*
Lorde Vans olhou de esguelha para o general Handor. Tomou o último gole de chá, após o farto desjejum, e depositou a caneca na mesa. Enxugou os lábios com as costas da mão e respondeu a pergunta que lhe fora feita:
— Desde que aquela cadela Azuti prendeu os lordes, o reino está um caos.
Lhe incomodava a desconfiança do general quanto às informações que os seus espiões traziam do outro lado da fronteira. Era verdade que não tinha mais aliados atuando no Castelo do Abismo e que, depois do desaparecimento do rei Mardus, as patrulhas se intensificaram do lado cardasino diminuindo o volume de informações que lhe chegavam e tornando sua veracidade questionável. Contudo, seu infortúnio perante o rei e demais oficiais fora originado com a fuga do rei Mardus e, agora, a suposta morte.
— Os poucos espiões que conseguimos introduzir na fronteira, após isso, trouxeram relatos de combates em todas as províncias do reino — completou ele, encarando o rosto fino e comprido do ministro Zigard. — Apesar da Comandante Azuti e seus companheiros terem decretado um estado de Guerra que, segundo as leis cardasinas, anexa os exércitos de todos os clãs a Guarda Real, as disputas estão ocorrendo. Isso é bom para nós. É exatamente o que queríamos, um reino dividido pela discórdia. Fraco.
O rei Dakar, sentado na cabeceira da mesa, cofiou a barba longa. Ele tamborilou os dedos da outra mão na própria perna e olhou para além da janela da pequena e sufocante sala em que se reuniam. Comentou:
— Ainda assim, me pergunto o motivo deles não terem atacado o Castelo do Abismo. Seus líderes foram aprisionados, seria lógico ir resgatá-los.
Vans despejou mais chá na caneca e recostou-se na cadeira.
— A maioria dessas disputas está ocorrendo pelo controle dos clãs e não para libertar os líderes em cárcere no castelo.
— Alguns herdeiros viram na decisão da Comandante Azuti uma oportunidade de assumirem o poder em seus clãs. E quando isso acontecer, eles provavelmente marcharão contra o Castelo do Abismo, apenas para se garantirem no comando deles — endossou o general Handor.
— Será um massacre — Vans garantiu, encontrando o olhar frio e ausente de Yahira, no canto da sala.
A daijin estava mais calada que o habitual nos últimos dias e isso o incomodava profundamente. Ela baixou a vista para o gato que se esfregava em suas pernas. O pegou no colo, fez um carinho ligeiro na cabeça peluda e voltou a colocá-lo no chão, enquanto Vans ainda tentava adivinhar seus pensamentos.
— Talvez, devêssemos apenas esperar um pouco mais por isso — concluiu ele, recebendo o olhar penetrante do soberano.
— Já esperamos demais. Você mesmo contou que nossas atividades já não são um segredo para a comandante Azuti. Se ela tem uma boa ideia do que se passou nos últimos anos e anda procurando meios de desmontar nossos planos ao aprisionar os lordes e aumentar a segurança do Castelo, por exemplo, retardar esse confronto já não é possível. Diante de tudo o que sabemos sobre essa mulher, está claro que a tentativa do meu filho de ir ao Castelo do Abismo para convencê-la a libertar os lordes e nos dar o trono pacificamente, é inútil.
Os homens à mesa concordaram, ainda que tivessem esperanças de não precisarem batalhar.
— As disputas de poder em Cardasin nos ajudam — ele continuou —, mas as suas leis falam mais alto. E quando essa confusão findar, mesmo em protesto, acatarão o último desejo de Mardus e farão de Lenór Azuti e sua esposa as soberanas do reino. Seria mais fácil, se tivéssemos posto as mãos no testamento do meu primo. Melhor ainda se não o tivéssemos deixado escapar…
Focalizou o rosto de Vans, que se colocou mais ereto no assento. Aquela falta ainda seria cobrada com rigor. O rei passeou o olhar pelos outros homens à mesa, vendo em seus rostos o reflexo do mesmo desagrado que o tomava pela perspectiva do que disse se tornar realidade.
No fim, o maior de todos os erros foi dele, que almejou o trono cardasino tanto quanto o ouro em suas terras. E quase conseguiu isso, anos atrás.
— Atacaremos em breve — findou o assunto.
— Espero que até lá os homens estejam melhores — desejou o general, irritado com o que acontecia, desde que chegaram às minas de Delazor. Parte do exército estava às voltas com uma misteriosa doença, que levava os homens de simples transtornos intestinais a estados febris e delirantes.
O rei bufou, principalmente quando alguém disse que aquelas terras eram tão amaldiçoadas quanto as que rodeavam o Castelo do Abismo.
— Me poupem dessas superstições idiotas. Nós criamos a maioria delas.
