Amores de Sofia

12. A AUSÊNCIA PRESENTE

O sol iluminou o quarto de Sofia com os primeiros raios e ela já se levantou, tinha tido uma noite insone, rolou na cama vazia várias vezes, os lençóis ainda tinham cheiro de amor, o cheiro de Marina estava pelo quarto, pela pele, pela cama, pelo corpo, na cabeça e dentro de Sofia.

Esse sentimento inquietante ainda era confuso, dolorido, tinha terminado o domingo aos prantos quando resolveu pegar o último álbum de fotografias em que a tia se fazia presente, foi na viagem para Buenos Aires.

Ida estava bem mais magra, abatida, mas fez questão de fazer essa viagem com as duas mulheres da sua vida, como ela mesma dizia. Hoje, Sofia sabia que existia uma outra mulher na vida de Ida: Flora Holanda.

Sofia havia visto Flora uma única vez, no dia da inauguração do galpão de arte da tia, ela estava lindíssima. Chamou atenção assim que entrou no recinto, e quando os olhos se encontraram foi impossível Sofia não perceber que existia algo ali, entre as duas, além da mágoa no olhar da tia.

Lembrou-se de toda a história que Robson lhe contou na viagem para San Sebastián, de todo aquele amor, perguntou-se para onde ele havia ido, como um amor assim sumiria dessa forma? Será que Flora não havia sofrido?

Dormiu em meio às lágrimas e acordou invadida pela saudade. Tinha que visitar fornecedores, comprar material para o Aquarela, visitar a Ceagesp, Carlão já havia mandado mensagem, tinha 40 minutos para se arrumar.

Levantou no automático, colocou uma calça jeans, uma blusa branca básica e um tênis, teria um dia cheio e ainda iria visitar um de seus fornecedores numa vila próxima à capital, acabou não ligando para os pais e sabia que uma ligação hoje seria inevitável, se não melhorasse a cara, seus pais saberiam que alguma coisa de errado existia. Sofia ainda não se sentia pronta para falar com eles sobre Marina, sabia que não haveria problema por ela ser mulher, os pais não eram preconceituosos, o problema não era ela ser mulher, o problema era ela ser filha de quem era.

Sofia imaginou rapidamente se Marina seria capaz de fazer a mesma coisa que sua mãe, se ela investisse nesse relacionamento e, de repente, fosse abandonada? Essas conjecturas não eram saudáveis e, lá no fundo, Sofia sabia que Marina não faria isso, pelo menos era o que sua voz interna dizia: Marina não teria coragem de fazer isso comigo, tenho certeza.

Tomou banho, arrumou-se e, dessa vez, preparou um café decente, sabia que o dia seria complicado e se não se alimentasse poderia ter os horários perdidos e alguns mantimentos que eram de safras encomendadas, ou seja, teria que alterar o cardápio do Aquarela, capaz de sua chef desmaiar quando soubesse disso.

Quando desceu, seu fiel amigo já estava lá, lindo e enorme e de boné, Sofia só via Carlão de boné em raros momentos, quando ele achava que realmente não precisaria usar a força e que poderia relaxar um pouco mais, entrou no carro, deu um beijo na bochecha dele e recebeu um abraço de um urso, sentiu-se reconfortada.

- Sua cara não está nada boa, Sofia, o que houve?

- Não consegui disfarçar?

- Até seu andar está triste, você todinha está triste, o que aconteceu?

- Ah, Carlão, sei nem por onde começar.

- Pelo começo, serve.

- Transei com Marina, quer dizer, acho que fizemos amor.

- U-A-U! Você foi bem rápida para quem não queria se envolver, ciúmes? Eu vi como ficou quando a menina do bar abraçou sua mulher, senti o cheiro de ciúme no ar. Meus parabéns! Estou orgulhoso.

- Carlãoooooo! Não senti ciúmes.

