A FILHA DO NOIVO

5. Descobrindo tamanho e intensidade

Pássaros cantando, o sol entrando pela janela que estava parcialmente aberta, uma brisa leve que nos lembrava que o mar estava logo ali. Virei um pouco para o lado e vi um rosto lindo, os cílios tão escuros quanto a sobrancelha, ela era tão bem desenhada. Fiquei alguns segundos contemplando aquela imagem, beijei o topo de sua cabeça e me levantei lentamente, alcancei o celular e não passava das nove da manhã, coloquei uma roupa qualquer e fui direto ao banheiro.

– Já acordou, minha filha. – Meu pai perguntou.

– Sim, fiquei preocupada de perder a hora e acabar atrasando todo mundo.

– Não se preocupe, sairemos um pouco mais tarde já que não teremos pressa de voltar amanhã.

– Ah, sim, o senhor sabe se já tem café?

– Vera desceu não faz muito tempo, ela me perguntou se vi vocês chegarem.

– E o senhor viu?

– Não, apenas ouvi quando subiram.

– Verdade, não chegamos tarde, ficamos um pouco na piscina conversando.

– Imaginei, encontrei uma garrafa de vinho e dois pares de sapato. – Olhou para mim. – Está tudo bem?

– Muito bem, apenas ficamos conversando e depois subimos para dormir, Kayla estava preocupada em perder a hora. – Falei inventando uma desculpa, raras foram as vezes que menti para meu pai.

– Fico feliz que estejam se dando bem, mas tome cuidado com a amizade, parece que o rapaz que ela namorava é um pouco possessivo demais.

– Tomarei todo o cuidado possível, por ela e por mim, não se preocupe, pai. Vou jogar uma água no corpo e já desço. – Entrei no chuveiro e me lembrei da noite passado, a qualquer lembrança meu corpo acordava, sorri sozinha, dancei e lutei com a vontade de gritar. Me vesti e disfarcei o sorriso para descer, apenas Vera ainda estava na cozinha. – Bom dia, Vera!

– Bom dia, minha queria, não me diga que minha filha ainda está dormindo. – Colocou as mãos na cintura e sorriu.

– Pois é, mas passamos tanto tempo conversando que não a culpo.

– Pelo visto também beberam até cair, certo?

– Na verdade não, tomamos duas garrafas apenas.

– Minha filha, não acha que duas garrafas é muito?

– Se tomadas de forma moderada, não. – Sorri sapeca. – Vera, eu gostaria de levar um café e umas torradas para ela.

– Isso sim que é um tratamento cinco estrelas.

– Apenas quero que ela se sinta querida, não foi fácil o que ela passou.

– Te dou todo apoio, aqui, acabei de passar esse café. – Colocou duas xícaras de café e algumas torradas em uma bandeja. – Obrigada pelo que está fazendo por ela.

– Não precisa agradecer, aquela criatura me cativou. – Levei a bandeja com cuidado e tranquei a porta assim que passei, coloquei ela apoiada no criado mudo e deitei sobre o corpo de Kayla. – Bela adormecida, está na hora de acordar. – Beijei seus lábios com delicadeza.

– Não me acorde ainda, estou sonhando. – Levantei minha blusa, deixando meu colo nú e voltei a deitar sobre seu corpo.

– E com o que está sonhando, hein? – Falei em seu ouvido, sentindo sua respiração ficar mais pesada.

– Espera que o sonho está tomando forma real. – Senti suas mãos deslizarem por minhas costas.

– É mesmo? O que falta pra ele se tornar ainda mais real?

– No meu sonho você não fala tanto e beija mais… – Ri alto e atendi ao seu sonho a beijando mais profundamente. – Agora sim posso acordar! – Abriu os olhos e paralisei, sua alma estava ali e pude ver. – Bom dia!

– Ótimo dia! Trouxe café pra gente.

– Café na cama? Isso é sério?

– Uhum. – Coloquei a bandeja na sua frente. – Torradas e café. – Comemos em silencio, um silencio confortável, nossos olhos se procuravam a todo instante, eu simplesmente não poderia em anos descrever a sensação que me tomava quando estava ao seu lado.

– Muito obrigada por isso e pela noite de ontem.

– Não tem que me agradecer nada disso, foi uma noite especialmente deliciosa. – Beijei seu pescoço. – E eu preciso sair desse quarto antes de não conseguir lutar contra meu desejo.

– Eu adoraria que não lutasse contra ele!

– Eu também, mas preciso ir buscar o carro e outra, meu pai e sua mãe já estão acordados, imagina se eles resolvem bater na porta.

– Isso é verdade, mas sabe que não me importaria em nada em ficar aqui enquanto todos tentam derrubar a porta. Mas atendendo aos pedidos vou me levantar. – Buscou uma roupa e pegou as que estavam no chão. – Vou tomar um banho, posso ir com você buscar o carro?

– Claro! Vou ficar te esperando lá embaixo. – Puxei seu corpo por trás. – Mas antes eu quero um beijo.

– Só um?