Depois disso, a conversa prosseguiu tranquila e enveredaram por outros assuntos, até que um mensageiro entrou no recinto e informou que a comandante cardasina estava no local e desejava uma audiência com o rei Dakar. O soberano havia se empenhado bastante em ocultar sua presença nas minas. Todavia, era natural que as movimentações militares chamassem a atenção para o lugar. E se Lenór Azuti tinha o mínimo de bom senso, desconfiaria de algo assim.
Ele aguardou alguns minutos, antes de deixar a residência, que era a única construção no local para abrigo dos mantimentos e dormitório da guarda. Foi recebido pelo clima frio das primeiras horas da manhã e ajeitou a capa sobre os ombros, enquanto ordenava a entrada da herdeira do clã Azuti no acampamento.
Dois protetores a acompanhavam, um palatin e uma daijin. Eram figuras tão diferentes e, ao mesmo tempo semelhantes, que acabaram por causar uma forte impressão nos homens reunidos ali. Quando Lenór apeou do cavalo em frente ao soberano, este sentiu algo desagradável se revirar em seu interior.
O rei encarou-a como se fosse o exemplar de outra espécie. E ponderando rapidamente sobre as diferenças entre ela e as mulheres do seu reino, era quase isso mesmo. A cardasina tinha o olhar insolente de quem está sempre desafiando o mundo. Lembrou-o de Yahira, que estava um passo às suas costas. Mas, ao contrário da ex-daijin, a comandante não possuía as amarras de um juramento de fidelidade para forçá-la a atuar com deferência.
Ele esboçou um sorriso ligeiro e parcialmente escondido debaixo da barba longa. Reparou nas cicatrizes do rosto dela e nas tatuagens orgulhosamente expostas nos braços. Notou, também, o caminhar pesado e seguro de alguém que estava habituado a carregar uma espada. E foi preciso admitir para si mesmo que pintou, mentalmente, um quadro muito diferente de Lenór Azuti.
Esperou conhecer uma mulher de gestos e aparência brutos, visto a fama de cruel e sanguinária que ela adquiriu rapidamente nos postos da fronteira, e que, praticamente, findou os raptos de aldeães do lado cardasino.
Outra fama também a precedia, oriunda de acontecimentos mais recentes.
Os soldados, após ouvirem as histórias sobre a queda e retorno dela do Abismo de Tensin, sussurravam coisas absurdas sobre ela andar com demônios e ter o sangue deles nas veias. A cada dia, histórias diferentes surgiam e se espalhavam entre os soldados e vilarejos de ambos os reinos, oriundas das mesmas crenças das quais Dakar se utilizou para destruir o comércio do Castelo do Abismo e se apropriar das reservas de ouro abaixo dele.
Mas, em vez de um demônio, Lenór Azuti lhe pareceu uma mulher comum demais. Não era bonita, mas certamente atraente, o que ficou mais evidente quando ela sorriu e covinhas discretas se formaram nas bochechas. Não era um sorriso para encantar, na verdade, ele parecia muito irônico e provocador. O rei não gostou dele, porém se obrigou a fingir simpatia.
— A que devo sua visita, Comandante? — ele perguntou.
Os olhos dela se prenderam nos seus como se estivesse tentando ler os pensamentos dele. Dakar também não gostou disso.
— Queria conhecê-lo.
— Também estava curioso sobre você. Meu primo, Mardus, causou um grande alvoroço em seu reino ao fazê-la assumir as responsabilidades do seu irmão. Na verdade, essa comoção também se espalhou por alguns reinos vizinhos, com Zaidar não foi diferente. Imagino que foi difícil se adaptar a essa nova realidade. Casar com uma mulher, comandar o exército…
— Seria difícil, se eu nunca tivesse feito isso antes — simplificou.
Alguns segundos se passaram antes do rei reagir.
— Por um momento esqueci de onde veio — falou, tentando ocultar o desprezo pelas terras do continente além-mar e a liberdade “depravada” que pregavam.
— De Cardasin — Lenór o lembrou de que o local onde nasceu não era tão distante.
O rei pigarreou, passando os olhos pelos rostos de Dimal e Aisen. Esta última, mantinha a atenção fixa às suas costas e ele tinha certeza de que era para Yahira que olhava.
— Bem, aqui estou! — abriu os braços, afetado. — Sou como imaginou?
— Não. Na verdade, esperava que o homem que se empenhou tanto em me matar fosse mais impressionante.
Dakar avaliou-a, estreitando os olhos. Do pouco que ouviu a seu respeito, não ficou surpreso com a pergunta, tampouco zangado. Todavia, fingiu indignação.
— Ousa vir ao meu reino e levantar falsas acusações?
Ela ficou mais ereta, o nariz empinado.
— Não é ousadia se estou com a razão.
Eram poucos os que se atreviam a falar daquela forma com o monarca e ele pensou que teria gostado de conhecê-la em outras circunstâncias.
— Estava pensando, majestade, que poderíamos nos poupar dos fingimentos.
Entre divertido e curioso, ele deu um sorriso breve e deixou a falsa indignação de lado.
— Então, sejamos sinceros.
