*
A noite se iniciava, quando Vanieli e Voltruf retornaram ao Castelo do Abismo. Diante do preconceito cardasino com a magia, a florinae achou melhor treinarem na floresta, longe de olhos curiosos e línguas ávidas por fofocas.
Por sua vez, a pupila ficou muito grata com a decisão. Ainda não estava preparada para se revelar, embora já não temesse fazê-lo. Além das fronteiras de Cardasin havia um mundo inteiro que não a trataria com temor, nem olharia como uma aberração da natureza, entre coisas piores.
Enquanto estavam no abismo, Vanieli acreditou que a sua condição mágica não era mais um segredo, visto que o seu destempero ao assistir a queda de Lenór a fez exterminar o inimigo com uma explosão de magia. Contudo, todos os presentes associaram aquela morte a Melina ou Voltruf. Então, seus dons permaneciam ocultos.
— Então, é aí que você está se escondendo. — Voltruf falou para Aneirin.
A gatinha miou baixinho, lançando um olhar enigmático para Vanieli. Ela estava encolhida aos pés de uma estátua no corredor que levava aos aposentos dela.
— Venha. — Voltruf chamou e recebeu um miado negativo como resposta. — Não seja boba!
Vanieli assistiu ao estranho diálogo com um sorriso. Estava cansada demais para qualquer outra coisa e tampouco sabia como se comportar com a gata. Ainda achava difícil aceitar que Aneirin era fruto da sua magia e do desejo de proteger Lenór, porém, era inevitável não sentir uma agradável sensação de carinho e reconhecimento quando ela estava por perto. Entretanto, desde o abismo, Aneirin a estava evitando.
— Venha logo! — Voltruf irritou-se e agarrou a gata, que apesar de miar em protesto, não fez esforço para escapar dos seus braços.
Vanieli olhou-as com inveja pela facilidade com que se comunicavam e, também, porque Voltruf se encontrava completamente seca, enquanto ela estava molhada até os ossos e tremendo de frio.
— Como você consegue falar com ela e eu não?
— Você poderia, se realmente quisesse. Afinal, ela nasceu da sua magia.
— Mas eu quero!
— Então, aprenda a escutar.
A florinae sorriu de lado, trazendo a gata para perto do peito e fazendo um carinho nela.
— Você possui uma forte magia espiritual; ver espíritos e interagir com eles deveria ser natural. Mas tem tanto medo do que pode fazer que reprime seus dons. É por isso que ainda está molhada e não conseguiu fazer nada mais que fiapos de luz escapar dos dedos, durante o treino de hoje.
Aneirin escalou o braço dela e equilibrou-se em seu ombro, como se aquele lugar fosse naturalmente seu.
— Não tenha medo de quem você é. Já lhe disse isso.
— Fácil falar, muito difícil fazer. — Vanieli se queixou. — Você não me entende, Voltruf! Como poderia? Cresceu com magia e sempre foi livre para fazer o que queria.
— Alguém me disse, há muito tempo, que a ignorância pode ser um dom. Em muitos aspectos, concordo com isso, mas não é assim no seu caso.
— Isso foi um insulto?
A outra a fitou demoradamente, antes de erguer o dedo, onde uma gota de água tomou forma na ponta.
— Acredite, se eu a insultar você não terá dúvidas. — Ela estendeu o braço, oferecendo a gota. — Tome.
Confusa, Vanieli tocou o dedo dela e um fiapo de magia se infiltrou em sua mão. Através daquele contato ela sentiu medo, incertezas, muita tristeza e arrependimento. Então, a gota secou levando essas impressões consigo.
— O que foi isso?
Voltruf escondeu as mãos nos bolsos da túnica, explicando:
— Um exemplo da ingenuidade que você faz questão de manter. Isso sou eu, Vanieli. Acha que essas impressões são de alguém que sempre teve liberdade para alcançar tudo o que queria?
Vanieli baixou o olhar, ligeiramente envergonhada.
