A viagem já estava na metade, era noite e a maioria dos passageiros estava dormindo, Adriana e Ana Paula estavam com os olhos abertos sem se ver. A morena estava inquieta, resolveu levantar para ir ao banheiro.

Passou por Ana Paula que percebeu a movimentação da contadora e esperou um pouco para ir atrás dela.

Quando estava saindo do banheiro do avião, Adriana encontrou com Ana Paula parada na porta, ela em um movimento ágil levou a morena de volta para o lugar apertado que ela acabara de sair.

— Ana Paula! Que loucura é essa? – dizia espantada –

— Adriana eu te amo! Eu preciso de você. – abraçou a morena e a encostou na pia –

— Não, eu não posso. – tentava se esquivar, mas ela estava presa pelo corpo da loira –

— Eu te quero. – sussurrava – Eu te amo. – beijou a morena – Não me abandone.

Adriana não sabia o que fazer, queria sair dali, mas ao mesmo tempo não conseguia deixar aqueles braços que lhe abraçavam, onde ela tanto queria estar.

O beijo se fez urgente, Ana Paula passeava suas mãos pelas pernas da morena, que segurava a nuca da advogada se apoiando em seu pescoço. O espaço pequeno não dava muita opção para as duas, Ana abriu a calça da outra que respirava ofegante.

Adriana gemeu ao sentir a mão quente da mulher deslizando pela pele da sua barriga alcançando o seu sexo que a essa altura já estava encharcado. Adriana deixou sua cabeça pender para trás.

Ana Paula abriu sua calça e conduziu a mão de Adriana para fazer o mesmo com ela. Adriana atendeu ao pedido silencioso da mulher amada, as duas estimulavam os seus sexos e beijavam as bocas, as línguas se encontravam em um delicioso bailado ditando aquele amor que emanava dos poros das duas mulheres.

O desejo era latente e Adriana segurava os cabelos de Ana Paula puxando a loira para trás, alcançando o seu pescoço com os lábios molhados, Ana se arrepiou inteira, a contadora penetrou o sexo de Ana Paula que gemeu e foi abafada por um beijo da morena, em uma sublime retribuição, Ana também fez o mesmo.

— Ah! – gemia abafada pelo beijo –

— Goza meu amor. – Ana dizia na boca de Adriana –

— Ah, você me enlouquece!

As duas mulheres gozaram em uma libertação mútua dentro do banheiro do avião. Depois do prazer, as duas ofegavam, retiravam as mãos de dentro de suas calças lentamente. Adriana apoiava a cabeça no ombro de Ana Paula que fazia carinho em seus cabelos, era ali que as duas desejavam estar.

Ana Paula beijou a cabeça de Adriana e sussurrou em seu ouvido sua declaração.

— Drica, eu sei que eu não te mereço, mas eu te amo, e quero uma chance de te provar que eu posso te fazer feliz. Deixa eu tentar.

— Ana eu não posso, — balançava a cabeça — Eu tenho uma pessoa, que eu nem sei se terei mais quando eu contar o que aconteceu aqui. – levantou a cabeça e encarou a advogada –

— Você vai contar? – perguntou espantada –

— Sim, eu não posso enganar uma pessoa assim, Ana. Eu tenho que ser honesta com ela. Eu vou magoá-la e isso está me matando. – uma lágrima escorreu pelo seu rosto –

Ana secou aquela gota com o polegar e abraçou a amada para consolar o seu pranto, Ana sentiu que Adriana estava com a consciência pesada e estava triste por ter feito o que fez, por um momento se arrependeu de ter investido na morena causando esse sofrimento em seu coração.

— Você tem um coração nobre meu amor, é a pessoa mais linda que eu já conheci em toda a minha vida, eu nunca vi um caráter tão impecável.

— Eu não sou mais assim, eu traí a confiança dela, eu não podia ter feito isso. Duas vezes, minha nossa. – colocou as mãos no rosto –

— Eu sinto muito Drica, não por ela, mas por você ter ficado com o coração partido, eu não queria te fazer sofrer.

