dessas informações. Tive que esperar mais um ano antes de fazer o implante dos conhecimentos da medicina, pois meu cérebro ainda não assimilara a gama de informações do implante anterior.

– É, mas mesmo assim você conseguiu fazer duas faculdades em.. quatro ou cinco anos? Isso é fantástico. Quantos anos tem, Kara?   

– Trinta e quatro anos. E você, Brid, quantos anos tem?

– Temos a mesma idade. Quando faltava um ano para me formar, eu já comandava uma nave socorrista na guerra. Quando meus pais morreram e depois que guerra acabou, já estava formada e fiquei só mais um ano na frota. Nessa época pagaram as indenizações pela morte dos meus pais e eu saí. Acho que fui a comandante mais nova a se formar e a que ficou menos tempo na frota, também.  

Elas conversavam como se não houvesse mais ninguém no refeitório. Todo o diálogo acontecia entre sorrisos, olhares afetuosos e gentis, e fala macia. A engenheira fitou Bridget com olhos risonhos, recebendo um sorriso aberto da comandante. Encararam-se nesta intimidade calorosa durante alguns segundos. “Pelos céus! Eu tenho que parar de flertar com essa mulher”. Desta vez, este pensamento partiu da comandante.

– E eu que imaginei, que já tinha assimilado todas as expressões do rosto de Brid. Vou nomear essa fisionomia de caldo de cana, no meu banco de dados, de tão doce que está. – Decrux falou.

A ex-oficial fechou o cenho, limpando a garganta e se aprumando na cadeira. Virou-se para Helga e enrubesceu, ao ver a expressão divertida no rosto da Olaf e de Decrux.

– Bom, já que jantamos e relaxamos um pouco, acho uma boa hora para juntarmos as informações e discutirmos o que faremos.

Falou séria, depois de alguns segundos, arrancando risos das outras mulheres. Até Kara ria, mas baixava a cabeça, igualmente corada, mordendo os lábios levemente.

– Não fica chateada, Brid. Pelos anos que conheço Helga, ela não perde uma oportunidade de mexer comigo e pelo que já observei de Decrux, ela adora pegar no seu pé. Então, só nos resta relaxar.

Bridget balançou a cabeça, e acabou rindo com as outras, mas logo se recompôs.

– É tudo muito divertido, mas agora só relaxo mesmo, quando tudo isso acabar. Bom, o que temos até agora?

– O que sabemos é que Helga foi sequestrada há cerca de três anos mais ou menos por Cursaz. Ela foi resgatada pela República que resolveu fazer a mesma coisa que a corporação, ou seja, estudar o DNA dela. Só não sabemos exatamente para que. – Pontuou, Kara.

– Provavelmente para fazer alterações genéticas em soldados. É incrível como milhares de anos passam e os poderes instituídos continuam com a mesma lógica e comportamento militar.

Decrux verbalizou o que todas pensavam.

– Helga, fico me perguntando, como nesse tempo não conseguiram nada? Está certo que o sistema biológico de vocês é complexo, mas um laboratório desse tipo, tem muitos cientistas e deveriam ter uma competência grande para estarem lá.

Helga esboçou um leve sorriso, antes de responder.

– Eles até poderiam ter conseguido, Brid, mas toda vez que tiravam uma amostra minha, eu iniciava o processo de transmutação. Eu controlava, “startando” o processo e interrompendo. Dessa forma minha aparência externa não mudava, mas, com certeza, minhas células ficavam uma bagunça.

– Imagino o que parava nos equipamentos para análise. Eu já vi estudos em Freya, lá na universidade. É pra sentar e chorar, Brid. Jogar tudo que se conhece sobre genética, fora. – Completou, Kara.

– Gosto de mulheres inteligentes. Ainda bem que estão ao meu lado e não contra mim.

As quatro mulheres riram.

– Voltando. De que lado estavam os piratas que nos atacaram, assim que pegamos “a carga”? – Apontou para Helga. – E de que lado eram os piratas de Pontos?

– Não é cem por cento acertado, mas os que nos atacaram no espaço aberto, provavelmente eram da República. Cruzei algumas informações como tipo de abordagem, tipo de artilharia, equipamentos da nave e tudo aponta para materiais comprados em estações livres, sob o domínio da República.

