Carmem foi recebida por uma secretária que aparentava ter uns quarenta anos. A mulher não sorriu e isto a deixou mais apreensiva.

Guiou-a por um cumprido corredor até chegarem diante de uma porta imensa e pesada.

Bateu levemente abrindo-a em seguida, anunciando num tom impessoal:

– A Senhorita Carmem Santiago acaba de chegar.

Os passos que Carmem deu para dentro daquela sala escura foram incertos. Olhou em volta etada. Viu uma estante de livros que ocupava toda uma parede. Havia imensas janelas, todas com cortinas fechadas de maneira que não entrava nenhuma luz no ambiente.

Sentiu o cheiro de cigarro no ar. Estava parada sem conseguir dar um único passo. Suas pernas tremiam descontroladamente. Nunca em toda a sua vida sentiu tanto medo. Olhou para frente onde viu uma mesa e por detrás dela o que parecia ser o vulto de uma pessoa.

Seria ela? Por que estava tudo tão escuro? Notou neste instante que havia uma luz acesa. Tinha umas vinte cadeiras ao redor da mesa. A luz vinha de um lustre bem no centro, sobre a mesa, mas que não iluminava nada. De que servia um lustre que não iluminava coisa alguma?

Levou a mão ao peito respirando com dificuldade. Teria alguém mais naquela sala? A pessoa sentada imóvel na cadeira seria Marcela Alvarez?

Mil pensamentos a invadiam quando uma voz masculina soou chamando sua atenção.

– Senhorita Santiago? Aproxime-se, por favor!

Voltou-se na direção da voz, vendo um homem de terno surgindo diante dela.

– Boa tarde! Pensei que iria falar com a Senhorita Marcela Alvarez.

– Boa tarde! Primeiro vai falar comigo.

Explicou apontando uma cadeira onde ela sentou.

– Muito bem, estou às suas ordens.

Carmem olhou em volta perturbada. Viu que havia mesmo alguém sentado atrás da mesa.

A brasa de um cigarro brilhou no escuro desfazendo suas dúvidas.

Voltou os olhos para o homem. Ele, parecendo entender sua confusão esclareceu num tom profissional.

– Meu nome é Rodolfo Santos e sou advogado da senhorita Marcela Alvarez. Agora queira explicar a razão de ter solicitado essa reunião, porque segundo sei, o seu pai foi informado da situação e sequer dignou-se a enviar seu advogado.

Carmem respirou profundamente fitando o homem que a encarava estático.

– O senhor está informado dos negócios do meu pai com o falecido Sr. Alvarez e também deve saber que meu pai encontra-se num hospital, pois foi acometido de um infarto, além de ter tido outras complicações no seu estado de saúde.

– Estou informado de tudo isto.

– Sim, é claro que está.

Ela concordou apertando a bolsa no colo.

– Assumi a empresa e estou lutando para salvá-la de um desastre ainda maior. Encontrei entre os papéis do meu pai anotações que provam que ele contraiu uma grande dívida com o Sr. Alvarez. Devia ter vindo antes, mas não foi fácil conseguir marcar essa reunião. Desejo saber o valor da dívida para discutirmos as melhores condições de saldá-la.  

O advogado abriu um livro anunciando o valor da dívida.

Assim que ouviu o montante Carmem agarrou a bolsa junto ao corpo com mais força arregalando os olhos, completamente abismada.

– O Senhor deve estar brincando!

– Infelizmente não estou e muito menos brincaria com algo tão sério.

– Mas… Isto é impossível…

– Seu pai tomou dinheiro emprestado durante dez anos. Imaginamos que por amizade estes empréstimos continuaram sendo concedidos. Seu pai pelo que parece, nunca teve condições de saldá-los. Sua empresa está para abrir falência. A situação é insustentável. Deve funcionários, bancos e seguradoras. As ações trabalhistas continuam se avolumando. Se entregasse sua casa, a empresa e todos os seus bens, nem assim saldaria dez por cento do valor. Devo informá-la que tenho em minhas mãos uma ação que deverá ser encaminhada para a justiça. Estou apenas aguardando o parecer da Senhorita Alvarez. Ela quer solucionar essa questão o mais breve possível.