— O que você quer Ana? – encarou os olhos azuis da advogada –

— Eu quero você Drica, eu preciso de você, eu fui uma idiota, eu te perdi várias vezes, mesmo sabendo que eu te amo desde o primeiro dia em que eu te vi.

— Por que você não me disse isso quando eu te perguntei? Eu estava livre. – lágrimas teimosas caíam ao lembrar-se daquele carnaval – Você disse na minha cara que não me amava!

— Eu tive medo, muito medo, mas hoje eu não tenho mais. Eu não tenho mais medo de dizer que eu te amo e que eu quero ter você para mim.

— Eu quero, mas não consigo acreditar que tudo mudou Ana. – seu olhar era triste – Eu quero você, mas eu não sei se eu posso.

— Pode sim, meu amor, me dá uma chance, eu te provo que eu mudei. – segurou o rosto da morena entre as mãos –

— Ana eu preciso de um tempo, eu estou voltando para o Brasil, eu preciso reorganizar a minha vida, só então eu posso pensar em qualquer outra coisa.

— Isso significa que você vai pensar?

— Isso significa que eu preciso de espaço, que eu preciso ajeitar minha vida, eu não sei qual será a reação de Mariana, eu não queria magoar ninguém.

— Eu sei meu amor, eu sei. – beijou a morena –

Ali naquele lugar, a milhares de quilômetros do chão, o amor novamente se recriava no peito de cada uma, Adriana que julgava que aquele sentimento estava sendo vencido percebeu que apenas estava esquecido em um pedaço remoto de seu coração. Ana vivenciava a plenitude de ter a pessoa que ama de verdade em seus braços, e tomada pela emoção, começou a cantar no ouvido de Adriana tentando demonstrar o seu amor.https://www.youtube.com/embed/QbcvWUOJVpk?feature=oembed&wmode=transparent
Sede de Amor (Paula Fernandes)
Vale se entregar
Nem vem dizer pra mim que não sentiu cheiro de desejo
no ar
É tarde pra inventar
Mil desculpas para provar pra mim que não queria mesmo
me amar
É tarde muito tarde, deixa estar

Ana fazia um carinho na nuca de Adriana que estava aninhada em seu pescoço escutando aquela canção e viajando no embalo doce da voz trêmula de Ana paula.

Te sentir, vem pra mim
Quero matar a minha sede e beber da tua seiva, eu vou

Se você for…
Me alimentar do teu poder e me abrigar em teu peito
ainda sou
O teu amor…
Não te contei mas toda noite os meus sonhos só pedem
você bem aqui…
Pra alegrar o meu sorriso e ser a cura nos momentos de
dor
Quero matar a minha sede de amor

No meu sonho navio
Teu amor é farol
No meu porto seguro
No espaço é meu sol
Adriana levantou a cabeça e olhava para Ana Paula, ali na sua frente entregue do jeito que ela sempre sonhou, mas agora? Adriana estava resistente, agora ela quem tinha medo de se entregar para Ana.
— Ana eu preciso voltar para a cadeira, daqui a pouco vão pegar a gente aqui. – tentou desconversar —

— Eu posso ter esperanças Drica? Eu quero ter esperanças.

— Ana, não espere nada, se for para ficarmos juntas vai acontecer de alguma forma, mas não me peça nada, eu não posso te dar garantias.

Adriana começou a se movimentar para sair do banheiro, Ana então abriu a porta atrás de si e saiu primeiro abrindo espaço para a morena sair daquele cubículo que elas estavam trancadas.

Antes de ganhar o corredor do avião Adriana olhou para Ana Paula e admirava o semblante doce e sereno da loira, Ana ficou assistindo a morena e suspirava de desejo de ter seus abraços por toda sua vida.

— Ana não me procure, deixa o tempo resolver nossas vidas.

— Impossível, eu te amo, eu sinto saudades, eu quero te ver todo dia, te ouvir, te sentir.

