Entre Capas e Títulos

Emma se sentou e Nicole se encolheu no canto da parede, mas continuaram a se olhar. Até que a mais nova entrou em pânico pulando para fora da cama onde a loira ainda estava sentada. Nicole começou a pedir perdão, dizia que não quis fazer aquilo, pedia desculpas por ter deixado que acontecesse. Dizia que não queria perder a amizade e repetia o pedido de perdão, mas Emma estava em estado de choque e não respondia. A loira olhava para Nicole e, mesmo que seus pensamentos corressem em alta velocidade, seu corpo parecia paralisado.

Nicole ficou tão desesperada que se ajoelhou em frente a Emma, que continuava sentada na cama. Ela implorava por perdão e jurava que aquilo nunca voltaria a acontecer. Dizia que queria Emma como amiga e não suportaria perder sua amizade. Até que a loira se levantou e, sem dizer nada, pegou suas coisas, calçou seus sapatos e andou para a saída do pequeno apartamento. Nicole ficou tão desesperada que quase caiu enquanto tentava ir atrás da loira, mas Emma parecia querer fugir de qualquer conversa e saiu sem dizer nada deixando a mais nova na porta do apartamento.

Enquanto Nic encostava a porta da frente e se deixava cair no chão aos prantos por ter certeza de que acabava de destruir os 10 meses da linda amizade que lutou para manter Emma descia as escadas do prédio e chegava a rua. A loira foi para casa ainda estando em choque, mal saberia dizer que caminho pegou ou quando chegou a seu prédio. Não se lembrava de entrar no elevador, apenas sabia que, algumas horas antes do sol nascer, estava sentada no tapete de sua sala. Foi nessa hora que ela chorou, mesmo que não soubesse bem a razão de suas lágrimas.

Ela estava se sentindo culpada, não tinha nenhum relacionamento fixo com Catherine, nenhuma das duas havia estabelecido que não ficariam com outras pessoas, mas Emma se considerou errada. A loira sabia que o primeiro passo para aquele beijo havia partido de si e não se conformava. Sentia-se uma traidora vil e chorava por isso. Mas chorava também por saber que deixou Nicole aos prantos por sua causa. Chorou a madrugada toda e também durante parte do início da manhã. Adormeceu por conta da exaustão logo depois que o sol surgiu iluminando sua sala.

Próximo a hora do almoço a porta da frente foi destrancada e Catherine passou por ela. Era domingo e a garota sabia que Emma odiava cozinhar então resolveu passar por lá para comerem juntas. Ela entrou e fechou a porta. Seguiu para a sala e, antes que pudesse interpretar o que acontecia, o corpo da loira se chocou contra o dela num abraço. Emma jogou seus braços em volta do pescoço dela e escondeu o rosto em seu pescoço voltando a chorar. Apenas meia hora depois Cathe conseguiu fazê-la se acalmar o bastante para falar e, sentadas no sofá, ela tentou fazer com que a loira lhe explicasse o que havia acontecido.

– Me explica o que aconteceu, Emma. Por favor – pediu ela sentada ao lado da loira e segurando as mãos dela em seu colo.

– Eu traí você – disse a loira quase começando a chorar outra vez, mas Cathe a puxou para um abraço pedindo para que ela explicasse o que havia acontecido – Eu beijei outra pessoa Cathe! – disse Emma se afastando e se levantando, suas mãos se enroscaram nos fios dourados e ela andava de um lado a outra – Eu beijei outra pessoa. Eu quis isso na hora.

– Emma, antes de tudo, você precisa sentar e se acalmar – falou Catherine suspirando e puxando a loira para o sofá de novo – Vamos por partes agora. Sei que não ficamos com mais ninguém depois que começamos a nos encontrar. Só que nenhuma de nós duas estabeleceu que estávamos num relacionamento sério. Mês passado aconteceu de eu beijar alguém naquela festa, lembra? Você não ficou mal naquela hora, então eu não tenho motivos para me sentir traída agora.

– Foi completamente diferente, Catherine! – se exaltou Emma – A garota te beijou de surpresa quando você estava saindo do palco e vindo pra mesa. Você não quis o beijo!

– Emma – chamou Cathe vendo o descontrole e a forma como a loira estava sofrendo com seus próprios sentimentos – Olha pra mim.