— Perfeito!
— O que você deseja, Comandante?
— Rendição — disse ela, inabalável. — A sua, é claro.
Houve o princípio de um novo sorriso no rei. Este, claramente de descrença. Lenór, por sua vez, sorriu abertamente e ergueu um dedo.
— Mas antes, vim ajudá-lo. Soube da tragédia nas minas. Centenas de pessoas presas debaixo do solo e todos esses soldados — fez um gesto rápido englobando os homens em volta — cavando dia e noite até a exaustão para encontrar sobreviventes…
— E como você poderia ajudar? — Perguntou o general Handor, hostil e desconfiado.
Lenór o fitou demoradamente, antes de erguer o braço e o sacudir em um comando claro. Da floresta, homens começaram a sair em fileiras dispersas. Os uniformes revelavam se tratar de soldados zaidarnianos, justo os que estavam de guarda nas minas quando estas ruíram.
— Achei que já era tempo de devolver seus homens. Estão todos bem, como podem ver. Bastante saudáveis, ao contrário dos pobres coitados que escravizavam.
O rei suspirou profundamente. Afinal, aquela mulher era uma adversária melhor do que lhe fizeram saber.
— Como é possível? — Lorde Vans perguntou.
— Existem tantos túneis nessas terras, só precisamos usar um cuja saída fica na floresta do nosso lado da fronteira. Mas não precisam se preocupar com isso, o túnel em questão foi permanentemente selado, assim como, todos os outros que levavam ao nosso reino. E estou contente em informar que as pessoas de Cardasin e Dravel, odiosa e injustamente escravizadas aqui, estão felizes em regressar para casa. Da mesma forma, também ficamos satisfeitos em oferecer asilo aos homens e mulheres zaidarnianos que foram condenados à escravidão por dívidas e pequenos delitos.
Pela primeira vez, o rei perdeu a compostura.
— Você… — ele rosnou, cerrando os punhos em fúria.
Fria, Lenór declarou:
— Cardasin está fechado para vocês, pelos caminhos comuns e também aqueles abaixo desses. Não desejamos derramar mais sangue do que já foi derramado, Rei Dakar. Então, seremos condescendentes com seus crimes. Não haverá retaliações, mas qualquer laço existente entre nossos reinos está desfeito.
— Você é uma tola! Não me empenhei tanto para chegar até aqui e me render a uma mulher, que se acha especial porque um rei estúpido e depravado decidiu lhe dar um título militar. Essa afronta terá consequências. Eu vou marchar até o seu lar e massacrar aqueles maltrapilhos que chama de soldados. O Castelo do Abismo será reduzido a cinzas!
— Palavras fortes para um covarde — ela derramou o desprezo que sentia e isso levou a uma reação inflamada e física por parte de Vans.
O lorde adiantou-se, puxando a espada da bainha em um movimento ligeiro. Avançou para ela, mas antes que conseguisse se aproximar letalmente, a espada de Dimal foi de encontro ao seu pescoço. Por sua vez, a adaga de Yahira chocou-se com a lâmina dele e, por fim, a corrente de Aisen se distendeu e envolveu o braço dela.
Os quatro se encararam, imóveis, porém dispostos a dar seguimento à contenda. Tranquila, Lenór colocou a mão sobre o ombro de Dimal e, lentamente, ele se afastou. Vans também recuou, passando a mão no pescoço onde um fio de sangue abriu caminho por entre a pele arranhada. Estava claramente abalado pela humilhação. Yahira e Aisen permaneceram conectadas, os olhares presos um no outro até que Lenór segurou a corrente.
— Em breve — Aisen sussurrou, então recolheu a corrente e retornou para o lado de Lenór.
Quase alheio ao combate que por pouco não aconteceu, Dakar afirmou:
— Não interessa se você é corajosa, louca ou muito estúpida. Vai pagar por isso.
Para Lenór, o rei à sua frente era uma figura realmente decepcionante. Era um homem baixo e atarracado em vestes que esbanjavam riqueza. A espada que ele carregava na cintura parecia nunca ter sido retirada da bainha.
Esperou que um adversário tão rasteiro, tivesse uma aparência que mesclasse a inteligência e a crueldade, mas era um pensamento bobo, reconhecia. Não era o tipo de pessoa que se apegava a estereótipos. Todavia, foi inevitável não pensar dessa forma ao encontrar um homem que poderia, muito bem, ser a alegria embriagada de uma festa. E essa impressão ficou mais forte ao ouví-lo quase gaguejando de ódio.
— Enquanto o corpo do rei Mardus não for encontrado, também sou sua herdeira e é o meu dever proteger Cardasin. Não irei permitir que um conspirador, sequestrador, ladrão e assassino invada nosso reino novamente. E como concordamos em sermos sinceros, no início desta conversa, devo confessar que tive outro motivo para vir até aqui. Como disse antes, queria conhecê-lo. Queria saber como é o seu rosto para poder procurá-lo no campo de batalha, se você tiver coragem para ir até lá. Pois, ao contrário de você, eu mesma mato meus inimigos e quero que eles me olhem de volta quando a vida em seus olhos se apagar. Estarei à sua espera no Castelo do Abismo. Venha ao meu encontro, ciente de que ele será o seu túmulo.
