Argentum

Capítulo 88

Capítulo 88

Na noite anterior Maia havia ligado para Antonieta pedindo que ela separasse algumas mudas de roupas e seus remédios entre outras coisas. Carlos deveria vir para a cidade pela manhã e traria a pequena bolsa para ela que já havia conversado com Alicia sobre passar o fim de semana ali. Depois daquela ligação a manhã voltou a tranquilidade e Maia desceu com Alicia para a clínica que sempre abria aos sábados pela manhã até a hora do almoço. O restante do dia e os domingos costumavam ser reservados apenas para emergências. Enquanto isso um certo gerente saia transtornado de casa sem falar absolutamente nada para ninguém e entrava em seu carro.

Talitha apareceu na clínica logo que Alicia abriu a porta, a jovem estava preocupada e agitada o que deixou a veterinária confusa e também preocupada. Logo ela entrou fechando a porta atrás de si e explicou que o irmão havia saído de casa de uma forma abrupta sem dizer nada a ninguém após uma certa discussão e um telefonema que ela não sabia de quem fora. Talitha explicou que teve medo do rapaz aparecer na clínica atrás de Alicia e Maia e veio confirmar se ele não haveria mesmo feito aquilo. Mas ao encontrar as duas mulheres calmas e tranquilas no interior da sala de espera compreendeu que Renato não havia tomado aquela direção e se preocupou ainda mais.

– O Rancho – Maia se pronunciou após ouvir o tom preocupado de Talitha sobre aquele desaparecimento de Renato – Ele com certeza foi para o Rancho achando que me encontraria lá para tirar satisfações – ela se posicionou sentada sobre o tampo da mesa de uma forma mais confortável – Não acho que ele iria para outro lugar.

– Renato é um verdadeiro imbecil – Alicia murmurou indignada se aproximando da namorada e se sentando ao lado dela envolvendo-a com o braço direito.

– Me preocupa o jeito que ele saiu de casa – Talitha falou puxando uma das cadeiras para um pouco mais longe da mesa e se sentando na mesma apoiando os cotovelos nos joelhos – Ele pode ser um idiota, mas o jeito que saiu. Com aquela pressa, e ele não tem costume de dirigir na estrada pro Rancho, além de ter saído em alta velocidade com aquele carro dele que, definitivamente, não vai passar fácil pela estrada de chão.

– Seu irmão pode ser idiota, mas não vai colocar a própria vida em risco assim – Alicia falou para tranquilizar a amiga – Com certeza na estrada de chão ele vai diminuir, até porque não vai passar nem pelo primeiro trecho ruim se não reduzir. O Vectra dele é um carro muito baixo para as pedras da estrada nos trechos mais difíceis.

Alicia realmente estava correta. Quando o Vectra azul escuro entrou na estrada de terra que levava ao Rancho Aureus Renato reduziu a velocidade pela metade. O trecho inicial era fácil, sem muitas pedras com a estrada mais reta e limpa, mesmo assim ele sabia que seu carro não se daria bem em alta velocidade naquela estrada. Enquanto Renato avançava os longos quilômetros da estrada para o Rancho em uma direção, Carlos iniciava o caminho contrário para a cidade em outra.

Já na clínica as três mulheres haviam se acalmado um pouco, Maia e Alicia por saberem que Renato não encontraria a dona do Rancho tão cedo e Talitha por ter se tranquilizado com a veterinária dizendo que o irmão não se arriscaria a correr nas estradas de terra. A mais nova decidiu voltar para casa a fim de conversar com a mãe que também havia ficado preocupada e as duas namoradas ficaram sozinhas na recepção. Dona Marta passou por elas dizendo que iria até o mercado comprar algumas coisas quer queria para o almoço, elas acharam melhor não comentar sobre o incidente de Renato e a deixaram ir.

Renato não estava nem na metade do caminho para o Rancho quando viu os faróis vindo da direção contrária. Não estranhou, aquela parte da estrada era relativamente movimentada, por esse motivo ele apenas ignorou o outro veículo. Ao menos até que eles cruzaram um pelo outro e o gerente viu o emblema adesivo na porta do motorista. Um círculo dourado dentro do qual estava a o contorno de um tronco de árvore com algumas folhas no qual havia o desenho de um cavalo, tudo em finas linhas douradas; o emblema do Rancho Aureus.

O 4×4 preto passou pelo Vectra azul numa velocidade bem maior, afinal, era um carro preparado para aquele tipo de terreno e com um motorista que conhecia a estrada. Renato pisou no freio na hora, conhecia aquele carro, era o carro que apenas era usado pelo dono do Rancho, agora pela dona do lugar. Ele girou o volante acelerando outra vez e dando meia volta, tudo o que ainda podia ver era a poeira que o 4×4 deixou para trás, mas mesmo assim pisou no acelerador retomando a estrada atrás do carro preto.

