Revisão: Naty Souza e Néfer
*
— Você está mesmo bem? — Darlan perguntou.
Ele e Vanieli se aproximavam dos aposentos que ela dividia com a esposa. O rapaz fingiu não notar a reprovação dos outros protetores no corredor por ter deixado seu lorde desprotegido. O que, aos olhos de Darlan, era irônico já que eles também eram prisioneiros e havia pelo menos dois guardas para cada um deles no local.
Darlan não se importava com o que pensavam, tampouco estava preocupado com Lorde Arino. Afinal, ele era o sogro da Comandante e, além disso, o lorde havia lhe posto a par de tudo que Vanieli lhe contou antes de seguirem para o abismo. Lenór não seria idiota de prejudicar um aliado.
— Sim. — Ela garantiu. — Voltruf está me ensinando…
Diminuiu o tom, deixando o final da frase implícito.
— Eu fico feliz.
Ele soou desconfortável, embora estivesse mesmo satisfeito de que ela estivesse aprendendo a controlar os dons mágicos.
— E como “ela” está? — O protetor quis saber, apontando com o queixo para o fim a porta no fim do corredor.
— “Ela” tem nome, Darlan.
Ele inclinou a cabeça, constrangido.
— Lenór está bem, dentro do que é possível depois do que passou.
Pararam de andar no meio do corredor. Vanieli soprou o ar com força, focalizando os belos olhos negros do ex-amante. Ele parecia cansado e ligeiramente mais magro desde a última conversa que tiveram. Havia olheiras profundas em volta dos seus olhos e a barba, que ele costumava raspar, tinha crescido o suficiente para fazê-lo parecer alguns anos mais velho.
— Você tinha razão em tudo o que disse naquele dia. Eu… só não estava preparada para aceitar isso como minha verdade.
— Então?
— Ainda não sei o que fazer. — Confessou. — Isso é novo para mim, é confuso e… não sei!
— Assustador?
Ela sorriu vagamente, confirmando com um meneio de cabeça.
— Amar é uma aventura, Vanieli. É o que dizem. E me alegro que você tenha compreendido seus sentimentos.
— Achei que ficaria triste… — Revelou-se confusa.
Darlan mostrou um sorriso largo e raro.
— Eu estou. Isso me machuca, porém, sempre foi só mais um minuto, mais uma hora, mais um dia em sua companhia. O hoje, o agora, e nunca o amanhã. Meu erro foi querer mais que isso.
— Eu sinto muito.
— Como você disse, foi bom enquanto durou. Espero que você saiba aproveitar esses novos sentimentos e percepções, mas, se as coisas com a sua esposa não derem certo, estou ao seu dispor.
Recebeu um sorriso discreto como resposta e concluiu:
— Se não for pedir muito, gostaria que considerasse este humilde protetor um amigo.
Ele fez uma rápida mesura e se afastou para assumir seu lugar ao lado de Lorde Arino, quando este e os outros lordes saíram do quarto. Havia uma nuvem negra no semblante de cada um deles, que se tornou mais escura quando os guardas os ladearam e escoltaram aos seus respectivos aposentos.
**
Dimal ajudava Lenór a chegar até uma das cadeiras junto à lareira, enquanto Jarfel acompanhava sua movimentação com o olhar. A comandante apoiou-se no encosto do assento ao avistar a esposa, que apressou-se em comunicar:
— Ele está dormindo. — Ela chegou mais perto. — Rall está de olho nele e, segundo a grã-mestra Melina, sua saúde é perfeita.
Dimal ofereceu a mão para Lenór, a fim de ajudá-la a sentar. A gentileza silenciosa do guerreiro e o sorriso grato que a esposa lhe dirigiu, trouxe uma sensação desagradavel para Vanieli, que inspirou fundo antes de contar:
— Levamos Gael até a adega e ele nos mostrou os barris que Donis envenenou. Aisen está se desfazendo deles neste momento.
Recebeu um inclinar de cabeça satisfeito da esposa e dirigiu-se para a mesa, onde depositou a adaga que levava na cintura.
— Veneno tem se tornado uma artimanha muito recorrente. — Observou Dimal, ciente das situações vividas por elas desde que ali chegaram.
