Amores de Sofia

24. INSANIDADE

– Eu sei que precisamos, por que não entra, quer beber alguma coisa?

– Obrigada, no momento não.  Quando você pretendia me falar sobre minha mãe ter sido a mulher que causou tudo para a sua tia?

– Marina, as coisas não são tão pragmáticas assim, eu descobri naquele dia, no churrasco na casa do Dom, fiquei perdida, como tenho ficado ultimamente, eu não queria ser abandonada também.

– Você não acha injusto esse seu pensamento?

– Acho sim, acho tanto que liguei pra você, pedi que fosse me encontrar, eu estou saindo de um relacionamento muito complicado, quase houve um envolvimento com a polícia, meu ex-noivo não foi tão gentil comigo depois que terminamos, ainda tenho feridas, saudades, medos, inseguranças.

– Eu não sou minha mãe, Sofia, não que eu culpe a minha mãe por tudo que aconteceu, talvez eu fizesse a mesma coisa para proteger você, mas eu tentaria outras formas também, não sei, nós não vivemos aquele horror, eu passei meses olhando pra você, passei meses me perguntando se ia querer me arriscar tanto em um outro relacionamento que não sabia se seria bilateral, eu tinha acabado de juntar os pedaços do meu coração, ninguém se arrisca tanto para ir embora, você deveria ter me dado pelo menos o poder da dúvida.

– Marina, eu soube que você não sabia de nada dessa história, você acharia certo eu expor sua mãe? Trazer para você apenas um lado da história, essa história machucou muita gente, ela é tão cruel que respingou em pessoas que não a vivenciaram,  ela tirou a chance de ser feliz de muita gente, inclusive a nossa pelo que eu estou vendo.

– Mais uma vez você está vendo errado, não vou desistir da gente assim, mas estou triste, chateada, com pena, do meu pai e da minha mãe, com muito ódio dos meus avôs, é muita sujeirada. Eu não desisto do que eu quero, Sofia, era o mínimo que você poderia pensar sobre mim, depois do pouco que você sabe.

– Meu bem…

Sofia se aproximou e a abraçou,  abraçou forte, cheirando aquele cabelo cheiroso com cheiro de produto francês caro, ficou com ela nos braços até ouvir um choro sentido, cheio de dor. Demorou uns cinco minutos, até que Marina se acalmou e beijou Sofia, estava com saudade da boca dela.

– Por que você não senta, eu vou pedir um jantar pra gente, nós conversamos e depois fazemos amor? Eu estou com saudades, meu bem, eu sinto a sua falta, mas eu também sinto medo, e eu já sei que você vale cada medo que eu sinto, por isso, vamos nos dar um pouco de paz, vamos conversar, me diga o que você quer comer?

Marina sorriu e a beijou de novo, adorava a boca dela, o cheiro dela, o corpo dela e ela todinha, no fundo, no fundo, era uma fraca para a sua empresária gostosa.

– Tudo bem, você me convenceu, eu queria comer carne, tem um bistrô que entrega, posso pedir para nós duas?

– Peça, vou fazer brigadeiro para a nossa sobremesa, melhor, farei palha italiana, a receita da Bené, depois que você comer essa  coisa gostosa vai querer casar comigo.

– Sofia, eu quero casar com você desde a primeira vez que a gente fez amor.

Sofia parou e ficou olhando pra ela, os olhos se encheram, definitivamente, relacionamentos femininos são diferentes, estava apaixonada e , provavelmente, amando, precisava só de coragem para falar.

– Então, me dê um crédito também, vamos parar de discutir, a gente não tem nem uma semana de namoro e parece que só nos desentendemos,  veja bem, já estou pensando em como criar aquele mini doberman que você quer, isso para mim era inimaginável, peça nosso jantar, vou fazer nossa palha e depois a gente faz amor.

Marina sorriu, lembrou de como era fazer amor com Sofia, a reação do corpo foi imediata, sentou-se no sofá e pediu o jantar, não queria beber, queria só seu amor, sentir seu cheiro, seu gosto, na verdade, a sobremesa era a própria Sofia.

O cheiro de chocolate e biscoito invadiu o apartamento, Marina foi até a cozinha olhar aquela obra-prima, aproveitou e agarrou sua futura esposa,  mordeu a parte de trás do pescoço e viu o arrepio tomar conta do corpo de Sofia. O doce ficou pronto, elas foram para o sofá esperar o jantar, só tinha tomado o café com a mãe, estava com fome, cansada mentalmente,  conversaram muito as duas, colocaram os pingos nos “is”, fizeram promessas, jantaram uma comida francesa deliciosa e terminaram agarradas no sofá vendo um filme de comédia romântica bem água com açúcar que adoravam.

