Adriana ainda dormia no sofá estava abraçada a uma almofada, já era fim de tarde, mas como estavam no horário de verão ainda existia sol iluminando a sala da contadora. Pitty estava deitada sobre a mesinha de centro vigiando o sono da dona.

A morena acordava sentindo uma presença sentando no sofá, uma mão leve lhe fazia carinho. Adriana abria os olhos, ainda sonolenta sem reconhecer quem estava ali velando o seu sono. Quando finalmente conseguiu organizar as imagens em sua mente reconheceu o rosto de Mariana.

Mariana estava sentada ao seu lado, seus cabelos molhados estavam atrás da orelha, ela exalava um perfume único. Seus olhos pareciam duas pérolas negras brilhando sua luz interior. A índia percebeu que Adriana ainda estava com as mesmas roupas, e os olhos inchados e vermelhos denunciavam o choro que atormentou a morena.

— Oi. – Mariana falou –

— Oi. – coçava os olhos – Como você entrou? – tentava se levantar –

— A porta estava aberta.

Adriana estava envergonhada, não olhava para Mariana, olhava para o chão, ela sentou em um canto do sofá se afastando da índia, Mariana respeitou o espaço que ela precisava, apesar de ter ido até ali em missão de paz.

— Eu não esperava te ver novamente. – Adriana tentava ajeitar os cabelos que estavam desgrenhados – Não tão rápido.

— Eu sei. Eu também não. – olhava para a chave do carro em sua própria mão – Mas eu precisava voltar aqui e conversar com você de cabeça fria, não podia tomar nenhuma decisão no calor de tudo. – encarou Drica –

— Eu não tenho nada a dizer em minha defesa Mari, porque eu sei que não existe defesa para o que eu fiz, eu fui fraca e quebrei a sua confiança, eu vou entender perfeitamente se você veio aqui para terminar comigo. – Novamente lágrimas brotaram em seus olhos –

— Eu não vim aqui para te julgar Drica, pelo contrário, eu vim aqui para te dizer que eu estou disposta a enfrentar essa situação. – colocou a mão na coxa da contadora – Junto com você.

Adriana estava atordoada, como assim? Mariana estava ali perdoando o deslize de Adriana com Ana Paula, a arquiteta queria viver aquele relacionamento, ela estava disposta a tudo.

— Adriana eu fiquei pensando no que você me disse, eu vou ser sincera com você, me magoou muito o fato de você ter me traído.

Drica olhou para baixo envergonhada. Mas Mariana segurou seu queixo e levantou o rosto da morena para olhar para ela.

— Não desvie o olhar de mim, por favor. – pediu com carinho –

— Desculpe. – Drica sustentou os olhos nos de Mariana –

— Adriana eu quero ficar com você, eu sei que você ainda tem amor por ela, mas eu não vou jogar fora a chance de ser feliz, mesmo que não seja eternamente, mas eu quero viver o meu amor por você.

— Eu achei que você iria me matar. – Abraçou as pernas junto ao corpo – Eu não pensei que você me perdoaria, eu não vejo merecimento nisso.

— Eu vejo, eu vejo você, a mulher que você é, eu confesso que foi um choque ouvir de você que tinha transado com ela, mas ao mesmo tempo sua coragem me impressionou ao me contar tudo, mesmo sabendo que eu poderia terminar tudo com você.

— Eu não esperava menos que isso, Mari. Eu tinha certeza que você nunca mais ia querer me ver, mas eu não podia te esconder isso, depois se você descobrisse por outros meios seria muito pior, eu não queria te machucar, mas infelizmente eu não cumpri minha promessa de não desrespeitar você. – desviava o olhar —

— Adriana olha pra mim, você quer tentar? – seus olhos brilhavam –

— Sim Mari, eu quero. – dizia com sinceridade – Eu faria qualquer coisa para voltar atrás e não repetir esse erro estúpido.

— Eu te quero Adriana, minha contadora, minha namorada. – segurou as mãos de Adriana e foi desfazendo o bolinho que a morena formou quando se encolheu – Minha amante, minha amiga.