— É uma arma traiçoeira, silenciosa e bastante eficaz. — O ministro apontou. — Imaginem como seria desastroso se a Guarda consumisse esse vinho. Na hipótese mais branda, teríamos muitos homens acamados por uma misteriosa doença; na pior, muitos mortos.
Lenór cruzou as mãos no colo, fitando o fogo da lareira. Uma ideia desagradável começava a se formar em sua mente.
— Usaram essa artimanha com os comandantes anteriores, dando vida às histórias de maldições. — Vanieli resmungou, jogando-se na cadeira que Lenór ocupava à mesa, mais cedo.
— Todos os alimentos e bebidas consumidos pelos soldados ficam armazenados no castelo. Tem certeza de que somente o vinho foi adulterado? — O ministro perguntou para ela.
— Até onde sei, sim.
— Em breve, teremos uma ideia mais concreta sobre isso. — Prometeu Dimal, enviando um olhar significativo para a comandante.
— Mas é curioso. — Vanieli voltou a falar. — Os barris envenenados não seriam consumidos de imediato. Estavam ao fundo do depósito.
— Quanto tempo até serem abertos? — Lenór inclinou-se na cadeira, para conseguir visualizá-la.
Vanieli pousou a mão no queixo, pensativa.
— Hm, pela disposição, algo em torno de dois meses.
Lenór inclinou-se para a frente juntando as mãos no punho da bengala. Soprou o ar devagar.
— Então, acho que esse é o prazo que temos.
— Como assim? — Vanieli retornou para perto deles.
— A prisão dos lordes impossibilita Zaidar de reivindicar o trono com o apoio deles de forma legítima. — Jarfel explicou, compreendendo onde a comandante queria chegar. — Estamos próximos à fronteira e seus espiões já devem ter informado sobre isso.
— Razão pela qual é justo supor que a ordem para o envenenamento das nossas provisões foi dada. — Dimal arrematou.
— É um plano sujo e covarde, mas não poderíamos esperar honra de um reino que está nos apunhalando pelas costas há quase duas décadas. — Lenór passou a mão no rosto, irritada.
— Desculpe, ainda não estou entendendo. — Vanieli voltou a chamar a atenção para si.
A esposa entortou os lábios rapidamente e esclareceu:
— Como o ministro acabou de dizer, a prisão dos lordes frustrou os planos zaidarnianos para o trono cardasino. Isso os obrigou a traçar uma nova estratégia.
— Imagino que receberemos enviados de Zaidar nos próximos dias. — Disse Jarfel. — Provavelmente, um embaixador, talvez um ministro. Foi o que aconteceu quando o rei Tales faleceu. O enviado nos apresentará uma carta de reivindicação do trono por laço de sangue…
— … e irá contestar o testamento do rei Mardus. — Vanieli concluiu.
— Exatamente. — O ministro fitou o fogo, antes de erguer um dedo para pontuar suas próximas palavras. — Contudo, o testamento do rei é perfeitamente válido. Sou testemunha, assim como minha esposa, além de um par de sacerdotes, outros dois ministros e os protetores Dimal e Dalise, de que o rei declarou a comandante Azuti como sua prima de coração. Portanto, sua herdeira legítima.
Um muxoxo escapou de Lenór.
— Em Cardasin, a expressão de um desejo costuma ter mais valor que o sangue.
Ela fitou a esposa, recordando a declaração de Lorde Arino sobre Gael. Ainda se sentia um pouco desnorteada com a notícia de que Vanieli reivindicou a maternidade dele.
— Zaidar não irá aceitar isso. Mardus era um herdeiro de sangue do rei Tales, enquanto nós duas… — deu de ombros. — não passamos de uma ideia, um desejo baseado em uma tradição que não tem significado para eles.
Jarfel sorriu em meio a uma careta.
— Isso mesmo. Já até consigo imaginar os argumentos deles. Dirão que o sangue fala mais alto, depois se queixarão pela prisão dos lordes e irão acusá-las de um golpe. E, quando perceberem que seus argumentos são inúteis diante de nossas leis e tradições, partirão para uma declaração formal de guerra.