- Sofia, meu amor, você estava cuspindo ciúmes, vi a hora você pegar um dardo e jogar sem querer na sua rival, que óbvio não é páreo para você, mas me diga como foi? Estou muitíssimo curioso.

- Foi maravilhoso, ela é maravilhosa, senti prazer várias vezes, minhas pernas falharam, ela é cheirosa, doce, educada, gentil, inteligente, culta e estar apaixonada por mim.

- Você está falando como se existisse um mas.

- Existe um mas, um porém, um todavia e um no entanto.

- Ate onde entendi, você me disse que foi maravilhoso, siga em frente, você merece ser feliz.

- Ela é filha da Flora Holanda.

Carlão freou bruscamente com o susto que tomou com a revelação nada esperada, saiu do transe com o volume de buzina que ouviu e a enxurrada de nomes feios que vieram logo atrás. Passou 23 segundos olhando para Sofia, enquanto os carros estavam quase passando por cima de si.

- Você acabou de ouvir o “Mas” e está assim, imagine como eu fiquei, aliás como eu estou.

- Como o destino prega peças na gente, se viva fosse, sua tia ficaria impressionada com a lição que ele está dando, talvez ela risse um pouco, imaginar que a filha de Flora Holanda está apaixonada pela sobrinha de Ida, meu deus, que carma, que carma.

- Não existe destino, Carlão, não posso levar essa possível relação adiante, não conseguiria viver com Marina sabendo de tudo que aconteceu entre Flora e minha tia.

-Sofia, Sofia, não misture as coisas. Marina não é Flora, e você não é Ida. São outros tempos, as coisas são diferentes hoje em dia. Na época em  que sua tia e Flora estava juntas, o país vivia um sistema político diferente, conquistamos vários direitos, ainda existe preconceito contra a comunidade LGBTQIA+, mas vivemos numa sociedade diferente, não repita erros que não são seus nem de Marina.

- Carlão, você fala como se não soubesse o que aconteceu com sua amiga, minha tia amava você, tenho certeza que você também a amava, você acompanhou todo o sofrimento, toda a tristeza, tudo que ela passou. Eu sempre via minha tia triste pelos cantos, mesmo quando estava nos braços de outras mulheres, parecia que faltava alguma coisa, quando Robson me contou tudo que ela passou, viveu e sofreu, eu também senti por ela, eu também senti aquela dor, aquele abandono.

- Todos nós sentimos, Sofia. Todos que rodeavam Ida sentiram, seus avós sentiram, sua mãe sentiu, Robson sentiu, seu pai sentiu, eu senti, aquele tipo de amor que Ida sentia só se encontra uma vez na vida, tem gente que nem encontra, um amor louco, completo, um amor que basta. Tenho certeza que Flora sentia a mesma coisa, deve haver alguma explicação para o que aconteceu, elas se amavam. Aliás tenho certeza que Flora também não deve ter sido feliz e se duvidar ainda ama sua tia, essas explicações não importam mais, infelizmente, o que está feito, está feito, não podemos mudar o passado e nem consertá-lo, mas o futuro, esse sim pode ser pensado e repensado. Conheço pouco a Marina, mas vi aquele olhar, ela tem o mesmo olhar que a mãe dela tinha quando olhara para sua tia, olhar de amor, olhar de alma, e ela olha da mesma forma para você.

- Mais um motivo, então, não quero passar o resto da minha vida com essa expectativa de abandono, tudo é muito novo pra mim, Carlão, acabei de sair de uma relação muito complicada, cheia de dor física e psicológica, ainda me preocupa esse sumiço do Rodrigo, porque se bem o conheço, alguma ele vai aprontar.

- Sofia, apenas não culpe a Marina por uma coisa que ela não fez, você não é assim, essa dor não é sua, eu tenho certeza que se Ida fosse viva ela seria a primeira a dar todo o apoio para você.

- Eu sei, tudo é muito confuso ainda, vou focar hoje minha cabeça no Aquarela, mais tarde, em casa, vejo o que vou fazer.

