Aniversário de Mariana, Adriana preparou uma surpresa para a namorada, marcou com ela em seu apartamento. Passaria lá para pegá-la e sair para jantar.

Adriana nem saiu do carro, esperou Mariana descer do prédio, Estava distraída no volante, e quando olhou para a portaria viu Mariana saindo pela porta, seu queixo caiu.

Mariana caminhava brilhantemente sobre o salto agulha, usava uma calça branca justa no corpo, a blusa também colada delineava sua silhueta fina e os seios modelados. Os cabelos molhados estavam soltos sobre os seus ombros, acessórios dourados davam o toque final. Adriana ficou hipnotizada.

Ao entrar no carro, Mariana beijou a namorada e Drica sentiu aquele perfume inebriante que ela sempre usava. Estava extasiada.

— Você caprichou hein! Está linda! – Drica fez um carinho em seu rosto –

— Você também está divina! – colocou a mão na coxa da contadora –

Adriana usada um vestido justo, estilo bandage, cinza com detalhes em renda preta na metade da coxa evidenciando suas pernas torneadas, Mariana veio trilhando um caminho pela sua barriga e chegou ao decote nos seios, no pescoço um colar que ia até a curva daqueles montes que Mariana tanto adorava, as alças finas seguiam para os ombros e ela também usava os cabelos soltos, estavam escovados, tinham um efeito maravilhoso. A maquiagem leve e o perfume forte masculino que Drica ama. Os pés descalços para dirigir, mas as sandálias de salto fino estavam do lado do carona, nos pés de Mariana.

— Aonde essa mulher sexy irá me levar? – afastou os cabelos do pescoço de Drica –

— Nós vamos jantar. – piscou – E depois eu tenho uma surpresa.

— Eu adoro surpresas, especialmente vindo de você.

— Então vamos, porque nós temos reservas. – deu um selinho na namorada –

Adriana dirigiu em direção ao Hotel Marina All Suites que fica na orla do Leblon, a dois quarteirões do apartamento de Mariana. A contadora entregou o carro ao manobrista e Mariana não entendeu nada, o que elas estavam fazendo ali?

— Se eu soubesse que viríamos tão perto eu nem tinha me arrumado tanto. – disse desanimada –

Mariana pensou que as duas iriam em um barzinho que fica na esquina do hotel, mas Adriana tinha outros planos para aquela noite.

— Ah meu amor, você não irá se arrepender. – segurou a mão da arquiteta e a conduziu para o hotel –

Só então que Mariana percebeu que suas suspeitas estavam erradas, Adriana foi recebida pela recepção e falou algo conformando uma reserva. As duas foram conduzidas até o elevador e o ascensorista apertou a cobertura.

Mariana sorria como uma criança, apertou a mão de Adriana e a morena riu. Quando as portas abriram, o restaurante do hotel apareceu para as duas, Mariana ficou boquiaberta com a beleza e o bom gosto do lugar.

A decoração retrô-moderna tem um clima inovador e aconchegante, Mariana percebeu um toque arrojado na decoração, com um conjunto de luminárias de variados estilos na entrada, o bar com as luzes de LED e pequenos espelhos emoldurados de neon nas cores laranja e vermelho posicionados estrategicamente no teto, dão uma impressão tridimensional ao lugar.

Uma moça simpática as recebeu e as conduziu para a mesa reservada, ao lado da janela com a vista para a praia do Leblon, as duas sentaram e Mariana não parava de sorrir.

— Então, agora está bom para você? – Drica brincava –

— Está perfeito. – recebia o cardápio – Com você até torresmo em um bar de esquina seria maravilhoso.

Adriana sorriu, aquela é a Mariana que ela conheceu ha tempos atrás. É a mulher doce e carinhosa que a conquistava.

Adriana e ela escolheram os pratos, Drica preferiu um escondidinho de camarão com shitake e Mariana pediu um Risoto Carioca.

As duas conversavam animadas enquanto jantavam.

— Ai Drica, que bom que o seu pai conseguiu o transplante, isso vai te deixar mais calma não é? – bebia um gole de vinho –

— Com certeza. – cortou um pedaço do escondidinho – Saber que ele vai ficar curado é um grande alívio. – comeu –

— E o lance da sua mãe? – comeu uma garfada de risoto –

— Ai Mari, a noite está tão agradável, não vamos estragar tudo isso. – limpou a boca com o guardanapo –

— Tudo bem, meu amor, desculpe. – olhou para fora através da janela – A vista é linda. Eu nunca imaginei que existia um lugar assim aqui perto de casa. Você já conhecia?

— Não. – disse casual –

— Como você descobriu? – olhou desconfiada –

— Google. – riu –

Mariana riu com Drica e terminaram de jantar entre um papo e outro, a sobremesa foi crepe de cacau com banana.

— Meu amor está tudo lindo. O lugar foi perfeito, e o jantar também. – segurou a mão de Adriana sobre a mesa – Obrigada.

— Ainda não acabou. – Drica disse chamando o garçom – Ainda temos surpresas. – ria –

— O que você está aprontando? – estreitou os olhos –

— Calma e você verá. – o rapaz se aproximou – A conta por favor.

— Pois não senhora. – retirou-se –

— Eu ainda tenho mais dois presentes para você.

— Mais dois? – Mariana se espantou – O que será?

O mesmo rapaz trouxe a conta e Adriana colocou um cartão magnético dentro da nota e devolveu a ele, depois de alguns minutos ele retorna e entrega o cartão de volta, é gentil e acompanha as duas moças ao saírem da mesa.

— E agora meu amor?