— Por favor controle-se, eu preciso consertar a minha vida.

— Eu vou tentar.

Colaram as testas e outro beijo se fez, Adriana saiu quase correndo e sentou em sua cadeira, estava mortificada, como ela poderia olhar para Mariana? Uma vez ela poderia considerar um deslize, mas duas vezes foi demais.

Ela não conseguia resistir ao amor que sentia pela loira, não conseguia resistir àquele íman que a trazia para perto da advogada, era algo que ela não conseguia explicar.

Ana Paula caminhava lentamente até a sua poltrona ainda sentindo o perfume de Adriana em suas mãos, recostou na cadeira e finalmente conseguiu pegar no sono.

Adriana olhava a noite de perto, estavam acima das nuvens, não sabia onde estavam, mas o céu que ela via estava limpo e estrelado, se pudesse esticava a mão e recolhia uma estrela para levar para Mariana e presenteá-la com a esperança de receber um perdão.
Adriana não conseguiu dormir, sua mente estava no Rio, pensava apenas no olhar decepcionado da índia quando ela contasse o que aconteceu.

******************
O avião aterrissou e todos estavam aguardando as malas, Ana parou do outro lado da esteira de frente para Adriana, e a encarava o tempo inteiro.

— Mas essa mulher não desiste da Adriana não é? – Alessandra reclamou com Paula –

— Calma Ale, deixa ela, foi uma grande coincidência. – Paula omitia para a esposa que Ana estava em Boston e esteve com Adriana –

— Mas isso é irritante, olha só como ela olha para Drica.

— Ela deve ter percebido a besteira que ela fez e agora está arrependida. – Paula tentava defender Ana –

— Tarde demais.

— Quem sabe disso é a Drica.

— O que tenho eu? – Adriana chegava perto das amigas –

— Nada não amiga.

Todos pegaram suas bagagens e se dirigiam para o saguão, ao sair do desembarque Adriana avistou Isadora e Mariana. Ela não sabia como falar com a namorada, estava envergonhada.

Ana viu a amiga e a namorada de Adriana, ficou triste por ver a sua morena nos braços de outra mulher.

Mariana quando viu a contadora abriu o seu melhor sorriso e a abraçou assim que ela se aproximou, Adriana sentiu vontade de chorar, mas controlou a emoção, deu um selinho em Mariana e Ana Paula assistia de longe a cena que machucou o seu coração, Isadora recebeu a amiga com um abraço apertado sabendo de sua dor. Logo depois cumprimentou sua namorada com um beijo doce e um abraço apertado.

De volta em casa Adriana pensava em como sua vida ficaria a partir daquele momento.

Mariana quando viu Ana Paula ficou intrigada, olhou para a advogada e abraçou Adriana como quem queria dizer: “—Ela está comigo.”

— Não fica assim amiga. – Isadora sussurrou para Ana –

— Eu estou bem Isa. – pegou as malas e saíram para o estacionamento –

Mariana não aguentou e perguntou a Adriana sobre Ana Paula.

— Essa mulher estava no mesmo voo que vocês? – abraçava a morena –

— Sim. – Drica se limitou a dizer –

— O que ela foi fazer lá?

— Eu não sei. – o que dizer para Mariana?—
Todas conversavam animadas menos Ana Paula e Adriana, as duas estavam em estado de choque, as vezes os olhares se encontravam, os carros estavam longe, chegaram em um ponto que teriam que se dividir.

— Meninas, eu vou com Isadora, tudo bem? – Viviane perguntava –

— Tudo bem Vivi, você vai para a casa dela? – Paula perguntava –

— Sim, depois eu vou para casa.

— Tranquilo, não quer que a gente leve as malas? – Mariana ofereceu –

— Pode ser. Posso mandar a mala por vocês então?

— Claro, deixa comigo que eu levo. – Mariana se ofereceu –

— Coloca aqui em cima do meu carrinho, Mari. – Adriana completou –

Ana Paula apenas observava a intimidade das duas namoradas, estava triste por não ter sua morena para ela, mas tinha esperanças dessa conversa de Adriana com a arquiteta não dar certo e ela ficar solteira novamente.