Obviamente Renato não conseguiria alcançar o Land Rover do Rancho na estrada de terra, mas esperava conseguir diminuir a distância quando voltassem ao asfalto. Para isso se concentrou na estrada seguindo na maior velocidade que seu carro conseguiria seguir de forma segura. De fato, a distância entre os dois não era grande quando chegaram ao asfalto. Convicto de que Maia estava naquele carro Renato acelerou o Vectra o máximo que o carro permitia. Carlos, enquanto isso, seguia tranquilo em velocidade moderada, sozinho dentro do 4×4 ouvindo a rádio local em volume baixo.

Não demorou muito para que os faróis acesos do Vectra surgissem nos retrovisores do Land Rover. O motorista do 4×4 viu, mas não se incomodou. A rodovia estava vazia no sentido contrário e eles estavam em uma reta onde era permitida a ultrapassagem, Carlos apenas continuou na velocidade em que estava com a certeza de que o carro que vinha atrás o ultrapassaria sem maiores transtornos. Mas não foi isso que o Vectra vez, no último instante ele freou, o brusco acionamento dos freios fez um som agudo que assustou o outro motorista. Olhando pelo retrovisor Carlos distinguiu o Vectra, mas não o motorista devido as janelas escuras do automóvel.

O carro azul começou a acelerar atrás do Land Rover preto, perigosamente perto, insistentemente se aproximando. Dentro do carro preto Carlos ficou sem saber o que fazer, o carro não lhe era estranho, mas ele não entendia aquele comportamento. Tentou manter a direção firme e deu sinal para que o outro o ultrapassasse, o que foi ignorado pelo Vectra. Carlos tentou abrir passagem colocando as rodas do lado direito do carro para fora da pista, no acostamento, mas o carro azul apenas o seguiu e continuou a se aproximar acelerando audivelmente.

Carlos começava a se irritar, mas manteve a velocidade sem demonstrar sua irritação. Não iria entrar em uma disputa de velocidade com algum idiota na estrada. Ele via que o motorista do Vectra não parecia estar disposto a desistir, mas manteve sua posição enquanto ele apenas continuava a acelerar atrás do Land Rover. Se tivesse parado por aí eles logo chegariam a cidade e tudo estaria resolvido, mas o Vectra foi além das ‘provocações’ e, depois de alguns minutos vendo que o carro preto não respondia, ele começou a acertar a traseira do 4×4.

– Desgraçado, Filho da – Carlos começou a xingar quando sentiu o corpo indo para frente com a primeira pancada na traseira do Land, mas não conseguiu terminar de atribuir os adjetivos ao outro motorista.

A segunda batida foi mais forte que a primeira, não faria nada além de assustar Carlos, se não fosse pelo pequeno detalhe das rodas direitas estarem ainda próximas ao acostamento. Havia um desnível que o Land Rover alcançou no instante em que o Vectra acertou sua traseira pela segunda vez. O impacto junto da variação no terreno fez o volante virar bruscamente fazendo Carlos perder o controle por meio segundo, o suficiente para que o carro rodasse na estrada, saísse pelo acostamento e batesse com o lado do passageiro contra o tronco de uma pequena árvore.

O 4×4 preto apagou, os faróis desligaram, as janelas do lado direito trincaram, a porta amassou levemente e o motorista acertou a testa com força contra o volante. No mesmo momento o Vectra parou na estrada, apenas alguns metros depois de onde o Land Rover havia saído da estrada. Os olhos castanho escuros do motorista do Vectra se arregalaram. Renato levou as mãos aos cabelos assustado, não esperava que aquilo acontecesse, queria apenas ter dado um grande susto em Maia Almeida, não provocar um acidente. Sua mente tentava raciocinar uma forma de sair daquela situação, mas uma parte pensava se os ocupantes do outro carro não estariam muito feridos.

Confuso e respirando com dificuldade pela adrenalina que corria em suas veias ele acertou os punhos contra o volante do Vectra voltando a ligar o carro. A partida falou uma vez, nervoso ele acertou o volante com socos e tentou de novo. Precisava sair dali o mais rápido possível, com sorte os ocupantes do carro estariam sem ferimentos e o motorista do 4×4 não teria conseguido ver a placa de seu carro. Tinha que torcer por isso, ou ele tinha certeza de que estaria realmente com um grande problema nas mãos.



Notas:

N/A: 

Olha quem demorou, mas voltou!!
Eu mesma hehe.
Bom, pessoas, vejam, minhas aulas recomeçaram hj (triste, eu sei), mas eu estive tentando preparar uma maratona pra vocês nessa semana que passou. Infelizmente só tenho 3 dos 5 capítulos que pretendia, mas vou começar e a intenção é ter um cap por dia essa semana.
Espero que gostem =P
E vamos lá! 1/5

Bjs e até amanhã
;]




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