Ela o fez e Catherine pode notar toda a confusão que havia nos olhos acinzentados. Ela viu como Emma se sentia culpada, mas viu também como havia uma profunda confusão além da culpa. Ela deu um pequeno sorriso e colocou a mão no rosto da loira. As duas estavam juntas a três meses e ela já havia notado que Emma não estava realmente apaixonada por ela. Assim como ela também não estava amando a loira, mesmo que estivesse gostando muito dela. Catherine sabia que haviam coisas sobre Emma que ela não tinha noção, ela sabia que havia um passado da loira que nunca foi dito a ela.

Cathe sabia que Emma não confiava plenamente nela ainda, mas sabia também que essa confiança plena a loira só tinha com Nicole. Acima de tudo, ela tinha consciência dos sentimentos da mais nova pela loira a sua frente. Algumas semanas atrás ela havia questionado Anton e ele não teve como negar, desde então ela vinha reparando mais no relacionamento de Emma e Nicole. Ela pode ver a cumplicidade e a interação entre as duas e viu também que a forma com que Emma olhava Nicole tinha um carinho transbordando de seus olhos que ela nunca havia visto dirigido a ela.

Desde que confirmou suas suspeitas sobre os sentimentos de Nicole Catherine se decidiu a tentar se afastar da loira no sentido romântico. Cathe havia decidido semanas antes que iria se afastar aos poucos para não magoá-la, mas que se Emma percebesse o que sentia por Nicole iria ser a primeira apoiar a loira. Emma sabia que Catherine não a amava realmente, as duas tinham consciência de que estavam juntas porque era bom e conveniente e não porque se amavam. Ela havia dito a Emma muito antes que tinha alguém que amou, mas que essa pessoa havia ido embora de sua vida antes que ela se desse conta daquele amor. Por saber de tudo isso ela compreendeu que a confusão de Emma era devido a sua negação por seus sentimentos para com Nicole.

– Foi a Nic? – ela perguntou num tom brando, mas já sabendo a resposta.

– Nicole não tem nada a ver com isso, Catherine – falou Emma se levantando outra vez – Estou falando de mim aqui.

– Você beijou a Nicole – atesou Catherine se ponto em pé e segurando Emma pelos ombros – Você gosta da Nicole.

– Mas eu estou com você – disse Emma encarando seus pés em profundo arrependimento.

– Eu amei alguém uma vez, Emma. Você sabe disso – começou Catherine abraçando a loira – Ainda amo essa pessoa e você também sempre soube. Assim como eu sempre soube que você não era apaixonada por mim. Por isso você nunca quis definir um relacionamento sério entre a gente. Você está apaixonada pela Nicole e não quero admitir isso.

– Eu não posso estar apaixonada por ela – murmurou a loira tentando segurar o choro – Ela é minha melhor amiga, eu não posso me apaixonar por ela.

– A gente não controla o coração Emma – falou Cathe rindo e segurando o rosto da loira para que ela a encarasse – Você não me traiu, mas está traindo a si mesma toda vez que nega o que sente.

– Eu não posso me apaixonar pela minha melhor amiga – falou ela limpando as poucas lágrimas que começavam a se formar com as palmas das mãos.

– Você já se apaixonou – constatou Catherine com um sorriso largo e divertido – Agora só precisa de coragem para admitir isso e ir atrás do que realmente quer. Nunca vai ser feliz comigo amando outra pessoa – falou ela de forma suave.

– Mas você está sendo feliz comigo, mesmo amando outra pessoa – ela disse séria e cruzando os braços.

– Mas eu não sei onde a minha pessoa está – disse Catherine usando o indicador para apertar a ponta do nariz de Emma – Tudo o que posso fazer é viver minha vida e esperar que um dia eu a encontre outra vez. Mas a sua pessoa está num apartamento a 40 minutos daqui, provavelmente sofrendo porque acha que perdeu sua amizade e se culpando por um beijo que as duas queriam a muito tempo.

Emma a encarou arregalando os olhos sem entender a última frase. Catherine não segurou o riso e gargalhou

– O que quer dizer com “um beijo que as duas queriam”? – questionou a loira confusa.