– Ótimo, Decrux.

– Quanto aos piratas de Pontos, observei as armas que usavam e eram de Cursaz, com certeza. A corporação tem fornecedores de armas diferentes da República. Sempre foi assim. É uma segurança tanto para um lado, quanto para outro, pois ninguém poderia extrair facilmente informações sobre o poder bélico do outro lado.

– Tem certeza, Helga?

– Tenho sim, Brid. Vivi muito tempo em guerra contra eles e convivi sob a mira daquelas armas. Reconheceria de longe.

– Certo. Temos os dois lados atrás de nós e utilizaram meios extraoficiais para tentar recuperar você. Isso aponta para uma possibilidade. Estas ações não são do conhecimento de todas as autoridades da República, ou mesmo de Cursaz, senão seriamos perseguidas pelas frotas de ambas. – A comandante concluiu.

– Podem simplesmente não querer se expor para o outro lado. Imagina se vem à tona que Cursaz prendeu uma autoridade de uma nação e que a República a sequestrou debaixo do nariz deles? – Pontuou Kara.

– Não acho que seja tão simples. Se fosse isso, Kara, por que não enviaram agentes da inteligência, em vez de piratas? Estão se comprometendo demais com bandidos. E eu penso que isto serve para os dois lados.

Novamente, a comandante expôs seu ponto de vista

– Mas, por quê? Pegar Helga escondido de todos, seria de grande vantagem para Cursaz. Depois do que fizeram na guerra, a corporação não tem muito mais a perder em termos de sua reputação. Acha que são membros isolados e não toda a direção da corporação?

– Isso que Brid falou, Kara, tem lógica e posso explicar o motivo. – Decrux se pronunciou, chamado a atenção de todas. – A guerra fria entre Cursaz e a República está tomando vulto, nesses últimos anos. Sempre houve, mas está se acirrando porque os planetas de exploração estão cobrando posições dos dois lados. A corporação governa os que estão sob seu jugo, com punho firme. Fizeram deles quase escravos. A República governa os que estão sob seu manto, com uma suposta democracia, mas não lhes dá suporte nenhum e, ainda dificulta na hora das negociações comerciais. Não pagam, quase nada, pela matéria prima que estes planetas produzem.

A Olaf ouvia a tudo com atenção e finalmente se pronunciou.

– Entendo. Esses planetas estão cobrando posições e provavelmente estão constituindo núcleos de resistência.

– Exato, Helga. Os dois governos estão desacreditados pela maioria civil, e por conta disto, surgiram oposições dentro dos seus parlamentos. A República tem um grupo de parlamentares que estão se colocando contra a política de opressão aos seus planetas de exploração. É um grupo que está se tornando bem forte dentro câmara. – Explicava Bridget. – Já Cursaz tem diretores que, após a guerra contra os planetas independentes, começaram a modificar a política de atuação da corporação. Aquela guerra caiu mal para eles, manchando a credibilidade. Vários planetas independentes, extra espaço delimitado, que negociavam com a corporação, suspenderam o comércio, fazendo com que Cursaz perdesse crédito e dinheiro. Muitos diretores culparam a direção de segurança pelo que ocorreu e, também, estão inclinados a mudar o tipo de conduta comercial. Com isto, questionam a atuação da equipe de segurança da corporação.

– Os dois governos estão com problemas internos e divergências políticas entre seus legisladores ou diretores. Realmente isto explicaria os piratas. O meu sequestro não foi uma ação autorizada pela direção de Cursaz. Foi de um segmento isolado, que não quer perder o poder militar. – Helga concluiu.

– E pelo que estou entendendo, o seu resgate também não foi autorizado pelo parlamento da República. Lembro que quando falei com o general Phil e disse que tinha sido atacada por piratas, ele se esmerou em dizer que liberaria o meu relatório da segurança. Disse que faria isso pessoalmente.

– Muito bem. Então temos facções independentes atuando dentro das duas lideranças. Estudar meu DNA seria interessante, na medida que se conseguissem modificar agentes geneticamente, eles poderiam assumir muitas formas. Bastaria ter contato com alguém e poderiam se passar por esta pessoa.  

