O sino dos ventos tocou de forma lenta, isso dizia à Bené que a porta fora aberta devagar, alguém sem pressa estava entrando, ouviu sorrisos, o cheiro de café invadia o lugar, assim como o de terra molhada.
O cubo de vidro que fora desenhado para contemplar toda a vista da fazenda foi muito bem pensado por uma arquiteta amiga de Luiz, Maria pensou grande e disse a Bené que ela teria o melhor lugar da região para encontros de amor, sejam eles quais fossem. O vidro seria iluminado pela natureza, as pessoas poderiam ver a chuva, poderiam ver o arco-íris e poderiam ver uns aos outros, ver o amor, os abraços de despedida, os beijos, os sorrisos de crianças, o vidro era para que as pessoas, ao tomarem o café, vissem a vida. E foi isso que Bené viu, quando observou Marina e Sofia entrando no café, com roupas limpas, sorrisos largos, braços dados e amores transbordando.
– Mas vejam quem chegou, sentem-se meninas, a mesa já está reservada.
– Muito obrigada, Bené, estamos famintas.
– Como eu nunca imaginei que existia um lugar desse tão perto de São Paulo? Estou impressionada com esse cenário, Bené, mais uma vez muito obrigada por me receber tão bem.
– Que bom que está gostando, Marina, de certa forma, a gente mal divulga o café, quando Cícero teve a ideia de abrir um café pra mim, queria algo diferente, tudo aqui é pensado, as pessoas que vêm aqui são todas conhecidas, amigos de amigos chegaram, é verdade, formamos uma rede de clientes, então a divulgação é por aqui mesmo, boca a boca, e está dando certo.
– Bené, eu queria solicitar a reserva de mais um chalé, o irmão da Marina está chegando para almoçar, ele vem com a esposa e a filhinha, que vai amar seu bolo de chocolate com coco, eles vão pernoitar, terão uma reunião com Simone.
– Pode deixar, vou pedir para tudo ser providenciado. Sentem-se , meninas, vou pedir nosso café completo.
Marina e Sofia seguiram agarradas até a mesa reservada por Bené, olharam a paisagem e suspiraram, cinco minutos depois, o café completo chegou e Marina não resistiu quando viu o primor, a delicadeza dos doces e pães e a garrafa de café personalizada com o nome das duas, precisou tirar o celular do bolso e tirar uma foto.
– Sofia, que coisa mais deliciosa, eu tenho que postar essa mesa, se você não se importar, é claro.
Sofia gargalhou, disse que tudo bem, mas que ela deixasse um espaço para um bolo de coco que estava sendo assado com calda de chocolate e que iria fazer Marina ajoelhar e agradecer a Deus.
Antes do término do café, Simone apareceu, fazendo barulho e com três pessoas, dava ordens, uma delas anotava tudinho num tablet. Simone era um mulherão em todos os aspectos, fora essa a impressão que Marina teve ao conhecê-la, acreditava que a parte dos negócios da Fazenda Cariri ficava com ela e o sobrinho Luiz, Ciço era um coração mole e um trabalhador ferrenho, foi aprendendo tudo na marra, mas a irmã mais nova tinha o vislumbre do crescimento.
– Mas vejam quem despertou quase na hora do almoço, acredito que a noite tenha sido animada, espero que a champanhe que enviei tenha sido consumida.
– Bom dia para você também , Simone. Disse Sofia com um sorriso largo.
– Muito bom dia, meninas, vejo que pediram o café completo, gastaram muita energia?
As duas gargalharam, Simone não tinha um pingo de juízo, acabou sentando à mesa com as duas que a convidaram, pediu seu café, que Deus a livrasse de tocar na garrafa de café que tinha o nome das duas, a cunhada era capaz de expulsá-la.
– Simone, tenho boas notícias, Sofia acabou convidando Dom para vir passar um dia aqui na fazenda, ele deve chegar na hora do almoço, vocês podem conversar de forma informal e marcar a reunião para a questão das patentes da feira, eu já falei com minha secretária e ela agendou uma reunião para sexta pela manhã, se estiver bom para você, é claro, e, também, acionei meu gerente de projetos e ele está preparando uma apresentação com um aplicativo que é a base que desenvolvemos na Pegasus, a partir dele, configuramos um aplicativo específico para os tipos de serviço que você desejar. Essas configurações e serviços seguem as exigências internacionais de preservação do meio ambiente, as certificações de emissão de carbono e economia circular, ou seja, podemos direcionar todas as etapas da feira de forma sustentável.
