13. Capítulo: As Facetas de Luna.
__ Aqui nos separamos. – Virou-se para a amiga. __ Por favor, Luna, não seja extravagante e tenta fazer tudinho do jeito que combinamos, pode ser?
__Eu extravagante? De onde você tirou isso?- Fingiu surpreender-se.
__Tudo bem, só não exagere, ok?
__ Relaxa, vai dar tudo certo. Confia em mim.
Mia voltou em direção ao hotel, enquanto Luna caminhava em direção a praia. A loira se dirigiu a um quiosque como fora instruída e esperou até que pudesse avistar a mulher com as características descritas pela amiga.
__ Hum… olha só, deve ser a pequenininha da Mia.
Mabhe estava rodeada de adolescentes. Depois de alguns segundos do que parecia uma palestra ao ar livre, a mergulhadora conduziu os jovens ao mar.
Luna levantou-se e caminhou até os corais, alguns metros distante de Mabhe e seus alunos.
“Onde mesmo que Mia disse que era a tal poça?” – pensou. __ Ah! Deve ser aquela lá. – Disse empolgada. Rumou para a poça.
Mabhe já tinha terminado sua aula, e apenas observava, sentada na areia, seus alunos brincarem no mar. Passou a observar a mulher que se aproximava de um dos poços mais fundos de Veronna.
“O que aquela maluca está fazendo ali?” – Pensava intrigada.
Luna avançava mais e mais até o poço. Ao chegar no local, tirou a bata que vestia.
“Não me diga que é mais uma mulher fútil cansada da vida vazia que leva e resolveu pôr um fim, justamente no meu poço” – Levantou-se.
Luna jogou-se no poço. Mabhe correu para o local. Cinematograficamente, a loira afundava e mergulhava simulando um afogamento. A ruiva pulou na água habilmente e conduziu Luna para onde pudesse se segurar.
__ Êi, acalme-se. – preocupou-se com a mulher que não parava de chorar. __Vem… Vamos subir… Apoie-se nos corais. – A mergulhadora ajudou a mulher a sentar-se e sentou ao seu lado.
__ Muito obrigada, mas eu preferia estar lá no fundo e não subir nunca mais. – Apontou para o poço. Pôs as mãos nos rosto fingindo se debulhar em lágrimas.
__ Olha, eu não sei quais são os seus problemas, mas de uma coisa eu tenho certeza, nada é mais importante que a nossa vida.
__ De que adianta viver sem o amor da pessoa que mais amamos? – Limpava as falsas lágrimas. Mabhe não acreditava na situação que acabara de se meter.
__ Bem eu… Penso que devemos nos amar antes de qualquer pessoa.
__ Se diz isso é porque nunca amou a ponto de não desejar mais nada na vida se não os olhos da pessoa amada, do sorriso, das palavras bobas, dos toques que te fazem estremecer e ir ao céu em questão de segundos. – falava olhando no fundo dos olhos de Mabhe.
__Mas se essa pessoa te levou a querer tirar sua própria vida… Talvez ela não seja merecedora desse seu amor.
__ Eu é que não sou merecedora. Eu deixei que ela se fosse e fui covarde ao negar que uma mulher poderia me fazer feliz.
Mabhe sentiu-se desconfortável. Luna percebeu, ao ver que seu plano começara a dar certo, prosseguiu.
__ Notei que você ficou um pouco sem jeito. Me desculpe, eu nunca tinha tratado desse assunto tão abertamente antes. Mas sabe… É como dizem, é bem mais fácil se abrir com um estranho.
__ Não… Não se preocupe. Eu não fiquei sem jeito, apenas… Continue… Nessas horas, desabafar faz bem.
__ Eu sei que não deveria ter feito isso, mas eu estava desesperada entende? Não… Você não deve entender… Aposto que é muito bem casada, deve ter filhos lindos e…
__ Eu entendo o que quer dizer. – A ruiva respirou fundo. __ Eu … Sou casada sim, mas não posso me definir como “muito bem casada”. – Mabhe tinha um olhar perdido na praia. __ Não tenho filhos e hoje eu sei que não tê-los foi a melhor opção. – Os olhos da mergulhadora encheram-se de lágrimas. __ No momento estou passando por uma situação da qual não consigo ter o controle e me sinto tão sem chão as vezes. – Enxugou as lágrimas que rolavam.
__ Mas não se pode ter o controle sempre. – Luna passava confiança. __ As vezes é bom deixar o controle nas mãos do destino.
__ Engraçado ouvir isso de uma suicida. – Sorriu para a loira a sua frente.
__ Digamos que essa suicida encontrou um anjo que dissesse que nada é mais importante que a vida. – Retribuiu o sorriso.
__ Na verdade eu acho que o que essa suicida encontrou, foi alguém que dissesse “Você não é a única a ter problemas, portanto… Trate de fazer valer cada minuto da sua vida”.
__ E você… Está fazendo valer?
Mabhe foi pega de surpresa. Luna sabia como deixar uma pessoa sem respostas.
__ Digamos que ainda estou viva e enquanto ha vida… Há esperanças.
__ Pois é, mas ninguém é dono do tempo… Não há como saber quando será tarde de mais.
__ Pode ser, mas eu ainda tenho uma semana. – Disse mais para si que para Luna.
__ Como?
__ Meu nome é Mabhe. – Estendeu-lhe a mão.
__ Prazer, sou a Luna.
__ Então Luna… Vamos sair desses corais? Você precisa descansar. Acha que precisa ser acompanhada até sua casa?
__ Eu estou hospedada no Lumiére La Vi. Conhece?
__ Mais do que gostaria. – Caminhavam até a praia. __Nos veremos com frequência. Você está hospedada a quanto tempo?
__ Cheguei hoje. Me informaram que esse lugar é um paraíso e um ótimo lugar para fugir dos problemas.
__ Sei… E você acabou levando isso de “fugir dos problemas” ao pé da letra.
__ Pretendo esquecer esse momento de fraqueza. Quer saber de uma coisa? Eu vou fazer valer a pena! Hoje à noite vou encontrar uma mulher bem bonita e me divertir muito e quem sabe… Até encontrar um novo amor.
__ Boa sorte. – Encorajou-a.
__ E sabe o que eu acho? – Parou de frente para a ruiva. __ Você deveria fazer o mesmo. – Piscou. Mabhe sorriu e balançou a cabeça negativamente. __ Nos batemos por aí. – Seguiu para o hotel.
Mabhe permaneceu um pouco mais na praia. Gostava de esperar o pôr do sol. Enquanto via o sol desaparecer, pensava em Mia. Seus olhos estonteantemente azuis, o sabor dos seus lábios, o jeito travesso que sorria. Pensar em Mia lhe enchia de bons sentimentos ao mesmo tempo que lhe causava uma angustia imensa.
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__ Amiga tudo certo. Já estou na suíte. Tudo saiu como esperávamos. -Falava ao celular.
__ Ótimo Luna! Te quero bem gata no luau que vai ter hoje a noite. Nos encontraremos lá.
__ Combinado! – Desligaram.