– Quero dizer exatamente o que eu disse – falou Catherine sorrindo e pegando as sacolas que estavam no chão – Vou deixar as coisas que comprei pra você na geladeira. Nós continuamos amigas Emma, sempre seremos amigas e pode contar comigo sempre que precisar. Mas se quiser mesmo entender o que eu quis dizer vai ter que ir procurar a Nic para tirar a prova – ela completou indo para a porta de saída e piscando o olho direito na direção da loira antes de sair.

Emma não se moveu por alguns instantes. Sua cabeça passava e repassava a conversa que acabara de ter com Catherine. A primeira coisa que ela conseguiu absorver foi que a garota de olhos verdes e cabelo platinado havia acabado de terminar com ela, não que tivessem algo realmente sério, mas agora era oficial que não tinham mais nada. A segunda coisa que lhe passou pela cabeça e que ela finalmente se deixou aceitar foi que estava mesmo apaixonada por Nicole. Afinal, sentir que os braços de alguém eram seu lugar no mundo não podia ser uma sensação provocada por alguém que era apenas sua amiga.

A loira permitiu que lembranças da convivência com Nicole lhe enchessem a mente. Os sorrisos doces, os carinhos sem consciência, a forma como ela estava sempre atenta, o modo como seu coração se alegrava quando encontrava o chocolate que eram os olhos dela. Emma definitivamente não poderia mais negar: estava amando Nicole como nunca tinha amado ninguém. Quando a lembrança da frase dita por Cathe lhe surgiu novamente foi como se uma descarga elétrica percorresse todo seu corpo.

Algo nela ainda se questionava se seria possível que Nicole tivesse ansiado e desejado aquele pequeno beijo tanto quanto ela. Sua insegurança não lhe permitia acreditar totalmente que sim, mas as palavras de Catherine lhe permeavam as ideias. Estaria mesmo Nicole sofrendo do outro lado da cidade por conta da forma com que ela lidou com a situação na noite anterior? O simples pensamento de que Nic estivesse sofrendo por causa de algo que ela fez provocou uma dor quase física em Emma. Foi o que faltava para ela correr ao banheiro.

Tomou um banho para afastar o cansaço da noite não dormida, vestiu-se com um jeans e um tênis e colocou um casaco de algodão por cima da blusa. Olhou-se e se lembrou do quão bem Nicole conseguia ficar usando apenas jeans e tênis e sorriu com o pensamento. O primeiro sorriso desde a noite anterior lhe impulsionou a ir mais rápido. Chamou um taxi, estava ansiosa e não teria paciência para enfrentar um ônibus. Deu ao taxista o endereço da amiga que na verdade era a sua pessoa e seguiu com o coração aos pulos.

Enquanto isso Nicole mal havia ainda saído do quarto. Desde a noite anterior não parava de chorar ou remoer o que ela considerava um erro próprio. O pai só chegaria do trabalho a noite e ela não quis fazer absolutamente nada por si mesma até precisar se recompor para que ele não estranhasse. Seu celular tinha dezenas de chamadas não atendidas de Anton que estava preocupado porque a melhor amiga não lhe dava notícias a mais de 12 horas.

Quando a campainha tocou ela acreditou que o melhor amigo tivesse se cansado de ligar e houvesse ido até lá para averiguar sua situação. Não pensou em se trocar para atendê-lo, afinal, era apenas Anton. Continuou com seu short curto de dormir, a larga camisa de mangas da cor branca. Enrolou-se na manta cinza que usava sobre as pernas no sofá e andou completamente sem animo até a porta. Mas ao abrir encontrou o mar cinza dos olhos de Emma e não conseguiu reagir, nem em seus melhores momentos imaginários havia cogitado que a loira iria aparecer ali.

– Posso entrar? – perguntou ela em voz baixa enquanto avaliava a menor.

Antes que Nicole acenasse positivamente de forma intensa Emma notou o estado em que ela se encontrava. Olhos avermelhados, olheiras fundas, aparência cansada e a roupa de dormir por baixo da manta. Assim que fechou e trancou a porta, logo depois da loira passar por ela, Nicole se virou e começou a proferir as mesmas desculpas da noite anterior. Estava desesperada para ouvir algo de Emma, precisava muito saber que ela a perdoava, mesmo que seu maior desejo, no fundo, fosse que a loira não estivesse arrependida do beijo.