– Simone, eu queria dizer que você não está num escritório, Marina não foi contratada ainda por você para prestar este tipo de serviço, nós estamos tomando café, depois da nossa noite…. Sofia parou de falar neste exato momento, sabia que se desse detalhes eles seriam usados contra ela, Marina e Simone ficaram olhando, aguardando o que viria pela frente.
– Pode continuar com a reclamação, Sofia, vou adorar ouvir como foi a sua noite e a de Marina.
Sofia ficou vermelha, Simone era um pouco invasiva, sua tia Ida vivia dizendo isso, mas era uma invasiva ligeiramente apaixonante e sabia a medida certa da invasão, raramente alguém ficava com raiva, a medida da inconveniência era sempre conveniente.
– Tudo bem, meu amor, não há problema em apresentar os serviços da Pegasus à Simone, é apenas uma breve venda dos meus serviços, a reunião em que ela me pagará será apenas na sexta, encerramos por aqui , não é Simone?
– Não mime a Sofia, Marina, quando você perceber já estará fazendo tudo que ela quer.
Marina internalizou a mensagem, já estava fazendo tudo que ela queria, depois de sábado e do abandono no final de semana, dirigiu 80 km só para encontrá-la, bastou uma ligação, um pedido e Marina largou tudo e foi, ainda passou na farmácia, lembrou dos produtos que viu no banheiro de Sofia, levou roupa e seu coração que já estava entregue há muito tempo a uma empresária hétero, que ora a ignorava, ora a fazia derreter de amor, de prazer.
A conversa na mesa das duas estava animada, depois de trazer dois pedaços generosos do seu bolo de coco com calda de chocolate, Bené também sentou à mesa com as duas, depois chegou Luiz e Ciço que vinham da inspeção matinal da fazenda, o café se transformou numa conversa animada e cheia de afeto e comida. O tempo passou ligeiro, o sol refletia no vidro e quando deram por si, viram Dom descendo do carro com Ella correndo a tira colo com Priscila logo atrás.
Marina pediu licença e foi até a entrada do café receber sua família. Ella estava linda e feliz, Dom muito bem vestido, assim como Priscila.
– Mas veja só que lugar maravilhoso, já adorei! E esse cheiro!? Nossa, estou morrendo de fome.
Dominique já foi entrando e observando o local, imaginou o que poderia patentear por ali e qual seria a proposta de trabalho que sua irmã havia citado no telefone, ficou curioso.
A mesa do canto, que ficava ao lado da janela de vidro e madeira, estava quase toda ocupada, sabia que era ali que deveria sentar, já que viu Sofia se levantando e vindo em sua direção.
– Boa tarde, Dom, muito obrigada por ter vindo, fico feliz que tenha aceitado meu convite.
– Boa tarde, Sofia, nem conheço o local todo, mas já adorei, mas ainda estou com ressalvas em relação a você, espero que aquele problema que você citou tenha sido resolvido.
– Estamos em processo, mas não se preocupe, aquilo não se repetirá e minha ideia é me entender com Marina, sua irmã é maravilhosa.
– Eu nunca tive dúvidas sobre isso, Sofia, talvez você que não que ainda não tenha a dimensão, mas quando se trata das mulheres da minha vida, eu sempre me preocupo, você está com um pequeno crédito.
Bené se apaixonou por Ella assim que colocou a pequena no colo, sempre sonhou em ser mãe de menina, mas teve dois filhos lindos e sua filhinha acabou não vindo, esperaria as netas agora.
Ella tinha olhos de boneca, eram grandes e cheios de amor, cintilaram quando Bené trouxe uma cestinha com a melhor batata frita da região e um suculento bife de filé para a pequena, que agradeceu já que estava faminta.
Depois das devidas apresentações, da mesa posta e farta, a conversa sobre negócios foi iniciada por Simone.
– Dominique, sua irmã fez uma propaganda bastante eficaz sobre seus serviços jurídicos, sobre patentes e sobre marcas, por aqui ainda estamos entrando nesse mercado e temos algumas pendências, a pandemia acabou atrapalhando muitas coisas, mas posso explicar de uma forma mais rápida os tipos de serviços que preciso e aí você me diz o que pode ser providenciado.