Cada uma seguiu o seu caminho, sem trocar nenhuma palavra, nem despedidas.

Felipe deixara o carro no aeroporto e foi embora sozinho.
Ana Paula estava calada no banco de trás do carro, enquanto Viviane relatava todas as aventuras que viveu com as amigas em Nova Iorque, Isadora ria das loucuras que a namorada contava de Alessandra.

Isadora foi até Itaipu deixar a advogada, Ana desceu do carro pegou as malas e se despediu de Isadora com um abraço carinhoso.

— Obrigada amiga. – abraçava a amiga –

— Disponha, qualquer coisa me liga. Nós conversamos depois.

— Tudo bem. – sorriu desanimada – Tchau Viviane.

— Tchau. – Viviane ainda tinha reticencias quanto a Ana Paula –

Isadora entrou no carro e saiu em direção à sua casa.

— Isa, o que ela estava fazendo lá em Boston?

— Longa história minha linda, eu te conto no caminho.
Ana entrava em casa e largou as malas em um canto do quarto, estava se sentindo abandonada, teve Adriana em suas mãos, mas a morena escorreu pelos seus dedos novamente.

Sentou na cama e ficou olhando um ponto fixo a esmo, estava exausta da viagem, ouviu passos no corredor e viu uma Camila entrando pela porta e se jogando em seu colo.

— Oi irmã. – sentou no colo de Ana abraçando-a pelo pescoço –

— Oi Mila. – estava desanimada –

— Senti saudades.

— Eu também, mas você pode descer daí? Está machucando.

— Tudo bem. Que cara é essa? A viagem não saiu do jeito que você imaginou?

— Não. Ela esteve aqui, nas minhas mãos, mas escapou de novo.

— Não fica assim minha irmã, as coisas vão se encaixar. – fazia um carinho nos cabelos da mais velha –

— Eu acho que não vão não.

As irmãs conversaram, Ana contou o que aconteceu em Boston para o espanto da engenheira que ficou impressionada com a intensidade da relação das duas.

Ana sentia que aquela tinha sido sua ultima oportunidade de reconquistar Adriana e ela não foi triunfante, estava desconsolada.

*************
Paula e Alessandra conversavam animadas com Mariana e a índia percebeu que Adriana estava diferente, ela estava distante olhando pela janela, Drica pensava como diria para a namorada o que aconteceu em Boston nos últimos dias, Paula mesmo conversando também percebeu que a amiga estava muito quieta.

Mariana estacionou no apartamento das meninas e elas descarregaram as malas. Subiram para o apartamento e deixaram as malas e bolsas das meninas e de Viviane. O apartamento de Adriana já estava vago novamente, a morena poderia voltar para sua casa.

— Paula, cadê Pitty? – Adriana perguntava –

— Ela ficou com Mariana para viajarmos.

— Eu estou morrendo de saudades dela. – dizia tristonha –

— Nós passamos lá na minha casa e pegamos a Pitty para levar de volta para o lar. – Mariana sorria –

— Pode ser. – Adriana estava apática –

— Drica, vem aqui rapidinho antes de você ir, tem uma coisas que você deixou aqui, vem pegar para levar. – Paula chamou a amiga para o quarto –

Adriana deu um selinho em Mariana que sentou no sofá para esperar a namorada voltar. Alessandra estava no banheiro.

— O que ficou aqui Paulinha? – entrava no quarto –

Paula fechava a porta atrás de si e encostou na madeira, olhou para a amiga e caminhou até ela.

— Drica, eu quero saber se você está bem.

— Não. Eu não estou Paulinha, eu não sei como dizer a Mariana o que aconteceu lá em Harvard. – dizia chateada —

— Eu percebi que você está muito calada. Mas se você está convicta que tem que falar pra Mariana então fala, e qualquer coisa me liga.