Trouxe a garota para perto de si e abraçou Adriana, fazendo com que ela se aconchegasse em seu colo, fazia carinho em seus cabelos enquanto Adriana chorava, lágrimas escorriam de seus olhos também, foi um momento muito intenso para as duas namoradas.

Adriana levantou e encarou o olhar negro da arquiteta, chegou mais perto de Mariana.

— Mari, eu preciso que você me perdoe para eu ficar em paz. Eu queria morrer depois que eu percebi a burrada que eu fiz. – soluçava – Eu não te mereço. – balançou a cabeça –

— Ei, para de dizer que não me merece, eu não sou nenhuma santa ok? Eu tenho os meus defeitos e você vai descobrir um a um. – riu e fez um carinho em seu rosto—

— Você consegue me perdoar de verdade?

— Sim, eu te perdoo, a vida é muito curta para ficar guardando rancor. Eu quero ficar com você. – apontou para o peito da morena –

Adriana finalmente sorriu e abraçou a namorada, ela estava aliviada pela atitude de Mariana, tudo que ela sonhou era que a índia a perdoasse, mesmo que não ficassem juntas, mas a honestidade de Adriana fez com que Mariana enxergasse além daqueles olhos castanhos, e ela encontrou a alma da morena.

Mariana a afastou e ficou olhando a feição da contadora e limpou uma lágrima que insistia em cair de seu rosto. Se aproximou e beijou os lábios de Adriana. Estava selada a paz entre as duas namoradas.

— Obrigada Mariana, você superou todas as minhas expectativas. – sorria –

— Obrigada Adriana, por me contar o que aconteceu e não me tratar como uma idiota.

— Por mais que eu tenha errado, eu nunca me permitiria tratar você desse jeito.

— Você pelo visto não comeu nada não é?

— Não, eu preciso tomar um banho para depois pensar em algo para comer.

— Então vai lá e nós vamos descer para comer.

Adriana levantou ainda meio de ressaca de tanto chorar e se espreguiçou. Segurou a mão de Mariana e fez um denguinho para a namorada.

— Você é tão linda Mari! Que bom que você voltou.

— Eu voltei e não pretendo partir. – levantou e abraçou a cintura da morena –

— Desculpa minha falha, acabei de descobrir que eu sou humana e não tenho tudo sob controle. – brincava com o cordão da namorada —

— Eu sei que você é humana, nunca duvidei disso, mas aprenda que não temos nada nas mãos, cometemos erros e somos falhos, você ainda tem muito o que aprender da vida minha criança, é muito novinha ainda.

— Ah agora eu sou criança? – sorriu –

— Sim, é minha criança.

As duas se beijaram e Drica caminhou para o banheiro, Pitty só levantou a orelha e viu as duas namorando, Mariana ficou na sala e pegou a cachorrinha no colo para fazer carinho enquanto esperava a morena para sair.
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Ana Paula não trabalhou, arrumou suas coisas, colocou suas roupas para lavar e ficou em casa, apenas pensando em Adriana, lembrava-se da morena entrando em seu quarto no hotel e ainda podia sentir o seu perfume na blusa que usava no avião. Esta não foi para a máquina de lavar.

Estava cansada daquela vida sem expectativas, via os anos passando sem nada acontecer de concreto para sua vida, assistiu Adriana progredir profissionalmente, em uma temporada fora do país, a morena estava formada e muito bem formada, e ela nenhuma especialização procurou fazer.

Deixou sua vida se aniquilar em relacionamentos que não lhe trariam nenhum futuro, e se acomodou no escritório que possuía, sem buscar por novos desafios que trouxessem um pouco de aventura para sua vida. Vivia por viver.

Sentou na cama e olhava a esmo, não focava em ponto nenhum, era como se não estivesse ali. Ana Paula sentia como se tivesse vivido a vida de outra pessoa, não era ela quem estava ali, não eram as escolhas dela, nem suas preferências. Precisava mudar esse sentimento para ficar em paz.