Enquanto Simone, Ciço, Luiz, Dominique e Marina conversavam sobre as patentes e sobre a feira que ocorreria na Fazenda Cariri, Sofia, Bené, Priscila e Ella saíram para conhecer a fazenda em um dos carrinhos de golfes, aproveitaram e passaram no chalé que Bené tinha mandado preparar para os mais novos hóspedes.
O local estava impecável, Bené disse a Ella que ia mandar uma redinha especialmente pra ela, a menina adorou.
– Sofia, que lugar lindo!
– Eu cresci nesta fazenda, Priscila, minha tia sempre me trouxe aqui, começamos a frequentar a Cariri quando ela era bem menos do que é hoje, praticamente vimos essa fazenda crescendo passo a passo, ela não me pertence, mas eu amo este lugar como se fosse meu. Agora que já conhecem, podem vir sempre, Bené amou a Ella e todos aqui são muito amorosos, essa família é a minha própria família.
– É incrível como a terra tem poder, como ela liga as pessoas, pelo que vi, essa família é incrível, somente pessoas incríveis constroem lugares como esse, cheio de amor, de luz e que comida maravilhosa, nossa, estou até agora pensando naquele bolo de coco com calda de chocolate. Aquilo é um pecado, deus me livre morar aqui perto, não ia conseguir sair daquele café.
Depois do passeio, Priscila resolveu ficar pelo chalé, Ella estava com sono, suja, cheia de grama pelo corpo, a pequena estava adorando, mas o cansaço também gritava e quando viu a redinha que Bené mandou instalar no quarto, toda forradinha com uma manta da Fazenda Cariri, não se conteve, aliás, nem ela e nem Priscila, depois do banho quente, as duas deitaram e lá mesmo ficaram.
Sofia devolveu o carrinho de golfe na sede da gerência e recusou a carona de volta, disse que iria a pé mesmo, precisava pensar. Sofia sempre fora uma mulher que pensava muito, equilibrada, centrada, seguiu todos os caminhos que se espera que uma mulher siga, mas, quando viva, Ida sempre fazia a sobrinha desviar caminhos, burlar regras e sempre dizia: “A Felicidade não se planeja, Sofia. Se você acha que pode fazer isso, a felicidade vai bater na sua porta, esmurrar sua janela e você não vai perceber. Saia dos trilhos.” Ida tinha esse poder com a sobrinha, escrevia no seu cérebro e no seu coração, sua mãe e sua tia tinham personalidades diferentes, que se completavam, as duas sabiam dosar muito bem o que deveria ser dito ou não, essa mistura construiu Sofia.
Ligar para Marina tinha sido um rompante delicioso, prazeroso e quiçá amoroso, a gerente de TI tinha mexido muito consigo, era doce, cheirosa, culta, educada e, nas duas noites em que tinham ido para cama, Sofia havia gozado inúmeras vezes, aliás, estava começando a achar que Marina poderia lhe fazer gozar apenas lhe olhando.
Mas, entre as duas, havia Flora Holanda e todo um passado obscuro de abandono e sofrimento, sua tia nunca se recuperou do que viveu com Flora, pensar nessa situação deixava Sofia enjoada.
Caminhou durante 15 minutos, mandou mensagem para Marina dizendo que a esperaria no chalé e que estava com saudade já, pediu para que não deixasse Simone lhe sugar toda a energia, já que elas iriam precisar.
Enquanto isso, no café, a reunião estava quase no final, Dominique explicou os trâmites jurídicos de patentes, tinha que fazer uma pesquisa de nomes e registros, solicitou todos os documentos que a Fazenda Cariri tinha, eles deveriam ser levados para a reunião, pediu que Simone e Luiz fossem na quinta, antes da reunião na Pegasus para darem início aos trâmites necessários .
– Muito obrigada, Dominique. Nossa conversa foi bastante esclarecedora, pode deixar que na quinta à tarde estaremos no seu escritório com toda a papelada.
– Eu que agradeço a confiança de todos, Simone, a sua também Ciço, estou muito feliz em fazer parte deste negócio, eu nem conheço o lugar todo e já sei que voltarei aqui várias vezes. Na quinta, se não se importar, Simone, nossa reunião também será com minha sócia, que no caso é minha mãe, Flora Holanda, tudo bem?
