Encostada na janela de casa, Carmem refletia fitando o vazio. Há seis meses vivia com Marcela um turbilhão de prazer e emoções. Pensando em todos aqueles dias vividos mal podia acreditar. Um sorriso surgiu em seus lábios ao recordar que assistiam aos filmes de mãos dadas como duas namoradas quando iam ao cinema. Achava engraçado aquele relacionamento que começou de uma forma horrível, ao qual imaginou que não iria suportar, ter se tornado tão íntimo. Viveu os melhores meses da sua vida. Marcela era profundamente envolvente.
Estava sempre com um sorriso lindo quando se encontravam. Só não fizeram amor no período em que estavam naqueles dias. Se existia o fato de um casal cair na rotina, com elas não aconteceu. Marcela era a mulher mais excitante e sexual que conhecia. É claro que desistiu de ficar fria nos braços dela. Normalmente quando tinham uma briga costumava se fazer de difícil. Fazia para castigá-la, mas nunca obtinha sucesso. Quando seus corpos se uniam na cama perdia o juízo. Seu corpo pegava fogo, não tinha noção de nada mais. Passava os dias numa ansiedade inacreditável para voltar para os braços dela. Marcela havia entrado de tal forma em seu ser que não tinha mais como tirá-la.
Alice Santiago aproximou-se de Carmem tocando seu ombro suavemente.
– Filha? O que você tem? Já se deu conta que vive sempre como este ar ausente? Mal me escuta enquanto falo com você.
Carmem voltou-se dando um sorriso para a mãe.
– Não faça um teatro, não tem nada disto.
– Que história que é essa de teatro? Aprendeu a falar assim com aquela mulher?
– Por favor, mãe, o nome dela é Marcela.
– Oh, o nome dela é Marcela? Era só que me faltava! Como você mudou! Você tinha era que desprezá-la por tudo que te obriga a fazer, por ter que viver naquela…
– Mãe? Eu estou bem, não precisa falar destas coisas. Sei tudo que tenho vivido.
– Sabe, claro que sabe e passou a gostar, não é?
– Eu preciso ir. Marcela está à minha espera.
– Ah, meu Deus! Aconteceu o que eu tanto temia! Você se apaixonou, não foi?
– A senhora e as suas perguntas.
Respondeu indo até à poltrona pegar a bolsa que tinha deixado ali.
– Prestou atenção que mal falou comigo desde que entrou aqui? Nem perguntou pelos seus irmãos!
– Realmente, diga-me, está tudo bem com eles?
– A sua irmã vive desaparecendo e o seu irmão, ele você sabe que não é fácil.
– Sei sim mãe. Se precisar que eu interceda de alguma maneira basta me avisar.
– Obrigada, não é necessário. Eu só gostaria que percebesse o que aquela mulher tem feito com você.
– Mãe? Está faltando alguma coisa para a senhora aqui em casa?
– Não minha filha, o problema é que você…
Seus olhos buscaram o relógio de parede num impulso. Beijou o rosto da mãe correndo para a porta.
– Desculpe mãe, mas é tarde. Tchau!
– É sempre assim. Tchau, filha!
Quando entrou na casa caminhou no escuro até chegar à sala de estar. Até mesmo àquela escuridão já tinha se habituado. O fato não a incomodava mais.
Na sala iluminada pelas velas estacou vendo Marcela fechando o livro que estava lendo. Os olhos dela percorreram seu corpo por um segundo. Virou-se deixando o livro de lado. Aproximou tocando a saia curta lentamente. Seus olhos encontraram-se quando ela sussurrou num tom rouco.
– Não é uma roupa apropriada para uma mulher de negócios.
Carmem ficou imóvel olhando-a hipnotizada.
– O que me diz? Acha que é?
Marcela insistiu enquanto suas mãos erguiam a saia de Carmem ansiosa.
– Eu…
Carmem tentou falar, mas não teve voz.
