Reféns do desejo

Capítulo 7

Texto: Táttah Nascimento

Revisão: Isie Lobo e Carolina Bivard

7.

 

— Tem certeza? — Cobra questionou, desconfiado. — Não há nada além de mato aí. — Argumentou, olhando desconfiado para o capim alto na beira da estrada em que estavam.

Silvia ajustou o boné na cabeça, contendo-se para não perder a calma, o que estava se tornando uma tarefa complicada na última hora e meia. Desde que entraram nas terras do Parque, Cobra vinha questionando tudo que lhe ordenava, tornando seu trabalho mais demorado e difícil.

Não era necessário ser um grande observador, para ver que ele tentava proteger seu posto de líder e isso a irritava ainda mais.

— Meus mapas não mentem. Meu software é o melhor, que o mercado de segurança e rastreamento do país dispõe; tenho arquivos e registros de estradas que não são usadas há décadas. Este é o meu trabalho! — Soou orgulhosa e deu uma tapinha, quase carinhosa, no notebook.

A polícia sempre foi seu sonho e, assim como o pai, queria proteger as pessoas. No entanto, também tinha outra paixão: Linhas de código. Antes de deixar a polícia, já desenvolvia softwares de segurança em sociedade com um ex-colega de faculdade e o negócio cresceu, quando se dedicou completamente a ele. De certo modo, o Juiz lhe fez um favor ao lhe tirar a farda.

Bianca desejava se livrar dos guarda-costas que a seguiam, dia e noite, há muito tempo. A seu pedido, Silvia desenvolveu um dispositivo de rastreamento que a moça usava o tempo todo, na forma de uma gargantilha. A ideia nunca agradou a ex-policial, mas Bianca insistiu tanto, que não teve como lhe dizer “não”. Mesmo assim, ainda tentou dissuadi-la.

 

Esses caras te protegem há anos. A ideia de se ter um guarda-costas é que ele poderá agir imediatamente ao primeiro sinal de perigo.

Passar o dia sentados no carro, não é proteger.

Muita gente odeia seu pai, Bia. Já tentaram atingi-lo através de você.

Até você odeia meu pai. Eu o amo e o odeio também! Convenhamos, ele é um bom homem, tem boas intensões, mas, também, é um cretino. Faça o que peço. Me mantenha segura da sua maneira.

 

Silvia olhou para sua própria sombra, projetada muitos metros à frente pelo farol do carro. A luz se perdia em uma curva na estrada. Fechou o notebook sobre o capô e o guardou na mochila sobre o banco do passageiro. O mostrador do relógio em seu pulso indicava que era quase meia-noite.

Quase doze horas se passaram desde o assalto e o tempo corria contra eles. Deu alguns passos, entrando no mato alto, que chegava até a sua cintura, e ouviu o farfalhar do mesmo a sua passagem. Caminhou devagar por uma dezena de metros; nas mãos, uma lanterna minúscula.

— Venha até aqui — gesticulou para Cobra, que fez uma careta em resposta. Não estava nenhum um pouco feliz por ter de obedecer às ordens daquela mulher novamente, apesar de conhecer sua competência.

Foi até ela com passos lentos e firmes, desprezando os altos e baixos do terreno. Não carregava uma lanterna, a luz dos faróis, que apontavam em outra direção, e do luar, eram suficientes para que enxergasse o caminho. Juntos, andaram por mais alguns metros até que ela parou e apagou a lanterna, enquanto falava. Pronunciava as palavras devagar e baixo, para que os outros homens no carro não ouvissem.

— O meu trabalho é cuidar dos bens das pessoas e sou muito boa no que faço. Trabalhei duro para isso. — Guardou a lanterna no bolso e mirou a lua, enquanto ele a observava, curioso. — A Dra. Bianca é o bem mais valioso do nosso “amigo” e, devo acrescentar, meu também. Crescemos, rimos, choramos, amamos e odiamos juntas. É muito especial para mim e, sob nenhuma circunstância, cometeria um erro que lhe custasse a vida. Você entende isso?

Cobra inclinou a cabeça e fez um barulhinho com a garganta, afirmando.