– Claro, sem problemas! Dominique fique à vontade, tenho que resolver algumas pendências na fazenda e mais tarde nos encontramos no jantar, será um prazer ter vocês na nossa casa.
Simone saiu e pensou como seria esse encontro com Flora, já havia visto uma foto dela antiga numa coluna social, mas depois disso, a mãe de Dom havia se distanciado dos holofotes das colunas sociais, sabia que era divorciada e que tinha fincado residência definitiva no Brasil.
Quando Ida esteve na fazenda Cariri para se despedir, tiveram uma conversa a sós sobre tudo e era inevitável falar sobre Flora. Tinha sido a primeira vez que a tia de Sofia havia falado abertamente sobre esse amor com Simone, era uma despedida e, por isso, Ida achava que merecia descortinar esse passado com Simone, afinal, elas poderiam ter se casado, se Flora não tivesse impregnada na alma e no coração de Ida desde a primeira vez em que se viram, foi amor a primeira vista.
Foi a primeira coisa que Ida disse: “ Eu a amei assim que a vi, naquele corredor do colégio. Depois desse dia, nunca mais consegui pensar em mais nada.” Simone nunca tinha esquecido essa frase, a história foi contada a partir da visão de Ida, sabia que havia algo a mais, um amor desses não pode terminar assim, de repente, quem sabe agora , olhando para Flora pudesse perceber ou saber o que havia acontecido.
Simone limpou a mente, tinha muita coisa para fazer , reunir os documentos, determinar o plano de ação da feira, a fazenda produzia quase tudo, mas havia dois fornecedores que trabalhavam em conjunto, agendaria uma reunião para o dia seguinte pela manhã, queria saber o quanto de produto poderia contar.
Marina foi andando para o chalé, andando, olhando e pensando. Havia uma notificação no celular que sabia de quem era, mas ainda não queria lê-la, aliás, até hoje não sabia porque não havia bloqueado Lis Marie, era o mínimo que ela merecia.
Continuou pensando em Sofia, que rumo tomaria aquela história que estava sendo construída, aliás, era uma história?
O chalé estava silencioso e cheirava muito bem, o clima estava começando a esfriar, o vazio de barulho se fazia presente e quando viu a cama, Marina também viu Sofia dormindo de roupão, sem coberta, com meia cortina aberta, meia fechada.
Tinha lavado os cabelos, sentiu o cheiro de limpeza misturado com o cheiro de mato pelo quarto, reconheceu também o cheiro dos produtos que havia comprado, parou por dois minutos e ficou imaginando se esses momentos iriam se repetir em São Paulo, quando percebeu o som de mensagem insistente , já era tarde. Sofia acordou.
– Oi, meu bem. Faz tempo que chegou?
– Acabei de chegar, eu ia tomar um banho e deitar aí um pouquinho com você, o que me diz disso?
– Eu digo que acho isso sensacional. Tá tudo bem? Problemas no trabalho? Seu celular não para de apitar.
– Está tudo bem, esse problema pode esperar, afinal estou de folga, merecidamente de folga, vou tomar banho e volto já.
Marina saiu com um ar estranho, preocupado, Sofia notou, a gerente de TI era transparente, será que ela havia ligado alguma coisa entre Ida e Flora? Impossível, Sofia acreditava que Marina sequer sabia da história da mãe, muito menos que ela podia ser verdadeiramente gay.
Sofia continuava deitada sobre a cama, pensativa agora, queria verdadeiramente se entender com Marina, se antes estava com dúvidas, depois de ontem e da noite que tiveram, o coração estava transbordando, cheio de medo, de receio, não queria que nada estragasse aquele momento e os que estavam por vir.
O chuveiro ligado afirmava que o banho não tinha sido finalizado, Sofia pegou o celular e mandou mensagem para os pais, disse que amanhã ligava sem falta e que ainda estava na Fazenda Cariri, tinha tirado esses dois dias para descansar e ficar com a família de Ciço.
Quando Marina saiu do banho, encontrou Sofia na cama pensativa e com um ar de preocupação, olhando para a janela, com um olhar distante, tão distante que não percebeu quando ela sentou na cama.
– Oi, meu bem!
– Aconteceu alguma coisa, Sofia? Você está distante, é o mesmo problema de sábado? Posso ajudar você com alguma coisa? Sou ótima em resolver problemas que, aparentemente, são difíceis de serem resolvidos.
