Prólogo.
– Não é a primeira vez que tenho apenas uma corda e um mosquetão para sair de um buraco, então se acalme. – Gritava enquanto a poeira tomava conta de tudo.
– Belezinha, mas você está esquecendo que somos três, uma corda velha e um mosquetão enferrujado. – Coloquei o corpo inanimado em seu ombro. – E o terceiro ainda é a Bela Adormecida.
– Elli, não começa a falar, preciso me concentrar. – Olhava para algumas pedras que tinham o mínimo de superfície para meu pé. – Eu vou subir o máximo que puder e tentar jogar a corda naquela madeira.
– Você está pensando em se matar? Se for, é melhor que todos fiquemos aqui embaixo cantando “cumbaiá”.
– Cala a boca, vai dar certo. – Prendi a corna na minha cintura e comecei a subir, já estava próxima da madeira quando meu pé escorregou.
– Aiii, viado, você vai morrer. – Consegui sustentar o peso com a mão esquerda.
– Rogue praga para outro. – Achei a superfície para o pé e voltei a subir, um total de três tentativas e acertei a corda na madeira fixa entre a largura do buraco.
– Isso não vai te aguentar, não faz isso, Gio. – Fechei os olhos com uma ponta da corda amarrada na cintura e a outra em minhas mãos. Pulei e foi por pouco, estava firme o suficiente. Voltei para o lugar que estava e joguei uma ponta da corda.
– Prende a corda no mosquetão e trava ele no seu cinto, vou te puxar e você saí.
– Se você me deixar morrer, juro que viro alma penada só pra te assombrar durante toda sua infeliz vida.
– Anda logo, bicha dos infernos, eu já ouvi essa história antes. – Puxei o mais forte que pude, enquanto ele subia fui descendo para equilibrar o peso e tornar o processo o mais rápido possível.
– Eu estou vendo a luz, vou me agarrar na madeira e sair desse buraco.
– Joga o mosquetão de volta e amarra a ponta da corda em sua cintura, Elliot, vou amarrar a desmaiada e você puxa. – Amarrei a mulher da melhor forma possível e meu amigo começou a puxá-la.
– Gio, se prende também, eu consigo puxar as duas juntas.
– A corda vai ceder antes de chegarmos, continua puxando. – As vigas que mantinham o lugar começaram a quebrar.
– Gio, Gio, vai desmoronar.
– Eu sei, bicha, anda logo com isso, vou dar um jeito. – E a poeira enfim tomou conta do lugar.
Capítulo 1 – Buscando munição.
– Não estou acreditando! Mercado negro, Gio? Achei que já tivéssemos superado essa fase da vida. – Meu fiel escudeiro, Elliot, me seguia pelas ruas de barro de Cobija, na Bolívia. – Tem certeza onde você está indo?
– Sei bem onde estamos indo e não há lugar melhorar para encontrar armas baratas e sem necessidade de documentação.
– Vamos para Machu Picchu, você sabe que lá são somente ruínas e falta de ar.
– Elliot, se você não fosse meu melhor amigo e ótimo historiador te daria um ponta-pé no seu lindo traseiro hidratado com Victoria Secrets.
– Sou historiador e você é arqueóloga, mas sempre nos mete em confusão. Tem uns caras estranhos vindo atrás de nós.
– Penso que estão apenas a admirar seu belo traseiro e não se preocupe, aqui eles não confiam em ninguém, aja mais naturalmente possível e não rebole tanto.
– Você brinca nas horas mais impróprias. E o que de tão belo e raro estamos procurando?
– Alguns Rifles e belas pistolas.
– Não aqui, idiota, em Machu Picchu.
– O de sempre, tesouro escondido e afastar os caras maus que querem apenas dinheiro.
– Ei, não sou um cara mau e adoraria um pouquinho de dinheiro.
– Bicha ingrata. Agora cala boca e deixa que eu falo.
– Vamos entrar nessa pocilga? Parece que tem dúzias de pessoas mortas aí dentro.
– Então cale essa linda boca para não entrarmos para coleção.
– Eu só queria ser um historiador normal, ganhar algum prêmio e envelhecer em Londres no estilo Elton John. – Sorri com essa comparação e logo deixei o sorriso escapar quando encarei o homem que estava do outro lado do balcão.
“- Buenas, señor.
– Buenas. – Cuspiu no chão e eu evitei ao máximo a cara de nojo.
– Ramón dijo que aqui puedo encontrar bellas tostadoras. (codinome para armas, vai entender)
– Qué Ramón?
– Sobriño de la mujer de tú tío.
– Acompañame. – Segui o homem até a portinhola atrás do balcão, cortina de bambu, cada um com seu gosto estranho. – Aqui tenho vários tipos de torradeiras.”
– Fala minha língua. Ótimo.
– Desde rifles até granadas. – Puxou uma alavanca e logo as belezinhas apareceram. Era como natal em setembro. – Vejo que pretende iniciar uma pequena guerra.