Se jogou na cama deitando de barriga para cima, olhava o teto sem pretensão. Camila entrou no quarto trazendo um pedaço de bolo de chocolate.

— Ana, eu trouxe para você, nada melhor que chocolate para levantar nossa moral.

A advogada abriu os olhos e levantou da cama. Pegou o prato nas mãos e começou a comer. Camila percebeu o desânimo da irmã e tentava melhorar o seu astral.

— Obrigada Camila, está gostoso mesmo. – comia outro pedaço –

— Dona Joana que fez, eu disse a ela que você está precisando de um calmante natural e ela fez um bolo de chocolate. – sorria como um desenho animado –

Ana Paula riu. Colocou um pedaço de bolo no garfo e fez Camila comer com ela.

— E agora Ana? O que você vai fazer?

— Eu estava mesmo pensando nisso.

— Então? – perguntava curiosa –

— Eu não sei, a sensação que eu tenho é que eu parei no tempo, eu não fiz nada de construtivo, Adriana se formou em Harvard, fez até mestrado e eu só perdi tempo administrando relacionamentos difíceis.

— Minha irmã, você fugiu tanto do amor que se perdeu no meio de relacionamentos ruins. Você sempre esperou que as pessoas fossem a resolução de um problema que é só seu. Você tem que superar isso.

— Eu sei, hoje eu consigo enxergar o que eu fiz da minha vida com mais clareza, é hora de mudar o foco. – comia o ultimo pedaço de bolo –

— Eu concordo com você. Agora procura algo que te interessa e entra de cabeça, por que você não tenta concurso público pro Estado? Eu ouvi dizer que vão abrir vagas para inspetor da Polícia Civil, você como advogada, pode até chegar a delegada.

— Eu vou olhar na internet depois Camila, sabe que você me deu uma boa ideia? Eu vou procurar algum concurso para fazer sim. – sorriu mais animada –

— Eu vou levar o prato para a cozinha, qualquer coisa me chama, eu vou para o meu quarto. – beijou a irmã no rosto – E não se esquece que minha formatura é semana que vem hein!

— Eu nunca esqueceria. – mandou um beijo no ar –

Ana ficou pensativa, considerou a sugestão de Camila como uma tábua de salvação, era hora de pensar em si e esquecer as trapalhadas amorosas de uma vida sem profundidade, ela precisava se sentir bem e segura para então conseguir se entregar ao amor verdadeiro. Decidiu que não procuraria mais Adriana se a morena não a procurasse, daria o tempo necessário para tudo se encaixar.

— Afinal de contas, como dizem por ai, “o que é para ser meu nunca se vai para sempre”. – Ana dizia sozinha no quarto – Minha nossa, eu já estou até falando sozinha.

Balançou a cabeça e saiu do quarto para procurar alguma coisa para fazer.
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Viviane conversava com Isadora que estava de barriga para cima e a ruiva acomodada em seu ombro, as duas estavam na cama da mulata abraçadas, estavam nuas, descansavam depois de fazer amor. Estavam se reconciliando, Viviane reclamou com Isadora por dar o conselho que levou Ana Paula para Boston e Isa tentou de todas as maneiras se justificar. Ao final as duas conversaram e chegaram a um acordo.

— Agora que Adriana voltou, eu não sei como vai ficar lá no escritório. – puxava uma mexa de cabelo da mulata –

— Você acha que elas vão te dispensar? – fazia carinho em suas costas –

— Deveriam, né. Eu vim para ajudar na ausência de Drica, ela está de volta, eu acho que vou ficar desempregada. – fazia o movimento de mola com o cabelo da namorada –

— Sabe o que eu acho? – se ajeitou na cama e ficou de frente para Vivi – Que agora que Adriana voltou com um currículo invejado, elas vão ampliar a carteira de clientes e serviços e vão precisar de mais pessoas, isso inclui manter você no escritório.

