Em Qualquer Lugar

Capítulo XXI – Segredos

Aghata

Não queria envolver Paula naquela sujeira toda, mas que droga! Ela tinha que vir atrás de mim? Ela tinha que vir parar justo naquele acampamento? Eu precisava de mais tempo, coisa que eu sabia ser impossível agora.

No dia seguinte, quando acordamos, fomos fazer o café comunitário e falei para Paula continuar com as suas tarefas, pois eu queria me empenhar na construção da nova cabana para termina-la rápido. Fui até Fingal e disse que continuaria cortando madeira para a nova cabana, pois poderia fazer um espaço maior para alojar mais gente. Ele apenas assentiu. Estava em uma conversa com o comando central e não me deu muita atenção. Mas quando saía, ele me chamou de volta.

— Sim.

— Daqui a quatro dias teremos que interceptar um comboio. Espero que sua vontade de trepar com essa garota não estrague os nossos planos. Pelo que eu sei, você veio me ajudar.

— Sim, eu vim te ajudar, mas você está certo; eu quero “trepar com essa garota” e se você não atrapalhar, vamos ter o que queremos com o contrabando e eu vou ter o que eu quero, sem qualquer problema.  Basta você não se meter entre mim e o que eu quero!

Saí da cabana sem dar mais explicações, voltando à tarefa da construção da cabana. Ele era irritante mesmo e se continuasse com essa implicância, eu iria ter que dar um jeito na Paula. Droga! Mil vezes droga! Ela tinha que parar justo naquele acampamento! Eu não queria que ela se ferisse ou descobrisse nada. Isso atrapalharia tudo. Eu tinha que achar um jeito de fazê-la voltar até eu sair dessa!

Eu já estava me afastando do acampamento para cortar mais madeira, quando vi Paula vindo ao meu encontro.

— O que está fazendo aqui, Paula?

— Pensei que gostaria de ajuda. Terminei meus afazeres na enfermaria e vim te ajudar com a cabana.

— Paula, temos que ser discretas. O Fingal já está desconfiado de alguma coisa. Hoje ele insinuou, novamente, um envolvimento entre nós e isso não é legal.

— Aghata, não há regras contrárias a nos envolvermos. Eu “tô” pouco me lixando para o que o Fingal pensa!

Eu não podia ser grosseira com ela e, ao mesmo tempo, eu não podia expô-la.

— Não são as regras, Paula. Eu só não quero chamar a atenção para nós. O fato é que ele sempre pegou no meu pé. Se você pedisse dispensa, eu ficaria só mais um tempo e pediria a minha também, alegando que não tinha mais condições psicológicas para trabalhar. Aí nós poderíamos nos livrar disso e, com salvo conduto para sair do país.

— Nem pensar, Aghata! Não quero viver mais sem você. E depois? Como ficaria essa gente, exposta a pessoas como ele?

— E você tá pensando o que? Em denunciar? O governo é que está por trás disso, Paula! A gente está com os pés e mãos atadas! E sua vida na universidade, como fica?!

— Eu pedi licença não remunerada.

— Mas até para isso tem limite.

Os olhos de Paula marejaram, eu estava me desesperando e ela estava começando a achar que eu a estava evitando. No fundo, era isso mesmo. Não queria envolve-la nisso, não queria que ela descobrisse a sujeira. Ela poderia sair ferida e, mais uma vez, seria por minha causa.

— Olha, vamos fazer o seguinte, hoje você me ajuda, mas a partir de amanhã, eu quero que você siga com as suas funções de sempre. Esse cara é louco e é esperto também. Para ele achar de se meter com você por estar muito próxima a mim, não vai custar. A gente se fala nas horas de folga e à noite, está bem?

Eu cheguei perto dela e toquei o seu rosto. Ela era muito linda, seus olhos sempre me atraíram e sempre me comoveram, mas eu precisava me afastar e manter o foco.

— Está bem assim? – Falei suavemente enquanto afagava o seu rosto.

— Está bem.

Levei-a para a mata, mas estava cada vez mais difícil de afastá-la. Não poderia partir seu coração novamente, isso acabaria com ela e comigo.

Terminamos o nosso trabalho de cortar as madeiras para a cabana, já passavam das quatro horas de tarde e ela não sabia o que havia me feito, para eu estar tão na minha e quieta. O problema era esse, ela não havia feito absolutamente nada. Eu é que tinha que resguardá-la de mim mesma! Como eu iria fazer?