– Oh, por favor! Faz semanas que tento marcar uma hora para tratar deste assunto com a senhorita Alvarez. Pensei até que nem conseguiria ser recebida…

– A senhorita Alvarez tem uma agenda extensa para cumprir.

– Lógico, eu faço ideia. 

Interrompeu-o desesperada.

– Eu vivia fora do país onde me formei em administração de empresas. Meu único desejo sempre foi cuidar dos negócios da minha família. Para falar a verdade nunca soubemos como a empresa chegou a esta situação desastrosa. Precisa saber que desde que assumi a produção foi reaquecida e tenho conseguido manter as portas abertas. Estou planejando uma reestruturação completa e pretendo…

– Senhorita?

Ele a interrompeu erguendo a mão no ar demonstrando impaciência. Ainda sim, naquele escuro Carmem não pode perceber muito bem seu gesto.

– Como lhe disse, o seu pai foi informado da ação judicial e não nos procurou como supúnhamos que o faria.

– Não sei como explicar, o meu pai andava muito nervoso e estranho segundo a minha mãe relatou-me. Agora entendo a razão. Peço desculpas pela atitude dele. O Senhor há de convir que…

– Não estou aqui para convir nada.

Declarou erguendo-se neste instante.

– Por favor…

– Desculpas não pagam dívidas, Senhorita!

Lembrou categoricamente.

– Sei disto, por isto estou aqui. O Senhor não pode ser tão frio, eu estou tentando encontrar uma maneira de saldar…

– Não tem como pagar a dívida, portanto, terá que resolver na justiça! O departamento jurídico já prorrogou demais e agora ações serão tomadas!

– Mas…

– Como já disse, não temos mais nada para discutir!

– Só lhe peço que fale com a Senhorita Alvarez da minha presteza. Lutei especializando-me para cuidar da empresa. Perdê-la seria certamente o fim dos meus esforços, dos meus sonhos, dos planos de uma vida. Estou disposta a saldar até o último centavo desta dívida, porém, necessito de tempo.

– Em sua situação não posso imaginar como! E tempo, tempo vale dinheiro. O que o seu pai mais teve, foi tempo.

– O trabalho não me assusta. Se puder trabalhar sem pressões, garanto que num prazo de dois anos reorganizo a empresa. Fale com ela em meu nome, por favor!

O homem a observou por alguns instantes. Em seguida recolheu a pasta dizendo franco:

– A Senhorita é uma sonhadora!

– Não! Sou uma lutadora! Se puder provar eu provarei o meu valor.

Ele a fitou parecendo surpreso percebendo sua força de vontade. Depois lançou um olhar na direção da porta falando num tom menos impessoal.

– Vou transmitir o seu pedido. Darei uma resposta assim que for possível. Passe bem!

Concluiu estendendo a mão para Carmem.

– Que as suas palavras sejam benditas. Serei eternamente grata por sua ajuda. Até logo!

Assim que a porta se fechou, ele voltou-se para Marcela Alvarez.

– O que devo fazer? Vai dar o que tempo que ela solicitou?

Perguntou esperando impassível.

O silêncio que se seguiu foi muito longo. Até que Marcela respondeu num tom muito tranquilo.

– Vou pensar sobre o assunto. Pode se retirar agora, obrigada!

Marcela Alvarez girou a cadeira erguendo-se lentamente. Carmem Santiago! Um sorriso surgiu em seus lábios. Como ansiou por aquele momento. Desde a noite em que estava jantando sozinha naquele restaurante, no momento em que seus olhos cruzaram com os dela sentiu como se algo explodisse dentro do seu peito. Tinham flertado por mais de duas horas. Houve um momento em que a mãe pediu para irem embora ela a convenceu a tomar mais uma taça de vinho. Percebeu que quis ficar mais tempo para continuar olhando-a. Quando pagou a conta seguindo para a porta, parou voltando-se para lhe dar um último olhar. Aquele olhar foi um convite. Não teve como fazer nada naquela ocasião, mas agora chegará a hora de realizar aquele desejo. 