— Será? – sorria –

— Eu acho, ou então, Adriana será convidada para trabalhar em uma Multinacional e vai ter que sair do escritório e você fica no lugar dela. – beijou a namorada –

— Você não quer mesmo se livrar de mim né. – ria

— Nunca mais. – abraçou a ruiva – Eu te amo vivi.

Viviane ficou emocionada ao ouvir essa frase de Isadora, seu coração disparou, sentia o mesmo pela mulata e sem hesitar respondeu na mesma altura.

— Eu também te amo Isa. – sorria –

— Eu quero você para sempre. – beijou-a novamente –

As duas mulheres estavam vivendo a plenitude de um amor tranquilo, sem reservas ou imposições, um amor honesto onde dois corações estão completos para se entregar e viver essa felicidade.

Viviane já pensava em comprar um apartamento no Rio e fixar residência para ficar perto de Isadora, tinha planos maiores para aquele relacionamento, quem sabe um casamento?

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Paula e Alessandra passaram o dia arrumando suas coisas. Paula já pensava em conversar com Alessandra para que ela voltasse a morar em Copacabana e ficarem juntas novamente como esposas. Ela estava observando a ruiva enquanto ela terminava de guardar as ultimas peças de roupas.

— O que foi Paula? Está ai, parada olhando para o nada.

— Eu estou olhando você. – sorria –

— Por que? Eu estou com a roupa vestida do avesso? – olhava para si mesma –

— Ai Alessandra, você é uma figura. – caminhou até a namorada e a abraçou – Eu estou te olhando porque eu te amo.

Alessandra se derreteu inteira. – Eu também te amo! Essa viagem foi maravilhosa! – beijou a namorada –

— Alessandra eu quero conversar com você.

A ruiva gelou, ficou insegura na hora, pensou que Paula iria terminar com ela, esqueceu até que acabara de ouvir um “eu te amo”. A insegurança tomava conta dela desde que fora rebaixada para namorada.

— O que houve Paula? – o semblante da contadora mudou completamente –

— Não houve nada, por que essa cara?

— De repente você diz que quer conversar, sempre acaba mal essas conversas. – balançava a cabeça –

— Não se preocupe, eu acabei de dizer que eu te amo, não vai acabar nada mal. – sorriu – Eu quero que você volte para casa.

O sorriso de Alessandra foi de orelha a orelha, Paula estava finalmente perdoando sua traição por completo, ela estava se sentindo inteira novamente.

— Paula, você tem certeza? – perguntava descrente –

— Claro! Chega de ficar longe de você minha doidinha, eu te quero aqui comigo de novo. Mas veja lá se não vai pisar na bola de novo hein! Não terá terceira chance. – apontava o dedo para Alessandra –

— Não se preocupe, nunca mais farei nada para te magoar, eu te amo tanto! – uma lágrima escorreu em seu rosto – Me perdoa!

— Sim, eu te perdoo Ale, dessa vez é de verdade. – segurou a mão da namorada – Dessa vez é pra sempre.

Paula retirou a aliança da mão direita de Alessandra e recolocou no dedo da mão esquerda e ofereceu a sua para a esposa fazer o mesmo. Alessandra então repetiu o gesto da mulher e recolocou a aliança em sua mão esquerda. Novamente casadas, as duas se beijaram com todo amor que guardavam em seu coração.

Abraçadas, as mãos percorriam os corpos suados pelo calor do Rio de Janeiro, Paula já despia a esposa, e as roupas caídas ao chão, marcavam o caminho curto até a cama do casal.

Alessandra sentiu a perna encostar na barra da cama e começou a se sentar, Paula retirou sua blusa e jogou no chão, encaixou suas pernas abertas no colo de Alessandra ajoelhando sobre a cama, empurrando a ruiva para deitar com as costas no colchão, quando Paula se ajeitou ficando por cima da esposa e se inclinou para beijá-la, as duas sentiram um solavanco embaixo delas e um barulho seco de madeira quebrando.