— Mas que ansiedade! Calma! – segurou a mão da arquiteta e a levou até o elevador, as duas ignoravam os olhares curiosos de algumas pessoas que ficavam imaginando se elas eram mesmo um casal.

Adriana apertou o sexto andar quando a porta do elevador fechou, e Mariana não entendeu nada.

— Drica, você apertou o botão errado. – ia apertar o térreo, mas Adriana segurou sua mão –

— Estamos indo para o andar certo. – sorriu o seu melhor sorriso –

Só então Mariana percebeu o que a namorada havia feito. Ela reservou um quarto para as duas no hotel, elas passariam a noite se amando e revigorando suas almas.

O elevador parou e Adriana saiu no sexto andar, seguida de Mariana, a arquiteta ainda não acreditava no que iria acontecer, Adriana chegou na porta do quarto e abriu com o mesmo cartão magnético que deu para o pagamento do jantar.

Ao abrir a porta ela deixou Mariana passar em sua frente e a arquiteta ficou emocionada, o lugar bem decorado, recebia os hóspedes na sala de estar, com um sofá no mesmo ambiente uma mini sala de jantar com cozinha americana. Sobre o balcão um balde de gelo com champanhe e duas taças. Um buquê de rosas vermelhas estava ao lado com um cartão.

Adriana fechou a porta e ficou olhando a namorada, estava feliz em ter pensado em tudo aquilo e ter conseguido arrancar essa expressão de surpresa da arquiteta. Adriana pensou em tudo, quis retribuir o aniversário inesquecível que a namorada proporcionou em Boston.

Mariana olhou de volta para a namorada e sorriu, caminhou até Drica e a abraçou e a contadora tomou sua boca em um beijo carinhoso e apaixonado.

Quando se separaram, as duas se encaravam. Sem falar nada, Adriana trouxe Mariana até o balcão e entregou as flores.

— Isso é por você ser quem você é, apaixonante. – sorria aberto —

Mariana pegou aquelas flores e ficou maravilhada, eram lindas, Adriana começou a abrir a garrafa de champanhe e estourou a rolha que saiu pela cozinha fazendo a espuma escorrer pelas mãos de Drica.

A arquiteta pegou as taças e Adriana encheu as duas, brindaram e tomaram um gole, acabaram com aquela taça e Adriana encheu novamente.

Mariana admirava a namorada. Estava encantada com a produção que Drica fez, mal sabia que ainda não tinha terminado.

— Meu amor, está tudo lindo. Você me surpreendeu.

— Ainda não acabou.

Adriana colocou a taça no balcão e abriu a bolsa, tirou uma caixinha preta e entregou a arquiteta.

— Esse é o seu presente. Feliz Aniversário Mari! – esticou a mão —

Mariana pegou o pacote e começou a abrir, encontrou um relógio dourado do jeito que ela disse que queria em uma conversa com Adriana ha muito tempo atrás pelo Skype. Adriana trouxe de Nova Iorque para o aniversário da namorada.

— Drica, é lindo! – estava encantada –

— Coloca. Eu achei a sua cara.

Mariana pegou o objeto e colocou no pulso, ficou admirando a peça em seu braço. Olhou para Adriana e a puxou para um abraço apertado e um beijo apaixonado.

— Obrigada Drica.

— Vem.

Adriana saiu puxando a arquiteta pela mão e quando chegaram na porta do quarto ela abriu as duas portas de correr revelando a atmosfera romântica que criara para receber a namorada naquele dia especial.

— Adriana! – seus olhos marejaram –

A contadora passou no hotel mais cedo e preparou o quarto com pétalas de rosas vermelhas sobre a cama, o quarto estava a meia luz as cortinas abertas mostravam a praia do Leblon, em uma visão da lua cheia espetacular para coroar a noite de amor das duas. No canto do quarto uma mesa tinha um arranjo de flores e um aparelho com um Ipod e uma cesta com alguns objetos.

Adriana abraçou a arquiteta por trás e beijou sua orelha, Mariana sentiu a pele arrepiar.

— Eu fiz isso para você.

— Está tudo lindo demais. – fechou os olhos –

— Mari você é um ser humano maravilhoso, uma pessoa iluminada, eu quero ser feliz ao seu lado e fazer você feliz.

— Você faz minha linda. – se derreteu – Eu quero te fazer feliz também. – virou de frente para a namorada – Desculpe meu temperamento, eu sei que eu tenho sido uma idiota.

— Ei, não vamos falar sobre nada disso hoje. – colocou o indicador na boca de Mariana – Hoje é dia para comemorar e eu quero esquecer o mundo lá fora, — beijou sua boca – hoje a noite é toda nossa.

Mariana sorriu e beijou a namorada, Adriana enlaçou sua cintura e a puxou para colar os corpos, Mariana já passeava com seus dedos pelas curvas sinuosas da cintura de Drica, desceu pela coxa da morena alcançando a barra do vestido e segurou a dobra do joelho da contadora, levantando sua perna.

Adriana encaixou na perna de Mariana ficando sobre um pé apenas e a índia correu sua mão por baixo da renda do vestido. – Você está extremamente sexy, minha linda. – roçou o nariz no pescoço da contadora.

— É tudo para você. – disse ofegante –

Mariana girou com Adriana em seus braços e deixou a perna da morena pousar novamente no chão, o beijo era quente, as línguas bailavam em perfeita harmonia.

Mariana se entregava de corpo e alma àquele momento, Adriana estava sentindo seu coração pulsando diferente, percebia o sentimento por Mariana crescendo dentro de si, ela estava se permitindo essa invasão, queria se apaixonar pela arquiteta e percebia isso acontecendo.