E o amor começou a ser feito ali mesmo, cheio de mãos e de cheiros, mordidas e beijos longos, tão longos que arrastavam o tempo, havia uma insanidade quando os corpos das duas se tocavam, de vez em quando, Sofia lembrava da primeira vez das duas, das sensações, dos prazeres, dos afetos e dos desejos saciados e alimentados, Marina sabia tocar uma mulher, mas, principalmente, sabia tocar Sofia.

Depois do amor, as duas permaneceram no sofá, quietas e satisfeitas, com o coração transbordando, até o sono se fazer presente, e ele não pediu licença. Sofia acordou e já era madrugada alta, a televisão passava um filme qualquer, Marina estava nua, coberta pela colcha, ficou com pena de acordá-la, mas mereciam uma cama, até porque as duas iriam trabalhar na manhã seguinte.

– Meu bem!? Vamos para a nossa cama?

Marina respondeu com murmúrio,  quase no automático,  se enroscando no corpo de Sofia, mas foi delicadamente levantada e as duas terminaram a noite na cama, abraçadas,  aquecidas e amadas.

Flora teve uma noite insone, rememorar o passado, o que vinha sendo feito há quase 30 anos, estava ultrapassando o inaceitável, precisava se curar, Ida não voltaria mais, ainda não tinha se desculpado pela indelicadeza feita com Simone, precisava lidar com muitos sentimentos, e não seria justo carregar uma mulher como Simone para essa lama toda que estava impregnada na sua alma.

Além disso, as revelações de Leopoldo tinham mudado alguns parâmetros,  mas não o havia perdoado e, provavelmente, nunca o perdoaria, ainda não estava pronta. Mas, precisava se resolver, o sofrimento já tinha destruído boa parte da sua vida, estava bom, tinha consciência, mas não tinha ainda um coração para dar, ou sequer para abrir para uma outra pessoa, eram outros tempos, era uma outra pessoa, no entanto ela ainda era a mesma. Simone tinha mexido em uma parte sua que há tempos estava adormecida, precisava se permitir, mas se punia. Era o que sua terapeuta já havia lhe dito, se punia para não ser feliz.

Olhou a garrafa de vinho que tinha aberto, estava seca, era hora de ir para a cama, sozinha, mais uma vez. Resignou-se à solidão , teria uma semana cheia, contratos e reuniões,  mas fez uma anotação mental, precisava se desculpar com Simone.

O sol invadiu o quarto de Sofia, que despertou no paraíso, com seu amor francês colado em si, ficou sentindo o cheiro de Marina um bom tempo, ela parecia cansada, já que mal se mexeu, levantou-se tomou um banho , fez o mínimo de barulho possível e foi em direção à cozinha, queria levar café na cama para seu amor.

E assim o fez, preparou uma bandeja linda, e levou até a cama, somente depois acordou Marina com um cheirinho no pescoço,  ela acordou sorrindo, cheia de dengo, aliás,  Sofia adorava essa palavra, lembrou da tia, as duas fizeram juntas uma viagem ao continente africano e, lá, Sofia aprendeu algumas historicidades do idioma que tanto influenciou o nosso.

– Bom dia, meu bem, dormiu bem?

– Muito bem, faz tempo que você acordou?

– Poucos minutos, mas preparei um café meio brasileiro, porque tem pão de queijo, meio francês, porque tem croissant, também temos suco de laranja, café forte, que eu sei que vocês gosta, ovos e queijo, além dessa geleia da fazenda Cariri que Bené faz que é de comer rezando.

– Você vai me deixar mal acostumada.

Marina puxou Sofia para umas denguices, cheirou, mordeu o pescoço e ficou com ela em seus braços um tempinho, até soltá-la para tomarem café, na cama mesmo.

– Você é dengosa, Marina, sabia?

– Só com você, pra compensar o tempo que fui apaixonada por você sozinha, ainda não tive compensação suficiente para deixar de ser dengosa com você.

Sofia sorriu.

– Eu já fui a Moçambique com minha tia, nessa viagem, visitei um museu que tratava sobre a escravidão,  o início e até as influências que o povo africano trouxe consigo para o Brasil, uma dessas influências é a língua, sabia que a palavra dengo é de origem africana?

– Não sabia, significa o quê?