— De fato, eu cresci com magia. — Voltruf admitiu. — Ela é abundante entre o meu povo, principalmente, na minha casta. Contudo, essa magia não fazia de mim uma mulher “livre” do jeito que você imagina.
Ela fez um gesto suave e displicente antes de enfiar os dedos entre os cabelos longos e negros. Era uma mulher de traços e movimentos delicados, mesmo quando estava lutando.
— Meu reino natal é fabuloso e repleto de maravilhas, Vanieli. Mas, assim como Cardasin também é aferrado às tradições. A nobreza tem suas responsabilidades; manter sua linhagem é uma delas. E esse dever não pertence somente às mulheres. Casar por amor é raro entre os florinae.
Ela se escorou na parede, fazendo Aneirin retornar para os seus braços.
— Eu era filha de um ministro e irmã de um dos comandantes do Reino do Norte. Meu destino não era muito diferente do seu, antes de conhecer Lenór. Embora não seja comum casarmos tão jovens, na sua idade eu já estava noiva de um dos príncipes da corte do Norte e dizer “não” a esse casamento nunca foi uma opção; havia muito poder e prestígio em jogo para a minha família.
— O que mudou? — Vanieli se ouviu perguntar.
— Minha magia espiritual despertou e eu me tornei livre de um jeito diferente… Vê? São épocas e lugares distintos, mas enfrentamos obstáculos semelhantes.
Deu de ombros, com um sorriso torto.
— De certo modo, a magia foi a minha libertação e também será a sua quando aceitá-la plenamente. Contudo, isso não servirá de nada se você continuar fugindo dos seus sentimentos.
— Por que você se importa com o que sinto ou deixo de sentir? — Vanieli irritou-se. Estava cansada das pessoas fazendo suposições sobre os seus sentimentos e desejos.
Um trovão se fez ouvir, anunciando que a chuva ainda estava longe de passar. Voltruf abandonou o apoio da parede e Aneirin saltou para o braço da estátua em que estivera dormindo.
— Você devia prestar mais atenção ao que as pessoas dizem. — Voltruf repreendeu, enfastiada. A assistiu estreitar os olhos, antes de esclarecer: — No abismo, eu lhe disse que a magia está intimamente ligada às nossas emoções. Quando foram atacadas na estrada, você teve medo de que Lenór caísse no abismo e, instintivamente, usou sua magia para deslocar a água que está presente no ar e empurrá-la para a terra firme. Quando ela caiu no abismo, você odiou tanto a criatura que a “matou”, que fez a água no sangue dela ferver ao ponto do seu corpo explodir.
Contemplou o incômodo na face dela, juntando as mãos nas costas.
— Medo, dor e fúria tornam suas ações instintivas, poderosas e muito descuidadas. Você teve sorte até agora. E se conseguir alcançar o equilíbrio, será capaz de grandes coisas.
Não havia o menor sinal de dúvida na afirmação, o que fez Vanieli sentir um misto de desconforto e orgulho pelo talento que não sabia usar. Voltruf continuou:
— Como sua… mentora é o meu dever me preocupar com as suas emoções. Por outro lado, como observadora, admito que o meu interesse no seu relacionamento é apenas curiosidade e algumas das minhas observações são orientadas por ela.
— Por quê?
— Porque você me faz lembrar de mim mesma em outra época. E, às vezes, me pergunto como teria sido se alguém tivesse me dito coisas que eu não queria ouvir e feito enxergar a verdade que eu não conseguia admitir.
— Quer dizer que as suas irritantes observações são uma espécie de redenção para você?
Voltruf riu alto, balançando os ombros.
— Não vamos exagerar. Se tenho de me redimir por algo, com toda a certeza não será por sentimentos sufocados e libertados tardiamente.
A conversa cessou quando Dimal e Aisen entraram no corredor em que estavam. Os dois caminharam até elas em silêncio e com expressões que denunciavam o fracasso antes mesmo de Vanieli perguntar:
— Então?
— Eles escaparam. — Foi a resposta seca de Aisen.