Ainda tentando controlar o ódio que o queimava por dentro, Dakar observou-a se afastar com os dois protetores e entrar na floresta. Então, olhou para Vans e berrou:
— Eu quero a cabeça daquela mulher apodrecendo na ponta de uma lança!
***
Vanieli retirou as roupas devagar e não se importou com a água fria quando afundou o corpo na banheira no centro do cômodo. O contato com a água era renovador e lhe oferecia clareza aos pensamentos após o treino intenso com Voltruf. O último treino, assim dissera a florinae ao fim dele.
— Fiz o melhor para lhe oferecer uma boa compreensão dos seus poderes e limites. E embora nosso tempo juntas tenha sido curto, você é uma aluna admirável, assim como todos que possuem dons ligados à água. O que digo não é arrogância, é apenas fato. Pessoas com esse tipo de conexão tendem a ser prodígios e você foi uma agradável surpresa.
Voltruf a empurrou com o ombro, suavemente. Um gesto simples e quase bobo, que fez Vanieli entender, muito além das palavras, que o limite mestra e aluna não existia mais.
— Eu compreendo e sou muito grata — disse num fio de voz.
— Não precisa fazer essa cara, você estará em boas mãos — garantiu a outra.
— Como pode ter certeza?
— Não me obrigue a dar uma resposta que você já conhece.
Ela balançou a cabeça, pensativa, mas ainda relutante em aceitar o que disse como verdade.
— Vai partir? — quis saber.
— Já interferi demais nos assuntos do seu reino, Vanieli. Não posso lutar suas batalhas também, mas fico feliz que tenha me permitido ajudar a resgatar os escravos.
— A gratidão é toda nossa. Sem a sua magia, não poderíamos fechar os túneis, tampouco torná-los seguros para a viagem de tanta gente até a floresta. Mas você não me respondeu. Pretende ir embora com os poucos moradores do Castelo e escravos que resgatamos, antes que o exército de Zaidar chegue?
— Não. Melina é uma ordenada, ela jamais fugiria de um campo de guerra. É a missão da vida dela oferecer mediação para conflitos, ainda que ninguém tenha pedido seu auxílio neste. Ela ficará aqui para ajudar os feridos quando tudo acabar. Eu ficarei ao seu lado. Além disso, ainda não terminamos nossa investigação no abismo. E os segredos que ele esconde são tão ou mais preocupantes do que a guerra que vocês estão prestes a travar.
Vanieli ficou aliviada em saber que as duas magas não deixariam o Castelo por mais algum tempo. Havia se acostumado a tê-las por perto. Adorava Melina com sua doce seriedade e sabedoria, assim como o humor ácido de Voltruf. Faziam-na se sentir normal em meio a uma multidão que tinha inúmeras razões para rejeitá-la e temer.
Jogou água no rosto e depois nos cabelos. Observou seu reflexo na superfície da água, repassando a conversa na mente. Ela havia contado para Lenór que, quando iniciou o treinamento com Voltruf, a florinae tentou reconhecer seus poderes numa espécie de invasão mágica através de um toque de mãos.
As palavras que usou para descrever o que se passou, na ocasião, foram: “parecia errado”.
De fato, foi assim que se sentiu durante todo o ritual, como se Voltruf estivesse tentando tomar o lugar de outra pessoa e seu corpo erguesse uma barreira para evitá-lo.
Deslizou as costas no mármore da banheira, afundando um pouco mais nela. Ergueu a mão com a palma virada para cima e a água escorreu por entre os dedos delgados evocando outras lembranças. Desta vez, do sonho que teve no dia em que Lenór caiu no abismo. Eram imagens tão vívidas, que pareciam ter acabado de acontecer.
Cerrou os olhos e o rosto sereno da mulher que encontrou nele, dentro de uma fonte num jardim de árvores frondosas, se formou na mente. Lembrou-se do toque suave da mão dela, do sentimento acolhedor e paz que a tomou, apesar do terror que a dominou depois quando a recordação da “morte” de Lenór se fez presente.
Foi como chegar em casa, após uma longa noite de ausência.
Quando contou a Voltruf sobre esse sonho, muito tempo depois de terem iniciado o treinamento, ela limitou-se a dar um dos seus característicos sorrisos irônicos que, por ventura, emoldurava uma expressão de satisfação, como se aquilo já fosse esperado.
Nunca pronunciou o nome da mulher em seus sonhos, mas, vez ou outra, ele visitava seus pensamentos: Tamar Aivedhan.
Tamar, como uma das quatro mulheres da Ordem que compartilhavam um círculo de magia com a Grã-mestra Melina e que ela, carinhosamente, chamava de filhas. Desde aquele encontro, sentia como se houvesse um fio conectando-as, e o que Voltruf lhe disse, mais cedo, tornou-o tão sólido quanto uma rocha.