— Ótimo! — Lhe estendeu a mão e ele a envolveu com a sua, duas vezes maior, então foi arremessado no chão.

Silvia pressionava os joelhos em suas costas, enquanto puxava seus cabelos, forçando a cabeça dele para trás, expondo a garganta onde pressionou sua pistola, enterrando o cano nela.

— Não estou de volta a esta equipe, não me interessa liderá-los outra vez. Quando esta noite chegar ao fim, e, Bianca estiver bem, farei questão de esquecê-la e, garanto, não voltaremos a nos ver. Mas, se algo acontecer com a minha amiga, porque você está com ciuminho por ter perdido, momentaneamente, seu lugar como líder, irei caçá-lo como um animal e arrancarei sua pele centímetro por centímetro, até que me implore pela morte.

Cobra arfou e gemeu, dolorosamente.

— Então, esta noite, eu mando e você obedece. — Puxou sua cabeça um pouco mais e ele respondeu afirmativamente com uma mistura de grito e gemido.

Silvia ainda demorou um minuto, segurando-o naquela posição dolorosa, enquanto se acalmava, recuperando a frieza. O miliciano se pôs de pé, massageando o pescoço, tentava enxergar a expressão no rosto dela, mas a pouca luz não lhe permitia ver mais que o contorno do seu corpo.

— Sou o menor dos seus problemas — ela continuou. — Hoje, você está em uma posição privilegiada, mas não se engane. Se sair da linha, “ele” vai tirá-lo do caminho sem pestanejar, assim como fez comigo.

O companheiro pensou em lhe perguntar o que tinha acontecido, mas considerou ser mais sábio deixar a curiosidade de lado.

— Nós fazemos algo bom — argumentou.

— Matar nunca é bom. Algumas pessoas, pessoas muito más, merecem essa punição e é por isso que este grupo existe. Mas, outra vez, não se engane, puni-los com a morte não nos torna muito diferentes dos monstros que caçamos.

Sua voz tinha um tom quase fantasmagórico e Cobra, involuntariamente, engoliu em seco. Tentou eliminar a tensão fazendo uma piada, mas Silvia voltou a acender a lanterna e apontou para alguns metros adiante, deixando que visse duas fileiras de mato esmagado, que desapareciam mata adentro.

— Nossos fugitivos vieram por aqui.

 

***

 

— Isso é uma péssima ideia.

— Você não achou ruim, mais cedo — Rebeca reclamou e saltou do carro.

Estavam diante da delegacia, onde uma dupla de policiais conversava, descontraída, enquanto fumavam. Ela fechou a porta, endireitando sua postura e soltou os cabelos, em um gesto nervoso.

— Naquela hora, me pareceu uma boa ideia. Agora, me parece estupidez! Não quer mesmo que eu entre contigo?

Beca se curvou e enfiou a cabeça na janela.

— Acabou de dizer que é estupidez — queixou-se ela.

— Nunca fui muito esperto — sorriu, charmoso.

— Vá fazer o que sua irmã pediu. Resolvo meus próprios problemas.

O rapaz inclinou a cabeça assentindo e ela se afastou com passos firmes. Estava decidida. Quando alcançou o interior da delegacia, antes da porta se fechar às suas costas, Rodrigo estava ao seu lado com um sorriso largo e despreocupado.

— Acho que você esqueceu que somos uma família e família resolve os problemas unida.

 

***

 

Drica sorriu, irônica, e provocou Bianca.

— Sério? Vai tentar me estrangular com um beijo de novo?

Venceu a distância que as separa com dois passos largos e parou diante dela, com um sorriso, agora, provocante, e olhos que a devoravam como se fosse uma fera a espreitar sua presa e a moça estranhou sua mudança repentina de postura. Quis recuar, incomodada com sua proximidade, mas não se moveu e resolveu entrar no jogo.

— Você adoraria isso, não é mesmo?

O sorriso de Adriana se alargou.

— Você tem muito o que aprender, mas minha época de professora já passou, Gata Ninja.

— Não me chame assim!