– Isto é muito perigoso, acho que nossa situação não é tão ruim assim. Temos que fazer os poderes saberem o que aconteceu. – Rebateu Kara.

– Desculpe-me, Kara, mas não acho tão fácil. Perdoe-me falar isso, mas seu povo nem tem identificação em qualquer lugar e eu, amanhã, deverei entrar na lista de traidores da República, pois o general Phil vai armar para mim, sem dúvida nenhuma. – Bridget pontuou.

– Concordo, mas…

– Decrux!

Bridget gritou assustada. As mulheres levantaram da mesa e agacharam no chão, ao lado da IA, que caiu e entrou em convulsão. O corpo de Decrux tremia e os olhos assumiram uma coloração esbranquiçada.

 

 



Notas:



O que achou deste história?

9 Respostas para Capítulo – 14 – Perigo à vista

  1. Este é o verdadeiro quinteto fantástico! Minha nossa!
    Ah sim, me referia as 4 na nave e a quem as criou!
    Bjs

    • Oi, Zoe!
      Elas duas são figurinhas preciosas mesmo. rs Hoje entra o cap 15 (12:12h rs).
      Vi que gosta da atriz de Lost Girl e Dark Matter. Também gosto muito! rs
      Obrigada, Zoe!
      Um beijão pra você!

  2. Gostei do “Juntava os tomates ao refogado…” antecedendo à conversa do detalhe das orelhinhas…kkkk
    O encantamento e a atração que vivem Bri e a orelhinha ensombrado pela diferença, curiosa para ver como vai evoluir esta relação com tantos sentimentos contraditórios em jogo…
    O que me fizestes à Decrux? não podemos ficar sem os comentários mordazes dela…
    Beijos 😉

    • Oi, Sandra! Tudo bem?
      E por que gostou dessa parte do refogado? Fiquei curiosa agora. rsrsrsrsr
      Então, essa diferença não podemos chamar de detalhe, mas ao mesmo tempo, podemos jogar fora algo que sentimos por não ser dentro dos nossos quereres? Difícil, não é? Espero conseguir desembaraçar isso de forma não muito complicada.
      Decrux é um xodó e os comentários mordazes dela são realmente uma pitada imprescindível. Calma e veremos primeiro o que aconteceu com ela. rs
      Muito obrigada, Sandra!
      Beijo e abraço grande pra ti!

  3. Oi,Bi!!!

    Pôxa,estragou a brincadeira, era só pra dizer ” Já sei quem vc é! kkkkkkkk.

    Sim, agradeceria se pudesse deletar meu perfil anterir, me sinto esquisita sendo outra hauahuahuahauha.

    Nao tô pronta para ser a garota sem rosto ( Arya Stark) rs

    Obrigada pelas palavras Caolzinha, é que vivo preocupada com isso,mas sei que o importante é interagir e agradeço por isso ser por importante para você!Uma das coisas que adoro em vpcê, mesmo depois de anos nao mudou em este aspecto!

    Vamos ao comentário de hoje!!

    Amei, fiquei esperando com Ânsia o próximo capítulo, acredita que li no bus, voltando da dança, nao aguentava, pior foi esperar a dança terminar, apesar que é uma das minhas paixoes!

    Eu nao quedo ser repetitiva,assim que irei falar o que achei sobre a conversa de Bri com Helga. Bri continua resistente, é muito difícil e vai levar certo tempo para poder ver que o orgao sexual será o de menos. Nao serei hipócrita,nao sei como lidaria a princípio, certamente inicialmente consideraria a possibilidade,mas como faria? Desconstruindo,muito difícil? Certamente,porém,nao estamos aqui para aceitar e estancar num só conceito, os pre- conceptos, estao para ser questionados, porque nao poderia? Eu nao nasci assim,a sociedade influência em nosas escolhas e pensamentos,porém,nos foi dado algo, libre arbítrio e racionamento,temos a possibilidade de enfrentar esse sistemae sempre questionar, nunca dar nada como eterno…acho que “me fui por las ramas” conhece essa expressao?) rs

    Acredito em algo que é o essencial, o amor. Tenho certeza que quando ela estiver muito apaixonada,olhará desde outra perspectiva, essa será uma das salvacoes dela. Obviamnete que é minha percepçao neste momento, veremos no desenrolar da história!! Estou muito empolgada com o enredo, você brocou dessa vez, amo ficcao, es lo más!!!