Carmem era realmente bonita. Possuía um porte impecável aliado a uma elegância insólita. Não a desejava apenas pela beleza. Não sabia explicar a razão, o sentido do querer era um mistério. Não fazia questão de entender como se fosse uma matéria escolar, não iria fazer uma prova. Diferente disto, iria degustar Carmem Santiago. Queria lamber lhe o corpo todo. Iria gozar em sua boca, como a faria beber seu gozo. Ah, só de imaginar que viveria momentos com ela já sentia o corpo latejando, a vagina inundando completamente louca para sentir o toque dela. O desejo de colar seus corpos, de esfregar-se nela faminta para possuí-la… Aqueles pensamentos a deixavam frenética. Parecia uma loucura, exatamente como se tivesse ficado louca por causa dela. Sentia-se mais confiante sabendo que Carmem não conhecia seu rosto. Aquilo faria com que pensasse mais nela. O mistério era uma tentação, por que não seria para ela? Nunca antes amou tanto ter poder como naquele momento. 

Não desde que colocou os olhos nela não conseguia pensar em outra coisa. Nunca ansiou tanto como ansiou para vê-la sentada na sua frente. Sabia que ela viria desde o dia que descobriu que regressou para cuidar da empresa do pai. Parecia ser muito inteligente e esperta, mas era inexperiente no mundo dos negócios. Que certeza poderia ter de que iria realmente reerguer a empresa falida? Poderia falhar causando um prejuízo desastroso. Poderia dar um jeito também naquela situação, lógico, tudo era uma questão de conduzir bem as coisas.

Deixou escapar um suspiro lembrando-se do corpo tentador, do som da voz… O desejo louco que sentia renasceu dominando seu corpo. Já que iria se arriscar queria ganhar algo em troca. Receber prazer lhe parecia uma ótima compensação. Quem poderia condená-la? Afinal na vida não se conseguia nada de graça. Nada caia do céu, não no mundo dos negócios.

Carmem viveu a pior noite da sua vida. Teve pesadelos horríveis. Quando acordou estava toda banhada em suor. Pulou da cama rapidamente. Teria por fim a resposta de Marcela Alvarez.

Desceu para tomar o café da manhã pronta para sair.

– Bom dia, filha! Dormiu bem?

– Bom dia, mãe! Não muito bem, mas hoje acredito que terei a resposta de Marcela Alvarez.

– Aquela mulher, meu Deus, não tem coração!

– Isto é o que nós vamos ver. De qualquer forma não a conheço e muito menos a senhora.

– Muito menos quero conhecer! Não se engane Carmem, este valor que devemos não é nada para Marcela Alvarez. Faz ideia da fortuna que ela possui?

– Isto não me interessa mãe! Tenho que pagar! Não pretendo ser processada e muito menos perder tudo, isto sim seria o fim.

– Sim, claro. Nisto concordo com você.

Carmem serviu café na xícara sorvendo-o com um ar pensativo.

– Não sei mais o que fazer. Todo o dinheiro que tinha guardado eu usei para cobrir as despesas desta casa e do hospital. Estou a zero.

– Sinto muito que as coisas tenham chegado a este ponto, querida!

– Tudo bem, mamãe. Não quero ficar me lamentando, isto não leva a nada. Lamentações não pagam dívidas, não é mesmo? Tenho que ir agora. Reze por mim.

– Vou rezar. Boa sorte!

– Obrigada! Tchau!

– Tchau!

A primeira coisa que fez foi ir ao hospital ver o pai. O quadro era o mesmo, continuava em coma. Dali correu para a empresa. Uma tristeza imensa encheu seu coração. O pai estava agonizando e não tinha um centavo para nada. No entanto, sabia que não podia entregar os pontos. Ainda possuía muita força de vontade para lutar.

Tomou o elevador subindo rápido para a sala. Ali sorriu para a secretária que se ergueu ao vê-la.

– Bom dia, Solange! Alguém me ligou?

– Bom dia! Ainda não. Teve notícias do seu pai?

– Continua na mesma. Estou aguardando uma chamada muito importante de Rodolfo Santos. Se ele ligar, avise-me, sim?

– Não se preocupe.

No entanto, foi um longo dia de espera. Anoitecia quando recebeu a tal chamada. Ficou surpresa ao ouvir as palavras curtas dele quando atendeu.

– Conversei com Marcela como solicitou.

– Sim?

– Ainda não tenho uma resposta.

– Como não?

– Ela está pensando. Ligarei quando tiver algo de concreto. Passe bem!

Colocou o fone no gancho com um suspiro de alívio. Se ela estava pensando é porque ainda restava uma esperança. Aquela agonia que passou por uma noite inteira foi em vão.