Voltamos para o acampamento, levando tudo. Eu estava calada e ela nada perguntava. Estava lhe magoando novamente e não sabia o que fazer. Juntamo-nos a todos, em uma conversa amena no início da noite, antes do jantar. Quase na hora de dormir, ela me perguntou o que havia feito. O que eu responderia? Ela não havia feito nada! Ela só estava no lugar e na hora errada.

— Você não fez nada. Absolutamente nada. Eu só estou com medo por você.

— Mas por quê?

— Olha!

Segurei seu rosto e falei olhando em seus olhos. Se eu tinha que mentir, ou melhor, omitir, queria olhar para ela para me lembrar bem do “por que” eu estava fazendo.

— Já te falei sobre isso mais cedo. Esse cara é perigoso e eu tenho medo de te perder, tá bom?! Hoje ele me requisitou para, daqui a quatro dias, escoltar um comboio para outro acampamento. Disse que eram ordens do comando que eu fizesse parte da organização do acampamento. No fundo, eu acho que ele me quer próximo a ele, para poder me vigiar. Não gostaria de você metida nisso.

— Escoltar por quê? Eles sempre enviam escolta!

“Droga! A danada é inteligente”! Eu sorri, pois eu adorava isso nela. Por sinal eu estava com uma vontade louca de tê-la e isso fazia o nível de minha excitação subir ao topo da minha cabeça. Ela era linda, gostosa, inteligente e amorosa.

— Paula, eu não sei por que eles precisam escoltar. O Fingal não me falou, mas eu não recusei, pois quero faze-lo achar que não me incomoda estar sob o seu comando. Daqui a quatro dias saberemos por que, mas até lá quero que ele não implique com você, tá bom?

Ela baixou o rosto e a minha vontade era de abraça-la, de beijá-la, mas eu não podia fazer isso ali. Apesar de estarmos afastadas e quase chegando na cabana, não queria chamar a atenção para a gente.

— Vamos entrar, não deve ter ninguém a essa hora e a gente fica mais à vontade.

Ela sorriu e caminhou na frente. Quando entrei e percebi que estávamos sozinhas, a puxei para mim e me deliciei com sua boca saborosa. Ela tirava toda a minha razão. Eu não conseguia me segurar, estando sozinha com ela. Sabia que não podia, mas não tinha forças. Aquele corpo gostoso, curvilíneo e ao mesmo tempo vigoroso, sempre me deixou louca. Ela começava a apertar seu corpo mais forte contra o meu e mesmo por cima das roupas sentia a temperatura aumentar em seu corpo… em meu corpo… Escutamos um barulho vindo de fora e nos desvencilhamos arfantes. Era Garnet. “Droga! Ele sempre chega na hora!” Pensei. Depois agradeci silenciosamente, pois seria capaz de nos perdermos ali e isso não seria bom para nenhuma das duas.

— Desculpe se atrapalhei algo…

Garnet lançou um olhar cínico com um sorriso nos lábios.

— Atrapalhar o que? Claro que não Garnet!

— Nós já íamos nos aprontar para dormir.

Paula falou, já se encaminhando para o catre onde estávamos dormindo. Ajeitei-me junto ao seu corpo como na noite anterior, mas hoje parecia tortura. Custei a dormir e acho que a Paula também.

No dia seguinte, Fingal pediu para que voluntários me ajudassem a construir a cabana, já que serviria também para outras pessoas que estavam dividindo camas poderem se arrumar melhor no acampamento. Como eu iniciei a tarefa de construção, eu poderia ter um quarto menor e dividi-lo no máximo com mais uma pessoa. Eram regras feitas por nós mesmos, para incentivar essas construções quando estávamos muito comprimidos nos acampamentos. Devido às tarefas de auxílio e as constantes construções ou reformas de galpões para enfermaria e alojamentos para os desabrigados pobres, sempre deixávamos essas construções para abrigar o nosso pessoal meio de lado.

A cabana foi feita em dois dias apenas, pois várias pessoas vieram ajudar se revezando entre as tarefas do acampamento. A construção tinha um quarto menor que seria o meu e de mais alguém que eu escolhesse, um quarto de banho com uma tina e um quarto maior que abrigaria mais oito pessoas. Para a nossa felicidade, nós teríamos banho de verdade naquele dia, não só pouca água para nos lavarmos como nos dias anteriores. Havia chovido dias antes de eu chegar e os caminhões pipa, que se revezavam entre os acampamentos para abastecê-los, puderam pegar água nas ribeiras e encher as grandes caixas de água do acampamento.