– Um, apenas isso. – Virei seu corpo de frente para o meu e a beijei, seu corpo nu e eu apenas de short, as mãos ficaram incontroláveis e me afastei. – Isso é muita loucura, ainda não consigo entender de onde vem tanto tesão.

– E eu menos ainda. – Colocou uma roupa enquanto eu vestia a blusa. – Vou tomar um banho, não demoro. – Desci as escadas levando a bandeja.

– Ela já acordou?

– Sim, foi tomar um banho, nós vamos até o cais, deixei o carro lá ontem, achamos melhor depois das taças de vinho.

– Pois fizeram muito bem. – Me sentei a mesa e peguei uma maçã.

– Por que não vamos todos juntos? Iremos para o cais mesmo.

– Deixa as meninas, Maurice, deixe que elas façam uma caminhada, vai ajudar a colocar todo o álcool para fora!

– Belinda, você me disse que não beberam muito!

– Mas não bebemos, papai. – Kayla descia as escadas. – Diz pra eles que não bebemos muito, Kay.

– Verdade, não bebemos muito, no máximo duas garrafas. – Andou até Vera e a abraçou. – Bom dia, mãe, bom dia, Maurice. Tia Lena e Clara ainda não acordaram?

– Ainda não, as duas dormem mais que a cama. Bela disse que irão buscar o carro, mas iremos para o cais de qualquer forma.

– Mas é um cais particular que o carro está, mãe, próximo ao restaurante que fomos ontem, a senhora iria adorar.

– Então antes de voltarmos para o Rio podemos jantar lá, o que acham?

– Perfeito. Vamos, Bela? Encontramos vocês no cais para Ilha Grande.

– Vou pegar minha mochila, só um minuto.

– Não precisa, deixei em cima do sofá com uma bolsa minha.

– Obrigada. – Beijei Vera e meu pai e saímos. – Acho que meu pai está desconfiando de algo.

– Acho que não, mas … Eu não sei o que fazer nessas situações.

– Vamos apenas deixar assim por enquanto. – Viramos a esquina e segurei sua mão, seu rosto virou para o meu. – O que foi?

– Encantamento.

– Ei, essa palavra normalmente sou eu que uso. – Beijei sua mão. – Será que vai ser fácil resistir durante o dia?

– Se ficar muito difícil daremos um jeito. – Seu olhar ficou preso no mar por uns instantes.

– O que foi?

– Estava apenas pensando, hoje já é domingo, não sei até que dia poderei viver esse sonho.

– Que tal não pensarmos nisso por enquanto?

– Eu estou tentando, mas na verdade o que mais me incomoda é o fato de que logo você vai para outro continente e eu tenho certeza que irei sentir sua falta. – Parei de andar e a puxei para um abraço apertado.

– Eu terei alguns dias a mais aqui pelo Rio de Janeiro, tenho que cobrir alguns eventos, mas meu tempo livre poderá ser todo seu. – Senti seu abraço ainda mais apertado ao redor do meu corpo. – Ei, calma.

– Me perdoe por isso, normalmente eu sou bem controlada…

– Não diga isso. Vem, vamos voltar a andar, logo o pessoal passa aqui.

– Você tem medo que eles não gostem?

– Nenhum medo, sou adulta e dona dos meus atos, apesar de não saber o que meu pai pensaria sobre isso.

– Realmente é melhor não pensar nessa possibilidade, tenho outras coisas para resolver antes.

– E eu farei o máximo para estar perto de você enquanto resolve. – Rapidamente chegamos ao carro. – Quer dar um pulinho no mar?

– Eu não coloquei meu biquíni ainda.

– Posso tapar os olhos, assim. – Mostrei as mãos nos olhos deixando os dedos separados.

– Boba, só tenho medo de outra pessoa ver.

– As janelas têm insulfilm, ninguém vai ver nada. – Ela pulou para o banco de trás e trocou a roupa lentamente.

– O retrovisor está te entregando. – Pulei para o banco de trás antes que ela colocasse a parte de cima. – O que pensa que está fazendo?

– Analisando mais de perto. – Desci minha boca até seus seios.

– Bela. – Falou ofegante. – Não me torture. – Desci minha mão até seu sexo e toquei lentamente. – Que delícia.

– Delícia é você! – Deixei que meus dedos entrassem em seu sexo, entrando e saindo devagar enquanto mordia de leve seu mamilo direito, depois o esquerdo. Ouvi uma buzina. – Droga, mil vezes droga.

– Me ajuda a amarrar aqui. – Nunca havia feito um laço tão rapidamente. – Acho que não são eles.

– Vou olhar. – Abri a janela e eram eles. – Ei, finalmente chegaram.

– Está tudo bem?

– Sim, a Kay que resolveu colocar um biquíni.

– Filha, porque não fez isso em casa?

– Esqueci, mãe. Clara, quer vir com a gente?

– Por favor! – Ela entrou no carro. – Porque você está tão vermelha, prima?

– Imagina como fico sem graça na frente das pessoas, agora multiplique.

– Ah, nada demais.

– Bela, segue nosso carro e nos encontramos no cais.