Vanieli cruzou os braços, fitando Lenór. Ela parecia mais abatida do que na noite anterior e o tremor em suas mãos era mais evidente, também.
— Quando fizerem essa declaração, seu exército já estará posicionado na fronteira. Esperam nos pegar de surpresa e invadir Cardasin sem resistência. — Ela adivinhou o resto.
— Sim. — A esposa confirmou.
— É correto supor que essa invasão começará por aqui?
— Sim.
Lenór aprovou seu raciocínio outra vez.
— Estas terras guardam as riquezas que Zaidar almeja. Eles atacarão aqui, primeiro.
— Então, fixarão uma grande parte do seu exército no Castelo, assim, mesmo que percam a disputa pelo reino, já terão conquistado o que realmente querem. — Dimal concluiu.
Jarfel pousou a mão no encosto da cadeira vazia diante da que Lenór ocupava.
— Para não levantarem suspeitas, é certo que estão aguardando um pouco para manifestarem o interesse no trono. E depois que iniciarem esse processo, estenderão o bate e rebate de acusações e negações até que o exército do Castelo do Abismo “comece a consumir” as provisões envenenadas. Com os homens doentes, não haverá resistência. É vitória certa.
— Mas o meu encontro com Ravis e Donis, na floresta, pôs o plano a perder. Logo estarão cientes disso e irão mudar de estratégia, novamente. — Vanieli pontuou.
— Bem lembrado! — Disse Lenór, ajeitando-se na cadeira. — É por isso que faremos com que acreditem que tudo deu certo.
— Como?
— Saberei depois que interrogar Ravis. Alguém viu vocês entrando na cidade com ele e Donis?
— Não, exceto, Mestre Draifus. O fato de estarmos lidando com traidores fez com que tomássemos cuidado ao trazê-los para cá. Se existissem outros, sua prisão poderia ser alardeada. Então, Draifus nos ajudou a ocultá-los em uma das carroças com materiais da obra.
— Perfeito! — Lenór mostrou um sorrisinho satisfeito com a sua perspicácia. — Dimal, faça com que Elius avise os soldados que estavam de guarda no castelo hoje, para que fiquem em silêncio sobre o que viram. Quem abrir a boca será preso como traidor e enfrentará a punição máxima da Guarda.
O rapaz meneou a cabeça e Jarfel se adiantou:
— Eu o acompanho. Tenho mesmo que conversar com ele sobre o meu retorno à Nazir, amanhã.
— Venha ter comigo antes de partir. — Lenór pediu.
— Assim será. Tenham uma boa noite!
A mudança na atitude de Lenór foi quase simultânea ao som da porta se fechando. Ela relaxou a postura e as expressões rígidas suavizaram, demonstrando seu desconforto físico. Levou a mão a cabeça, que latejava forte.
— Você está bem? — Vanieli adiantou-se para ela.
— Sim… É apenas um pouco de dor de cabeça. — Ela ficou de pé, juntando o rosto de Vanieli entre as mãos, observando o sangue seco em sua face. Perguntou suave, baixando a vista para os braços dela e reparando nas novas cicatrizes. — E você?
Sua genuína preocupação fez o coração de Vanieli bater ligeiramente descompassado. Temia que seu equívoco na noite anterior tivesse feito Lenór odiá-la e afastar-se, contudo, ali estava ela preocupada e carinhosa, como se nada tivesse acontecido.
— Melina e Voltruf me auxiliaram com os ferimentos. Eram apenas arranhões. — Garantiu, mal conseguindo conter o sorriso ao sentir os lábios dela pousarem em sua testa.
— Que bom. — Lenór murmurou, fazendo questão de retornar para a cadeira, porém Vanieli a segurou firme e enfiou-se entre os seus braços.
— Vai ser rápido. Só preciso de um pouco do seu calor e segurança… — murmurou, temendo ser rejeitada. Entretanto, Lenór fechou os braços em volta dela e descansou o queixo em seu ombro.
Vanieli sentiu o coração dela batendo forte junto ao seu e foi como se as suas forças tivessem sido renovadas. Por sua vez, Lenór estremeceu fungando levemente. A segurou mais forte.
