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Reticencias
Sophie… “não foi difícil deixar a Scarlet para trás. Abandonar aquela personagem e tudo que ela representava, foi até um alívio… foi como tirar o peso de toda uma vida triste e vazia das minhas costas. Mas, não foi apenas pela Jenny que abdiquei da vida que eu levava, na verdade, tudo aquilo já estava mais que saturado, e eu já sentia o desejo de recomeçar.
Depois daquela noite, de estar nos braços da mulher que eu amo, e de acolher a entrega dela, eu entendi que jamais seria a mesma, e que não me cabia mais voltar a desenvolver as atividades profissionais que eu praticava.”
Os dias, as semanas, meses e anos que se passaram, foram de construção! Assim como se constrói uma casa, cuidando da fundição, dos alicerces, depois definindo as divisões, levantado as paredes e colocando o teto, por fim as ornamentações. E com o tempo, a casa se torna lar. Com tempo, cuidado, paciência e amor, Jenny e Sophie construíam sua relação.
Se pudéssemos perguntar a Sophie o que ela poderia falar sobre o amor que sente por Jenny, provavelmente ela responderia assim:
“É um sentimento que tomou conta de mim, poesia sem rima, paixão sem razão ou controle, é simplesmente um amor que aquece minha alma. Ah, com a Jenny, é como se eu vivesse aquelas estórias descritas em livros, mas a verdade é que eu jamais, em hipótese alguma, imaginei que algo assim poderia acontecer no mundo real, e principalmente, que pudesse acontecer no meu mundo.
Esse amor brota da minha alma, como água em nascente de um rio: é limpo, puro, cristalino e em abundancia, sem racionalizar, sem explicar. Sem entender, sem querer e sem pensar, ele apenas brota e jorra. É inesgotável, é uma fonte insaciável de amor, calor, ardor, desejos e vontades.
Ah, pode parecer loucura falar assim, mas esse amor… o meu amor por aquela mulher, é como um filme romântico que nunca tem fim. É um livro que nunca deixará de ser escrito, é um painel das mais belas cores, é um multicolorido sentir.
Com a Jenny, é planejar a vida com os olhos do coração, é viver com a alma nas mãos, e entregar-se sem medo, sem reversas, limites ou fronteiras.
Eu a amo,
Ela me ama…
E isso me basta, me é suficiente…
Me preenche, completa e transborda! ”
Já a Jenny, diria:
“Sobre o amor que sinto? Que germinou e floresceu em mim? Esse sentimento que me mostrou um mundo que ia além das barreiras que meus olhos teimavam em enxergar. Esse amor que me ensinou a ver além das diferenças, medos e preconceitos, que me mostrou que é preciso não desistir no primeiro problema, e acredite, sempre haverá um problema.
Esse sentimento que mostrou que quem ama raramente exerce algum poder sobre a emoção. É isso, amar é não mandar no coração, é sentir o que é confessado em cada olhar, é ouvir um “eu te amo”, dentro do silencio.
Esse amor que se fez crescente aqui dentro, me mostrou que apenas ele, que apenas algo assim, tão verdadeiro, é capaz de fazer com que dois mundos totalmente diferentes convivam, mesmo que as vezes haja conflitos, é só através dos olhos do amor, que seres tão diferentes conseguem enxergar a perfeição. Pois isso também é amar, é ver o perfeito, o belo, mediante a imperfeição.
Porque o amor, ahhh, o amor é mais que dois corações batendo acelerados, mãos geladas e tremulas, amar é admirar, é respeitar e compreender o outro. Amar não pode ser apenas palavras jogadas ao vento, amor é converter essas palavras em gestos, em atitudes.
Esse amor…
O meu amor pela Sophie, é aprendizado.
Fez com que eu quebrasse as minhas próprias regras, passasse por cima do que eu acreditava ser o correto. Eu fui além do que eu acreditava ser o meu limite, porque eu simplesmente descobri que amar, é não ter limites.
O amor tem dessa coisa meio que divina,
O amor é a própria vida… e jamais deveria existir outro motivo para amar, senão o próprio amor. Eu sinto como se o amor pela Sophie, sempre esteve em mim. Só que em silencio, escondido dentro de mim, cada vez ficando mais puro e limpo, crescendo a cada dia, se intensificando mais e mais… é um amor de almas, guardado na alma, que estava apenas esperando pelo nosso encontro. Talvez, exista razão quando dizem que algumas histórias já estavam escritas nas estrelas. Talvez, a nossa história é uma delas, só que sem final. ”
Enfim, não há dúvidas de que o amor é algo sublime e que está acima da compreensão humana. Eu mesma, ousaria dizer, entrando em contradição com o que faço, mas… acredito que ninguém veio ao mundo apenas para produzir textos, tentando explicar o amor, e sim, para sentir e vive-lo.
Com o amor, não há mal que não possa ser desfeito.
Com amor, não há lagrima que não cesse. Por amor, não há dor infinda.
Porque o amor, é a força mais que viva, pulsando dentro de cada ser.
Alimenta alma e matéria, é para qualquer idade, gênero, cor e credo.
Pois o amor é perene como a própria eternidade.
3 anos depois…
– O tempo parou e eu senti que nunca mais poderia pertencer a outro alguém, senão a você. Seus olhos me capturaram e desde então, mesmo sendo livre, nunca fui tão presa. Ah minha querida, o nosso amor se deu no outono e eu, aqui e agora, prometo a você que ele será vivido em plenitude durante todos os dias de cada estação. E quando não estivermos mais aqui, ele ainda será lembrado eternamente…. Porque o meu amor por você Jenny, ele é para toda a vida e além dela.
– Nossa, é até difícil… aí… conter a emoção e fazer meu juramento…
– Você consegue, amor!
– Sophie… minha amada Sophie… é … nosso amor de esbarrão, em um dia que parecia programado para ser triste. Nosso amor de risos e prantos, sob a ideia de ter você ou perder você para sempre, ainda bem que não perdi. Dei-te asas e folego, as asas é para que possa voar e o folego, para que mergulhe cada vez mais fundo… E você escolheu ficar e mergulhar, e a minha alma te ama mais do que qualquer palavra tente explicar. Meu amor, prometo que jamais permitirei que sombra alguma consiga esconder esse brilho de teus olhos, porque esse brilho também me atinge e faz todo o meu mundo iluminar. Esse amor será para sempre, em todas as estações, nesta e em qualquer outra vida que possa existir… porque, as nossas almas Sophie, elas sempre se reconhecerão! Eu te amo.
Trocaram as alianças.
Convidados sentados, sol se pondo e deixando o céu no mais belo alaranjado que poderia existir. As emoções estavam a mil, não poderia ter música mais linda senão o barulho do mar, a frase mais esperada: “Pelo poder a mim investido, eu as declaro esposa e … esposa. Podem se beijar.”
Abraçaram-se e trocaram um beijo terno e meio rápido. De repente, ambas pensaram sobre achar que não era possível amar ainda mais e, no entanto, sentiam que o amor havia ficado ainda maior.
Serão felizes para todo o sempre …
Fim? Não! Para elas nunca haverá um fim, sempre será continuação.