O dia foi cheio para os dois amigos, depois de visitar a Ceagesp e comprar tudo o que era necessário, rumaram em direção a Campinas, chácara de seu Ciço era um paraíso que ficava entre a frenética São Paulo e Campinas, tinha um desvio e depois de uma estrada de terra e de andarem 40 minutos de carro, Sofia chegava ao Paraíso.

Começou a frequentar a chácara aos 14 anos, antes de fazerem a viagem a San Sebastián, sua tia Ida havia conhecido os produtos de Ciço em uma dessas feiras regionais de orgânicos, ficou impressionada com a visão do cearense em tratar a terra, como ela mesmo disse, foi paixão à primeira mordida.

Cícero, em homenagem ao Padre Cícero, para os íntimos Ciço, era um homem por volta de seus 60 anos, consciente ecologicamente e com um tino para negócios imenso, começou a fazer dinheiro ainda no final da década de 1990 e Ida tinha uma pitada de responsabilidade, por isso a devoção a ela era imensa e acabou se estendendo a toda a família, quando Ida morreu, Ciço estava lá, chorando ao pé do caixão, tinha um lamento silencioso, estava inconformado com a partida, todos diziam que ele nutria um amor gigante por Ida, mas fora sua irmã mais nova que conseguiu deitar na cama de Ida algumas vezes.

Simone era bem jovem quando ficou com Ida pela primeira vez, os 18 anos recém completados , o corpo viçoso, a jovem fez Ida sucumbir ao desejo, quando Ciço descobriu passou três dias longe da casa grande da chácara, voltou depois, deu parabéns a irmã por ter levado pra cama a mulher mais incrível que ele já havia conhecido.

Todos ficaram impressionados com a serenidade do homem, numa certa vez, quando Ida retornara à chácara com Carlão para abastecer o bar com a produção de Ciço, ele soltou a seguinte pérola:

- Pelo menos você fez morada na cama de alguém da minha família, Simone é uma menina de sorte.

Todos riram, os negócios se expandiram também por causa de Simone, formou-se em Agroecologia, o curso do futuro, certificou as terras do irmão, o café produzido ganhou o mundo, a chácara não era mais apenas um pedaço de terra e o dinheiro se tornou fácil para os irmãos, Ciço casou com Benedita, a famosa Bené, era dela a receita de brownie que Sofia vendia no Aquarela, era feliz, teve dois filhos, um seguia o curso de Direito e estava prestes a se formar e o mais velho fez Agronomia e trabalhava com o pai e com a tia na coordenação da fazenda, que hoje tinha várias áreas informatizadas.

Simone se tornou uma bela mulher de negócios, poderosa, fluente em dois idiomas, viajada, chique, vivia entre São Paulo no escritório da fazendo e na própria fazenda, enquanto Ciço permanecia no local, vivia dizendo que ele fazia lembrança das terras lindas do seu Ceará.

Além da loja de orgânicos, a propriedade tinha um café todo de vidro no meio de uma paisagem de tirar o fôlego, “Cafébené”, era coordenado pelas mãos de Bené que tinha a possibilidade de fazer bolos que os deuses desciam do Olimpo para comer de joelhos e ainda agradecer.

O empreendimento da família de Ciço ganhou corpo, a fazendo era linda e Sofia amava aquela visita mensal, a primeira parada era no café, e quando a porta se abria , parecia que estava no céu, o cheiro da mata molha se misturava ao cheiro de café, pão e bolo que eram servidos por ali, o Cafébené era parada obrigatória de vários turistas e ficou conhecido por sediar o primeiro campeonato de Baristas do interior de São Paulo, a fazenda recebeu um número grande de baristas e amantes do café, por causa disso, Simone vislumbrou a criação de um hotel escola e uns chalés que ficavam, de certa forma, isolados, e recebiam alguns casais apaixonados, escritores e artistas que queriam um pouco de sossego.

Entrou no café e quando Bené virou a recebeu cheia de afeto.