— Meu filho quase morreu porque o arrastei para esse maldito reino e confusão! — Sussurrou, escondendo o rosto entre os cabelos da esposa.
— Não faça isso, Lenór. Não há razão para se culpar por algo que não aconteceu.
Afastou-se o suficiente para visualizar seus olhos vermelhos, embora não houvesse as lágrimas que imaginou.
— Como não me culpar? — Ela indagou.
Pela primeira vez, Vanieli não enxergou em Lenór a fortaleza que acreditava que ela era. Isso a entristeceu, mas também fez sua admiração pela esposa crescer.
— Quase o perdi! Se você e Voltruf não estivessem na floresta…
A voz falhou e Vanieli voltou a abraçá-la. Beijou o ombro dela, carinhosa.
— Se você não estiver lá para ele, eu estarei. — Prometeu.
Lenór quis pedir para que não fizesse promessas que não podia e nem queria cumprir. Porém, voltou a recordar a declaração de Lorde Arino.
— Com certeza, não soube me expressar bem ontem à noite. — Vanieli afastou-se outra vez. — Mesmo que estejamos separadas por milhares de quilômetros, você sempre poderá contar comigo. Eu virei até você, Rall e Gael quantas vezes forem necessárias. Pois, somos uma família.
Havia uma fragilidade crescente em Lenór e a declaração mexeu consigo. Tanto que ela não conseguiu manter suas próprias resoluções de pé e não teve ânimo de se opor quando Vanieli tomou seus lábios carinhosamente.
Encararam-se por um momento longo após o fim do beijo e, arrependida, a comandante fez menção de se afastar. Por sua vez, Vanieli fingiu não perceber a tensão que a tomava.
— Venha. — Disse ela, apontando para a cama. — Você precisa de um pouco de repouso.
— Preciso mesmo é ficar com Gael, ter certeza…
— Ele está bem! Garanto. Está dormindo o sono dos inocentes e duvido que Rall a deixe ficar por lá nesse estado. — Segurou a mão dela. — Se quer cuidar dele, tem de se cuidar primeiro.
Lenór fitou suas mãos unidas, apreciando o calor dos dedos enroscados aos seus. Queria muito ficar com o filho, mas ela estava com a razão, Rall a colocaria para fora do quarto na primeira oportunidade. Então, balançou a cabeça e deixou que Vanieli a guiasse para a cama docilmente.
***
Voltruf observava a noite estrelada através da janela entreaberta, por onde o vento gélido e uivante do deserto invadia o quarto, fazendo a chama da vela sobre a mesa tremeluzir.
Ela percebeu o corpo da amante estremecer de frio e fez com que um fio líquido de magia empurrasse a janela até fechá-la completamente. Melina gemeu baixinho e lhe arrancou um suspiro de satisfação.
— Não precisava, você é tão quente… — Disse ela, manhosa. — E deliciosa, também.
A grã-mestra beijou-lhe o ombro e o queixo, antes de tomar os lábios sem pressa. Então, sentou sobre o ventre dela, expondo a pele alva e levemente salpicada por sardas.
Voltruf admirou seus cabelos em desalinho, apreciando o sorriso nos lábios macios. Baixou a vista, acompanhando a extensão do pescoço perfumado e a tatuagem no ombro esquerdo, que as túnicas recatadas escondiam de olhares curiosos. Era mais um símbolo de poder na pele dela, oriundo do círculo de magas do qual fazia parte.
O olhar de Voltruf deslizou por seus braços e seios até se prender na grande cicatriz que atravessava a barriga. Aquela era uma lembrança desagradável da sua juventude que, todavia, também moldou seu destino e guiou seus passos até ali.
A amante tracejou a cicatriz com respeito e admiração. Ela mal conseguia esconder a satisfação de tocá-la sem a barreira dos tecidos ou a preocupação de se mostrar indiferente a sua beleza.
Por sua vez, Melina deixou-se arrastar para o brilho violeta dos olhos dela, encantada com a paz que refletia.
— Nunca imaginei que pudesse fazer uma expressão assim. — Deu voz aos pensamentos.