Os dias passaram sem que tivesse a resposta. Desorientada viu a semana chegando ao fim. Uma vontade imensa de ligar começava a invadi-la. Entretanto, sabia que não podia pressionar aquele advogado. A única coisa que podia fazer era continuar esperando.

Isto não era um fato que sua família entendia. Todas as noites quando entrava em casa iam logo a enchendo de perguntas sobre aquele assunto.

Por mais uma semana se viu presa naquela espera azucrinante. Começava a se perguntar se Marcela não estaria fazendo aquilo de propósito. Talvez fosse verdadeira a história de que tinha prazer em ser má. Sua cabeça era uma caldeira de perguntas e dúvidas.

No fim da terceira semana recebeu a ligação que tanto esperava do advogado.

– Deve vir hoje às dezoito horas!

– Pensei que receberia uma resposta.

Comentou surpresa questionando o advogado inconformada.

– Aconteceu alguma coisa para que eu tenha que ir até aí?

– Sua situação é bastante delicada para querer discutir decisões, não lhe parece? Marcela Alvarez é uma mulher extremamente ocupada. Não entendo porque decidiu recebê-la, isto não é comum. Enfim, é o que foi decidido por ela.

– Oh, perdão! Irei à hora marcada. Obrigada!

Às dezoito horas chegou ao último andar daquele prédio. A mesma secretária inexpressiva a conduziu completamente muda até a sala.

Carmem entrou vendo-a fechar a porta. A sala continuava escura. Novamente só pode ver a luz fraca sobre a mesa.

Olhou em volta perguntando confusa:

– Está aqui, senhor Santos?

Não obteve resposta. Para sua surpresa, bem a sua frente a chama de um isqueiro brilhou chamando sua atenção. Tentou ver a pessoa, mas apenas ouviu a voz de uma mulher soando impessoalmente.

– Sente-se!

Sentou rápido na cadeira diante dela. Tentou ver seu rosto, mas foi impossível.

Um silêncio insuportável invadiu a sala. Ela não disse mais nada. Esperou mais alguns minutos pacientemente. Forçou um sorriso confuso perguntando num tom suave:

– Por acaso é Marcela Alvarez?

– Esperava outra pessoa?

– Não, claro que não.

– Está nervosa?

– Um pouco, não sabia o que esperar. Seu advogado deve ter explicado minha situação. Estou ansiosa por sua resposta. Dependo dela para tomar certas medidas na empresa. Por acaso, já tem uma resposta para me dar?

Viu a brasa do cigarro brilhando enquanto ela fumava. Não falava nada. Não sabia se a estava olhando ou o que estava fazendo naquele silêncio odioso. Naquele ambiente escuro não podia perceber a expressão dela. Aquilo era uma grande falta de educação. Imagine conversar naquela escuridão, realmente não era normal.

– Não!

– O que foi que disse?

Perguntou sem acreditar.

– Disse que ainda não tenho uma resposta para lhe dar.

– Mas, se fui chamada aqui…

– Foi porque eu tenho uma dúvida.

– Uma dúvida.

– Sim e deve compreender que a minha dúvida é grande.

Marcela ponderou calmamente.

– Sim. Acho que compreendo que tenha uma dúvida. Não sei exatamente qual é essa dúvida, se puder me explicar, será melhor para prosseguirmos com essa conversa.

Carmem respondeu sorrindo mais nervosa do que quando chegou.

– Não me conhece e não sabe se vou conseguir reerguer a empresa. Deve estar com medo de arriscar e perder tudo. É isto não é?

– Não! Não é somente quanto a sua competência que tenho dúvidas.

– Não?

– Não!

– Então…

– Não consigo compreender o que vou ganhar com isto.

– Ora… Não parece óbvio?

Sorriu desta vez mais inquieta. Seus nervos estavam em frangalhos.

– Vai receber todo o seu dinheiro que acredita estar perdido de volta com juros.

– Depois de dois anos? Onde que isto me trás chantagens? 

– Bem…

– Por que devo esperar por tanto tempo?

– Porque não tenho como pagar agora, e, estou atolada em dívidas. Estou praticamente perdendo tudo que minha família construiu por todos estes anos. Entendeu agora?

– Entendi, mas não faço favores. Não é meu costume.