— Posso fazer companhia?
Ela abriu os olhos e encontrou Lenór recostada à porta. Gesticulou para ela, que bocejou longamente demonstrando o quanto estava cansada após a cavalgada até as Minas de Delazor.
— Sempre — respondeu, desmanchando o semblante pensativo em um sorriso convidativo. Estava aliviada por tê-la de volta ao lar.
A comandante, que antes de adentrar no quarto de banho tinha retirado as botas e couraça, livrou-se das roupas restantes. Mas, em vez de entrar na banheira, ela sentou na borda e apenas observou a esposa com carinho.
— Parece cansada.
— Realmente estou.
— Como foi lá?
— Desagradável, como imaginei que seria, mas tudo ocorreu o esperado — deslizou a mão para o interior da banheira, fazendo um biquinho pela frieza da água, mas não reclamou além disso.
— Ainda não vejo muito sentido em atiçar a ira de um homem que já nos fez tanto mal e está ansioso pelas nossas mortes.
— A guerra é uma arte, Vanieli. Dakar pode ser um bom conspirador, mas irá descobrir que eu também sei ser ardilosa. Ele teve anos para planejar a invasão à Cardasin, mas nada disso irá acontecer como imaginou.
— Gosto muito dessa atitude confiante.
— Só dela?
Vanieli jogou a cabeça para trás, em uma gargalhada alta.
— Gosto de todo o conjunto, Comandante Azuti. A confiança excessiva faz parte do seu charme. Senti sua falta na noite passada.
— E acha que eu não senti a sua?
Suas mãos se uniram na água e a Kamarie convidou:
— Entre.
Lenór se acomodou ao lado dela, deixando que lavasse seus cabelos e costas, às vezes, escorregando as mãos por seu corpo com intenções lascivas e, de repente, estavam trocando beijos e carícias.
— Devia estar preparando uma batalha — beijou o queixo dela.
— Você tem gente muito competente para isso — Vanieli fez um biquinho.
— Verdade, mas não é o mesmo.
— Não dá para controlar tudo, Lenór.
— Também sei disso, mas irei controlar o que puder. E por falar nisso, mais uma vez, quero pedir para que vá para Verate. Quero que fique segura até tudo acabar.
A Kamarie afastou-se um pouco para observar o rosto dela e dizer:
— Já tivemos essa discussão, Lenór. Você já sabe a minha resposta e nada que diga me fará mudar de ideia.
— Vanieli, isso pode significar a morte para nós duas — argumentou, receosa de que isso viesse a se tornar realidade.
— Que assim seja! Eu não vou te perder de novo, Lenór. Eu irei onde você for, e quando os zaidarnianos chegarem, me encontrarão à espera deles do seu lado.
— Você é terrivelmente teimosa!
— Fala como se você não fosse, também. — Riu. — Lenór, se esta tiver de ser a minha última noite neste mundo, quero passá-la ao seu lado e não no lombo de um cavalo em fuga pela floresta.
Juntou o rosto dela entre as mãos.
— E farei isso lutando para que não seja a última, para que possamos estar juntas por mais um tempo. E, também, para que você possa me fazer aquele pedido outra vez e eu… — Inspirou fundo, emocionada. — …eu finalmente poderei te dizer o quanto quero estar contigo, e o tanto que me faz feliz.
Encostou os lábios aos dela, ansiosa por deixar o corpo dar forma ao que sentia e Lenór não segurou mais a emoção que a tomava. A abraçou forte, tanto que Vanieli sentiu o ar faltar, mas não se queixou. E quando o abraço deu lugar a beijos sugados e carícias ousadas, a cama as recebeu com os corpos molhados e o desejo em chamas.
E enquanto amava e se deixava amar, Lenór Azuti agradeceu aos deuses pela felicidade com a qual foi presenteada, ao passo que Vanieli jurou a si mesma nunca mais se entregar ao medo do que sentia por ela.
***
— Nós vamos morrer — Dioné sussurrou para o amigo. — Tivemos sorte até agora, mas a morte nos aguarda neste lugar.
— Cale a boca! — Bertis resmungou para ele. — Aticus nos deu uma missão. Ele não faria isso se não soubesse que ficaríamos bem.
— Você crê demais nele — resmungou Irini, um passo atrás. — Quase fomos pegos meia dúzia de vezes na estrada.
— Ele salvou nossas vidas — lembrou Bertis, fazendo um gesto rude para que a mulher de tez morena e belos olhos amendoados silenciasse. Fez novo gesto para Milo, irmão dela, que começava a resmungar uma resposta.
Assim, os quatro compartilharam um silêncio pesado e cheio de expectativas, enquanto encaravam os dois soldados junto à porta. Havia outros três às suas costas, armados com espadas e lanças.