Emma queria ter ouvido tudo e conversado com Nic, mas ver aquele rosto triste e as pequenas lagrimas que começaram a se formar quando a mais nova iniciou suas desculpas foi demais para ela. Precisava mostrar que não havia nada errado, precisava fazer com que ela não chorasse mais. As mãos finas e delicadas seguraram o rosto da mais nova com cuidado, os polegares impedindo que as lágrimas fizessem seu caminho e Nicole parou de falar. A loira tinha um sorriso de canto e seus olhos cinzas pareciam apreciar o simples fato de Nicole estar ali. A verdade é que eles estavam realmente fazendo isso, apreciando a presença e os traços da menor.

Mesmo com a vontade de falar algo, Emma tinha uma necessidade maior de fazer outra coisa. A manta caiu aos pés delas quando a loira puxou Nicole para mais perto e tocou novamente seus lábios sobre os dela. Os castanhos demoraram a se fechar por conta da surpresa, mas Emma foi paciente e sustentou o toque dos lábios até sentir Nicole reagir. A mais nova fechou os olhos e sentiu seu corpo todo relaxar nas mãos da mais alta. Suas mãos pousaram sobre as mãos de Emma que ainda estavam em seu rosto e então os lábios da loira se moveram levemente buscando o encaixe das bocas.

Seus lábios se moviam uns contra os outros e era como se houvesse uma explosão de fogos de artifício dentro e em volta delas. As mãos de Nicole desceram pelos braços de Emma até a cintura da loira puxando-a para mais perto e a mais velha não conteve um pequeno sorriso contra a boca da menor. Nic realmente queria aquilo também e, além de estar correspondendo, estava se entregando porque seu corpo estava relaxado e sua boca retribuía ao beijo apenas seguindo os lábios da maior.

Emma deixou uma de suas mãos ir escorregar até o pescoço de Nicole enquanto ainda a beijava. Seus lábios então capturaram o lábio inferior da mais nova e seu polegar direito acariciou o queixo de Nicole enquanto ela encerrava o beijo com um selinho nos lábios da mais nova. A menor não abriu seus olhos, apenas manteve suas mãos na cintura fina da loira. Não quis abrir os olhos com medo de ser um sonho e ela acordar. Mas Emma abriu seus olhos para ver a expressão no rosto de Nicole. Sorriu ao constatar que a menor estava com um meio sorriso bobo enquanto mantinha os olhos fechados.

– Abra os olhos – pediu Emma num tom baixo, quase sussurrado, contra os lábios de Nicole.

– Eu não quero acordar e descobrir que foi sonho – sussurrou ela de volta, seus rostos tão próximos que quando ela negou de leve com a cabeça seus narizes roçaram um no outro.

Emma acariciou o rosto da menor com um sorriso largo em seus lábios. Depois ela passou os braços em volta do pescoço de Nicole a abraçando e fazendo com que as duas ficassem ainda mais próximas. Ela distribuiu beijos pelo rosto da menor, da testa até voltar a selar os lábios das duas.

– Você já está acordada – ela disse sem conseguir controlar o sorriso.

– Eu não quero soar como uma idiota – murmurou Nicole abrindo os olhos e encarando Emma com um olhar surpreso e extasiado – Mas ainda não acredito que você está aqui e que nos beijamos de verdade.

– Me perdoa por ontem – falou a loira ficando séria e trazendo a mão direita para acariciar o rosto da mais nova – Eu não deveria ter saído daquele jeito. Tinha que ter conversado com você. Me perdoa por te fazer chorar – ela sussurrou passando o polegar logo abaixo dos olhos ainda vermelhos da menor.

– Você chorou também – atestou Nicole erguendo a mão direita e tocando de leve o rosto de Emma – Posso ver pelas marcas avermelhadas nos cantos dos seus olhos que você chorou. E também que não dormiu porque mesmo com a maquiagem seus olhos estão mais fundos – ela falou pegando a loira de surpresa porque ela não esperava que Nic fosse notar até as suas olheiras disfarçadas com base e corretivo – Eu não quero estragar as coisas pra você e Catherine – ela sussurrou no final como se finalmente houvesse tido coragem para tocar no nome da outra.