Tomávamos banhos em pares para não gastar muita água. Eu e Paula deixamos para tomar banho por último, para podermos ter um pouco mais de privacidade. A última dupla já havia saído e já havia também esvaziado a tina. Fizemos um pequeno mutirão, entre mim e ela, para encher a tina com água limpa e fresca. Quando acabamos, pegamos roupas limpas entre nossos pertences e nos fechamos no quarto de banho. Enquanto eu tirava a roupa descaradamente no meio do quarto para me atirar naquela água maravilhosa e tirar toda a sujeira do meu corpo, ela se despia de costas, quase que envergonhada, como se eu nunca a tivesse visto nua. Entrei na tina já me esfregando e olhando ela se despir.

“Deus! Como ela pode ser tão linda, tão maravilhosa?!”

Meus olhos percorriam seu corpo em cada curva, admirava cada gesto e pensava que toda a lembrança que eu tinha de seu corpo, não era mais que uma lembrança difusa. Para falar a verdade, as minhas lembranças eram bem claras e não difusas. Eu as guardara comigo durante todos esses anos, mas seu corpo adquirira contornos mais firmes, seios mais volumosos e curvas mais sensuais, como se fosse possível acrescentar mais beleza, ao que para mim, parecia já perfeito.

Meu trabalho de me esfregar já havia sido posto de lado, por mim mesma e me atinha na tarefa de admirá-la, com a boca completamente aberta e o coração aos pulos. Ela me olhou e sorriu, caminhando tranquilamente, em minha direção para entrar na tina. Eu ainda a olhava estarrecida e ela deu uma risada gostosa, tirando a esponja da minha mão.

— Vamos lá, sujinha! Vire de costas que eu vou te ajudar a se banhar, tá bom?!

Ela abriu novamente um sorriso. O que eu podia fazer? Virei-me e atendi prazerosamente a sua ordem. Banhamo-nos calmamente, mas ao final nos acariciávamos mais do que nos banhávamos. Quis amá-la calmamente, pois sabia que dali a dois dias talvez não a visse tão cedo, ou melhor, dependendo de como as coisas corressem, talvez não a visse mais. Só esperava que ela ficasse segura e que, algum dia, os céu se compadecessem de mim e fizessem que ela me perdoasse mais uma vez. Sabia também que esse perdão não poderia ser pedido por minha boca. Eu não tinha mais esse direito…

Paula

Depois de fazermos amor tão delicadamente, transbordando tanto amor, eu não tive mais dúvidas a respeito do que havia acontecido há anos atrás. Impossível ser mentira o seu amor. Ela havia, com toda certeza sido enganada também. Vestimo-nos e fomos jantar com o grupo. Quase não consegui disfarçar minha felicidade. Jantamos e demos boa noite para todos. Como não podia deixar de ser, o Fingal fez uma de suas piadinhas sem graça.

— Isso aí! Agora que as pombinhas tem um quarto só para elas, tem que aproveitar mesmo! Aghata, eu sou seu fã. Pegou a mais gata do acampamento!

Aghata deu uma pequena parada no passo, mas sem se virar para o grupo. Depois balançou a cabeça e continuou caminhando. Garnet se levantou na hora, meio para cortar o clima desagradável e disse que se recolheria também. Garnet se mudara para a cabana nova junto conosco.

— Não liguem para esse babaca. Ele só está com dor de corno, pois só consegue pegar gripe e nada mais.

— Ele já não me afeta mais, Garnet. — Falou Aghata.

— Pois a mim me afeta. Qualquer hora dessas, eu quebro a cara dele!

Falei irritada. Aghata parou e me olhou com aquela sobrancelha levantada tão típica de sua ironia.

— E não fale algo que implique minha altura que eu vou ficar brava com você também.

Os dois riram de mim. Acabei rindo junto, pois apesar de todo o meu treinamento em Judô, Kung Fu e minha disciplina matinal com o Thai Chi Chuan, sabia que era quase impossível eu quebrar a cara dele. Vocês se lembram que eu odeio dor, não se lembram?

Demos boa noite também para o Garnet e entramos no nosso quarto. Pois é, tínhamos um quarto só para nós duas.