Foi tudo muito rápido, o estrado da cama de Paula quebrou onde as duas estavam deitadas e parte da cama foi abaixo. Alessandra ficou com as pernas encaixadas na barra da cama dobrada como um papel com Paula por cima rindo de se acabar.

Elas ficaram presas, sem conseguir sair, Paula não tinha forças para sair da posição e Alessandra começou a ficar irritada.

— Paula por favor, será que você pode sair de cima de mim? – estava encaixada com a bunda embaixo da barra da cama –

— Eu – ria – não consigo. – ria mais ainda –

— Eu não estou em uma posição muito agradável Paula, sai de cima de mim. – tentava se apoiar e o rosto estava apertado contra os seios da esposa –

Com muito custo, Paula conseguiu se levantar e puxou a esposa pelas mãos, retirando Alessandra daquela situação constrangedora. As duas ficaram em pé com as mãos na cintura, ali olhando para a cama sem saber o que fazer.

— Nós temos que ir comprar outra cama. – Paula concluiu –

— Que tal uma cama box? – Alessandra cruzou os braços –

As duas estavam seminuas lado a lado, se olharam e começaram a rir, gargalhavam juntas da cena que protagonizaram ha poucos minutos atrás.

— Então vamos terminar o que começamos no chuveiro – Ale abraçou a cintura de Paula – e depois saímos para comprar uma cama.

— Adorei a proposta. – Paula beijou a esposa –

Caminharam para o banheiro e finalmente conseguiram se amar sem acidentes de percurso.
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Viviane voltou para casa já de noite, Isadora a deixou na portaria do prédio e não subiu, ainda tinha que voltar para Niterói, as duas namoradas se despediam no carro.

— O dia hoje foi perfeito minha linda. – Isadora dizia enquanto beijava o pescoço de Vivi –

— Eu também achei. – estava dengosa com o carinho –

— Então, você vai conversar com as meninas sobre o escritório e o apartamento?

— Sim, mas se não der para ver isso hoje eu falo com elas amanhã.

— Tudo bem, você tem certeza que não quer ir morar comigo? – fez cara de triste –

— Não é nada com você meu amor, é que eu preciso construir minha vida, eu quero ter independência, sabe. Depois que eu me estabelecer você pode vir morar comigo, e sua irmã fica no seu apartamento, eu não me sentiria a vontade invadindo o espaço dela.

— Mas o apê é meu também e ela não se importaria. – fazia um carinho em sua perna –

— Mas eu sim, não quero invadir o espaço de ninguém, já passei um ano caída de paraquedas na casa de Paula, já é hora de crescer e brincar de gente grande. – acariciou o rosto da namorada –

— Tudo bem, meu amor, como você quiser. – balançou os ombros —

Se beijaram e Isadora foi embora de volta para Niterói, Viviane chegou no apartamento e se espantou quando abriu a porta, a cama das meninas estava desmontada atrás do sofá.

— Gente, o que aconteceu aqui? – perguntava espantada –

Paula saiu da cozinha e encontrou a amiga entrando na sala.

— Ih Vivi, longa história, mas pra encurtar, minha cama quebrou. Nós desmontamos e vamos dormir no chão hoje. – deu de ombros –

— Nossa! Não sabia que vocês gostavam de sexo tão selvagem. – brincava com as amigas –

Alessandra veio do quarto rindo do que a amiga falou. – Como você sabe que foi fazendo sexo?

— Alessandra! – Paula repreendia a esposa, ela estava envergonhada –

Viviane ria de se acabar, se jogou no sofá acabada, depois de um longo dia curtindo a namorada, ela estava cansada.

— Relaxa Paula, Vivi já é de casa. – ria – passou por Paula e deu um tapinha no bumbum dela –

— Falando nisso. – Viviane levantou e sentou no sofá – Eu preciso conversar com vocês.

— Aconteceu alguma coisa Vivi? – Paula sentou no braço do outro sofá –

— Não. Não aconteceu nada, é que eu pretendo continuar aqui no Rio, já que minha vida tomou um rumo tão inesperado. – pensava em Isadora – Eu estou pensando em comprar um apartamento para me mudar daqui.