Delicadamente Adriana soltou o laço da blusa de Mariana, e deixou o pano fino escorregar pela sua pele e encontrou os seios firmes da índia à sua disposição, desceu beijando seu pescoço até chegar nos mamilos, Mariana gemeu. – Ah!

Segurava os cabelos da namorada e a cabeça caiu para trás. Adriana retirou sua blusa e abriu a calça da índia, Mariana retirou as sandálias e a calça foi retirada lentamente por Adriana, a calcinha pequena também branca convidava o toque da contadora.

Adriana levantou acariciando o corpo de Mariana que estremecia com os dedos macios dela. Adriana fez com que a namorada deitasse na cama e saiu sob o olhar faminto da arquiteta.

Sobre a mesa no canto do quarto ela disponibilizou o Ipod com o suporte e ligou o aparelho.
No som, a melodia cadenciada ditava o ritmo da morena. Ali mesmo de costas para Mariana, Adriana fechou os olhos e tentava vencer a timidez, respirou fundo e pôs-se a dançar sozinha, ela rebolava e Mariana ficou surpresa com a postura da namorada, Adriana sempre foi contida e comentava o quanto era tímida.

Alicia Keys começou a cantar suavemente.https://www.youtube.com/embed/Urdlvw0SSEc?feature=oembed&wmode=transparent
Fallin’
I keep on falling
In and out of love
With you
Sometimes I love ya
Sometimes you make me blue
Sometimes I feel good
At times I feel used
Loving you darling
Makes me so confused

CHORUS:
I keep on falling
In and out of love with you
I never loved someone
The way that I love you

Oh, oh , I never felt this way
How do you give me so much pleasure?
And ’cause me so much pain
Just when I think
I’ve taken more than would a fool
I start falling back in love with you

CHORUS:

Oh baby
I, I, I, I’m falling
I, I, I, I’m falling
Fall

CHORUS 3X:

What?

Me Apaixonando
Eu continuo
A me apaixonar
Por você
Às vezes eu te amo
Às vezes você me faz sentir triste
Às vezes eu me sinto bem
E às vezes me sinto usada
Amando você, querido
Me deixa tão confusa

Refrão:
Eu continuo a me apaixonar
Ficar e não ficar apaixonada por você
Nunca amei ninguém
Do jeito que amo você

Oh, oh, eu nunca me senti assim
Como você me dá tanto prazer,
E me causa tanta dor?
Quando começo a pensar
Que tirei mais do que perdi
Começo a me apaixonar por você de novo

Refrão

Oh meu bem
Eu, eu, eu estou me apaixonando
Eu, eu, eu estou me apaixonando
Apaixonando

Refrão 3X

O quê?
Drica virou-se e caminhou sensualmente até o tapete em frente à cama enorme do quarto, Mariana estava sentada, esperando aquela cena deliciosa que se desenhava, Drica passava as mãos pelo próprio corpo se insinuando para Mari, soltou uma das alças do vestido, lentamente soltou a outra, levou as duas mãos para as costas para se livrar do fecho e virou de costas para Mariana ver o movimento.

Mariana babava com aquele deslizar dos dedos e o vestido se abrindo, Drica segurou no busto impedindo o pano de cair no chão, segurou os cabelos com a mão livre e rebolou no ritmo da música, absurdamente sensual. Mariana quase teve um orgasmo só de ver aquela cena.

Adriana virou novamente para a namorada e soltou lentamente o vestido, deslizando pela sua pele alva, Mariana ameaçou levantar, mas Adriana a impediu. Foi até a arquiteta e plantou um beijo em sua boca e sussurrou: — Deita ai que a noite só está começando. – lambeu os lábios de Mariana.

Mariana fechou os olhos de desejo, mas obedeceu a namorada, deitou-se na cama e Drica continuava seu bailado, o vestido foi jogado ao chão, a lingerie branca de renda foi saindo aos poucos, o sutien retirado alça a alça, e a calcinha Drica foi até a cama e ofereceu para a namorada retirar.

Mariana não se fez de rogada, acariciou a pele macia da sua mulher e retirou a peça calmamente, tentando entrar no clima, Mariana ainda estava com a peça intima que Adriana fez questão de retirar com a boca. Travou os dentes em uma das laterais e puxou a peça. O roçar dos dentes na coxa de Mariana dez a índia se arrepiar inteira, e Adriana sorriu ao perceber a reação da namorada.

Adriana fez o mesmo do outro lado e assim repetindo o movimento retirou a lingerie deixando a índia completamente nua. Mariana já ofegava e estava entregue aquelas sensações.

Drica foi até a cesta que estava sobre a mesa e pegou uma calda de chocolate e trouxe para a cama, Mariana sorriu moleca ao ver o pote nas mãos da contadora, Adriana subiu na cama e colocou o pote no criado mudo.

— Isso é para daqui a pouco. – beijou Mariana –

— Eu estou com fome de você. – Mariana virou Drica e ficou por cima da morena – Você me provocou demais, está na hora de eu te mostrar o que você fez comigo.

Se acomodou entre as pernas de Drica e roçou o sexo em sua coxa, Adriana sentiu a humidade que havia provocado em Mariana e sorriu, missão cumprida.
— Me beija Mari, eu quero fazer amor com você. – Mariana beijava o seu pescoço –

As duas se beijaram e se olharam, era um misto de sensações, prazer, amor, paixão, desejo. Mariana alcançou o sexo de Drica e começou a estimular seu clitóris, a morena pressionava o sexo de Mariana com a coxa e as duas iam em um ritmo cadenciado e as mãos se encontravam, os seios se tocavam, e gemidos invadiram o ambiente, a música já havia mudado, mas o clima sedutor ainda permanecia.