O assunto teria morrido aí, se Dimal não estivesse irritado com o fato de terem deixado os homens que tentaram matar sua comandante e amiga escaparem.
— Na verdade… — Disse ele, mirando Aisen de esguelha.
Havia uma pergunta muda no seu olhar, a qual a daijin respondeu com um dar de ombros. Era um assunto que não demoraria a vir à tona, embora ela preferisse ter um pouco mais de tempo para remoê-lo.
— Nós os seguimos até a fronteira de Zaidar. — Dimal prosseguiu. — Eles se encontraram com um oficial Zaidarniano e uma mulher.
— Já era esperado. — Vanieli falou, reparando no modo como ele olhava para Aisen. — Pelo menos, agora temos a confirmação de que Zaidar está por trás desse ataque e certamente de outros que sofremos.
Ela agradeceu pelos seus esforços e contou sobre o despertar de Lenór, do qual ambos já tinham se inteirado através dos guardas nas muralhas. Dimal se mostrou muito alegre com a notícia, desmanchando o semblante rígido com o qual Vanieli estava se acostumando. Por sua vez, Aisen informou que faria uma visita à comandante assim que tomasse um banho e se tornasse mais apresentável.
A daijin fez uma reverência ligeira e começou a se afastar, quando Vanieli recordou que não havia perguntado sobre a tal mulher que estava em companhia do oficial zaidarniano. Isso plantou um perceptível desconforto em Dimal, cujos olhos azuis voltaram a fixar Aisen.
— Ela é uma daijin. — Ele contou, em um tom quase acusador.
— Ela não é uma daijin! — Aisen apressou-se a refutar, com voz ligeiramente alterada.
Após a sua declaração na floresta, Dimal havia insistido em saber mais sobre a mulher, porém Aisen se fechou e permaneceu em silêncio até chegarem à cidade.
— É o que você diz. — O palatin retrucou, deixando claro que não acreditava no pouco que ela lhe disse.
Por um momento, a atmosfera no corredor tornou-se tensa e sufocante, levando Vanieli a acreditar que a animosidade entre os dois guerreiros podia se tornar violenta. Contudo, Dimal mudou de postura rapidamente e usou um timbre suave e cadenciado nas palavras seguintes.
— Como discutimos, mais cedo, foi impossível ignorar o fato de que aquela mulher tem uma corrente como a sua. Não uma semelhante, mas exatamente igual. Uma arma assim é bastante incomum; além disso, você admitiu que a conhece. Então, apesar do que afirma, acho justo supor que essa mulher é uma daijin ou já tenha sido.
— Do que isso se trata, afinal? — Vanieli perguntou, fazendo um gesto expressivo para chamar a atenção dos dois.
— Nossos inimigos escaparam, porque Aisen não quis agir. — Dimal esclareceu. — Ela mudou de ideia assim que avistou a tal mulher.
— Se soubesse que estava tão ansioso para morrer, teria deixado você ir em frente. — Aisen resmungou. Depois, se voltou para Vanieli. — Pretendia conversar com você e Lenór sobre isso mais tarde, quando estivesse mais apresentável e com a mente mais serena.
Ela voltou a se aproximar do grupo, diminuindo o tom da voz.
— Sim, eu a conheço. E, sim, ela já foi uma moradora do Templo de Aman. — Encarou Dimal com ar de desafio. — Mas isso foi há muito tempo…
Deixou as palavras morrerem, entregando-se a lembranças desagradáveis.
— Seu nome é Yahira. — Contou. — E se tivéssemos ido adiante e tentado capturá-la e aos seus companheiros, não estaríamos tendo esta conversa.
Fez uma careta para o arquear de lábios descrente de Dimal, enquanto as outras mulheres observavam a sua tensão com estranheza. Aisen costumava ter um semblante tranquilo, às vezes apático, e raramente alterava a voz. Porém, naquele momento, seu descontrole era evidente, ainda que de forma comedida.
— Ela era sua maijan? — Voltruf entrou na conversa.
Aisen encarou seus olhos violetas por alguns segundos antes de respirar fundo e responder positivamente.