    Acho bonitnho como se olham, por isso nao tenho dúvida da capacidade de Bri em poder superar esse empecilho que será tao pequena diante do amor que vai crescer dia-a dia, quando ela se der conta, já será tarde!Ela nem sequer consegue parar de flertar!! Hohohohhohoho. Espero muito este momento!!

    Como disse nao quero ficar repetindo do mesmo em relaçao a este assunto.

    Sobre a questao a corporacao, nao é que sempre acontece isso, o poder,sempre destruindo tudo, nesse caso eles querem Helga com o fim de estudar o DNA, é uma grande vantagem para eles poder mudar de formar,elas tem uma grande luta pela frente. Helga foi esperta. Fiquei fascinada com as coisas que ela faz e o que vc escreveu. Você criou isso a partir de que teoria e modificou? Ficou muito bom,começo a acreditar na possibilidade…rs. Já pensou…acho que é isso, nao quero prolongar muito o texto de hj,ou nao era minha intecçao, mas acho que falhei rs.

    Eu estou mais contente de ter voltado, pode ter certeza,mas, muitas vezes, acontecem coisas no meio que nos impede, mas nunca esqueci de vc…Saudades tb,cariño!! Feliz por estar alegre com minha volta!!

    Um beijo no coraçao

    ps: Escrevi muito,again!! rs

    • Oi, menina! rsrs
      Então, não sabia que não era para dizer. rsrs Você havia me perguntado se eu sabia quem era, respondi. rsrs Foi, mal. Mas de qualquer forma, você disse que não consegue ser igual a Arya Stark, então acredito que queira seu nome de volta. rsrsr , Quanto ao perfil, não foi o problema do anterior. Olhei lá e não consta o seu outro perfil. É possível que tenha se perdido com o problema que ocorreu com o site, mas sei o que aconteceu. Tem outra leitora com o nome. Talvez se renomear para Lai, e não Laila, consiga colocar.
      Não, não está repetitiva e concordo que desconstrução é um processo. Como você disse, também não sei como eu reagiria numa situação dessas. Provavelmente teria que ter um tempo para me situar, também. rs
      Não eu não conhecia o termo “me fui por las ramas” mas já entrei na internet para ver o que era e no creo que caminó por las ramas. rsrs
      O flerte é uma coisa gostosa do namoro, não é? rs
      Na verdade a questão da Helga mudar de forma, foi porque fiquei com a Mistica dos X-man na cabeça. rsrs O restante com relação a DNA fiquei imaginando como seria esta questão em alguém que muda de forma e elaborei a minha teoria. rs
      É isso! rsrsr
      Eu sei que as vezes a vida faz a gente correr de um lado pra outro e o tempo fica louco, mas estou feliz que tenha voltado também! rs
      Valeu, Lailicha!
      Um beijo no seu coração também!

  4. Autora! num falei que passava aqui? kkk demoro mas to na area.
    Vc fez maldade nesse cap. Não gostei. Quer dizer, gostei de muita coisa mas não gostei que a decrux parece que aconteceu alguma coisa com ela. Sei que tem que ter emoçao na historia mas emoção com a minha decrux não achei uma boa.
    Sei que vc não é ruim então vc nao vai deixar nada acontecer com ela certo bivard? kkkk Eu já dando uma pressa em vc. Nunca vim aqui e já reclamando. kkkk Podexa que venho mais vezes.
    bj bivard e não faz maldade com a Dede

    • Oi, Bia!
      É, você falou que viria rs. Eu não fiz maldade, só coloquei uma emoção, como falou. rs Calma que ainda tem muita coisa para acontecer. rsrs Pode pressionar. O importante é a gente saber o que vocês acham e aí vamos construindo a história, certo? rs Tava com saudades de você. Sempre colocou apelidos nas personagens e já vi que Decrux virou Dede para você. rsrs Gostei!
      Obrigada pelo carinho, Bia e um beijo e abraço grande!

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