Percebendo que estavam perto de chegar ao clímax, Adriana inverteu as posições e olhou sapeca para Mariana. Pegou a calda e jogou no corpo da índia. Mariana se arrepiou com o contato do doce gelado em sua pele.

Adriana veio lambendo e mordendo a pele da arquiteta retirando aquela calda doce de chocolate, beijava Mariana para ela sentir o gosto em sua boca, foi uma doce provocação, literalmente, chegando perto da virilha, Adriana passou o dedo sobre o sexo da namorada que gemeu alto, estava próxima de chegar ao clímax com toda aquela sedução.

Adriana lambeu a calda que escorreu pela lateral da coxa da namorada e mergulhou no sexo molhado de Mariana que se retorceu na cama, com dois dedos, penetrou a namorada que gemeu mais alto.

Drica estimulava o clitóris de Mariana com a língua quente e doce e fazia movimentos de vai e vem levando a índia à loucura, o corpo de Mariana já respondia sozinho às investidas feitas por Drica, e a morena sentindo isso, aumentou a velocidade e Mariana explodiu em um orgasmo intenso na boca da namorada. Adriana ainda continuou estimulando o sexo da outra que chegou novamente a mais um orgasmo e finalmente depois de ouvir a aniversariante implorar, ela deixou a namorada descansar.

Deitou ao lado da arquiteta e fez um carinho em seus cabelos. Mariana sorria de olhos fechados. Respirava com dificuldade, estava saciada de prazer. Abriu os olhos e encontrou aqueles olhos castanhos brilhando.

— Você aprendeu a fazer isso aonde? – Mariana perguntou –

— Gostou? – sorria travessa –

— Adorei! — Puxou a garota para cima de si e colou os seus corpos – Agora é sua vez.

— Ai você está toda melada! Está grudando em mim. – Adriana brincava –

— Eu vou te limpar então.

Assim, as duas fizeram amor até a madrugada, conversaram e fizeram planos, foi um aniversário completo para Mariana. A felicidade parecia ter se estabelecido naqueles corações. Parecia.

*****************
Ana se despedia de Marta, passaria seis meses fora e teria que parar com a terapia.

— Ai Marta, você foi um anjo que caiu na minha vida.

— Eu não caí em lugar nenhum, você veio aqui porque você quis, foi você que deu o primeiro passo.

— Ah mas foi a minha salvação, hoje eu estou muito mais feliz, descobri quem eu sou, superei esse medo idiota e estou mais segura.

— Novamente, tudo isso quem fez foi você minha querida. – dizia com calma –

— Poxa Marta, então me devolve todo o dinheiro que eu te paguei por que você não fez nada! – colocou uma das mãos na cintura –

Marta ria da paciente, Ana acabou rindo também, estava feliz, estava renovada, alma leve e esperançosa.

— Mas me diz Ana, por que você vai se submeter a esse procedimento? Você não teria que viajar essa semana?

— Sim, mas eu não posso deixar de fazer um ato desses por causa de uma viagem de trabalho, é a vida de alguém que está em risco Marta, se eu posso fazer alguma coisa para mudar isso, eu vou sem medo. – deu de ombros –

— Muito bonito da sua parte, mas isso não é por ser alguém que você ama?

— Isso ajudou muito, mas eu faria se fosse com qualquer pessoa. Mas eu quero muito que ela seja feliz, e se eu puder contribuir pra isso, depois de tudo o que eu já causei, será minha redenção.

— Você se sentirá livre não é?

— Acho que sim.

— E esse tempo que você ficará longe? Quais os planos?

— Estudar, fazer o estágio e voltar com a corda toda para colocar esse monte de bandidos atrás das grades. – deu um soco na mão –

— Nossa. Voltará uma justiceira! – ria –

— Por ai Marta.

As duas conversaram mais um pouco e se despediram, Ana prometeu voltar quando retornasse de São Paulo.
*********

Adriana chegou ao hospital para visitar o pai, o transplante de medula estava agendado para aquele dia. Encontrou Felipe na porta do quarto, Catarina não estava com eles.

— Oi Lipe, — beijou o rapaz – ela não está aqui? –olhava ao redor –

— Não, ela foi em casa.

— Então, conseguiu descobrir quem é o doador?

— Sim, o cunhado de Luana me falou, ela está no segundo andar fazendo a doação, esse é o número da sala, por que não vai até lá? – entregou um papel a Adriana –

— Vem comigo.

— Não, eu vou ficar aqui com ele, você que está curiosa pra saber quem é, vai lá.

— Eu vou mesmo, quero agradecer pessoalmente. – sorriu –

Adriana caminhou pelos corredores do hospital, pegou o elevador e chegou ao segundo andar, procurou a sala que Felipe indicou e ao chegar no local encontrou Camila sentada em uma cadeira em uma sala de espera.

— Camila?

— Oi Drica! – levantou e beijou a contadora—

— O que você está fazendo aqui? Está tudo bem?

— Sim, está tudo certo. Eu estou esperando Ana Paula.

— Ela está com algum problema? – perguntou preocupada –

— Não, nenhum, ela está fazendo um procedimento, parece que ela vai doar medula pra um senhor que está com leucemia. Uma coisa assim.

Adriana ficou boquiaberta, então a doadora é Ana Paula, sua Ana. Mas por que ela não contou? Seus olhos marejaram e Camila ficou sem saber o que estava acontecendo.