Era um fim de tarde frio e chuvoso, razão pela qual eles estavam molhados e enlameados. Bertis tinha ouvido falar que, independente da estação do ano, sempre chovia perto do Abismo de Tenzin. Ele nunca havia estado tão longe de casa. Apesar de vaguear pela fronteira entre Zaidar e Cardasin cometendo pequenos delitos e escapando engenhosamente da Guarda, nunca cruzou a fronteira realmente.
Não sabia o que esperar dos cardazinos e temia pela sua vida e a dos companheiros. Não conhecia Milo e Irini muito bem, mas se Aticus Dan confiava nos dois a ponto de enviá-los juntos naquela missão, não tinha com o que se preocupar. Dioné, por sua vez, era um amigo de anos.
Sua verdadeira preocupação era a missão, que ainda lhe parecia confusa. Principalmente, por estarem às vésperas de uma guerra entre os dois reinos.
Ele travou o maxilar para evitar bater os dentes de frio e, apesar de querer muito cruzar os braços, obrigou-se a mantê-los alinhados junto ao corpo. A porta foi escancarada e o homem que os levou até ali, um capitão da Guarda, ordenou que entrassem. Da mesma maneira, ele fez com que todos os guardas ficassem no corredor. Em vez de se sentir tranquilo com isso, Bertis ficou ainda mais preocupado.
Lá dentro o ambiente era quente e aconchegante, mas não diminuiu os receios do grupo, que estacou diante da lareira e da Comandante Lenór Azuti e sua esposa. Houve um longo momento de contemplação de ambas as partes. Bertis e companhia ouviram muito sobre a comandante no caminho até o Castelo do Abismo. Em sua maioria, as histórias eram claramente exageros; outras, no entanto, se confirmaram no instante em que colocaram os pés em Cardasin.
Ela era a pioneira de muitas coisas naquele reino. Bertis comparou a mulher das histórias com a que estava à sua frente, de semblante sisudo e ligeiramente doentio, usando trajes de dormir. Tudo lhe pareceu o maior dos exageros e se perguntou que negócios Aticus Dan poderia ter com alguém assim.
— Falem — Lenór ordenou, com voz ríspida e rouca.
A viagem até Delazor a privou de uma noite de descanso, então, após os prazerosos momentos que dividiu com Vanieli no banho e posteriormente na cama, foi inevitável não cair no sono. Teria dormido por mais algumas horas, se Elius não tivesse interrompido seu repouso com a notícia de que um grupo de zaidarnianos insistia em vê-la, alegando terem uma mensagem urgente para lhe entregar.
— Viemos em nome de Aticus Dan — disse Bertis após se apresentar e aos amigos, explicando em seguida que tinham feito uma longa e perigosa viagem até ali.
— E quem seria esse Aticus Dan?! — O nome era vagamente familiar, mas não se recordava de conhecer o dono dele.
Coube ao capitão Elius explicar:
— É um fora da lei zaidarniano; um ladrão e assassino. Mas alguns o vêem como uma espécie de herói do povo, pois declarou-se inimigo pessoal do rei Dakar. É famoso por resgatar escravos e prisioneiros, assaltar as carroças que recolhem os impostos do reino e, também, por ter ateado fogo em um dos maiores alojamentos militares de Zaidar.
Lenór sorriu de lado.
— Nem conheço o homem, mas já gosto dele — disse.
— Que assuntos um homem assim teria com a Comandante Azuti? — O capitão quis saber, ríspido.
— Só estamos cumprindo ordens, senhor — Dioné agitou-se, nervoso.
Bertis obrigou-se a manter a calma e, com movimentos lentos e calculados, abriu a túnica. Rasgou a costura de um bolso interno, cuidadosamente escondido atrás de outro bolso e retirou dali uma bolsinha de couro fino. A ofereceu para Lenór.
Ressabiada, ela evitou tocar nela e ordenou:
— Abra.
O rapaz obedeceu. Deixou cair na mão magra e calosa, um pequeno objeto dourado. Ele mesmo se mostrou surpreso com o que segurava. Tratava-se de um anel com pequenas pedras preciosas incrustadas no aro e o brasão da Casa Real de Cardasin. Seus olhos brilharam, satisfeitos. Se Aticus Dan tinha lhe dado algo tão precioso para proteger, era sinal de grande respeito e confiança. Contudo, também estava curioso para saber como o seu líder tinha conseguido pôr as mãos naquele anel e ainda mais interessado no motivo dele não ficar com esse tesouro para si.
Entregou o anel para a comandante, estranhando as expressões de lamento que tomaram a esposa dela e o capitão ao seu lado.
— Eu sinto muito — Vanieli disse para a esposa, reconhecendo o anel que pertencia ao Rei Mardus. Escorregou uma mão para o ombro dela, tentando lhe enviar forças para superar aquela perda.
— Lamentável — sussurrou o capitão, claramente emocionado.
Lenór, por sua vez, manteve o silêncio. Admirou a joia como se estivesse segurando o mais venenoso dos seres.