Quando Aghata entrou, a única coisa em que eu pensava era: vou te devorar. Era isso mesmo que eu queria fazer naquele momento. Depois de tantos anos a amando e a odiando, eu estava mais apaixonada e eu queria tudo dela. Eu a olhei com fome e vi em seus olhos fogo, desejo, tesão.

Empurrei-a para que se sentasse no catre e comecei a despi-la sem proferir uma palavra.

— Paula…

— Shiiiiiii! Agora não é hora de conversar. Fale só para me pedir. Fale só para me ter. Diga só o que deseja…

Beijei seus lábios com fome de anos. Despi suas roupas com fúria e tirei as minhas, sem o menor pudor. Empurrei seu corpo para que deitasse e deitei por cima dela. Esfreguei-me em seu corpo como que tomada por um furor enlouquecido e capturei seu pescoço para deleitar com o sabor de sua pele. Fui descendo e lambendo sua pele aveludada. Era tão suave e ao mesmo tempo forte… Tão deliciosa… Seus gemidos chegaram aos meus ouvidos me atiçando.

— Shiiiii. Ou você assume que estamos fazendo amor ou você vai ter que gemer mais baixo.

— Ah Paula! Como eu posso gemer mais baixo?!! Ah!

Sua voz era rouca e embargada. Eu sorri sobre a sua pele causando arrepios por onde a tocava com minha boca. Beijei um mamilo enrijecido, suguei-o, chupei com força.

— Issss! Ah! Mais forte!

Dei o que ela pediu e meu líquido já escorria entre minhas pernas. Era gostoso demais! Há quantos anos eu não tinha essa sensação?! Voltei a beijar seus lábios e falei entre as nossas bocas.

— Vira pra mim, vira?

Ela se virou e eu puxei seu quadril a deixando de quatro. Olhei seus glúteos bem formados e sua umidade descortinava para mim. Passei a beijar seus glúteos com beijos aguados e lambi toda a extensão de sua fenda.

— Ah! Paula… Isss Gostoso… Ah!

Posicionei-me deitada com a minha cabeça entre suas pernas, ela ainda de quatro com minha boca na direção da sua vulva. Que visão extraordinária!

— Trás ela para minha boca, mexe gostoso na minha boca. – pedi quase sussurrando.

— Paul… ah!

Ela encaixou perfeitamente em minha boca e eu lambi com a língua plana toda a sua abertura.

— Ah Amor! Delícia… Isss! Me chupa!

Sua respiração estava em ofegos, entrecortada e eu mesma estava me descontrolando. Suguei como ela me pediu e comecei a me tocar simultaneamente, não estava aguentando de tanto tesão. Brinquei com a pontinha da língua em seu clitóris e voltei a chupar.

— Não vou aguentar, Paula! Lambe, me suga! Ah! Me suga, “tô” escorrendo. Ah! Mais!

Passei a língua em torno de seu clitóris e voltei a suga-lo. Enfiei minha língua bem fundo na sua vagina e retornei a brincar com seu bulbo. Ela movia forte na minha boca e eu cada vez me tocava mais intensamente.

— Vou gozar, Paula! Me suga… me bebe… Mmm!

Eu gozei junto com ela, meu corpo sacudindo e me deleitando com seu líquido gostoso, escorrendo em minha boca. Eu estava deitada, mas percebi que as pernas dela começaram a bambear. Ajudei-a a deitar e a acolhi em meus braços. Eu a amava. Acariciava o seu rosto forte de traços marcantes e semblante belo. Ela chorou. “A Aghata chorando? Ela é forte! Decidida”!

— Que foi amor? — Eu estava assustada.

— Me perdoa! Me perdoa!

— Pelo que, amor? Você não fez nada!

Eu acariciava seu rosto e seus cabelos em meu colo. Ela foi acalmando e parando de soluçar. Enxugou as lágrimas que escorriam de seus olhos e me olhou com aqueles olhos azuis intensos, lindos… Seus longos cabelos negros estavam grudados em sua face pelo suor e pelas lágrimas. Retirei para que desse a visão completa desse rosto tão amado por mim.

— Eu preciso te contar algo e gostaria que me escutasse até o fim. Eu não consigo mais esconder isso e não posso correr risco com você…

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Juro que tudo que ela me contou me deixou abismada e temerosa, mas eu a amava. Eu não poderia mais viver sem ela.



Notas:



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