— O que houve Drica? Você está bem?

— Sim, o senhor que vai receber o transplante é o meu pai.

— Ah então é por isso que Ana fez tanta questão de passar pelo processo, ela está de viagem marcada para São Paulo, adiou por uma semana para vir aqui fazer o procedimento.

Adriana sentiu o peito inflar de alegria e admiração, ficou ali com Camila esperando Ana ficar livre para agradecer o gesto da loira. Depois de uma hora o médico saiu da sala e Ana saía atrás dele, encontrou o olhar castanho da morena sentada ao lado de Camila e abriu o seu melhor sorriso.

— Drica!

— Oi Ana.

— Ana você está bem? –Camila perguntou –

— Sim. – não tirava os olhos da morena —

— Eu vou te esperar no carro então. Tchau Drica. – beijou a amiga e saiu –

— Eu não imaginava que era você.

— Eu fico feliz em poder te ajudar, ver sua felicidade é o mais importante pra mim agora.

— Eu não tenho como agradecer Ana. Muito obrigada.

— Não precisa, eu faria qualquer coisa para te ver feliz. E seu pai se curando vai te deixar mais tranquila, eu não poderia recusar isso.

— Obrigada.

Adriana abraçou Ana Paula no corredor, deu um beijo em seu rosto e sussurrou no ouvido da loira.

— Eu te amo Ana. Obrigada.

A advogada sorriu e sentiu os olhos enchendo de lágrimas, ficou emocionada ao ouvir novamente que sua amada ainda nutre sentimentos por ela.

Aquele abraço se prolongou por alguns minutos até que uma voz ecoou pelo corredor chamando por Adriana.
— Adriana, o que significa isso?

Mariana encontrou as duas se abraçando e ficou cega de ciúmes, caminhou com passos firmes até as duas e segurou o braço da morena arrancando Drica do abraço em Ana.

— Ai Mari, você está me machucando!

–O que está acontecendo aqui Adriana? – soltou a morena —

— Nada, eu só estava agradecendo Ana Paula… – foi interrompida—

— Agradecendo por que? Por me colocar outro chifre? –falava alto –

— Mariana, fala baixo, você está em um hospital. –Adriana repreendia a namorada –

— Foda-se, o que essa mulherzinha quer com você agora?

— Olha, eu já estava de saída. – Ana ajeitou a bolsa no ombro – Foi bom te reencontrar Drica.

Mariana em um ato furioso desferiu um tapa no rosto de Ana Paula

— Mariana o que você fez?

— Essa biscate tem que aprender que você é minha! E parar de te procurar.

Ana Paula não olhou mais para trás saiu caminhando pelo corredor com vergonha do que aconteceu. As pessoas olhavam a discussão e Adriana estava envergonhada.

— Mariana, você passou dos limites,– dizia entre os dentes — Ana é a doadora do meu pai, ela que está salvando a vida dele, — uma lágrima escorreu— eu estava aqui agradecendo o que ela fez, você não poderia perguntar antes de sair batendo nas pessoas?.

Mariana ficou muda. Adriana saiu deixando-a para trás. Antes de sair, virou e encarou a arquiteta.

— E outra coisa, eu não sou de ninguém, eu estou com você porque eu quero estar, mas eu já não sei mais se nós podemos dar certo.

— Adriana espera! – Mariana sentiu o peso cair em suas costas —

— Não venha atrás de mim. – disse com mais ênfase –

Mariana parou de andar e viu Adriana sair de seu raio de visão, começou a chorar, estava arrependida de ter tomado aquela atitude tão bruta. Nunca fora violenta, mas o ciúme a estava deixando cega, ela passou a mão nos cabelos e seguiu para o quarto do pai de Adriana para esperar a morena.

Adriana corria pelos corredores do hospital procurando por Ana Paula desceu pelas escadas correndo pois os elevadores estavam ocupados, chegou no pátio do hospital e olhou ofegante em busca da loira, avistou a advogada chegando perto do carro, andando rápido. Correu até a amada e a alcançou na porta do carro. Camila aguardava a irmã e ao ver Adriana correndo atrás dela entrou no carro para esperar a advogada.

— Ana Paula. – gritou —

Ouvir a voz de Drica foi um alivio e ao virar encontrou com o olhar aflito da morena, seu rosto branco estava vermelho da mão da arquiteta, Adriana ficou envergonhada pela atitude da índia.

Ana enxugava o rosto com a mão, secando uma lágrima que escorria teimosa.

— Ana, desculpa, ela não podia te bater, o ciúme dela está impossível.

— Drica, não precisa, não foi você quem fez, eu sei muito bem separar as coisas.

— Está vermelho. – aproximou a mão do rosto de Ana, mas recolheu sem encostar na pele – Desculpa.

— Não se preocupe, o que me importa é que seu pai vai ficar bom e você vai ficar feliz. Eu só quero o seu bem Drica, eu te amo e não importa o que aconteça, você sempre será a mulher da minha vida.

Adriana se emocionou e acabou se entregando ao seu amor, se declarou para amada como se fosse a primeira vez.

— Ana eu também te amo, isso nunca foi segredo para ninguém, e eu faria tudo de novo se fosse necessário, eu juro que se você tivesse dito naquele carnaval que me amava nós estaríamos juntas até hoje, mas infelizmente não aconteceu do jeito que eu queria.

Ana a observava pensando em tudo que elas passaram, pensando em tudo que ela perdeu.