– Ela tem origem banto, que é da região de Moçambique, vem de um dialeto que se fala naquela região, o quicongo, há um sentido de ancestralidade nesta palavra, para eles, dengo é um pedido de aconchego em meio ao duro cotidiano. Sei que nosso começo foi duro, mas quero que daqui pra frente ele seja mais leve, eu quero muito isso. Que nós tenhamos dengo, eu e você.

Marina achou linda aquela declaração de amor, porque mesmo Sofia, talvez, não tenha tido a intenção,  mas havia sido uma declaração. Estavam indo no caminho certo.

Havia trabalho saltando por todos os lados, o lado de Flora e Simone, o lado de Marina que tinha que correr com as máquinas da feira e solicitar a instalação,  o lado de Sofia que , às quartas, o café abria mais cedo, era aquela confusão boa de estudantes, todos correram naquela manhã, Marina e Sofia despediram-se e sua francezinha foi direto para a empresa, tinha sido negligente com horário, nunca com trabalho, não era à toa que tinha conseguido uma promoção tão rápido dento da Pegasus.

Sofia chegou ao Aquarela muito feliz, leve, Carlão percebeu na mesma hora e, aquela conversa que estava sendo adiada há um certo tempo, ocorreria naquela hora , ele sabia.

– Bom dia, Carlão,  podemos ter aquela conversa agora?

– Claro, Sofia, eu estava ansioso por isso.

Os dois subiram em direção ao escritório de Sofia, ela simplesmente optou por apenas ouvir, a historia foi longa, foi aí que Sofia entendeu como seu homem de confiança tinha saído do exército,  além da sexualidade, já corria pelos bastidores o possível golpe, para conseguir a dispensa de forma honrosa, Carlão teve ajuda de um velho conhecido, um velho conhecido rico e que também era Gay, o mesmo que o tinha apresentado a Flora, um amigo em comum.

– Onde está esse famoso amigo?

– Bem, ele morreu, de AIDS, em 2000, já existiam medicamentos, mas ele não se ajudava e depois de ter perdido seu grande amor, também perdeu a vontade de viver.

– O período da ditadura, Sofia, foi um período de horror, ter recebido a missão de cuidar da sua tia também me salvou, a Dra. Flora foi muito corajosa em abandoná-la, sei que parece absurdo, mas eu nunca vi uma demonstração de amor tão grande como aquela, quando fomos apresentados, ela estava dilacerada, deve ter chorado por horas a fio, eu prometi cuidar da sua tia com a minha própria vida se fosse necessário, somente assim ela se acalmou.

– Como ela sabia que minha tia estava bem?

– Eu enviava telegramas constantemente, com assuntos aleatórios sobre rosas, se meu telegrama indicasse rosas brancas, amarelas ou azuis, tudo estava bem, rosas vermelhas eram sinal de alerta, nesses anos todos, eu enviei apesar um que retratava uma rosa vermelha, foi numa manifestação que sua tia resolveu ir pelas Diretas Já, o regime vinha perdendo força,  então, ela decidiu aparecer, sua mãe também resolveu participar, ninguém aguentava mais, mesmo assim a Dra. Flora chegou ao Brasil dois dias depois, ficou ao lado do pai, caso acontecesse alguma coisa com as duas, ele ainda era influente e continuou influente até morrer, a família ficou milionária com os contratos desse período

– Você se encontrou com ela?

– Ela pediu que nós encontrássemos e pediu que eu levasse fotos da Ida, eu sempre tirei fotografias da sua tia, devo ter levado umas 50, ela ficou com todas, e ainda deve ter todas elas pelo que conheço. Eu queria dizer que a partir do momento que passei a receber salário da sua tia, dispensei os valores da Dra., ela acabou abrindo uma poupança,  que será da sua afilhada. Não repita os mesmos erros , não deixe o amor passar, às vezes, ele só bate a nossa porta uma única vez na nossa vida.

– Carlão,  muito obrigada por tudo, por tudo que você fez para a minha tia, por ter estado com ela sempre, por nunca ter abandonado a gente, mesmo depois de tudo ter passado, eu sei que você ficou porque quis, eu agradeço.  Em relação ao amor, eu pedi a Marinha em namoro e ela aceitou, nós nos entendemos, conversamos, e eu estou realmente apaixonada, mais uma vez, você está certo.

– Eu fico muito feliz, e seus pais, você precisa conversar com eles, já pensou como vai fazer?

– Eu vou passar o feriado de ação de graças com os dois, será o lançamento da orquestra,  eu me comprometi a ir e terei que ir mesmo, além de estar com saudades, acho que essa conversa tem que ser  pessoalmente.

