Argentum

Capítulo 92

Maia chamou seu advogado e elas fizeram a denúncia que se juntou a realizada por Carlos. Assim que terminaram elas saíram da delegacia, não queriam ficar muito tempo naquele lugar. Renato havia ligado para um advogado, mas, tendo sido preso em flagrante pela acusação de direção perigosa e tentativa de homicídio pelo incidente na rodovia com Carlos, ele continuaria detido. Ao menos até que o advogado conseguisse um habeas corpus ele continuaria na delegacia.

Depois disso acionaram o seguro do carro por telefone e a seguradora mandaria alguém para avaliar o veículo. Por sorte não havia nenhum dano muito grave, mas mesmo assim Maia já sabia que ficaria sem o carro por algum tempo para que fosse reparado. O 4×4 ficaria numa oficina da cidade até segunda e, por conta disso, Alicia se ofereceu para levar Carlos e Maia para o Rancho na manhã seguinte e trazê-los de volta na segunda bem cedo. No fim Maia só aceitou isso porque se sentiria mais confortável em dormir no mesmo quarto da veterinária no casarão do que na casa da mãe de Alicia. Obviamente que ela não disse isso a ninguém.

Carlos, depois de ter o curativo refeito no posto de saúde da cidade, avisou que passaria a noite na casa da irmã que morava na cidade. Quando o deixaram Alicia garantiu que passava por lá para busca-lo quando fossem sair. Depois as três seguiram para a clínica que fecharam antes de subir as escadas para a casa. Encontraram Marta e Catarina sentadas uma ao lado da outra no sofá da sala. Tinham xícaras de chá nas mãos e pareciam conversar, Catarina ainda estava claramente abalada com tudo o que acontecerá.

Talitha, ao ver a mãe, se adiantou sentando-se no último lugar do sofá, ao lado de Catarina, e a abraçou. Alicia acompanhou Maia até uma das poltronas indicando que ela se sentasse, mas a menor puxou a veterinária na direção da poltrona lhe dizendo para se sentar e, logo depois, ela se sentou no colo de Alicia que sorriu de leve abraçando a namorada pela cintura. Com as pernas para fora da poltrona Maia deixou a muleta encostada no canto e se recostou contra o tronco da namorada até apoiar a cabeça no ombro esquerdo dela. As duas fecharam os olhos e suspiraram ao mesmo tempo.

Nenhuma delas notou os três pares de olhos as encarando, mas as outras mulheres da sala decidiram não interferir naquele momento. Continuaram a conversar em voz baixa não querendo interferir na pequena bolha das duas sentadas na poltrona. Catarina descobriu os detalhes do que havia acontecido e ainda não se conformava com tudo o que o filho havia feito. Ela simplesmente não era capaz de entender como o seu menino havia se tornado um homem daquele tipo.

– Eu fiz tudo da melhor forma possível, o criei da mesma forma que tentei criar Talitha – dizia ela segurando firme na mão da filha que estava a abraçando ainda – Não sei o que fiz de errado com Renato.

Maia e Alicia haviam passado os últimos minutos em silêncio apenas de olhos fechados concentradas uma na outra, mas ao ouvir aquelas palavras os olhos verdes se abriram encarando a senhora no sofá com seriedade.

– A senhora não tem culpa alguma, Dona Catarina – falou ela séria e afastando a cabeça do ombro da namorada – Tenho certeza absoluta de que não fez absolutamente nada de errado. Infelizmente não é só a criação em casa e a educação que se recebe dos pais que forma o caráter de alguém. Ele provavelmente recebeu muito mais influência negativa externa do que positiva dentro de casa.

– Maia está certa – a veterinária concordou movendo a cabeça afirmativamente – Por mais justa e correta que a senhora seja e por mais que tenha tentado passar isso para ele, as pessoas com quem Renato conviveu a vida toda provavelmente alimentaram esse machismo existente nele. Porque é algo que está impregnado na nossa sociedade. Ele apenas foi mais longe, perdeu o controle e a própria razão e raciocínio.

– Se tivesse raciocinado nunca teria provocado o acidente do Carlos – comentou Maia encolhendo os ombros.

– Muito menos tentado bater em você e, principalmente, na Alicia – completou Talitha respirando fundo – Meu irmão perdeu o senso do que é certo e errado, ficou cego pelo próprio preconceito, ódio e ignorância. Espero que ele ter que passar uns dias na cadeia coloque alguma lógica e senso na cabeça dele. Até porque sabemos que não vai ficar lá por muito tempo, mesmo que seja julgado pela tentativa de lesão ou outra coisa, não vai ficar preso muito tempo.