Drica gargalhou e se afastou, retornando para o seu lugar junto à parede. Estava descobrindo um estranho prazer em vê-la zangada.

— Não tem nada que possa me ensinar ou que me interesse aprender com você.

— Nunca se sabe. Tenho muitos truques debaixo das mangas — piscou, maliciosa.

Durante alguns minutos, o silêncio falou por elas. Olhavam-se intensamente por alguns instantes, noutros, fugiam dos pensamentos que lhes assaltavam. Pensamentos que envolviam uma mistura de desejo e ódio.

— Você não faz ideia de com quem mexeu — Bianca quebrou o silêncio. — Pessoas virão atrás de mim…

— A polícia não…

— Não estou falando da polícia. Pelo menos, não a polícia que você conhece. Essas pessoas gostam de sangue e, quando chegarem, não irão perguntar se você lavou meus pés, se fez curativos ou se me ecou até a inconsciência — recostou-se a uma parede, seguindo o exemplo dela. — Nada disso interessa. A única coisa que importa é matar quem está com a arma e é você quem a tem.

A bandida franziu o cenho.

— Está quase me assustando — riu. — Não precisa inventar histórias. Já disse, amanhã você estará em casa.

Bianca deu de ombros, percebendo que ela não acreditaria e resolveu deixar o assunto de lado. Não lhe agradava o que iria acontecer, mas não podia impedir. Estranhamente, a ideia de que alguém tão bela, apesar de mau caráter, ser assassinada lhe incomodou muito mais do que quando lia as notícias sobre crimes creditados a milicianos. Sempre se perguntava se havia dedo de seu pai nisso e temia o dia em que a verdade viesse à tona e Silvia e Ricardo fossem soterrados pela lama que escavaram.

— É mesmo uma pena — Dessa vez, foi Drica que quebrou o silêncio, observava a lua da janela entreaberta. Estava recostada de lado, na parede, de forma a manter a refém no seu campo visual.

A moça, por sua vez, andava pelo local, observando cada detalhe com interesse, embora não tivesse muito o que se ver. Sobre a mesa, repousavam duas mochilas. A primeira era aquela, da qual, Adriana retirou as roupas e, pelo pouco volume que restava, se encontrava quase vazia. A segunda, estava cheia de dinheiro, uma pequena parte da quantia que roubaram, pois o restante foi levado pelo resto do bando.

— O que é uma pena? — Bianca se voltou para ela. — Você me sequestrar? Quase me matar?

— Sim — coçou o queixo e afastou um mosquito que rondava sua cabeça. — É uma pena que tenhamos nos conhecido assim.

— Por quê?

— Porque você é exatamente o tipo de mulher que me instiga — resolveu admitir o que tinha negado para Rebeca e riu.

Não dava mais para fingir que nada sentia quando a olhava. Durante aqueles minutos de silêncio, remoeu o fato, achando-o engraçado, pois nunca se sentiu tão atraída por alguém em tão pouco tempo.

— Seria um desafio e tanto — completou.

Bianca tentou fingir que aquilo não lhe agradou e surpreendeu-se ao se esforçar para não sorrir.

— Está se dando muita importância. Garanto que não teria a menor chance comigo.

Drica riu mais alto.

— Sério?

Em resposta, ela lhe sorriu e balançou os ombros. Os cabelos negros, movimentando-se também, dando-lhe um ar sexy e, ao mesmo tempo, juvenil.

— Isso só tornaria as coisas mais interessantes. De qualquer forma, foi você que me beijou mais cedo.

— Apenas para provar uma teoria — replicou, enfiando as mãos nos bolsos traseiros da bermuda.

Outra vez, Drica caminhou em sua direção. Contudo, ia devagar, com passos lentos, como os de um felino, e um sorriso que vagava entre malvado e provocante.

— Quer saber? Eu acho que você gostou da prova. — Chegou mais perto.

Bianca se empertigou e obrigou-se a não recuar.

— Já beijei melhores.

Não era do seu feitio fugir de uma provocação, mesmo que aquela mulher lhe fizesse desejar isso.

— Aquilo não foi um beijo de verdade, ninjinha.