- Vim atrás de um brownie com café!

- Mas vejam quem veio me ver, menina Sofia quanto tempo, pensei que tinha esquecido o caminho da roça, estávamos com saudades, todos nós.

O abraço que Sofia recebeu foi longo e apertado, cheio de afeto, amava a todos daquela família.

- Esse olhar triste é alguma coisa que um bolo de cocada quente possa ajudar a resolver?

- Bené, seu bolo de cocada quente resolve a minha vida inteirinha, sai aquele café coado também?

- Pra você, sai o que você quiser, o bolo sai daqui uns dez minutos, vou prepara aquela calda de chocolate 70% que você adora para comer com seu bolo e enquanto isso, faço aqueles waffles com a nossa manteiga de entrada, o que você acha?

- Eu acho que vou passar uns dias aqui para você me mimar dessa forma, Bené, já que minha mãe está longe.

- Venha, minha filha, você sempre é muito bem vinda. Seu Carlão, e o senhor, o que deseja?

- Sem o “seu”, D. Bené! Eu vou ficar esperando o bolo de cocada mole se a senhora não se importar e vou aceitar também o café a calda de chocolate, se tudo não for apenas para Sofia, lógico!

- De forma alguma, sentem-se, vou pedir que providenciem tudo e venho já me sentar com vocês, vou avisar ao Ciço e a Simone que estão aqui, eles devem estar fazendo rota na fazenda, daqui a pouco os dois chegam.

A conversa entre os três corria solta, depois de 30 minutos Ciço e Simone entraram no café e todos se abraçaram, Sofia olhou Simone, ela tinha se torna uma mulher de 50 anos belíssima, imaginou como seria mais jovem, sua tia devia amar mesmo Flora, se hoje as duas se encontrassem será que existia uma possibilidade de ambas se interessarem uma pela outra? Da última vez que soube de Simone, ela estava namorando, mas nada muito sério, segundo Carlão, ela nunca tinha se apaixonado mesmo, Simone amava os negócios, a terra, o café, em relação às pessoas, sentia tesão, desejo, prazer, mas isso não diminuía a mulher incrível que era.

Depois de todos alimentados, Carlão e Ciço saíram e as três mulheres ficaram na mesa conversando, depois de um tempo, Bené pediu licença e sobraram as duas: Sofia e Simone.

- Pela sua cara depois de comer o bolo de cocada da minha cunhada, algo muito sério estar perturbando você.

- Está tão visível assim?

- Eu conheço as mulheres, vejo os olhos de algumas e os seus são parecidos com os da sua tia, lindos e cheios de alma, basta olhar com um pouco mais de atenção e a gente consegue vislumbrar uma tristeza instalada neles.

Um suspiro longo saiu do peito de Sofia, Marina estava ausente, mas sua presença estava marcada na alma, talvez essa angústia que carregava fosse porque não queria abrir mão daquilo que sentiu sábado pela manhã, mas a mente pensava uma coisa, o corpo e o coração pensavam outra.

- Posso perguntar uma coisa a você, Simone?

- Claro, fique à vontade.

- Como foi seu envolvimento com minha tia?

Simone abriu um sorriso largo e também deixou um suspiro longo sair, sempre lembrava de Ida assim , sorrindo.