Sofia sorriu e tirou o roupão de Marina e a agarrou, fazer amor com uma mulher tinha se mostrado infinitas vezes melhor do que os parceiros os quais já tinha tido, o encaixe era perfeito, o cheiro era perfeito, a pele, o toque no local exato, na tensão exata, fazer amor naquele momento lembraria a Sofia que Marina mais do que valia a pena.
E o amor foi lento, enquanto a noite caía, enquanto os corpos se encontravam e os cheiros se misturavam, enquanto as bocas se tocavam, enquanto as almas se abraçavam, enquanto o prazer ia chegando, tremendo, escorrendo. Escorreu na boca de Marina e as pernas quiseram se fechar e Marina não deixou, segurou, impediu, até o prazer de Sofia duplicar e ela suspirar.
A noite chegou e com ela os prazeres das duas, depois do amor, um silêncio tranquilo que foi interrompido, Sofia levantou completamente nua e foi pegar a garrafa de champanhe que Simone tinha deixado para as duas e que ainda não tinha sido bebida.
Marina permaneceu deitada na cama vendo e admirando, durante meses imaginou aquela cena, sabia que não se decepcionaria com Sofia, sabia que era linda, sabia que precisava quebrar algumas barreiras e também sentia que a empresária ainda escondia dúvidas, mas estava ali, nua, com uma garrafa de champanhe francesa dada por outra mulher linda, num local lindo depois de terem feito amor, então, por hora, o que tinha vivido estava mais do que bom.
Resolveram tomar banho juntas, cheias de carinho, de alguns planos, de cheiros, Sofia roubou uma blusa de Marina para vestir, arrancou um sorriso da gerente de TI, roubou e ficou linda com ela, toda de preto, com os cabelos castanhos soltos, lavados, brilhantes e com um cheiro de shampoo e de limpeza que exalava amor e cheiro de paixão.
Saíram lindas, arrumadas e resolveram ir andando até a casa grande, passariam no chalé de Dom para irem todos juntos, também carregaram a garrafa e duas taças.
– Mas vejam quem porta uma garrafa de mim mesmo? Todas riram. As meninas estavam com uma garrafa de Dom Perrignon, uma das bebidas mais conhecidas do mundo.
– Sofia, por acaso, você sabe como a champanhe foi inventada? Dom perguntou cheio de graça, sabia que Marina sabia, Sofia deveria saber também, já que tinha um bar e não era qualquer bar.
– Gostaria de ouvir sua explicação, Dom.
– Já que as mulheres da minha vida insistem, vamos, farei esse esforço hercúleo:
“ A primeira coisa que as senhoritas precisam saber , e você também Ella, é que uma bebida só pode receber esse nome se ela for produzida numa região específica da França, chamada Champagne. Quem descobriu essa bebida foi um monge chamado Dom Pierre Pérignon, esse monge era responsável por uma adega na abadia de Hautvillers, localizada na cidade de Epernay. Durante o método de fermentação, Dom Pierre percebeu que alguns vinhos fermentavam com bolhas que liberavam gás carbônico, algumas garrafas passaram a quebrar, então ele providenciou garrafas com vidros mais fortes e resolveu amarrar as rolhas com um arame.
Curioso com a informação de que certos tipos de vinhos fermentavam novamente depois de engarrafados (o que provocava a liberação do gás carbônico e uma pressão que arrebentava as garrafas) ele teve a ideia de utilizar garrafas mais fortes e prender a rolha com arame para preservar o gás carbônico. Dom Pierre também foi responsável por uma técnica conhecida como assemblage que mistura dois ou mais tipos de vinhos. Quando finalmente a bebida ficou pronta, Dom Pierre disse uma frase icônica, meninas, com licença (Dom pegou a taça da mão de Marina e encheu de champanhe e chamou Ella que estava no colo de Sofia.) Veja, filha, está vendo as bolinhas, sabe o que o monge disse!? “Venham depressa, estou bebendo estrelas!”
Dom se curvou como se estivesse acabado de se apresentar numa peça de teatro e esperou os aplausos, que vieram logo depois.
Que bom que voltou, moça! 😉
Aguardando os próximos.
Que bom que ainda está por aqui, o capítulo novo já foi enviado, espero que goste.