– Você tem razão, outra coisa, sei que esses dias foram corridos, mas você prometeu a uma criança uma ida ao cinema no domingo, isso ainda está de pé?

– Mas é claro, domingo você pode me dar minha pequena que passarei o dia com ela.

– Terei um vale dia, obrigada Deus, vou namorar.

Os dois riram e o fluxo do Aquarela começou a seguir e às 16 horas, as portas se abriram com cheiro de brownie pelo ambiente, os primeiros clientes não demoraram dois minutos para aparecer, Sofia sempre simpática recebia a todos com um sorriso e lasquinhas de brownie quente de graça, elas ficam num potinho destampado com um pegador, quem chegasse cedo conseguia, quem não, perdia a delicadeza doce do bar e da dona dele.

Sabia que Marina estava cheia de trabalho com a feira, não se veriam mais naquele dia, mas a Pegasus ficava muito próxima ao bar, resolveu mandar mensagem.

Meu bem, você tem programação para domingo?”

“Tenho sim, vou passar o domingo com minha namorada.”

“Que coisa maravilhosa, só tem um pequeno detalhe, sua namorada prometeu para a afilhada dela, que é a filha do Carlão, que elas iriam ao cinema, então, pensei de você chamar a Ella, elas têm praticamente a mesma idade, o que você acha?”

“Nem noivamos e você já quer saber se sou boa mãe, entendi. Tudo bem, você me convenceu.”

Sofia sorriu, Marina era boba mesmo e a deixava boba também.

“Ainda bem que minha namorada é inteligente. Você tem dez minutinhos? A fornada de brownie saiu agora, queria levar para você com um café, aquela Ângela está trabalhando hoje?”

“kkkkkkkkk, está aqui na minha frente, por acaso a entrega vai ser feita por você?”

“Exatamente, só pra ela saber mesmo, chego em cinco minutinhos.”

Sofia embalou alguns pedaços de brownie, fez um café espresso duplo pra Marina, colocou no copo de fidelidade do Aquarela, apenas alguns clientes o tinham, saiu em direção a Pegasus. Fazia um dia lindo, o céu estava claro, o clima agradável e Sofia foi pensando na vida, chegou e se identificou e sua entrada já tinha sido antecipadamente anunciada.

A empresa ficava no 26° andar de um prédio imponente da Paulista, Sofia estava vestida com calça de alfaiataria preta e larga, num corte muito bem feito, um cropped que escondia quase tudo também preto e um lenço caramelo no pescoço,  chamou atenção assim que chegou.

– Boa tarde, pois não?

– Boa tarde, eu vim encontrar a Marina, sou a Sofia.

– Claro, ela já está a sua espera, por favor, entre.

A sala de Marina era maior do que Sofia esperava, ela estava debruçada sobre a mesa com mapas que Sofia reconheceu assim que se aproximou, além dela, três pessoas discutiam sobre as máquinas de reciclagens e os totens interativos que a Pegasus colocaria na feira, assim que viu seu amor entrando, Marina parou e foi até ela.

– Oi, meu bem. (Deu um beijo em Sofia e a chamou para entrar.)

– Oi, boa tarde.

Sofia foi devidamente apresentada,  e com ela, o cheiro de brownie também veio, o que deixou todos muito felizes, a pausa foi feita, Marina ligou para a secretária para que ela pedisse mais café na copa e a chamou para comer o brownie também.

Todos os dez pedaços foram devorados rapidamente, depois, como Marina sabia que Sofia tinha crescido na fazenda, tirou algumas dúvidas sobre localização e fluxo da feira. As duas se despediram e combinaram de Marina ir almoçar no Aquarela amanhã.

O dia de trabalho no escritório da família Holanda havia sido duro, Dom e Flora entraram em reuniões, uma atrás da outra, quando Flora percebeu, a noite já havia caído, isso lhe dizia que Simone já tinha voltado, teria que enviar uma mensagem para falar do contrato dos cavalos, não podia pedir isso a Dom, ele não tinha nada a ver, era uma coisa pessoal, inclusive o mal estar que havia criado, mas a cabeça ainda estava insana, com mil coisas pela frente, o trabalho fluindo e a vida pessoal ruindo, como sempre.

Ligou para Sofia, queria a companhia da filha que ainda estava na empresa, não tinha problema, iria encontrá-la, ou podiam jantar? Podiam jantar ela disse, marcaram às 21 horas, no local de sempre, o bistrô francês que amavam.