– Não precisa responder.
Diante de uma Carmem muda, Marcela abaixou-se tirando a calcinha dela afastando suas pernas.
– Espera, vou tomar um banho…
– Não aguento mais esperar.
A boca chegou à vagina arrancando um gemido rouco dos lábios de Carmem.
– Ah… Aaaa…
Inconscientemente entreabriu mais as pernas, enquanto Marcela perdia-se na buceta se deliciando sem disfarçar seu desejo. A língua deslizou pela buceta por um longo tempo, até Carmem gozar agarrando os cabelos dela estremecendo inteira.
– Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii…
Marcela lambeu-lhe as coxas, mas Carmem pediu agitada.
– Por favor, pare. Giana está por aí.
Marcela se ergueu confessando emocionada.
– Não posso pensar em outra coisa que não seja estar em você. Quanto a Giana não se preocupe, ela vai para a cozinha quando percebe que necessitamos de privacidade.
Carmem suspirou indo até o bar. Serviu uma taça de vinho bebendo sem conseguir fitá-la novamente.
– Ainda tem vergonha de mim?
Marcela perguntou confusa.
Carmem bebeu um gole do vinho inquieta.
– Diga-me o que quero saber.
– Você está sempre querendo saber alguma coisa e isto é tão cansativo. Mas, está bem, pode perguntar.
– Gosta quando te chupo sem que esteja à espera?
– Por favor, de novo? Estamos aqui na sala, eu mal entrei e você…
– Ótimo, já entendi. Estamos na sala e não podemos sentir prazer.
– Quer saber? Uma coisa é quando estamos na cama, mas aqui, Marcela, não pode esperar até estarmos na intimidade? Precisa me ter assim só para me mostrar o poder que tem sobre mim? Eu mal entro em casa e você me pega deste jeito, ah, isto é constrangedor. Já te falei que gosto de tomar um banho antes.
Carmem confessou sincera.
Marcela foi até ela virando-a para si.
– O que pensa que eu sou? Acha que não tenho sentimentos? Não posso matar a minha saudade quando você volta para casa?
– Você gosta é assim? Tem que me tocar na sala para me lembrar da razão de eu estar vivendo aqui?
Marcela estremeceu da cabeça aos pés. Empurrou Carmem para a poltrona desatinada. Numa rapidez incrível livrou-se de suas roupas puxando a cabeça de Carmem na direção de sua vagina. Não precisou de palavras nem teve que forçá-la. Carmem desceu delirante com a boca seca até a buceta que invadiu com a língua desejosa. Perdeu-se nela até Marcela gozar intensamente em sua boca.
– Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii…
Carmem se afastou, ia se erguer, mas Marcela a puxou para cima de seu corpo. Seus olhos se encontraram quando Marcela desceu a mão em busca da buceta. Enquanto a tocava, Carmem rebolava sobre ela. Virou o rosto para não vê-la enquanto gozava.
– Aiiiiiii… Oooooooooooooo… Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii…
Carmem caiu suspirando para o lado. Marcela apoiou-se sobre os cotovelos olhando-a pensativa.
– Você precisava gozar tanto quanto eu. Tem que aceitar que satisfazer essa necessidade é essencial na nossa vida a dois.
Marcela justificou enquanto Carmem se erguia silenciosa recompondo-se. Viu-a pegando um cigarro. Carmem tragou longamente falando com um suspiro.
– Se existe algo que não temos é uma vida a dois.
– Pois acho que temos uma deliciosa vida a dois. Você não está acorrentada aqui.
– Estou acorrentada sim e você sabe muito bem disto! Um dia pagarei tudo que te devo e nunca mais terei que tocar em você.
– Será?
Marcela sorriu sem acreditar nela.
– Você dúvida? Acha que quando te pagar eu vou voltar nesta casa?
– Não posso afirmar nada sobre o futuro. Não faço ideia do que irá acontecer.