No fundo Maia queria dizer que esperava o contrário, que ele ficasse muito tempo atrás das grades, mas, além de saber que não seria assim, ela ainda tinha compaixão por Catarina. Apesar de tudo, ela ainda imaginava que, para uma mãe, se encontrar naquela situação deveria ser algo péssimo. Todas ficaram quietas, cada uma pensando a respeito de toda a situação. As mãos de Alicia continuavam com os braços em volta da cintura da namorada e tinha um pensamento muito parecido com o que se passava na cabeça dela. Depois de alguns instantes de silêncio a veterinária solta Maia dando leves tapinhas na coxa da menor indicando que iria levantar.

– Eu acho que todas precisamos de um chá – disse ela vendo Maia se apoiar na poltrona e se erguer, ela então se colocou de pé e deu um selinho na namorada antes de se virar para todas – Vou preparar um, já volto.

Quando ela se afastou Maia voltou a se sentar e, assim que Alicia sumiu na cozinha os olhares das outras se viraram para ela. Talitha e Marta tinham sorrisos no rosto e Catarina, apesar de abatida, tinha a sombra de um sorriso nos lábios também.

– Estou achando lindo a forma como vocês duas se tratam – comentou Catarina se virando para estar mais de frente para a poltrona de Maia – É lindo essa sintonia que se pode ver nas duas juntas.

O rosto de Maia ficou vermelho ao ouvir aquilo e ela apenas sorriu envergonhada abaixando o rosto sem saber o que responder.

– Eu tenho que dizer, tinha perdido as esperanças de ver a minha filha sorrir tão plenamente feliz assim – falou Marta apenas aumentando a vergonha e o rubor da nora – Eu vejo que é mútuo, o jeito que você olha para ela me diz claramente que a ama tanto quanto ela ama você.

– Eu nunca me imaginei amando alguém – Maia admitiu olhando para as três sentadas no sofá – Era uma perspectiva que eu não tinha para mim mesma. Com as sequelas do acidente e tudo o que isso ainda me trás. Alicia é como um sonho – ela finaliza desviando os olhos verdes para a porta que ligava sala e cozinha.

– Pois eu tenho que falar que estou orgulhosa demais da força que as duas vem demonstrando – dessa vez quem se pronunciou foi Talitha – Eu não conheço muito da sua vida, apenas o pouco que Alicia me disse, mas vejo que as duas estão completamente dentro desse relacionamento. Acho que isso vai ser essencial daqui pra frente.

– Sabemos que vai – Maia concorda respirando fundo – O mundo ainda é preconceituoso. Mas vamos lutar pelos nossos objetivos e contra esse preconceito juntas. Acredito que vamos nos sair bem assim.

Elas se olharam e sorriram, principalmente para Maia que voltou a corar, mas dessa vez não baixou o rosto. Marta então se levanta avisando que iria até seu quarto buscar algumas coisas suas. Catarina pergunta o porquê, Marta estende a mão para segurar as dela e as amigas se encaram.

– Vou com você e Talitha – responde ela ainda de pé – Essa situação toda foi difícil e pesada. Minha melhor amiga precisa do meu apoio. Vou estar lá por você. Não quero deixar você e Litha sozinhas hoje.

Catarina dá um sorriso, ainda fraco, mas maior do que vinha fazendo nos últimos minutos. As mais novas encaram a cena admiradas e encantadas com a amizade das mais velhas. Talitha ainda olha em direção a cozinha pensando que queria que ela e Alicia mantivessem a amizade e, quando tivessem a idade das mães, continuassem com o mesmo sentimento uma pela outra. Maia apenas torceu para que um dia pudesse estar mais perto de Enzo.



Notas:

N/A:

5/5, acabou a maratona.
Eu sei que esse foi curtinho e meio sem muitos acontecimentos, mas eu queria mostrar como Marta, Catarina e Talitha enxergam a relação das duas.
Bem, sei que está todo mundo triste que a maratona acabou. Eu tô e não tô kkkkkk Como meu semestre começou eu vou começar a ficar sem tempo (além de que tem dois concursos p eu fazer, aliás hehe, o primeiro é domingo agora =P ). Mas, como eu estou legal esse começo de semestre vou propor um desafio.
Eu vou usar uma música de AnaVitória nos próximos capítulos (não digo qual kkkk) O desafio é acertar qual música vai ser =] Fácil né?
Cada acerto vale um ponto, cada erro vale um ponto. No dia 14/08 eu finalizo a soma, se os acertos tiverem mais pontos eu solto um capítulo extra no meio da semana. Se os erros tiverem mais pontos eu volto a atualizar na frequência comum de todo fim de semana =P

Fácil não acham? hehe Pois está lançado o desafio. Atualizações da pontuação no Tt todos os dias kkkkkkk.

Bjs pessoinhas
;]

PS: Para as meninas do grupo eu dou dois pontos pro acerto. Quem quiser entrar no grupo avisa que eu adiciono ;]




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