— Ah Vivi, não precisa se preocupar em sair do apartamento não, o quarto fica vazio mesmo. – Paula oferecia –

— Eu sei Paula, mas é a intimidade de vocês. Daqui a pouco Alessandra volta a morar aqui e imagina nós três e ainda Isadora às vezes circulando no seu apartamento?

— Já aconteceu isso antes. – lembrava-se do encontro com Isadora no corredor quase pelada –

— Eu sei. – Viviane também lembrou-se do mesmo momento – Mas já está na hora de crescer e aparecer. – arrumava os óculos escuros no cabelo — Eu preciso ter minha independência.

— Você está certa Vivi. – Alessandra deu forças – E só para avisar, eu estou oficialmente perdoada. – sorria – Eu vou mesmo voltar para casa. – mostrou a aliança no dedo esquerdo –

— Nossa, que notícia boa! Eu fico muito feliz por vocês. – levantou e abraçou as duas amigas –

— Sobre o escritório, amanhã nós conversamos com Adriana.

— Conversar o que? – Alessandra não entendeu –

— Ué, Dri voltou. Eu vou ter que ir embora, não é.

— Claro que não! – Paula disse enfática – A não ser que você queira ir.

— Mas vai ficar muita gente.

— E desde quando isso é ruim? Drica voltou cheia de bagagem, com a cabeça fresquinha, ela vai querer implementar alguma coisa nova no escritório, e vamos precisar de gente para trabalhar. – Alessandra falava a caminho da cozinha para pegar água –

— Eu não quero sair.

— Então não sai. – as duas responderam juntas – todas riam –

— Amanhã quando estivermos de volta no escritório, conversaremos com Drica e vamos definir como vai ficar a nova estrutura do escritório. – Paula dizia –

— Tudo bem, eu vou dormir, eu estou morta, essa viagem e o dia de hoje foram muito intensos. – Viviane saía da sala –

— Dia intenso hein!, Acho que não fomos só nós que fizemos sexo selvagem hoje Paulinha. – Alessandra brincava com Viviane –

A ruiva fez uma careta para a amiga e saiu em direção ao quarto. Paula escorregou do braço do sofá para o assento e Alessandra sentou em seu colo. Enlaçou o seu pescoço e ficou olhando a esposa.

— O que foi Ale? – perguntava dengosa –

— Eu não sei onde eu estava com a cabeça quando eu quase joguei fora o nosso relacionamento. – fazia um carinho no rosto da amada –

— Esquece isso, eu já esqueci. – sorriu – Se quisermos seguir em frente e ser felizes temos que esquecer as mágoas do passado. Eu escolhi ser feliz, o que passou, passou. – fez um gesto vago –

— Eu te amo Paula.

— Eu também te amo.

Beijaram-se selando aquele amor que agora estava maduro e pronto para ser vivido plenamente, como deve ser vivido.

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Depois de jantar em um restaurante próximo do apartamento de Adriana, as duas caminhavam calmamente pela orla de Icaraí, tomavam um sorvete para aplacar o calor. Adriana resolveu sentar em um banco e chamou Mariana para sentar ao seu lado.

— Amanhã eu vou ver o meu pai.

— Ele está melhor Drica? – comia uma colherada de sorvete –

— Felipe disse que ainda não conseguiram uma medula compatível, eu vou fazer o exame amanhã para saber se eu posso ser a doadora.

— Ah como você é filha tem grandes chances de dar certo. – roubou um pouco do sorvete de Drica –

— Ei, não pega o meu sorvete. – tentou colocar a colher no potinho de Mariana –

— Não vem não. – Mariana se esquivava –

As duas riam da situação, pareciam duas crianças brincando na praia, estavam apaixonadas e viviam essa paixão, duas mulheres sem máscaras, apenas vivendo suas escolhas.

— Mari.

— Oi.

— Dorme aqui hoje. – se olharam e sorriram –



Notas:



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