– No dia que eu te pagar não me verá mais!
– Se for assim terei muito para lamentar. O que eu não entendo é que em por todos estes meses, você não falou sobre este assunto, e agora, assim do nada, recomeça com isto.
Marcela respondeu sentida.
Carmem pensou no pai que continuava no hospital e na mãe que vivia curiosa sobre sua vida íntima com Marcela. A mãe ainda achava que Marcela batia nela, isto quando as mãos de Marcela só tocavam seu corpo para fazê-la arder de prazer. Não era violenta, pelo contrário, era uma mulher desconcertante que a fazia perder o controle com um único toque, às vezes com palavras, de outras vezes com olhares. Pensou na situação da empresa, tinha sido um sucesso as alterações na área de produção. Nunca imaginou que ganharia tanto dinheiro em sua vida. Sorriu intimamente ao lembrar-se de Maria Dantas, se não fosse por ela ainda estaria lutando para se reerguer.
Seus olhos caíram sobre Marcela falando para irritá-la.
– Mais um ano e meio e saldo minha dívida.
Marcela cruzou as pernas olhando-a com admiração.
– Você realmente me surpreendeu.
– É só o que tem a dizer? Os seus espiões esqueceram-se de te contar do meu sucesso como empresária?
Carmem perguntou orgulhosa.
– Eu me perguntei se você seria capaz de salvar a sua empresa do desastre total. Decidi pagar para ver quando te dei o dinheiro que abriu todas as portas. Não fui tão insensível assim.
– Acontece que o preço da sua ajuda foi muito alto. Eu provei que sou capaz, provei com o meu trabalho!
– Não seja tola Carmem! Pensa que o trabalho dá tanto prazer assim? O tempo que perdemos acumulando riquezas são minutos preciosos em que deixamos de viver.
– Para você que só pensa em sexo este pensamento é bem peculiar.
– O prazer é só o que importa nesta vida!
– Não penso assim.
Carmem rebateu seca.
– Pois te digo uma coisa, nem se eu vivesse até aos duzentos anos não conseguiria gastar metade do dinheiro que eu tenho. A vida não é uma ironia?
– Está tentando me dizer algo importante?
Marcela sorriu surpresa, respondendo.
– Estou! Acabei de falar, o prazer é tudo!
– Hum. Isto é a sua cara.
Carmem pensou que se ela tivesse dito que o amor era tudo, acharia lindo. Mas para Marcela prazer era a única coisa que contava. Tanto que estava vivendo ali exclusivamente para dar prazer a ela.
Suspirou olhando em volta.
– Acho melhor jantarmos agora. Estou cansada e louca para dormir.
– Como quiser.
Marcela concordou chamando Giana. Jantaram sem mais discussões.
O fato de ter dito que estava cansada não evitou que Marcela a procurasse na cama quando se deitaram.
– Me deixa quieta, Marcela, estou realmente cansada.
– Também estou cansada.
– Ótimo, então vamos dormir.
– Vamos só brincar um pouco. Não quero que durma chateada comigo.
– Claro que estou chateada, o que você queria? Vivo falando que não gosto que me chupe quando entro em casa. Eu gosto de tomar um banho primeiro, gosto de estar cheirosa. É uma coisa tão simples, mas você não me escuta.
– Isto nem era para ser um problema. Seria se eu não sentisse vontade de te chupar. Se fossemos um casal como há tantos por aí que não fazem amor quando estão cansadas usando o cansaço como desculpa, mas eu não sou assim, e sei que você também não é.
– Não sou, mas não é só isto Marcela, você não me compreende. Realmente isto me constrange. Quando que vai enfiar isto na sua cabeça?
– Ah, meu Deus! Isto agora virou um drama! Eu não me importo de te chupar seja a hora quer for.
– Ou você para com isto ou eu…
– Ou você o quê? Vai se negar?
– Ah, sei lá Marcela, às vezes, você é tão intransigente.