- Sua tia era uma mulher incrível, Sofia, aliás, nunca conheci uma como ela, bonita por fora e por dentro na mesma proporção, isso é raro. Mas não se permitia ser feliz, quando cheguei por aqui, trazida por meu irmão, era uma menina mulher cheia de dúvidas e desejos, vim de um local em que as pessoas tendem a não ser quem são, escondem os desejos, quando vi sua tia pela primeira vez naquela feira, senti um arrepio na alma, disse que seria assim como ela, imponente. No meu interior, ser lésbica, naquela época, não era nem uma possibilidade, Ciço sempre foi meu melhor amigo e ele sabia de mim, me trouxe para ficar com ele, porque queria que fosse feliz, mas nunca havia me dito que era apaixonado pela sua tia. Ficar com ela foi uma questão de tempo, ela foi a minha primeira mulher, mas nunca se entregou, sabia que a cama dela não seria minha morada, a cama da sua tia já tinha dona, ela nunca verbalizou, mas eu sempre senti. Eu sofri quando soube que ela estava doente, sofri quando vocês vieram se despedir antes de irem a Buenos Aires, nós conversamos. Ela me falou de Flora, acho que queria desabafar, contar tudo , colocar para fora, sua tia amava a Flora e eu acho que também era amada, mas alguma coisa aconteceu, eu não sei o que foi, sua tia não sabe o que foi. O que eu sei é que Flora ligou várias vezes para ela depois que retornou ao Brasil, mas ela optou por recusar qualquer coisa, acho que queria castigar Flora, sua tia amou, mas não soube perdoar, se perdoar também por tanto amor.

- Eu me envolvi com uma mulher, relutei bastante para não sucumbir ao desejo, mas não resisti, ela é maravilhosa, tive o melhor sexo da minha vida, mas no dia seguinte descobri uma coisa que me deixou assim, nesse estado em que todos percebem, angustiada e sem saber o que fazer.

- As mulheres são sempre melhores na cama, somos mais atentas ao que a nossa parceira quer, eu fico muito feliz por você ter passado pelo portal do vale, Luiz que está me ensinando as gírias novas e eu estou adorando. O que você descobriu afinal?

- Ela é filha da Flora.

- Não acredito nisso!? Meu deus, que carma! O destino está pregando uma peça enorme. Mas porque está assim? Ser filha de Flora não quer dizer que ela seja igual a mãe.

- Bem, ela é tão linda quanto a mãe e se você visse Flora também acharia isso.

- É provável que sim, diferente da sua tia que teve esse amor, eu ainda estou procurando meu, minhas namoradas me prendem pouco, estou cansada de fazê-las sofrer e não conseguir corresponder, estou preferindo a solterice e algumas ficadas. Você não pode deixar de viver um relacionamento por causa da história da sua tia, Sofia, isso não é justo.

- Eu sei, mas tenho receio e tenho raiva, muita raiva, não sei como seria ter que conviver com a mulher que fez minha tia passar 20 anos ou mais sofrendo e isso pode atrapalhar o meu possível relacionamento, eu nem sei se Marina sabe dessa história entre a mãe e minha tia, é bem provável que não saiba, ela não comentou nada sobre a mãe ser gay.

- Eu acredito que ela não deva saber, pelo que sua tia me disse, na época em que tudo aconteceu, ela saiu do país rapidamente, os militares ainda estavam no poder, eu lembro de algumas coisas, o próprio Ciço teve que se esconder um tempo, tudo era difícil e complicado, acredito que isso seja um segredo de família.

- Eu não sei o que fazer, Simone!

-Viva, ame, o amor resolve todos os nossos problemas, ainda mais se ele for correspondido como o seu, não deixe a oportunidade passar, não se perca, se concentre no que é importante, no final das contas, é exatamente isso que fica: o amor e nada mais. Eu preciso ir, fique essa noite conosco, vamos organizar o evento do campeonato de barista, quero um quiosque do Aquarela aqui, traga aquela sua chef linda e abusada, eu adoraria tê-la na minha cama. (Sofia soltou uma gargalhada alta.)

- Vou acabar aceitando o convite, mas não trouxe roupas.

- Não se preocupe, você quer ficar na casa grande ou em um chalé?

- Óbvio que na casa grande, jamais perderia essa oportunidade.

- Ótimo, vou avisar ao meu irmão e a minha cunhada, Luiz vai adorar saber que você fez a passagem para o vale.

-Simoneeeeeee, não precisa espalhar para todo mundo ainda, não sei nem se permanecerei no vale.

- Minha querida, quem entra no vale jamais sai, acredite, os homens são muito sem sal, você não tem mais escapatória.

