Alicia Ferraz é uma simples veterinária, mas talvez não tão simples assim. Mora numa cidade pequena no interior do Rio Grande do Sul, deixou toda a vida que havia construído em Porto Alegre para voltar e cuidar dos pais. Quando o pai, também veterinário, faleceu ela assumiu a clínica da família. Era a única veterinária de toda a região e atendia até algumas cidades vizinhas. Estava acostumada com a tranquilidade do lugar, não esperava muita coisa além da sua própria rotina inconstante. Não esperava a chegada de pessoas de fora.

Maia Almeida, melhor dizendo, Maia Augustus Almeida. Era a sobrinha neta do maior fruticultor da região, o dono do Rancho Aureus, mas desconhecia completamente essa parte da família. Ao menos até um advogado bater na porta de sua casa em Minas Gerais, onde morava com o irmão mais velho, informando-os que eram os únicos herdeiros de uma verdadeira fortuna. Era formada em história, mas não exercia nenhuma profissão, não exercia atividade alguma além da de tentar sobreviver enfrentando suas pequenas dificuldades diárias. Maia tinha problemas para caminhar e, muitas vezes, para respirar também; sequelas de um grave acidente quando mais jovem.

Duas pessoas que pareciam completamente diferentes e que, em certo ponto, realmente o eram. Se encontraram de forma surpreendente e inusitada, o nascimento de um potro, outra atividade existente no Rancho do finado Senhor Augustus. Mas eram mulheres muito parecidas em alguns aspectos como caráter, dedicação, força, determinação. Viriam a se identificar muito uma com a outra. E essa conexão seria o ponto de início de muitas confusões de sentimentos e muitas coisas conflitantes, afinal, a simples amizade entre elas era algo improvável, mas que se tornou incrivelmente real. E talvez muito mais do que apenas isso.