– Pode deixar. – Fechou a janela e deu uma bozinada. – E aí, como foi o cinema?

– Interessante e como foi a noite de vocês?

– Muito boa, você adoraria o restaurante.

– Imagino que sim. – Ela ficou intercalando o olhar entre Kayla e eu. – As duas estão me escondendo algo.

– Nós? De onde tirou isso, Clarinha?

– Não sei, talvez por alguns barulhos que vieram do quarto pela madrugada. – Arregalamos os olhos e quase deixei o carro morrer. – Ficou nervosa, Bela?

– Por que ficaria? Você está delirando.

– Pode parar, gente, não tem que me esconder nada. Só quero saber, foi bom?

– Foi bom o que, Clara? Vamos parar com esse assunto.

– Eu dou maior apoio, viu. Precisando de ajuda para dar uma fugida é só falar. – Olhei para Kayla e não aguentamos a gargalhada. – Bela, pelamor, presta atenção na estrada.

– Como entende tanto desse mundo, Clara?

– Digamos que é meu segredo, tipo os óculos do Super Man, só bobo não vê.

– Então seu cinema de ontem? – Perguntei já imaginando a resposta.

– Pura ilusão. Mas me digam, rolou, não é?

– Só falo na presença da minha advogada. – Olhei para Kayla.

– Me abstenho da pergunta. – Seus olhos estavam totalmente focados na estrada.

– Quem cala consente, então isso é um sim. Sabe que aquele seu olhar no restaurante não tinha nada de inocente?

– Clara!

– O que foi?

– Então quer dizer que ela ficou me olhando?

– Não, não fiquei olhando, apenas observando. Clara, para de me fazer passar vergonha.

– Me conta mais, Clara, estou gostando de ouvir. – Segurei a mão da Kay e beijei.

– Own, isso é tão fofo, gente, mas por favor, sem pegação na minha frente. Mas sim, Bela, ela te acompanhava com os olhos, estava fácil de perceber.

– Mais alguém percebeu, Clarinha?

– Acho que não, mas deveriam desconfiar, o carro fechado, um mexe mexe, só espero que não tenha sido onde estou sentada agora.

– Se acalma, nada aconteceu, vocês chegaram a tempo.

– No começo é sempre assim, um fogo que não apaga.

– E depois, isso melhora?

– Depende, se o casal se dá bem ele só aumenta, do contrário será apenas por alguns dias.

– E aí? – Perguntei olhando para Kayla.

– E aí o que?

– Acha que seremos qual das opções?

– Bela, minha prima está aqui, não vou ficar falando da minha intimidade na frente dela.

– Olha para a Clara, veja se ela tem cara de quem não sabe do que estamos falando.

– Gente, eu estou aqui, parem de falar como se eu fosse uma criança!

– Eu espero que seja a primeira opção, agora podemos mudar de assunto!? Clara, sem comentários maldosos na frente da família.

– Acha mesmo que faria isso com vocês? Fiquem tranquilas, darei a cobertura necessária. – Paramos o carro logo ao lado do carro do meu pai. Todas descemos com nossas coisas.

– Bem, a partir daqui é surpresa. – Meu pai falou. – Aluguei um iate, pararemos em alto mar e as meninas podem fazer um mergulho, almoçaremos no barco e ficaremos na pousada principal da ilha.

– Maurice, você é mesmo um louco, essa surpresa é maravilhosa. – Vera abraçou meu pai e pude ver o tamanho do carinho que eles se olhavam e logo reparei que os olhos da Kayla e os meus estavam se observando da mesma forma.

– Então vamos entrando, meu povo, hoje o dia é de mar. – Todos entramos e logo um vinho foi servido.

– Se eu não me tornar alcoólatra esse final de semana não me torno nunca mais. – Comentei depois do segundo brinde do dia.

– Não fala isso nem brincando, Bela.

– Ela fala isso da boca pra fora, Vera, Bela tem a cabeça no lugar. – Meu pai falou e logo deu um sorriso em minha direção. – Não quer dar um mergulho, filha?

– Talvez quando estivermos um pouco mais próximos da ilha. – Virei para Kayla. – Você mergulha comigo?

– Não nado muito bem. – Ela disse dando um sorriso sem graça.

– Não precisamos mergulhar, podemos apenas nadar próximas do barco. – Olhei para os lados e falei próxima ao seu ouvido. – É apenas uma desculpa para te ver de biquíni.

– Você não me parecia ser tão tarada.

– É porque ainda não havia te provado. – Clara sentou ao nosso lado.

– Bandeira GLS sendo estendida, relaxem um pouco. – Passou os braços por nossos ombros. – Só quero ver os esquemas dos quartos, não quero ficar segurando vela para ninguém.

– Tenho certeza que daremos um jeito nisso. – Kayla disse piscando o olho para nós duas. Como já se era de imaginar não conseguimos ter um tempo a sós dentro do barco. Nadamos, almoçamos e quando chegamos fomos todos caminhando a beira mar até o hotel que ficava perto, todos conversávamos assuntos aleatórios, sorríamos e brincávamos um com outro.



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