— Assim como? — Volt a fez se curvar um pouco para a estender o carinho até sua face.
— Serena. Como se estivesse sentindo uma paz inabalável.
Ela escorregou a mão para a sua nuca, forçando-a a se aproximar mais e foi de encontro aos seus lábios rosados. Um beijo voraz e, ao mesmo tempo, delicado.
— Como eu pude resistir a você por tanto tempo? — Melina perguntou.
— Ser uma anciã, nem sempre implica em ser sábia. — Volt mexeu com ela que, em resposta, abocanhou um mamilo, lhe arrancando um gemidinho de prazer.
As mãos da grã-mestra escorregaram pelo corpo dela, fazendo novo reconhecimento das suas curvas. Os lábios tornaram a encontrar os seus, atiçando o desejo de ambas, mais uma vez.
— Você permite? — Volt perguntou, entre os lábios dela.
Melina se afastou um pouco, observando a magia que escapulia dos dedos na sua cintura. Arqueou uma sobrancelha.
— Entendo se não quiser. — Volt murmurou, tranquila.
Havia se esforçado muito para resistir aos sentimentos que ela lhe inspirava, mas agora que tinha deixado suas barreiras caírem, queria mostrar para Melina o quanto a desejava. Mesmo que o que estavam compartilhando não passasse daquela noite e quando o dia chegasse voltassem a fingir que havia uma parede entre elas.
— Eu não tenho medo de você, Nária. Só estou surpresa. — Pousou a mão sobre a dela, na sua cintura. A magia que a envolvia era quente e carinhosa.
— Porque é íntimo demais para alguém que se esforça para manter as pessoas longe; como eu faço?
Melina encolheu os ombros, com um riso divertido.
— Bom, eu ia dizer que é porque nunca tive uma experiência assim. Mas o que você disse também serve. — Abandonou o tom brincalhão para afirmar: — Eu quero você e tudo que quiser me oferecer, Nária.
— E se eu quiser oferecer mais que esses pequenos momentos de luxúria? — Enroscou os dedos da outra mão nos cabelos dela.
— Achei que tinha deixado claro que é isso que desejo receber e também dar a você. — Beijou-a ardente.
Voltruf apertou-se a ela, inspirando o perfume dos seus cabelos. Ficaram assim por um momento, absorvendo o calor uma da outra até que Melina percebeu a magia da amante percorrer o seu corpo, deixando marcas luminosas que se refletiram na pele dela. Era quente, amorosa, e quando seus lábios voltaram a se encontrar, notou sua própria excitação misturada a de Voltruf.
A satisfação da amante ao escorregar os lábios pelo seu corpo, marcando-o com beijos e carícias até preencher sua intimidade a tocou, a levando para um enlevo quase espiritual. Sentia, ao mesmo tempo, o deleite de Voltruf ao lhe proporcionar o prazer e o seu próprio ao se entregar para ela. Sensações que cresciam e misturavam-se em ambas à medida que o êxtase se aproximava.
* ** *
Vanieli passou o pente pelos cabelos longos, satisfeita por estarem secos após passar um bom tempo junto à lareira. Estava cansada, porém satisfeita por ter passado um dia inteiro usando magia e não ter desmaiado com a fadiga.
Guardou o pente no baú aos pés da cama, notando o olhar de Lenór acompanhando seus movimentos.
— Achei que já estivesse dormindo.
— O sono me escapou com tantos pensamentos a rondar a mente.
— Quer comer algo? — Apontou para a refeição na mesa, que um servo tinha deixado havia pouco tempo.
— Não. Sinta-se à vontade.
— Também não tenho fome. — Vanieli olhou para a mesa, sem ânimo.
Ela sentou na cama, enquanto Lenór massageava a cicatriz na coxa com esperança de aliviar a dor no local. Acompanhou o movimento da manta e pousou a mão sobre a dela, dando voz aos pensamentos:
— Sempre que vejo seu pai, tenho de me controlar para não voar no pescoço dele.
Um sorrisinho marcou a boca de Lenór.
— Que foi? Não me acha capaz disso?