Sofia pegou o celular e ligou a internet do café, já eram quase quatro da tarde. Sabia quais as mensagens estariam ali, além das mensagens dos pais, havia mais três de Marina, se sentiu culpada pela ausência e por ter ignorado Marina, sabia que mais cedo ou mais tarde teria que responder e decidiu fazer isso naquele momento.

“Oi, Marina, desculpa a ausência, aconteceram uns problemas de família e fiquei impossibilitada de responder você, me desculpe.

Oi, Sofia, espero que todos estejam bem, foi alguma coisa séria, eu fiquei realmente preocupada, como você está?

Eu estou mais calma, não estou na cidade, vim buscar umas encomendas na fazenda de um fornecer antigo próxima a Itatiba, se não viesse ele iria vender tudo, rsrsrs, mas vou ficar por aqui esses dias.

Eu fiquei preocupada, Sofia, você poderia pelo menos ter dito alguma coisa, pensei que tivesse acontecido alguma algo na casa do meu irmão, alguém tratou mal você?

De jeito nenhum, todos foram maravilhosos, estou com muita vergonha da minha saída, do meu rompante, espero poder pedir desculpas pessoalmente.

Tudo bem, graças a deus que está bem, estou saindo do trabalho agora, terminei minha reunião e peguei dois dias de folga, minhas horas extras extrapolaram, vou descansar, esses dias não foram fáceis para mim também.

Você não quer vir passar esses dias aqui comigo, tenho certeza que você vai adorar o lugar, seria uma forma de me redimir, tentar apagar a má impressão, a falta de educação, por que você não vem? Eu também estou com saudade de você, me desculpa mais uma vez, por favor? Se não puder eu entendo. A gente conversa quando eu voltar. (Sofia ficou esperando a resposta com o aplicativo aberto, viu que foi visualizada, mas permaneceu um tempo esperando a resposta que não vinha…)

Tudo bem, não sei se você merece a minha ida, mas eu mereço, por isso eu vou, me mande a localização, que só vou passar em casa e depois sigo para esse lugar mágico de que tanto você fala.

Obrigada, eu vou adorar ter você aqui comigo, pode trazer umas roupas suas para mim também, acabei não trazendo nada.

Usando minhas roupas, Sofia, depois de me deixar sem uma mensagem o final de semana inteiro, não sei se será possível, vou pensar no seu caso. (Sofia tinha um sorriso bobo quando leu a mensagem de Marina, estava realmente com saudades delas, a convidou sem sequer medir as consequências, mas não aguentou.

Só venha, meu bem eu estou realmente com saudades.

E foi com essa mensagem que Sofia deixou Marina com um sorriso bobo no rosto, mas ainda magoada, pegou Simone na saída do café e disse que havia mudado de ideia, queria um chalé, era possível?

- Claro, teremos mais convidadas?

- Eu convidei Marina para ficar comigo aqui até quarta, espero que não se incomode, me passe o valor das diárias que acerto tudo na recepção da fazenda, que horas você quer se reunir para falarmos do concurso?

- Nada de diárias, é uma cortesia, Marina será muito bem vinda e estou doida para conhecê-la, vou pedir que preparem o mais próximo do café, vou deixar tudo perfeito e vou mandar uma cortesia da minha adega para as duas, seja feliz, Sofia, sua tia ia amar essa felicidade nesses olhos lindos.

Marina estava magoada, com o amor próprio ferido, sabia que alguma coisa grave tinha acontecido, queria saber a dimensão e por que o sumiço, não conseguiu resistir quando Sofia disse que estava com saudades, estava pronta para negar o convite, pensou e repensou, mas acabou aceitando, sorriu quando Sofia pediu suas roupas para vestir, achou delicado e amoroso, estava apaixonada e ter ido para cama com ela só aumentou o desejo e a paixão.