Quando Marina chegou, Flora já estava sentada à mesa tão pensativa que não percebeu a presença da filha.

– Mãe!?

– Oi, meu amor, como você está?

– Processando, em processo, mas eu e Sofia nos acertamos. Estamos namorando oficialmente.

– Que coisa maravilhosa, eu estou muito feliz por vocês duas.

– Tenho que agradecer a Senhora, mexer nisso tudo não deve ter sido fácil, eu conversei com o papai.

– Eu sei, depois da conversa de vocês,  ele me procurou e despejou no meu colo uma história nada agradável também.

– Mãe,  tudo que você viveu foi muito cruel, mas a senhora está castigando a pessoa errada.

– Quem eu estou castigando?

– A senhora mesma, não ser feliz com outra mulher não trará a IDA de volta, mãe, ela morreu, infelizmente,  ninguém vai mudar isso, ninguém, nem a senhora com esse sofrimento, está na hora de seguir, continuar, ser feliz, a senhora merece.

– Eu fui pra cama com a Simone, foi tudo tão maravilhoso, que agora fico me punindo, ontem fui super grossa com ela, e ela foi e é maravilhosa, mas, depois de ontem, acho que perdi mais uma chance, depois de anos, ela foi a primeira mulher que me interessei.

– Ela é linda, inteligente, bonita, vocês formam um casal maravilhoso, tenho certeza de que tudo pode ser consertado, acho que a senhora pode se esforçar um pouco pra fazer isso, não custa tentar, outra coisa, ela vale muito a pena.

– Eu sei, vou providenciar, como faço para reservar um chalé na fazenda, gostaria de passar o final de semana lá.

– Posso pedir o número da Bené à Sofia, acho que a senhora pode ligar pra ela e reservar o chalé.

O jantar foi cheio de afeto e boa comida, Flora ficou pensativa com o que a filha disse, ela se punia desde o momento em que tinha decidido abandonar Ida, isso já durava mais de 30 anos, havia um cansaço, resolveu enviar mensagem para Bené, apesar do horário tarde, não sabia se seria respondida, mas resolveu arriscar.

“Bené, boa noite, aqui é a Flora, mãe do Dom, mil desculpas pelo horário, pensei em passar o final de semana na fazenda e gostaria de reservar um chalé, optei por falar diretamente com você. Eu agradeço.”

Flora enviou a mensagem, enquanto Marina falava com Sofia, ela ainda estava no Aquarela, a filha estava toda apaixonada e feliz, o garçom trouxe a conta, ela pagou e resolveu deixar a filha em casa, moravam perto, no mesmo bairro, era uma das coisas boas, ter a proximidade com a filha. Despediram-se e viu que a mensagem já havia sido respondida.

Boa noite, Flora, nossos chalés, devido a um leilão que estará ocorrendo na proximidade da fazenda foram todos reservados para esse final de semana, mas temos 4 quartos de hóspedes na fazenda e um deles já está separado para você, aguardamos você na sexta, será um prazer recebê-la.”

Flora leu a mensagem e sentiu um frio na barriga, achou que seria invasivo ficar na mesma casa que Simone, depois do que tinha feito, preferiu declinar e respondeu a mensagem agradecendo.

“Bené, muito obrigada pelo convite e pela gentileza, não quero ser inconveniente, mas deixarei para uma outra oportunidade, acho que seria invasivo da minha parte. Quem sabe em outra ocasião?”

“Flora, minha querida, confie em mim, será uma ótima oportunidade para você expulsar um gavião que está por aqui rondando, tenho certeza de que você entendeu o que quis dizer, outra coisa, não há nada que não possa ser consertado com um pedido de desculpas, um bom jantar e uma boa noite de amor. Simone está dando patadas para todos os lados por aqui, ela ainda não me contou detalhes, mas sei que deve ser relacionado a você, até porque todos os estandes da feira foram vendidos, meu filho disse que a expectativa é excelente, então se os problemas não estão nos negócios, provavelmente, eles estão no amor, ou seja, em você. Se permita, o quarto estará prontíssimo, apesar de imaginar que ele não será necessário, aguardamos você para o jantar na sexta. Fique bem e venha, Abraços.”

Flora leu a mensagem e pensou que Bené fosse alguma espécie de bruxa, só podia, ela conseguia ler as pessoas muita bem, decidiu ir e enfrentar a fera, a fera gostosa. Seria uma insanidade, seria, mas estava na hora de ser insana.



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