– Apenas para segurança própria.
– Só precisa disso quem tem um exército atrás.
– Não governamental. – Ele me olhou. – O exército. Apenas homens que são pagos para matar. – Tirei um pequeno montante de dinheiro da bolsa que carregava.
– Diga ao Ramón que mandei lembranças e se puder, meta uma bala bem no meio de sua cabeça.
– Mandarei lembranças. – Saímos do lugar e caminhamos até o jipe que estava na rua de trás.
– Bicha, que homem mau. Mandar meter uma bala na cabeça do próprio parente.
– Ele não é parente, é apenas para identificar quem informou, uma resposta errada e a bala é bem no meio da sua testa com base Chanel.
– Nossa, tinha me esquecido que hoje era o dia mundial de insultar o viado. – Dei partida no carro e entrei mata a dentro. – Aí, que lugar esburacado, vai devagar ô maluca.
– Desculpe, senhor, mas temos hora para chegar.
– Chegar onde?
– Ponto de encontro, tem um helicóptero que vai nos levar até o antigo aeroporto particular de algum narcotraficante. – Elli se ajeitou no banco do jipe que havia dado mais um solavanco.
– Narcotraficante? Você tem certeza que não estão usando mais? – Arregalou os olhos pensando na possibilidade.
– Absoluta, Elli, eu já te meti em confusão alguma vez?
– Tirando a do Egito? Ou das Ruínas Gregas? Ou do cemitério subterrâneo em Paris? – Enumerava com as mãos.
– Olha que legal, já te levei em vários países. – Sorri cínica, ele deveria levar isso em consideração, ora bolas.
– Linda, eu sou um gato, mas não tenho sete vidas e se por acaso for já perdi seis graças as suas loucuras.
– Fica quietinho, estamos chegando. – Peguei o rádio. – Delta oito, estamos nos aproximando do alvo.
– Apenas aguardando, delta oito, perímetro limpo, céu limpo para um belo voo.
– Cambio e desligo.
– Acho que o nome disso é complexo de Lara Croft. – Revirei os olhos e mantive o caminho entre árvores e matos alto.
Não está entendendo muito? Sou filha de antropóloga e agente de inteligência. Sempre vivi em conto de fadas e estratégias militares, me formei, mas com a ajuda particular dos meus pais fui colocada nos lugares mais interessantes do mundo. Onde? Ruínas perdidas e tesouros escondidos, ou seria ao contrário? Bem, tanto faz, o que importa mesmo é que no meio disso tudo haviam pessoas que estavam interessadas em moer toda a história e transformar em dólares ou libras… Eu apenas mantinha a história em seu devido lugar.
Quanto ao meu amigo, muito provável que o tenha encontrado em um circo ou cabaré. Na verdade, o encontrei na faculdade, eu adorei logo de cara, parecia ser menos afeminado na época, então eu tinha toda a certeza de que seria um belo partido, mas fui partida ao meio quando ele abriu a boca pra falar, o bom é que me rendeu belas gargalhadas e um amigo para todos os momentos. Algumas vezes tenho vontade de mandar ele descer ladeira à baixo, mas devo minha vida a ele. Não era a primeira e nem seria a última vez que ele iria abrir a boca para falar que tenho complexo de Lara Croft, desde que estudávamos ele me vem com essa história, mas acho mesmo que ele tem inveja dos meus olhos azuis. Em semelhança com a atriz, que eu possa notar é apenas essa, as sardas em meu rosto e o cabelo castanho avermelhado me faz mais parecer um anime mal feito e desajeitado.
– Viado, quanto homem com cara de lobo-mau.
– Elliot, não sei porque ainda insisto em te trazer comigo.
– Não vive sem meu bom gosto, caso contrário iria viver com calça cargo e camiseta branca.
– Eu sou arqueóloga, é quase um uniforme, você sabe, não é?
– Não sei de nada. – A bicha começou a dar tchau.
– O que você está fazendo?
– Ele me deu tchau, só estou acenando de volta.
– Elli, isso é um sinal de que o perímetro está limpo e podemos nos aproximar, você não leu o livro que te dei?
– Ah, eu o esqueci propositalmente naquele hotel de ratos na Espanha, não me culpe, muita teoria, nada interessante. – Peguei a bolsa com as armas e joguei no ombro, alguns passos e minha pose poderosa super confiante foi por água abaixo, um belo tropeção e a bolsa com as armas caíram no chão. – Gio? – Olhou para trás a tempo de me ver levantando. – Sabe que eu quero morrer de rir, não é? Você deveria usar aquele Ray Ban que te dei de presente.
– Faça isso e irei testar uma por uma dessas armas em você. – Olhei para a frente e os homens continuavam feito estátuas, deveriam estar se perguntando o que fizeram para merecer essa missão. – Logo estávamos decolando em um helicóptero militar boliviano, devo dizer que algumas pessoas me devem favores.