— Você é a mulher que eu amo Ana, mesmo com tudo o que aconteceu é você que faz a minha vida se mover, mas agora estamos em fases diferentes da nossa vida, você vai para São Paulo e eu tenho muita coisa para administrar agora. Eu espero que você seja feliz também.

— Eu sei, eu viajo semana que vem,– abaixou a cabeça- eu quero que você também encontre sua felicidade mesmo que não seja comigo. – voltou a encarar a morena —

— Eu só posso ser completamente feliz com você.

Os olhos azuis de Ana brilharam, Adriana que estava com o olhar sem vida desde o sequestro mudou o semblante, seus olhos voltaram a brilhar, um abraço apaixonado se fez e as lágrimas correram devagar e ali a libertação das duas aconteceu, Adriana se soltou da loira e se afastou as duas se encaravam ainda, os corações saltavam pela garganta, e ninguém queria deixar aquele lugar.

As duas admitiram o que omitiram por muito tempo e também entenderam que esse não é o momento para realizar esse sonho de ficarem juntas, se é que algum dia existirá esse momento. Ana Paula foi a primeira a quebrar o contato e entrou no carro. Olhou novamente para Drica depois de abrir o vidro.

— Se cuida.

— Você também, cuidado lá em Sampa.

Ana deu um sorriso e Camila deu um tchau e saiu com o carro. Duas mulheres sofrendo por amor, um amor exposto com as cartas na mesa, mas que não poderia ser vivido, não naquele momento. Adriana estava chateada com Mariana, e feliz por ter recebido essa dádiva de ter a vida do seu pai sendo devolvida pela mulher que ama.

Adriana caminhou de volta para dentro do hospital e encontrou a namorada na porta do quarto a aguardando, seu olhar era de mágoa e Mariana percebeu isso, ficou com medo do que poderia acontecer dali pra frente. A morena passou direto por ela sem falar nada e entrou no quarto. Sua mãe estava no quarto e ela perdeu completamente o ânimo.

— E ai tigrão, preparado para voltar a viver? – sentou ao lado do pai –

— Claro minha filha! Muito preparado! Mas você disse que hoje traria sua namorada para eu conhecer, onde ela está?

Adriana olhou para a mãe dela que estava aflita no canto do quarto, olhou de volta para o pai que segurou sua mão.

— Ela está aqui fora, você quer que eu chame?

— Claro!

— Eu que não vou ficar aqui assistindo a essa pouca vergonha. – Catarina fez uma cena e ia saindo do quarto –

— Já vai tarde. – Drica disse entre os dentes –

— Minha filha, vocês ainda não estão se falando?

— Não papai, ela não gosta de mim, estamos melhor assim. – baixou os olhos –

— Ei, no fundo ela te ama. Agora vá chamar sua namorada.

— Ela me odeia. – pensou consigo mesma –

Adriana caminhou até a porta do quarto e chamou Mariana, ela estava seca, não tinha carinho em sua voz, elas estavam tão bem, mais de uma semana sem brigar e Mariana fez esse papelão no meio do hospital.

— Mariana, ele quer te conhecer. Depois a gente conversa.

A índia caminhou sem graça, percebeu que Drica perdeu o carinho que tinha em seu olhar para ela e entrou no quarto sabendo que aquela apresentação poderia ser a primeira e ao mesmo tempo a última como namorada da morena.

— Pai, essa é Mariana, a arquiteta que eu te falei. – não apresentou como namorada —

— Oi minha filha, é um prazer te conhecer. – segurou a mão da moça e sorriu –

— O prazer é todo meu senhor Antero. – sorria sem graça –

— Você que está fazendo a minha filha feliz?

Elas se olharam e Mariana respondeu balançando a cabeça positivamente.

— Pelo menos eu tento. Não sei se eu consigo. – estava triste com a discussão que teve com a contadora –

— Ah, consegue sim, não é minha filha? – olhou para Drica –

— É papai. – sorriu –

— Então eu desejo muita felicidade para vocês duas.

— Obrigada senhor Antero.

— Me chame de Antero, e não ligue para Catarina, daqui a um tempo ela se acostuma a isso.

Mariana sorriu e saiu do quarto, uma enfermeira entrou e pediu que todos se retirassem para começarem os procedimentos para o transplante. Drica e Felipe deixaram o quarto do pai e se despediram ambos iam trabalhar, Catarina ficaria acompanhando o marido.

Adriana saiu do hospital com a arquiteta magoada, não estava falando com Mariana que percebeu que estava em apuros.

— Drica, me desculpa.

A morena não respondeu, continuou caminhando para o estacionamento.

— Poxa Adriana você vai ficar sem falar comigo até quando? – abriu os braços e bateu nas pernas –

Adriana parou e virou para a namorada.

— Até você parar com esse ciúme sem limites Mariana, eu não posso nem sair de casa mais que você já fica reclamando, eu sei que eu errei, mas você aceitou o meu erro e quis ficar comigo, assumiu o controle da situação. Pelo menos eu pensei que você tinha controle sobre isso. – dizia desanimada —

— Mas é que toda vez que eu vejo essa mulher eu imagino ela colocando as mãos em você e eu fico cega.

— Mari, eu estou com você e depois que eu voltei de lá nunca fiz nada para te desrespeitar, mesmo encontrando com ela, eu estava apenas a abraçando em agradecimento. Se você quisesse descontar sua raiva que fosse em mim. Bate em mim então, não nela, ela não tem que te dar satisfações, eu sim.

— Eu nunca bateria em você Drica.

