Juliana combinara com Alexia que a encontraria no Aeroporto de Portela. Tomou alguns sustos no vôo, devido a fortes turbulências, mas nada de muito grave. Assim que desembarcou, já foi procurando os olhos da sua amada. Não aguentava mais de saudades. Mas o que encontrou foi o Sr. Manoel, dessa vez sem plaquinha:
– Será que estou a ter um Déjà vu?
– Seu Manô! Como está?
– Bem gaja, e tu? Como foste de férias?
– Bem bem. Olha o senhor vai me desculpar, mas eu tenho que procurar uma pessoa.
– Ah sim! Alexia me pediu para vir buscá-la. Ela perdeu o voo e só deve chegar amanhã de manhã. Juliana parecia desolada
– Poxa, não acredito! Eu falei pra ela dormir cedo ontem. Incrível, nunca imaginei Alexia perdendo o horário. Ela praticamente madruga. – dizia emburrada
– Essas coisas acontecem minha pequena. Mas vamos lá, deixe-me ajudar com essas malas.
Juliana entrou no carro da Universidade muito triste. Não aguentava mais de saudades. Sr. Manoel, percebendo a tristeza da loirinha puxou assunto.
– E como vão as novidades desse semestre?
– Nenhuma de muito especial. Eu vou é sentir muita saudade de Mary. Chegamos a nos encontrar nas férias, pois ela foi passar uns dias com a tia-avó dela em Copacabana. Mas, aqui vai ser muito estranho sem aquela maluca. – Disse com os olhos tristes
– Entendi. Eu já sei quem vai ser sua nova companheira de quarto!
– Sabe? Como assim? – Juliana disse se empolgando na possibilidade de fazer uma nova amizade.
– O nome dela é Giovanna! Minha neta! Juliana ficou surpresa!
– Mas que bom que ela voltou pra casa, Manô! Você deve estar radiante não?
– Não fazes ideia do quanto. Não a via há muito tempo. Mas ela decidiu por terminar a faculdade na UFL. Está no último período.
– Pelo menos então não vou morar com uma desconhecida. Ela é legal.
– Minha neta é muito estudiosa, concentrada, e boa pessoa. Ela só chega semana que vem, mas acho que vocês vão se dar bem. Já falei muito de você pra ela.
– Nossa! Tô me sentindo importante!
– Você é uma menina de ouro!
E foram conversando o resto do caminho, até chegar ao Alojamento.
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Juliana agradeceu Sr. Manoel pela boa vontade de buscá-la. E imediatamente lembrou que Alexia havia furado com ela. Fechou a cara e subiu para o quarto. Logo foi atingida por muitas lembranças com sua amiga Mary. E agora estava ali sozinha. Mas se animou com a ideia de ter uma nova companheira de quarto. Já era noite e resolveu tomar um banho e quando foi deitar na cama achou um bilhete, impresso com letras digitalizadas:
“Não se importe com a hora, com o dia e nem com o lugar. Espero-te no lugar, onde comecei a te amar
Seu Amor”
Juliana ficou confusa. Pensou em Alexia, e no lago. Mas ficou com medo que fosse alguma pegadinha de mal gosto e resolveu não ir. Mas estava morrendo de curiosidade. 10 minutos depois, há uma batida na porta:
“Quem será? ” Era Sr. Manoel:
– Juliana, confias em mim?
– Confio! Mas, por que isso?
– Venha comigo.
– Só um momento.
Juliana entrou rapidamente, e colocou um vestido simples porém bonito. Era azul com estampas de pequenas flores. Penteou o cabelo, abriu a porta e disse:
– Vamos!
No caminho que faziam, Juliana enchia o senhor de perguntas, mas ele se manteve calado o tempo todo. A curiosidade da loirinha já estava além do normal, quando Manoel falou:
– Gaja, daqui vou-me embora. Tu já sabes aonde ir!
– Sim, acho que já sei Seu Manô. Obrigada.
Enquanto Manoel ia se distanciando, Juliana parecia meio confusa. Mas o coração dela batia cada vez mais rápido.