– Pode até ser, não sou perfeita.
Marcela respondeu abraçando-a, deitando junto a ela.
– Está bem, se não quer não vamos fazer, mas logo que acordar eu vou querer.
– Tudo bem.
– Certo. Problema resolvido. Não precisava ficar emburrada deste jeito.
– Precisava porque você não leva a sério quando me queixo.
– Quem é que aguenta uma mulher que fica se queixando o tempo todo?
Carmem começou a rir dela.
– Do que está rindo? Não se lembra de quando você deitava emburrada comigo?
– Lembro e eu tinha minhas razões. Sem contar que não te conhecia, foi aos poucos que fui relaxando. Não me esqueço daquela noite em que você me perguntou: “Quem que aguenta uma mulher emburrada?” Ri por dias, você que não sabe.
– Eu também achei graça quando me lembrei disto no dia seguinte.
Carmem virou deitando de frente para ela.
– Você lembra-se dos nossos momentos quando está no trabalho?
– É claro que me lembro. Você não? Aposto que você também se lembra.
– Sim, lembro-me de algumas coisas. Hoje mesmo fiquei lembrando quando estava com mamãe.
– Aposto que ela começou a falar mal de mim. Eu acho que a sua mãe pensa que eu te roubei dela.
– Ela nunca falou isto, mas faz sentido.
– Se faz. Ainda mais agora que estamos nos relacionando melhor.
Carmem sorriu pensando que era verdade.
– Não estamos? Eu tento fazer tudo que você gosta Carmem.
– Tenta sim, isto ainda me surpreende. Acho incrível não brigarmos quando estamos assim.
– Assim pertinho?
– Sim, abraçadas, conversando com essa serenidade, falando baixinho.
– Eu adoro a nossa intimidade, mas tudo bem, vou parar de te chupar quando chegar em casa. Ficarei esperando pacientemente você ficar toda cheirosa como gosta.
– Ai, que alívio!
– Isto não quer dizer que vou parar de te seduzir onde quer que estejamos.
– Como fez naquela loja, eu já sei disso.
– Você há de convir que o desejo não escolhe hora nem lugar.
– Eu sei, não escolhe mesmo, mas um pouco de controle não te faria nenhum mal. Se eu não tivesse ficado tão sem graça por ser pega em flagrante naquela loja, teria tido uma crise de riso com o que você falou quando saiu do provador. Você se deu conta do que falou?
– Eu não, falei algo demais?
– Hahahahaha, meu Deus, Marcela. Você perguntou se não se podia gemer naquela loja. Foi demais, fiquei boba quando ouvi. Não, juro que não conseguia acreditar que você tinha perguntando aquilo para a gerente.
– Ah, foi mesmo, hahahahahaha.
– Depois você falou na maior cara de pau: “Desculpe, é que me esqueço de que nem todas as mulheres alcançam um orgasmo.” Foi hilário hahahahahaha…
– Foi mesmo, mas falei aquilo sem sentir o menor constrangimento. Credo, algumas mulheres são muito dramáticas, fazem um escarcéu só por causa de uns gemidos. Não era para tanto. Se eu estiver numa loja e ouvir gemidos vou fazer de conta que não está acontecendo nada. Não é problema meu mesmo.
– Sim, mas como gerente ela tinha que tomar uma atitude, você sabe.
– Sei, só devia ter nos abordado de uma forma mais delicada.
– Eu concordo, mas você foi terrível.
– Só um pouquinho.
Marcela entendeu a mão acariciando o rosto dela.
– Eu já me controlo o dia todo que passo trabalhando longe de você, Carmem.
– Eu sei. Não precisa falar mais nada. Vamos fazer.
Continua…
Como acaba assim? 🙁
Ansiosa já!
Beijos!
Oi Anes.
O capítulo era muito grande, então, precisei cortar nesta parte.
Obrigada!
Beijos!