— Mariana nós estamos nos perdendo, onde está a mulher maravilhosa que foi me resgatar em Boston? Onde está aquela Mariana que eu conheci e me fez voltar a vida quando eu estava com a alma morta? – lágrimas escorreram de seu rosto –

— Eu estou aqui meu amor, eu continuo aqui. – chorava também – Eu posso ser essa mulher de novo.

— Então seja Mari, porque do jeito que está nosso relacionamento não vai durar. – limpou o rosto com as costas da mão – Acho que foi um erro continuarmos com isso.

Mariana se aproximou e abraçou Adriana que aceitou o contato da namorada.

— Desculpa. Não fala isso, nós não somos um erro.

— Tudo bem, mas não faça mais isso. – olhou nos olhos dela – Eu quero que isso dê certo, mas não me sufoque eu não sei viver assim.

— Eu sei minha linda, desculpa, eu vou melhorar. – deu um selinho na contadora e elas foram para o carro –

Cada uma seguiu o seu caminho para seu trabalho e suas responsabilidades, Adriana estava confusa, cansada, preocupada com o seu pai, mas aliviada que o sofrimento dele estava por terminar.
**************

Uma semana passou e o transplante foi executado com sucesso e Antero recebia alta do hospital. Fevereiro começava e Ana estava se preparando para viajar.

Adriana foi visitar o pai no apartamento e encontrou Felipe e Luana fazendo o mesmo.

— E ai, como ele está? – abraçou o irmão e cumprimentou a cunhada –

— Está bem, comeu e foi deitar um pouco, ainda está se sentindo fraco, o médico disse que mais uma semana e ele estará novo em folha.

— Maravilha, e quando ela vai contar para ele? – se referia à Catarina –

— Eu não sei, mas eu falei para ela não deixar passar muito senão eu conto. – falavam baixo —

Catarina vinha do quarto e viu Adriana, virou a cara para a contadora e foi direto para a cozinha. Adriana mesmo dizendo que não, sentia muito essa indiferença da mãe, sofria calada com esse sentimento que a sua progenitora nutria por ela.

Eles conversaram com o pai e os dois deixaram o apartamento, Adriana foi trabalhar e Felipe estava de férias, se preparava para viajar com Luana para passar o carnaval em Salvador.

***********

Ana colocava as malas no carro do pai que a levaria para o aeroporto, o embarque para São Paulo estava marcado para meio dia.

A advogada se despediu de Camila e sua mãe, Alana já estava no Canadá pois a faculdade já havia iniciado suas aulas.

— Ai maninha, eu vou sentir tanto a sua falta! – abraçava apertado a advogada –

— Eu também vou morrer de saudades. Veja se cria juízo hein menina!

— Eu sou ajuizada!

— Eu sei que é. – olhou para a mãe – Mamãe, até a volta.

— Ai minha nossa, eu não vou chorar! – já estava chorando – Eu não vou chorar,

Ana Paula ria da mãe que repetia como se fosse um mantra, mas já estava soluçando de tanto chorar.

— Mamãe são só seis meses. – sua mãe estava agarrada em seu pescoço –

— Eu sei, mas é que eu volto pra casa e minha filha vai embora, que golpe do destino!

— Mamãe, não precisa fazer drama! Eu volto logo.

— Vai minha filha, se cuida. – agarrou o pescoço de Camila que quase caiu –

Rindo, Ana saiu para o carro e foi conversando com o seu pai até o aeroporto, fez o check in e aguardava a chamada para o seu voo. Seu pai lhe dava algumas dicas sobre o ambiente que ela iria encontrar e como se comportar na promotoria.

Seu telefone tocou e ela viu o nome de Adriana no visor, atendeu com um sorriso no rosto.

— Oi Drica! Que surpresa boa!

— Ana, tudo bem?

— Sim, e você?

— Eu estou bem. Onde você está?

— No aeroporto, estou esperando o embarque da ponte aérea.

— Qual portão?

— No cinco. – Ana parou para pensar – Espera ai, por que?

— Já te vi.

Ana abaixou o aparelho e começou a procurar a morena, encontrou os olhos castanhos da mulher amada que caminhava em sua direção, abriu um sorriso enorme, seu pai apenas a observava, reconheceu o amor em seus olhos e ficou feliz que a filha tenha aprendido o caminho do coração.

Ana caminhou ao encontro da contadora e quando se encontraram seus corações pulsavam acelerados, ambas tinham sorrisos bobos no rosto.

— Adriana, eu não esperava você aqui hoje.

— Isadora comentou que seu voo era hoje e eu resolvi me despedir.

— Isadora. – pensou na amiga que fez isso de propósito para incitar Adriana – Aquela ali. – riu –

Adriana entendeu o que ela quis dizer e se limitou a sorrir também.

— Eu vim desejar uma boa viagem. Que você seja muito feliz Ana Paula.

— Minha felicidade é ao seu lado.

— Quem sabe um dia! – estendeu um pen drive para a loira – É pra você.

— O que é isso?—pegou o eletrônico –

— Pra você se distrair durante o voo. – sorriu –

— Drica, se cuida e tenta não ser sequestrada de novo.

Adriana riu e balançou a cabeça positivamente. – Eu prometo.

A morena abraçou a advogada e deu um beijo no rosto, Ana retribuiu o carinho, segurando a vontade de beijá-la na boca.

As duas se separaram e Adriana deu um passo atrás.

— Eu vou embora, ninguém sabe que eu estou aqui, eu disse que ia visitar meu pai. – colocou as mãos nos bolsos –

— Eu entendo.

Ana quis dizer que a amava, mas retrocedeu, já era hora de deixar tudo se encaixar e o destino ficaria encarregado de unir o que foi separado se assim tiver que ser.