– Por favor…

– O que tem para oferecer?

– Como?

Carmem perguntou confusa.

– Não entende minhas palavras?

O tom da voz dela era o mesmo desde o início da conversa. Parecia calma e inabalável. Carmem se perguntou se havia algo mais para entender. Do que ela estaria falando? O que poderia dar se nada tinha?

– Não estou entendendo, desculpe. Tenho certeza que sabe que eu estou falida.

– Sim, eu sei. Todavia, você deve ter consciência de que é uma mulher bonita.

– No que isto implica? Minha beleza não faz com que os meus problemas desapareçam.

– Tem razão, problemas que nem são seus. Eles foram criados pelo seu pai.

– Realmente, mas sou a responsável agora que ele se encontra num hospital.

– Isto porque você quis assumir a responsabilidade!

– Desculpe, mas não é necessário que atire isto na minha cara.

– Tem razão, não tenho nada com isto. Então vamos direto ao ponto. Eu sei que você é solteira, que é lésbica, não tem namorada, nem mesmo um caso você tem. É uma mulher livre.

Chocada Carmem olhou em volta. Uma vontade imensa de fumar tomou conta dela. Não sabia o que dizer e o que pensava começava a assustá-la.

– Sendo uma mulher inteligente suponho que esteja começando a entender onde estou querendo chegar.

– Prefiro que seja mais clara, por favor!

– Estou disposta a cobrir todas as suas dívidas se aceitar ser minha amante.

Carmem sentiu como se o teto tivesse desabado sobre sua cabeça. Ergueu-se pegando a bolsa. Afastou a cadeira tropeçando no escuro. Queria pensar com clareza, mas não conseguia.

Olhou em volta sem conseguir andar.

– Acho justo ser recompensada. Você terá dinheiro para reinvestir e salvar empresa. Nada lhe será tomado. A ação que iria para a justiça será cancelada. Não terá mais preocupações com dinheiro e poderá pagar no final dos dois anos como propôs inicialmente.

A cabeça de Carmem girava enquanto ouvia as explicações. Amante? O que Marcela Alvarez estava pensando que ela era?

– Não me importo se acha que estou sendo grosseira, muito menos de que estou me aproveitando da sua triste situação. É obvio que estou me aproveitando, sou como sou! Sei que a sua condição é muito pior do que contou ao meu advogado. Não tem dinheiro para pagar o tratamento do seu pai no hospital, para investir na empresa, para pagar os encargos e muito menos para sustentar sua família. Agora se acha que está em posição de recusar ou de se indignar eu não me importo.

– Não sou uma prostituta!

Conseguiu falar profundamente ofendida.

– Não faça teatro, estou ciente de que não é! Nunca estive com prostitutas. Não aprecio sexo pago, se fosse prostituta não estaria diante de mim agora.

– E se eu não aceitar?

– Deixarei seu caso ir parar na justiça. Simplesmente lavarei as minhas mãos. A escolha é sua! Quem está implorando aqui é você.

Imaginou o que faria se perdesse tudo. Seria um sacrifício muito grande ser amante dela? Claro que seria, pensou desolada. Se recusasse o que diria aos seus? Diria que por moral preferiu perder o que ainda restava? Que não era uma vadia? Que não aceitaria pagar com seu corpo a tranquilidade sua e deles?

– Você tem um minuto para responder sim ou não. Meu tempo vale ouro!

Marcela avisou implacável.

Estremeceu diante daquela mulher. Não! Nunca tinha odiado ninguém em sua vida, mas naquele momento sentiu um ódio tremendo apertando seu peito. Engoliu em seco declarando decidida:

– Eu aceito! Aceito só por que…

– Ótimo! Não quero saber dos seus motivos! Meu advogado irá vê-la amanhã. Terá notícias minhas logo que eu suavizar a minha agenda, e acredite, ela é bem cheia por isto não imagino quando poderei contatá-la, mas o farei. Obrigada por ter vindo.

– Então ficarei a espera de notícias. Até logo.

Carmem virou nos calcanhares saindo sem acrescentar mais nada.

Marcela ficou olhando-a sair sem responder. Cumpriria sua agenda de viagens e quando retornasse Carmem Santiago seria sua.

Continua…



Notas:



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2 Respostas para Capítulo 2.

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