— Eu sei, eu não posso omitir isso Paula, é muita covardia, eu não sou mau caráter.

— Eu sei minha amiga, eu sei. – segurou a mão de Adriana –

As duas se abraçaram e Adriana saiu do quarto com os olhos marejados.

— Ué, cadê as coisas? – Mariana perguntava –

— Não tinha nada demais, resolvi deixar aqui para quando eu precisar ficar em Copacabana. – Adriana pensou rápido e deu uma boa desculpa –
— Então vamos. – Mariana esticou a mão –
Drica segurou a mão da namorada e saíram da casa de Paula, durante o caminho Adriana se limitou a responder apenas o que Mariana perguntava.

Chegando ao prédio Adriana cumprimentou Ramon, que as ajudou com as malas até a porta do apartamento. Adriana apresentou Mariana para o porteiro autorizando sua entrada sem precisar anunciar. As duas entraram e a contadora largou as bolsas em um canto da sala. Estava tudo como ela havia deixado, colocou Pitty no chão e a cachorrinha foi reconhecer o apartamento.

Mariana abraçou Adriana pelas costas e beijou o pescoço da morena.

— Nossa, como eu senti saudade desse cheiro. – beijava a nuca de Drica –

A morena se soltou daquele abraço se virou e olhou nos olhos de Mariana com tristeza.

— Mari, nós precisamos conversar. – seu olhar estava nervoso –

— O que aconteceu Drica? – Mariana ficou preocupada –

— Eu não mereço você. – já começava a chorar –

— Por que você está falando isso? – lembrou-se da figura de Ana Paula saindo do avião junto com as amigas e já sentiu o coração apertar –

— Eu fui uma idiota, eu fiz uma grande burrice, eu fui para a cama com Ana Paula em Boston. Eu cedi à tentação e traí sua confiança. – colocava as mãos no rosto se escondendo —

Mariana apenas olhava para Adriana, ela não estava assimilando o que a morena dizia, era como se sua mente estivesse divagando entre o tempo e o espaço. Foi um choque.

— Mariana, por favor, eu nunca tive a intenção de te magoar, eu sinto muito, me perdoa.

— O que você está me dizendo? – lágrimas começaram a brotar de seus olhos –

— Eu estou me sentindo a pior mulher da face da terra, eu não queria te machucar, eu sei que eu não mereço você, eu nem tenho o que te dizer.

— Adriana, você transou com ela?

— Sim. – dizia mortificada –

Mariana começou a chorar, sentia o peito apertado, percebeu que aquele amor de Adriana por Ana Paula nunca iria morrer, e não sabia se teria condições de penetrar no coração da contadora.

— Fala alguma coisa Mari, — chorava – me bate, me xinga, manda eu ir embora, tudo bem que o apartamento é meu, mas eu vou assim mesmo. – fazia movimentos com as mãos —

Mariana mesmo muito magoada acabou rindo do que Adriana falou. A morena não sabia se era sarcasmo ou se tinha alguma chance de receber um perdão da namorada.

— Eu não vou te mandar embora, não posso. Deixa que eu vou.

— Você está me deixando? – seu peito doía como ha muito tempo não sentia –

— Adriana, eu preciso de tempo para pensar, eu preciso – pausou – eu nem sei do que eu preciso. – balançou a cabeça – O que aconteceu lá?

— Como assim?

— Quando aconteceu e onde?

— Eu não quero te machucar.

— Já era. Agora pode pelo menos responder a minha pergunta? – Mariana tentava manter a calma –

Adriana suspirava nervosa, ela não queria magoar a arquiteta que esteve ao seu lado quando ela mais precisou.

— No quarto de hotel dela. Eu fui encontra-la para conversar, e aconteceu. – olhava para o chão –

— O que você foi fazer no quarto dela? – queria entender –

— Eu fui fazer merda. – balançava a cabeça – Eu não deveria ter ido, mas eu fui para conversar e tentar tirar esse sentimento de caso mal resolvido, e deu no que deu.