Adriana sorriu e pensou um pouco, olhou para o chão e levantou a cabeça encarando aqueles olhos azuis que ela mergulhava de cabeça tantas vezes. Despediu-se.

Bateram as mãos em um tchau e Adriana saiu pelo saguão querendo ficar, Ana acompanhava os passos da morena suspirando, como ela pôde ser tão cega por tanto tempo?

Sentiu o abraço de seu pai e levou um susto.

— Estão chamando o seu voo.

— Ah papai, eu nem ouvi.

— Eu percebi. É a sua garota?

— Era. – dizia triste –

— O que tiver de ser será minha filha. Deixa que Deus sabe todas as coisas. – beijou a testa da filha – Agora vamos?

— Sim, obrigada pai. Cuida de tudo ai.

— Pode deixar comigo! Boa viagem.

Ana pegou sua mochila e foi para o avião, depois de decolar ela já poderia ligar o tablet e pegou aquele pen drive que Adriana tinha lhe dado. Plugou o eletrônico no aparelho e esperou, viu que tinham várias músicas e ela reconheceu a maioria como as músicas que embalaram o amor das duas. Até aquele pagode irritante do carnaval ela gravou, Ana passou até a gostar daquela música já que ela lembrava aquela transa maravilhosa dentro da dispensa. Ana sorriu ao lembrar-se daquele momento.

Viu que tinha uma apresentação no power point com o nome: “ASSISTA”, ela clicou sobre o arquivo e abriu uma apresentação que Adriana fez para a advogada, ela estava com o fone no ouvido e escutou a voz doce de Ivete Sangalo cantando Vinicius de Moraes.https://www.youtube.com/embed/68nUUP5LYM4?feature=oembed&wmode=transparent

Eu sei que vou te amar (Vinicius de Moraes- Cantado por Ivete Sangalo)

Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida eu vou te amar
Em cada despedida eu vou te amar
Desesperadamente
Eu sei que vou te amar

E cada verso meu será pra te dizer
Que eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida

Eu Sei que vou chorar
A cada ausência tua eu vou chorar,
Mas cada volta Tua há de apagar
O que essa ausência tua me causou

Eu sei que vou sofrer
A eterna desventura de viver a espera
De viver ao lado teu
Por Toda a minha vida.
Enquanto a música ecoava uma sequencia de fotos passava, foram todos os momentos que as duas passaram juntas e foram registrados, o Ano Novo em Copacabana, o carnaval em Cabo Frio, o aniversário de Casamento de Paula e Alessandra, cinema, momentos íntimos no apartamento de Adriana, a trilha de moto que elas fizeram, e ao final uma foto de Adriana sozinha com a legenda: “Você é a mulher da minha vida”.

— Ai ela quer me matar! — limpava o rosto com a mão —

Ana chorava sem controle, ria e chorava, o passageiro ao seu lado não estava entendendo nada, já estava pensando que a moça não era normal. Chamou a aeromoça e pediu um copo de água para Ana, que só percebeu quando a moça simpática lhe entregou o copo descartável.

— Eu não pedi água.

— Mas eu pedi, você está chorando tanto que vai acabar desidratada. – o homem exclamou –

Ana ficou olhando para o senhor desconfiada, mas acabou rindo da situação e pegou o copo de água.

Ouviu as outras músicas durante o voo, e cada uma relembrava um momento importante da vida das duas.

Pitty cantava “Na sua estante”, lembrou-se do bar onde Paula e Alessandra comemoravam aniversário de casamento, fechou a cara quando lembrou que teve que sair as pressas porque Gisele a encontrou.

— Pula essa música. – mudou a música –

Começou a tocar Breath da Shania Twain, essa ela deixou tocar inteira, recordou da primeira noite de amor com a morena.

— Ela fez isso para me matar. – reclamava sozinha – Ah quando eu voltar eu vou pegar ela de jeito!

O senhor ao seu lado continuava desconfiado e passou o voo inteiro vigiando a loira, com medo de Ana Paula ser alguma louca.

A voz forte de Preta Gil começou a cantar “Meu corpo quer você”, mais uma lembrança gostosa, Ana volta a sorrir aberto, lembrou-se do encontro com Adriana na boate o que resultou naquela noite maravilhosa de amor. Ela suspirava.

Foram tantas trilhas sonoras que a viagem passou e Ana nem percebeu que o avião já estava para pousar.

— Ela lembrou-se de cada música que embalou nossos encontros! – pensava admirada –
Ela estava feliz, a mulher de seus pensamentos também tinha um amor eterno por ela, esperava que algum dia o destino pudesse unir as duas novamente.

Desembarcou triste mas ao mesmo tempo renovada, uma nova vida começava e ela esperava muito dessa nova fase.

*************

Adriana dirigia e pensava se a advogada já tinha assistido a apresentação que ela montou, queria que ela soubesse que mesmo estando distantes e separadas, seu amor ainda é dela e será eternamente, agora que Ana foi embora ela poderia se entregar a paixão que tentava surgir discretamente por Mariana.

Não era o momento certo para aquele relacionamento começar, se é que existia algum momento para as duas viverem esse amor que tanto teve desencontros.

A contadora sentia que sua vida poderia voltar para suas mãos, há muito pensava que não tinha mais controle sobre nada, e parecia ter se libertado de algo que a incomodava. Esperava que essa nova fase de sua vida pudesse ser mais feliz.

Seria isso possível longe do amor?



Notas:



O que achou deste história?

Deixe uma resposta

© 2015- 2022 Copyright Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem a expressa autorização do autor.