– Você não estragou nem vai estragar nada – falou Emma se soltando da menor e a puxando pela mão até que elas estavam no sofá, a loira fez Nicole se sentar e depois se sentou colando seu corpo ao da menor, mas ainda a olhando nos olhos – Eu conversei com Cathe hoje. Ela me disse coisas que me fizeram perceber que eu estava fazendo tudo errado com a minha vida. Eu estava procurando algo em outro alguém que já sabia só ter encontrado em uma pessoa. E Cathe sabia disso a um tempo, aparentemente.

– O que está querendo dizer? – Nicole perguntou porque estava realmente confusa, mas não impediu seus braços de rodearem a cintura de Emma.

– Quero dizer que eu gosto de você, Nicole – sussurrou a mais velha aproximando os rostos das duas – Você é a minha pessoa, sempre foi você. Eu estava me enganando enquanto tentava manter algo com a Catherine porque tudo o que eu realmente queria era você, mas eu tinha medo de você não me querer.

– Como alguém pode não querer você? – sussurrou a mais nova com uma expressão surpresa, mas feliz.

Emma sorriu e se inclinou para beijar outra vez os lábios macios de Nicole. No instante em que provou pela primeira vez os lábios da menor soube com toda a certeza do mundo que era com ela que queria estar. Quando os lábios se separaram a loira encarou a menor com seriedade.

– Eu nunca tive um namoro com a Catherine, mas hoje terminamos qualquer tipo de relação que tivemos ou poderíamos ter além de amizade – ela contou encarnado os olhos castanhos – Eu gosto de você. Eu estou apaixonada por você, Nicole. E, apesar de eu ter demorado todos esses meses, eu me dei conta de que é com você que eu quero realmente estar. Mas eu não quero nem vou forçar um relacionamento entre a gente. Eu quero estar com você, mas preciso saber o que você também quer para…

– Eu quero estar com você – Nicole falou interrompendo o discurso de Emma e segurando o rosto da mais velha enquanto a encarava com seriedade e sinceridade – Eu quero estar com você. Eu, provavelmente, estou apaixonada por você desde o primeiro dia em que te vi lá nos fundos da livraria. Eu não sei nem dizer quando começou porque chegou um dia e eu me dei conta de que sentia ciúmes de você. De que sentia saudade. De que sentia sua falta. De que sentia inveja da Cathe por poder estar do seu lado. Mas eu não disse nada porque…bom – ela fez uma pausa e olhou para baixo antes de terminar – Eu sou só eu e nunca imaginei que você pudesse ser algo mais que minha amiga.

Emma sorriu. Pela primeira vez desde que sua mãe morreu ela experimentou o sentimento de paz. Naquele momento ela sentia que estava no lugar certo com a pessoa certa e soube que qualquer lugar seria o certo se ela tivesse Nicole do lado dela. Com um toque no queixo da menor a loira fez com que a mais nova erguesse outra vez os olhos castanhos.

– Nic – ela sussurrou jogando os braços em volta do pescoço da menor, mas sem deixar de encará-la nos olhos – Quer ser minha namorada?

O sim veio em forma de beijo e o resto do dia foi passado entre carinhos. Achavam que poderia haver desconforto quando, na manhã do dia seguinte, elas apareceram para trabalhar e encontraram Anton e Catherine. Mas a mais velha apenas sorriu vendo as mãos juntas com os dedos entrelaçados e disse que já era hora das duas serem felizes. Anton ficou inconformado de não ser o primeiro a saber e dedicou o resto da semana a rir da cara de boba que Nicole fazia toda vez que trocava um sorriso com Emma.

Um tempo depois a loira deu o melhor conselho que poderia dar a Catherine mandando-a parar de ser cabeça dura e ir atrás da sua pessoa, não importando onde tivesse de ir. E ela foi.

As duas continuaram trabalhando na livraria. Emma voltou ao curso técnico e, no ano seguinte, Nicole conseguiu entrar para a faculdade.

Elas não saberiam dizer o que seria de suas vidas depois. Tinham apenas duas certezas:

A primeira: nunca se esqueceriam do mar de capas e títulos que provocou o primeiro encontro de ambas.

A segunda: não importava o que lhes ocorresse, seriam sempre a obra mais linda uma para a outra, mesmo que os outros não entendessem suas capas e seus títulos.

FIM