— Pelo contrário. Estava apenas imaginando a cena. — Ela sorriu um pouco mais e não fez menção de se esquivar quando Vanieli se curvou e a beijou novamente.
A moça se afastou o suficiente para se olharem e, ainda assim, sentirem o calor de suas respirações a tocarem a face uma da outra.
— Isso não vai acontecer, Vanieli. Não vou me deitar com você, não interessa quantas vezes me beije! Não serei seu brinquedo.
— Eu não me importo!
A comandante gemeu baixinho, uma mistura de dor física e irritação.
— Você muda de ideia muito rápido ou anda brincando com os meus sentimentos de uma forma ainda mais cruel do que imaginei. — Reclamou.
— Longe disso! — Vanieli se apressou a dizer, temendo que uma nova discussão se iniciasse. — Respeito a sua vontade.
— Mesmo assim, se insinua e me beija.
— Que posso fazer se você tem lábios tentadores? — Brincou.
— Vanieli…
A Kamarie se endireitou, afastando-se completamente.
— Eu sinto muito, Lenór. Sinto por ter sido insensível, idiota e desonesta com você e comigo mesma.
Fez um gesto vago, relembrando a conversa com Voltruf entregue a uma mistura de alívio e gratidão. Foi difícil ouvir a verdade dos lábios dela, assim como foi doloroso reconhecer sua incapacidade de dar um nome ao que sentia por Lenór, preferindo se esconder atrás do desejo.
Não se culpava mais. Afinal, Lenór e ela tinham vivências muito distintas e era natural — assim como Darlan lhe dissera — confundir amor e amizade.
— Eu quero começar de novo, mas o que eu realmente desejo é que você não desista de mim.
Lenór soltou um sorriso escarninho e descrente. Ela estava mesmo insinuando que havia uma chance de romance entre elas?
— Mas eu não desisti de você, porque não se pode desistir de algo que nunca se tentou conquistar.
— O problema, Lenór, é que mesmo sem ter a intenção ou tentar, você conquistou. — Fez um carinho no rosto dela, antes de levantar. Então, deu a volta na cama para deitar-se em seu lugar.
A comandante escondeu o rosto entre as mãos, mergulhada em uma tormenta sentimental, antes de também retornar para debaixo das mantas, se negando a encontrar uma frágil esperança naquelas palavras. Mesmo assim, o coração palpitava forte, quando a abraçou por trás e escondeu o rosto entre seus cabelos, aspirando o perfume deles até adormecer.
As minhas férias estão chegando, amores! E estou na torcida para que a vida me dê tempo e toneladas de inspiração para regularizar as postagens e retornar aos capítulos semanais! Até o próximo! Um xêro grande!
PS: Como sabem, o Lesword está sendo reconstruído e, em breve, poderemos desfrutar de um site mais rápido e com uma interface mais acolhedora, tanto em sua área de postagem quanto na de leitura. Isso é graças a ajuda de vocês e suas doações.
Até que o grande dia chegue, a Equipe Lesword ficará muito grata se puderem continuar contribuindo.
👏🏻👏🏻👏🏻
Isso Van, começa de novo, vá devagarinho porque nossa comandante está com os dois pés atrás contigo. Tome cuidado para não magoá-la novamente, ela é durona mas também muito sensível.
Amei o casal Volt e Melina!!
Ó..
Só mais uma coisinha, vou adorar ler os caps. vindouros,
mas férias é pra descansar…
Aproveita e te diverte (o possível nesta pandemia) e te
cuida, bjs.
Verdade e sentimentos tornando-se claros. E a história esta muito show e empolgante.
Tattah!!!
😍 💖
Tô amando mto tudo isso…
😘😉
Amei a surpresa, pois sempre dou uma olhadinha pra vê se tem atualização e, BINGO!!!
Duas atualizações na semana e muito amorzinho.
Agora, quero saber o que irá se passar com o novo casal centenário kkkk. Amo o envolvimento das duas.
E vamos Vanieli correr atrás e esquentar o coração da nossa comandante, ela precisa de muito amor, pq tempos de guerra está por vir.
Bjs e tenho fé que tudo vai dar certo.