— Ah… — Dioné deu um passo incerto à frente — Acho que é minha vez.
Assim como o amigo, ele rasgou um bolso secreto na túnica e retirou dele um pedaço de pergaminho feito de couro. Lenór o desdobrou com cuidado.
— Isso é possível? — Elius perguntou, olhando por sobre o ombro dela.
Dimal se aproximou com passos quase inaudíveis e assustou os estrangeiros, que não haviam notado sua presença junto à porta por onde passaram. Iria se juntar a Elius, às costas da comandante, porém, ela acabou por lhe entregar o pergaminho que revelou-se ser um mapa.
— Há algo mais? — perguntou ela.
Bertis se voltou para Irini e Milo.
— Entreguem — mandou ele.
— Não há nada para entregar — Irini respondeu, tranquila.
— Não mintam! Aticus deu um pedaço de mensagem para cada um de nós. Se por acaso alguém fosse apanhado, os outros deveriam prosseguir com a missão e entregar a parte da mensagem que lhes cabia.
— Vocês também têm uma — Dioné endossou.
— Não temos — Milo afirmou.
— Mentiras!
— Na verdade, não. — Lenór ficou de pé e mancou até o casal.
Parou diante de Milo, analisando o rosto moreno e barbudo. Deu um sorriso estranho, antes de se voltar para Irini e, por fim, olhar para Dimal. Havia algum tempo, a tatuagem no pescoço dele, que tinha a forma de um pássaro negro, ganhara uma cópia. E só existia uma razão para isso.
— A missão de vocês era maior do que imaginavam. — Afirmou ela. — Mas, se acaso o plano desse errado, ao menos teríamos isso… Um anel, uma herança para o próximo governante de Cardasin. Uma forma de provar que tínhamos a benção do Rei Mardus. E, se o anel não chegasse, ainda haveria o pergaminho com as localizações das tropas zaidarnianas ao longo da fronteira e seus planos de ataque. Uma forma de nos defendermos de um exército mais numeroso e bem armado que o nosso.
Ela balançou o pergaminho na mão, então o atirou no fogo.
— É uma pena que tenham chegado tarde demais.
Tanto Dioné quanto Bertis, não conseguiram ocultar a surpresa.
— Senhora?!
— Eu iniciei uma guerra esta manhã — ela contou. — Independente do que estava naquele pergaminho, a verdadeira batalha acontecerá aqui. Ela irá ditar o destino dos dois reinos. E se não quiserem estar aqui quando o exército de Zaidar chegar, é melhor partirem agora.
Os dois rapazes se encararam, reconhecendo a oportunidade de sobrevivência.
— Agradecemos o conselho, senhora.
— Elius irá providenciar cavalos descansados, víveres e uma boa recompensa pelos seus serviços — gesticulou para o capitão, que indicou a porta para eles.
Os dois não se moveram, à espera de Milo e Irini.
— Nós ficaremos — disse a mulher.
Lenór esclareceu:
— Seus amigos não possuem mensagens a entregar, porque eles são sua própria carga preciosa.
Os jovens fitaram o casal de irmãos, com olhos menos agressivos, porém, curiosos. Enquanto isso, Lenór falou:
— Digam ao senhor Dan, que sou muito grata pelos seus serviços e, desde que não ouse fazer investidas criminosas em Cardasin, o terei como um amigo e aliado.
Cientes de que não tinham mais nada a fazer ali, os rapazes acompanharam o capitão para fora do quarto. Ainda lançaram um olhar curioso para o casal de irmãos, mas eles já não lhes prestavam atenção. Quando a porta se fechou atrás deles, Lenór voltou a encarar aquele que dizia se chamar Milo.
— Você está horrível. Na verdade, os dois estão. E se não estivesse tão feliz por vê-los, encheria esses rostos cínicos de socos!
— Nada que um bom banho e um barbear decente não resolvam. — Mardus disse, e riu alegremente.
Enquanto isso, Dalise se livrava da aparência de Irini. Os cabelos negros e crespos deram lugar aos loiros, quase brancos, como os do irmão gêmeo. Os olhos retornaram ao azul celeste e a pele bronzeada empalideceu revelando as sardas e as tatuagens palatins. No pescoço, a tatuagem de dois pássaros negros moveu-se suavemente, quando encaixou-se no abraço de Dimal.
— Também senti saudades, prima — disse o rei, abraçando Lenór com força.
***
— Você já foi melhor nisso, “amor”.
Aisen estremeceu ao ouvir a voz de Yahira. Ela baixou o olhar para encontrar a ex-companheira recostada na árvore vizinha àquela em que estava trepada.
— Por acaso lhe ocorreu que eu não estava tentando me esconder? — pulou para um galho mais baixo e, por fim, alcançou o chão.
A outra lhe admirou a agilidade com um pequeno vinco no canto da boca.
— Me deixe reformular a frase, então: você já escolheu maneiras melhores de chamar a minha atenção.