Chegou ao seu destino. De fato, era o lago. E seu queixo caiu com o que viu: Um pequeno e simples palco de madeira estava montado, com uma cadeira vazia e uma tímida luz, dando foco a cadeira. Juliana respirou fundo, e já ia chamar por Alexia, quando ouviu uma voz linda, que dizia:
“O amor, quando se revela, não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p’ra ela, Mas não lhe sabe falar.”
Juliana olhou pra um lado… para o outro… não via ninguém. A voz continuava: “Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de *dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer”
Juliana já tinha seus olhos tomado por lágrimas. Sabia que aquela voz de Alexia, queria encontrá-la, mas só ouvia sua voz, que insistia:
“Ah, mas se ela adivinhasse, Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pr’a saber que a estão a amar!”
Juliana já chorava, e chamou por Alexia. Nenhuma resposta, apenas:
“Mas quem sente muito, cala; quem quer dizer quanto sente fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Linda Juliana, feche os olhos, e só abra quando eu pedir“
Ju prontamente atendeu o pedido. Se sentiu sendo guiada para algum lugar. Mas não era pela voz de Alexia, pois enquanto isso acontecia, ela continuava a declamar:
“Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar, já não terei que falar-lhe porque lhe estou a cantar…**
Abra seus olhos “
Nesse momento Juliana viu a cena mais linda que poderia imaginar: Alexia, estava de vestido preto de gala, sentada de pernas cruzadas no palco que ela viu anteriormente, com um violão no colo. Juliana não pensava, não tentava entender, apenas vivia o momento, e Alexia começou a cantar:
[ http://www.youtube.com/watch?v=H_zvhzFRrSU – Aconselho escutar a música junto com a leitura da letra]
“Love me tender, (Me ame com ternura,) Love me sweet, (Me ame com doçura) Never let me go. (Nunca me deixe partir.)
You have made my life complete, (Você tornou minha vida completa)
And I love you so. (E eu te amo tanto)
Love me tender, (Me ame com ternura)
Love me true, (Me ame de verdade)
A l my dreams fulfi led. (Todos os meus sonhos realizados)
For my darlin’ I love you, (Porque, minha querida, eu amo você)
And I always wi l. (E eu sempre amarei) “
A voz de Alexia era doce, meiga, totalmente o oposto da personalidade que ela tinha. Cantava e tocava com maestria. Juliana estava surpresa, encantada e completamente mais apaixonada, a cada palavra cantada que saía da boca de Lexy.
Em todo momento que Alexia ia cantando, os olhos não se desgrudaram dos da loirinha. E ela continuava:
“Love me tender, (Me ame com Tenura)
Love me dear, (Me ame querida)
Te l me you are mine. (Me diga que você é minha)
I’ l be yours through a l the years, (Eu serei sua durante todos os anos)
Ti l the end of time. (Até o final dos tempos)
Love me tender, (Me ame com ternura)
Love me true, (Me ame com verdade)
A l my dreams fulfi led. (Todos meus sonhos realizados)
For my darlin’ I love you, (Porque, minha querida, eu amo você)
And I always Wi l (E eu sempre amarei)
O último acorde foi tocado. Um silêncio se fez. Juliana chorava e estava completamente paralisada. Por mais que ela não soubesse muito bem inglês, ela conhecia a música, e conseguia entendê-la, apenas olhando para sua amada. Alexia também tinham tímidas lágrimas escorrendo pelo rosto a música inteira, mas segurara o choro o máximo para não prejudicar sua voz. Ela deixou o violão na cadeira, e abraçou a loirinha, que disse:
– Lexy…eu não…eu não sei nem o que dizer. Nunca imaginei que ninguém faria nada do tipo para mim!
– Apenas me ame, e seja minha namorada, meu amor. É tudo o que eu quero.
– Eu te amo, Lexy, e serei sua para sempre.
Dizem que as almas são divididas em duas partes, e que essas estão fadadas a se buscar por toda a eternidade. Pelo menos, nessa vida, uma havia se completado.
Música: Love me Tender – Elvis Presley