As travestis Brigitte de Búzios, Camille K, Divina Valéria, Rogéria, Jane Di Castro, Fujika de Halliday, Eloína dos Leopardos e Marquesa. DIVULGAÇÃO>
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Texto: Luzagi Ágios
O filme “Divinas Divas” chega dia 22 de junho aos cinemas brasileiros, trazendo ícones da primeira geração de artistas travestis no Brasil dos anos 1960 e marcando a estreia de Leandra Leal na direção. Um dos primeiros palcos a abrigar homens vestidos de mulher foi o Teatro Rival, no Rio, dirigido por Américo Leal, avô da diretora.>
O documentário traz a intimidade, o talento e as histórias de Rogéria, Jane Di Castro, Waléria e outros travestis; uma geração que revolucionou o comportamento sexual e desafiou a moral de uma época.>
“Divinas Divas” já recebeu três prêmios como melhor filme: na categoria do voto popular no Festival do Rio, no Fest Aruanda do Audiovisual Brasileiro, de João Pessoa, e no festival South by Southwest (SXSW), nos Estados Unidos, em 18 de março.>
“Estávamos concorrendo com o mundo inteiro, com filmes de ficção e levamos essa. Nós, o único filme brasileiro, dirigido por uma mulher”, comemorou Leandra Leal, em sua página do Facebook, sobre a premiação no SXSW.>
Temos a oportunidade de assistir oito travestis que representam a história da arte performática no Brasil: Rogéria, Jane Di Castro, Divina Valéria, Camille K, Fujika de Halliday, Eloína dos Leopardos, Marquesa e Brigitte de Búzios. Todas artistas hoje com mais de 70 anos que alcançaram os 50 de carreira, personificando recordes no país sob todos os ângulos e, sobretudo, esquivando preconceitos. O documentário narra a trajetória delas que estrearam em 1964, em plena ditadura militar, cercada de temores por conta da censura e, ainda assim, o Teatro Rival abrigou por décadas espetáculos memoráveis.>
“Nem em Paris havia shows como os que fazíamos no Rival. Foi o boom das travestis no Brasil. Na ditadura, os artistas eram todos perseguidos. Nós ficávamos quietinhas, porque éramos homens vestidos de mulher, e isso é contravenção suficiente. Éramos as únicas que podiam divertir os brasileiros”, conta Rogéria, hoje com 73 anos, às portas do lançamento de sua primeira biografia, ao EL PAÍS.>
O espaço encontrado para se apresentar à noite era inversamente proporcional, no entanto, à liberdade que as travestis tinham para caminhar vestidas de mulher na rua, durante o dia. “Travesti não podia falar tudo o que pensava. Precisava baixar o tom e concordar com a sociedade. Não podia ir contra, se não virava um animal… em extinção”, narra Jane Di Castro, uma das mais célebres artistas performáticas do país.>
Assim vão surgindo os inúmeros relatos de preconceito (de gênero, sempre, e agora também de idade) e tomando forma nos bastidores do Rival as pessoas reais, sem maquiagem e sem couraças, por trás das divas do palco – blindadas em glamorosos trajes de plumas e paetês que as protegem do mundo. “Elas conseguiram reformular o preconceito que sofreram. Sabem rir de si mesmas, tiveram uma escolha altiva e muito positiva. E acham que tinham mais espaço antes, quando começaram, do que agora”, contou Leandra Leal em uma entrevista ao portal UOL.>
Num momento em que a sociedade brasileira sofre com uma onda de conservadorismo, um documentário como este não é apenas interessante, mas também importante. Importante para mostrar que mesmo na época da ditadura artistas travestis tinham mais espaço nos palcos do que hoje. Importante para mostrar o significado do artista e da arte no rompimento de barreiras e preconceitos.>
Vamos prestigiar!!>
https://www.youtube.com/watch?v=HxahJR71wJY>
Fontes:>
http://www.adorocinema.com/filmes/filme-238766/>
http://brasil.elpais.com/brasil/2016/10/18/cultura/1476795632_765137.html>