— Eu significo alguma coisa para você? – perguntava magoada –

— Claro! – se aproximou da arquiteta que se afastou – Eu te adoro, eu estou disposta a ser sua namorada e a fazer você feliz, mas eu sei que eu quebrei o cristal da confiança e eu entenderei se você não quiser mais ficar comigo.

Mariana estava atordoada, só pensava que na primeira oportunidade Adriana a traiu, mas a morena teve atitude e contou o que aconteceu, pelo menos foi honesta e não a enganou.

— Eu vou embora. – pegou sua bolsa no sofá e olhou para a contadora – Como você pôde? – balançou a cabeça —

— Mari, me perdoa .

A arquiteta não respondeu nada, apenas alcançou a porta e deixou Adriana sozinha em seu apartamento chorando, a morena sentia seus medos se materializando em sua frente, sempre prezou pelo seu caráter, sempre fez de tudo para ser honesta e acabou desrespeitando sua namorada. Sua alma estava despedaçada.

Adriana sentou no sofá e se encolheu abraçando os joelhos, desolada ela não sabia o que fazer, olhava as malas por desfazer e suas coisas para colocar no lugar, mas não tinha ânimo. Gradativamente foi deslizando no sofá e chorando sozinha, ouvia no apartamento ao lado uma triste melodia que gritava aos seus ouvidos um sentimento de perda indescritível.https://www.youtube.com/embed/JF8BRvqGCNs?feature=oembed&wmode=transparent
Stay (Rihanna – feat. Mikky Ekko)
All along it was a fever
A cold sweat hot-headed believer
I threw my hands in the air I said show me something
He said, if you dare come a little closer

Round and around and around and around we go
Ohhh now tell me now tell me now tell me now you know

Not really sure how to feel about it
Something in the way you move
Makes me feel like I can’t live without you
It takes me all the way
I want you to stay

It’s not much of a life you’re living
It’s not just something you take, it’s given
Round and around and around and around we go
Ohhh now tell me now tell me now tell me now you know

Not really sure how to feel about it
Something in the way you move
Makes me feel like I can’t live without you
It takes me all the way
I want you to stay

Ohhh the reason I hold on
Ohhh ’cause I need this hole gone
Funny you’re the broken one
But I’m the only one who needed saving
‘Cause when you never see the lights
It’s hard to know which one of us is caving

Not really sure how to feel about it
Something in the way you move
Makes me feel like I can’t live without you
It takes me all the way
I want you to stay, stay
I want you to stay, ohhh
Fique

Foi uma febre o tempo todo
Um suor frio, uma pessoa impulsiva que acredita
Joguei minhas mãos para o alto, eu disse ‘mostre-me algo’
Ele disse, ‘se você se atreve, chegue mais perto’

Por aí, por aí, por aí nós vamos
Oh, diga-me agora, diga-me agora, diga-me agora, você sabe

Não tenho muita certeza de como me sentir quanto a isso
Algo no seu jeito de se mexer
Faz com que eu acredite não ser possível viver sem você
Isso me leva do começo ao fim
Quero que você fique

Não é uma vida e tanto a que você está vivendo
Não é apenas algo que você toma, é algo dado
Por aí, por aí, por aí nós vamos
Oh, diga-me agora, diga-me agora, diga-me agora, você sabe

Não tenho muita certeza de como me sentir quanto a isso
Algo no seu jeito de se mexer
Faz com que eu acredite não ser possível viver sem você
Isso me leva do começo ao fim
Quero que você fique

Oh, o motivo pelo qual me mantenho firme
Oh, porque preciso fazer este buraco desaparecer
É engraçado, você é quem está em ruínas
Mas eu era a única que precisava ser salva
Porque quando você nunca vê as luzes
É difícil saber quem de nós está desabando

Não tenho muita certeza de como me sentir quanto a isso
Algo no seu jeito de se mexer
Faz com que eu acredite não ser possível viver sem você
Isso me leva do começo ao fim
Quero que você fique, fique
Quero que você fique, ohhh
Depois da noite sem dormir durante a viagem ela acabou pegando no sono ali deitada sozinha no sofá da sala depois de chorar por um bom tempo.