— Já disse para não me chamar ass…

Em um movimento rápido, Drica a puxou para perto, colando seus corpos. Sustentou o olhar dela e tomou sua mão, escorregando-a até a arma em sua cintura. Um jogo perigoso, mas pretendia continua-lo.

Bianca sentiu o frio do metal ao alcance de suas mãos, mas estava mais preocupada com o calor do corpo grudado ao seu.

— O que pensa que está fazendo?

Seus lábios estavam tão próximos, que um arrepio percorreu a coluna de Bianca ao sentir o hálito dela massagear sua face. Drica não tinha certeza do que estava fazendo, mas queria fazer, então a beijou.

Empurrou-a contra a mesa, fazendo-a cativa de seus braços e apertou-se a ela com tanta força que temeu machucá-la. Sua mente dizia para soltá-la, mas seu corpo desobedecia, puxando-a para mais perto.

Bianca pensou em resistir, mas foi um pensamento tão fraco que sequer lembrava dele no segundo seguinte. Envolveu o pescoço de Adriana e deixou que ela explorasse sua boca. E ela a beijava com tanto ardor que desejou ir além daquele gesto e conhecer o “tudo” que aqueles lábios e corpo poderiam oferecer. Mas, assim como começou, o beijo findou e ela se afastou deixando-a ofegante e desejosa de mais.

Os olhos da criminosa brilhavam ainda mais impressionantes sob a luz amarelada que vinha do lampião. Drica sorriu, arrogante.

— Isso foi um beijo de verdade e é assim que se rouba o ar de uma mulher.

 

***

 

Silvia guardou a lanterna. A trilha no mato havia acabado. Agora, estavam na beira de uma estradinha de terra, ladeada por mata densa. Abriu o notebook e verificou as coordenadas, deixando que os companheiros vissem um sorrisinho vitorioso, antes que voltasse a fechá-lo.

— A partir daqui vamos a pé. Nosso alvo está próximo.

 

***

 

Um quarto de hora se passou, enquanto Bianca remoía sua raiva daquela criminosa de beleza impressionante e sorriso arrogante. Mas, não era somente dela que sentia raiva. Estava duplamente furiosa consigo mesma por ter permitido que a beijasse e por se entregar aquele beijo tão facilmente, desejando que fossem além disso.

Por sua vez, Adriana torcia para que as horas passassem rapidamente, sentindo-se terrivelmente culpada por estar se rendendo a beleza daquela refém, enquanto a filha definhava na cama de um hospital. Estava tão arrependida pelo beijo, que quase sentia uma dor física.

Bianca deu alguns passos em direção a mesa. A mochila com o dinheiro estava aberta e ela puxou um maço de notas. Deslizou os dedos sobre o papel e as marcas de segurança, olhando de relance para a arma na cintura de Adriana. Teve a oportunidade de pegá-la, mas não o fez. No fundo, estava curiosa para ver o desenrolar daquela estranha aventura. Além disso, seria estupidez tentar fugir novamente, já que estavam em local isolado do qual não tinha nenhum conhecimento e isso quase lhe custou a vida naquela tarde. Então decidiu que o melhor a se fazer, era parar de arriscar-se e esperar por Silvia.

— Você não tem medo da polícia. Afirma que vai me soltar, então por que tudo isso? Aventura? — Questionou, curiosa. Não era incomum. Em seus anos na promotoria, conheceu muitos réus que entraram na criminalidade ansiando por um pouco de emoção.

Drica despertou do torpor, ao qual tinha se entregado e encolheu os ombros, reconhecendo para si mesma que até achou emocionante cometer aquele crime, mas foi algo momentâneo.

— Irei libertá-la assim que entregar o dinheiro. É a verdade. Depois, que venha a polícia, não importa.

— Que tipo de criminosa é você? Por que tudo isso? — Tornou a repetir a pergunta.

Adriana suspirou, então puxou o celular do bolso. Segurava o aparelho, distraída, como se estivesse em dúvida sobre o que fazer.

— Você tem filhos, Bianca?

A surpresa no olhar dela deu-lhe a resposta.