Foi para casa e arrumou uma bolsa, pelas coordenadas o caminho dizia 83 Km, demoraria no máximo uma hora e meia para chegar, pegou dois casacos porque a região fazia frio, antes passaria numa farmácia, precisava comprar escovas de dentes e mais alguns produtos que viu que Sofia usava, levou dois pacotes de calcinhas novas que também eram vendidos e partiu com coração acelerado e o peito cheio, cheio de um monte de coisa, um monte de dúvidas, um monte de desejos.

A viagem foi tranquila, Marina chegou em 1h e 27 min, já tinha alguém na entrada da propriedade a sua espera, o local era deslumbrante, quando observou o nome: Fazenda Cariri. Demorou uns 15 minutos para chegar a casa grande, tudo era muito bonito e organizado, avistou o quadrado de vidro todo iluminado, tinham alguns carros no estacionamento, Marina ficou impactada, Sofia , nesse quesito, tinha razão, queria saber como seria em relação ao resto.

Avistou seu amor parada, na ponta da escada, vestia um casaco da fazenda, conversava com um homem jovem e uma mulher muito bonita por sinal, Marina desceu já levando o casaco que trouxera para Sofia na mão, foi recebida com um sorriso, um abraço apertado e um beijinho na boca demorado, todos foram correspondidos por Marina.

- Oi, meu bem, fez boa viagem?

- Sim, tudo certo, que lugar incrível, estou apaixonada.

- Pelo lugar ou pela Sofia, muito prazer, me chamo Simone.

- Eu ia falar pelos dois, mas não sei devo, de qualquer forma a fazendo é muito linda, muito prazer, Simone, me chamo Marina.

- Oi, eu sou o Luiz, sobrinho da Simone, muito bem vinda, Marina, fique à vontade a casa é sua.

Tia e sobrinho entraram e deixaram as duas sozinhas, elas se olharam e Sofia a abraçou de novo, pediu desculpas baixinho e disse que explicaria tudo depois que comessem e que fizessem amor, perguntou se Marina queria fazer amor.

- Eu sempre quero fazer amor com você, Sofia, e eu quero isso o tempo todo.

Sofia andou com o corpo de Marina grudado ao seu até o parapeito da escada e lá lhe deu um beijo de tirar o fôlego, parecia que queria engolir a boca de Marina e ela adorou.

- Não pense que será fácil assim suas desculpas serem aceitas, meu corpo não opina nisso, apenas minha cabeça, venha trouxe esse casaco para você, coloque ele, é mais quentinho.

Marina tirou o casaco que Sofia estava e vestiu o que havia trazido, coube perfeitamente.

- Ele tem seu cheiro, eu senti falta dele também esses dias, vem vamos entrar, se prepare para um dos melhores jantares da sua vida, você vai adorar.



Notas:

Oi Meninas,

espero que gostem do capítulo, muitas perguntas foram feitas por Sofia e muita gente falou coisas importantes a ela, novos personagens surgem , para continuar Sofia também precisa querer.

Boa Leitura!




O que achou deste história?

4 Respostas para 12. A AUSÊNCIA PRESENTE

    • oi, Angela, fico muito feliz que essa história lhe traga alegria, obrigada pela leitura. o capítulo 13 já foi enviado e daqui a pouco deve estar disponível. Ele está lindo!
      Espero que goste.
      beijo

  1. Por favor, não demora de postar o px capítulo!! 🥺

    Esperei ansiosamente por esse cap, e já estou muito ansiosa na espera do próximo.
    Sofia e Marina são muito lindas, fofas, intensas.. 😻

    Já voltei a ficar feliz, c essa conversa que tiveram, e c esse reencontro. 🥰

    Já quero saber o que vai acontecer..🙆🏻‍♀️

    Mia, tu é sensacional!

    • oi My, Sofia e Marina são incríveis e trabalhosas, mais Sofia do que Marina, mas acho que nesse próximo capítulo ela vai se redimir, o capítulo já foi enviado, jajá ele estará disponível, espero que goste, o capítulo está lindo, cheio de amor.
      beijos

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