Aisen preferiu não responder. Era extremamente difícil aparentar tranquilidade diante dela.
— Fique à vontade para alertar a sua comandante sobre o exército que marcha em direção ao Castelo do Abismo — Yahira soltou, alegre.
Embora não pudessem vê-los daquele ponto, ainda era possível ouvir os sons da marcha dos soldados a algumas dezenas de metros de distância. Assim que Lenór e companhia deixou o acampamento, o rei Dakar colocou os homens em movimento. Queria todos prontos para a batalha antes do fim da tarde, mesmo aqueles que estavam acamados.
— E você acha que ela já não sabe? — Aisen perguntou.
A outra riu baixinho.
— Nada como ferir o orgulho de um homem como o rei Dakar e, assim, obrigá-lo a fazer algo com os ânimos inflamados. Confesso que fiquei surpresa com a visita de vocês, mas fiquei ainda mais por uma provocação tão simples ter surtido efeito.
Ela dirigiu o olhar para a direção de onde viera, como se fosse possível ver os homens através da folhagem densa e troncos de árvores.
— Não vai contar a eles sobre a artimanha? — Aisen quis saber.
— Isso pode surpreender você, mas não morro de amores pelos zaidarnianos. A minha lealdade pertence, apenas, a Lorde Vans. Mesmo assim, não tenho qualquer obrigação de contar a ele coisas sobre as quais não me perguntou ou pediu para investigar. Do contrário, teria revelado que todos aqueles homens doentes são fruto da própria artimanha dele. Água e vinho envenenados.
— A segurança de Delazor é bastante relapsa — Aisen deu de ombros. — E Zaidar merecia provar um pouco do próprio veneno.
— Afinal, sua comandante não tem medo de jogar sujo — mostrou-se impressionada.
— Não, quando Zaidar vem fazendo isso há quase duas décadas. Mesmo assim, o veneno que usamos tinha apenas o objetivo de adoecer e não matar, ao contrário do que fizeram no passado.
— É justo. — Yahira admitiu. — Todavia, estou surpresa que tenha concordado com algo assim. Você sempre foi contra fazer os inimigos pagarem com a mesma moeda.
— Depois de você, reconsiderei algumas opiniões pessoais.
Yahira sentiu o golpe nas palavras dela. Perguntou:
— Se não está aqui para vigiar ou espionar o exército inimigo, é justo supor que me esperava para cumprir o seu destino? — pousou as mãos na cintura, acariciando o punhal. Se indagava se o combate iminente era a causa das desagradáveis emanações que o punhal lhe enviou durante os últimos dias.
— Os nossos destinos, você quer dizer. Sim, hoje você encontrará a morte pelas minhas mãos.
Mas, em vez de se preparar para o combate, Aisen lhe deu as costas e começou a se afastar.
— Para onde vai? Achei que fôssemos lutar.
Ela respondeu sem diminuir o passo, por sobre o ombro:
— Não quero interferências esta noite.
Yahira voltou a olhar para a direção de onde viera, com semblante fechado.
— Você não precisa se preocupar com eles — a voz de Aisen a alcançou. — Seus destinos estão selados. E é certo que a morte os aguarda ao fim dessa caminhada. Esqueça-os, nós temos que pôr fim ao que iniciamos anos atrás.
Com uma risada, Yahira concordou e a seguiu.
— Como desejar, querida.
E Van se declarou, fazendo o coração de Lenor quase explodir de amor.
Aisen ainda ama Yahira. Um amor em meio a decepção, mas ama. E senti que Yahira também ama e talvez não tenha coragem ou não possa pedir perdão, por conta do pacto que fez no passado. Espero que isso se resolva sem machucar ainda mais Aisen.
Sou a felicidade em pessoa, por lê um novo capítulo dessa história fascinante, doida pra vê esse Rei Dakar se lascar. Cada vez mais apaixonada pelo amor de Lenór e Vanieli.
Oiê, TD bem?
Nossa, eu recebi uma notinha no meu celular q dizia 38 lesword (q diabo é esse 38, estava o novo cap de Carol e mudou RS , daí fui ver e ler esse capítulo e acho q nunca li a estória, fiquei fascinada KKK.Sou louca. Já me situei…sou assim de rápida!! Haha.Lerei os 37 mesmo assim aos poucos dps de ler o novo cap de Carol!!
Beijoss
Sensacional,
qto eu esperei e finalmente chegou a hr, amei ter q reler 3 caps. anteriores, prá só então ler este para enfim me situar na estória.
E como sempre, elas chegaram chegando, abafa q a coisa vai tremer…
Amei a visita pra avisar do cap. 38.
Bjs,
Nádia
Meu Deus que felicidade em tê -las de volta. Aisen e yahira respiram e suspiram paixão…tomara que elas se matem aonde for de amores… Vani e Lenor cada dia mais unidas e lindas… Madrus nos surpreendeu… História fascinante. Parabéns Tha, volte sempre.. bj