— Não, você não me parece ser mãe. Tenho certeza de que eu também não — sorriu. — Mas eu sou.

 

 

***

 

Silvia ajustou os binóculos de visão noturna e observou o casebre com atenção. Os rastros do carro acabavam ali, mas não havia nenhum veículo à vista. O local parecia abandonado, não fosse pelos restos, ainda incandescentes, de uma fogueira e a luz que vinha do interior da construção.

Ao seu lado, palito roía as unhas, ansioso pela ação.

— São eles mesmo? — Ele perguntou em um sussurro.

Trinta metros adiante, Cobra tinha uma visão privilegiada do interior do casebre.

Alvo confirmado — disse no rádio.

 

***

 

Bianca sentou na cadeira com o semblante carregado.

— Espera mesmo que eu acredite nessa história?

A assaltante sorriu, e o gesto foi quase doloroso. Não tinha mais o charme de minutos antes, nem a vontade de sê-lo. Era apenas uma mulher cansada em busca de um milagre. Tinha acabado de contar os motivos que a levaram a cometer um crime e aquelas palavras lhe soaram mais amargas do qu imaginou.

— Não — foi sincera. — Não espero compreensão, nem piedade ou simpatia de sua parte.

— Então, por que me contou?

— Achei que lhe devia a verdade, após ter lhe arrastado para isso — fez um gesto que abrangeu tudo à sua volta.

A morena cruzou as pernas e uniu as mãos sobre o colo. Era informação demais e não queria deixar de enxergar aquela mulher como uma simples bandida cuja a única coisa que importava era o dinheiro.

— Não acredito — disse, por fim. Ficou de pé, sentindo os pés latejarem, foi até ela e pegou o celular que lhe oferecia.

No visor, uma garotinha de olhos verdes e grandes sorria no colo de Adriana. Os cabelos eram curtos, quase raspados. Uma máscara hospitalar estava pendurada em seu pescoço e uma mangueira de soro estava conectada ao seu braço.

— É seu direito não acreditar, mas desde que ela fique bem, o resto não importa — tomou o celular e voltou a enfiá-lo no bolso, mas Bianca ainda se recusava a acreditar, a enxerga-la como algo mais que uma bela criminosa, então bateu palmas e sorriu com cinismo.

— Parabéns! É uma história e tanto. Deveria vender o roteiro para Hollywood.

Drica engoliu em seco. Esperava que ela não acreditasse, mas não imaginava que escarneceria do seu drama.

— Achava mesmo que cairia nessa historinha? Acha que a polícia terá peninha? Nada me garante que isso tudo é verdade. Nada me garante que essa pirralha… — suas palavras foram interrompidas por um sonoro e doloroso tapa.

Adriana a fitava, cheia de ódio, e com olhos marejados.

— Não ouse falar da minha filha assim! — Apontou a arma para ela, com mãos trêmulas. — Não quero sua pena, não desejo sua compreensão. Como disse, achei que merecia saber a verdade. Só isso!

Outra vez, Bianca se via esfregando a face, aplacando a dor de um tapa. Observava-a com cuidado, apesar da raiva que a cegava pela punição física. A dor e a raiva que enxergava naqueles olhos quase felinos, era sincera. Sempre se orgulhou de saber julgar o caráter de alguém e, agora que Adriana havia baixado, momentaneamente, suas defesas, podia enxerga-la como era. E, aqueles olhos não mentiam, assim como não mentiram quando a ameaçou de morte naquele galpão, sabia que ela o faria se lhe desse motivos. Torcia para que não fosse aquele o momento, nem o motivo.

— Acho que já conversamos demais e já está na hora de você voltar para a cadeira — Drica apontou a arma para ela. — Vai!

 

***

 

— Quantos são? — Silvia perguntou, retirando a arma do coldre e foi imitada por Palito.

Ouviram um palavrão e um tapa, então Cobra falou algo ininteligível sobre mosquitos.

Só consigo enxergar uma mulher. Está armada e parece ameaçadora. Ela está apontando a arma para a doutora.

— Atire — Silvia ordenou.

Tem certeza?

— Mate!



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