*********
Mariana sentou no carro e ainda não acreditava no que estava acontecendo, ela sabia que corria esse risco, mas não imaginou que seria tão rápido, foi só Ana Paula aparecer e Adriana cedeu ao seu amor, pensou se teria alguma chance de conquistar o coração da morena, achava que tinha conseguido, mas estava enganada.

Segurava o volante onde encostou a cabeça e chorava como uma criança. Tentou se recompor para pegar a estrada e voltar para casa, não ia trabalhar naquele dia, tinha se programado para ficar com Adriana, mas seus planos tinham ido por água abaixo.

Chegou em casa e pegou uma grande dose de uísque e bebeu de uma só vez. Serviu outra e caminhou até a janela, pensava estar sozinha, mas seu irmão apareceu na sala e quando viu a irmã em casa tão cedo foi até a janela e encostou ao seu lado.

— Oi. – deu um susto na arquiteta –

— O que você está fazendo em casa, garoto? – tentava limpar o rosto –

— O que houve com você? Por que está chorando?

— Eu perguntei primeiro.

— Mas você está chorando e eu não, minha pergunta tem prioridade.

Mariana riu, bebeu um gole da bebida e fez uma careta, resolveu responder o irmão.

— Eu fui pegar Adriana no aeroporto e quando chegamos na casa dela, ela resolveu me contar que me traiu com a ex dela que foi fazer não sei o que em Boston. – lágrimas escorriam em seu rosto –

— Ela te contou? – perguntava espantado –

— Sim.

— Corajosa, eu não contaria.

— Ficaria me enganando e fingindo que nada aconteceu? – olhou repreendendo o irmão –

— Sim, você acha que eu ia me arriscar dessa maneira? Foi um erro, não jogaria minha sorte na roleta.

— Mas ela não é assim, ela tem caráter, isso provou que ela tem respeito por mim.

— Isso é verdade. Ela não deixou você ser enganada, pelo menos ela teve honra. – olhava para fora —

— Eu não sei o que eu faço.

— Você a ama?

— Eu amo. – baixou os olhos –

— A ponto de conseguir perdoar esse erro e ficar com ela?

— Ela me disse que ela não me merece. – bebeu o resto da bebida –

— Ela está se sentindo mal com o que fez, está acontecendo ha quanto tempo?

— Foi só uma vez.

— Então minha irmã, se você a ama, não deixa que isso atrapalhe sua felicidade, conversa com ela, foi um erro, mas ela pode estar arrependida. Vocês estavam muito tempo longe, ela estava carente, e acabou cedendo a tentação.

— Eu não sei se eu vou aguentar Marcos.

— O que você não vai aguentar é ficar bebendo desse jeito. – tirou o copo das mãos de Mariana – Volta lá e conversa com ela.

— Agora não Marcos, eu preciso esfriar a cabeça. – foi para o sofá –

— Tudo bem, qualquer coisa me chama, eu estou no quarto.

— Ei, agora me responde o que você está fazendo em casa ha uma hora dessas?

— Eu estou com dor de barriga. Falando nisso, o trono me chama de novo. – ia saindo da sala – Mudança de planos, se você precisar de mim, eu estou no banheiro! – gritava do corredor —

Mariana riu do irmão e deitou no sofá, ficou pensativa, analisando os fatos, tentando se acalmar para não tomar uma decisão com a cabeça quente. Estava muito magoada, mas ao mesmo tempo orgulhosa da mulher que Adriana é, ficou admirada com a coragem da morena em confessar seu deslize para que ela não soubesse por outras pessoas.

Com o coração acelerado, ela puxou do bolso da calça uma caixinha de veludo, abriu e olhou o anel que tinha comprado de presente para a namorada, fechou e jogou sobre a mesinha de centro. Voltou a chorar contidamente enquanto decidia o seu futuro com ou sem Adriana.



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