— O que é isso? — Dimal perguntou.
— As daijins mais próximas de Amani, usam armas feitas pela própria Amani. Armas iguais, conhecidas como maijan. — Explicou a florinae, assistindo a um novo suspiro de Aisen.
— Sim, éramos protetoras da Deusa. — A moça admitiu. — Yahira foi minha mentora e depois parceira, até se revoltar contra Amani e trair o nosso povo. E até esta manhã, acreditava que estava morta.
Vanieli fez menção de perguntar algo, entretanto Aisen a interrompeu.
— Eu preciso mesmo de um tempo para me recompor. Será que podemos terminar esta conversa mais tarde?
Recebeu um meneio de cabeça positivo da Kamarie e começou a se afastar.
— Aisen. — Voltruf a chamou e quando ela se voltou para fitá-la disse: — Eu sinto muito.
— Não quero a sua pena. Quero a sua ajuda, novamente.
— Achei que não a quisesse.
Depois que retornaram do abismo, Voltruf pediu a Melina que ajudasse Aisen, porém a daijin recusou a cura alegando que seria apenas um paliativo.
— As circunstâncias mudaram. — Aisen reconheceu. — Você fará?
— Só se você me contar o que esconde dentro do seu corpo. — Um sorriso irônico bordou os lábios de Voltruf, embora ela não tivesse a intenção de soar assim.
Aisen balançou a cabeça, concordando. Afinal, isso também fazia parte da sua história com Zahira.
— Eu não estou escondendo. Na verdade, eu deveria estar morta por causa disso, mas a magia da Deusa me manteve viva. — Pousou a mão sobre o coração. Naquele exato local, havia um corte que nunca cicatrizou. — Fui ferida com um punhal e a ponta quebrou dentro de mim.
A sobrancelha de Voltruf se arqueou, revelando sua desconfiança e Aisen se antecipou à próxima pergunta:
— O punhal era feito de um Coração Negro.
O rosto da florinae tornou-se inexpressivo.
— Vocês, daijins, nunca foram bem-humoradas. Essa é uma péssima piada.
— Diga isso para Zahira. Atualmente, o punhal está em poder dela.
A daijin meneou a cabeça e apressou o passo em direção ao corredor que levava aos seus aposentos. Volt fez uma careta para o vazio, levando a mão até a testa, enquanto Vanieli observou a entrada do corredor em que Aisen entrou.
— Sim, ela está triste, pequena. — Voltruf abandonou os pensamentos nebulosos, para responder ao miado de Aneirin, baixando a vista para encarar os olhos amarelos dela, que havia saltado para o chão e parado aos seus pés.
A gatinha tornou a miar uma pergunta e Voltruf sorriu ante a inocência do novo questionamento, voltando a colocá-la no colo e afagando a orelha dela. Respondeu:
— Sim, inimigos e traidores devem ser odiados, mas é difícil fazer isso quando se trata de alguém que você ama.
Seu olhar cruzou com o de Vanieli e depois com o de Dimal, notando a curiosidade deles.
— Uma maijan não é apenas uma parceira. — Contou. — Elas podem ser grandes amigas, mãe e filha, irmãs… Porém, é mais comum que sejam companheiras. Então, acredito que Yahira era esposa de Aisen ou algo próximo disso.
***
Melina se afastou, satisfeita com o exame. Lenór estava dormindo quando o velho Rall lhe permitiu a entrada no quarto. Obviamente, não foi impedimento para que ela fizesse uma avaliação do estado da comandante, que acordou no meio da análise.
Lenór limitou-se a observar a magia que deixava as mãos de Melina e o reflexo dela nos seus belos olhos azuis.
— Você não é a grã-mestra da qual me recordo. — Ela disse, quando percebeu que a tarefa de Melina havia acabado.
— Você também não é mais a menina que conheci. — Melina mostrou um sorriso largo.
— Eu cresci e envelheci, mas você fez o contrário.
— Longa história, criança. A casca mudou, mas o interior permanece o mesmo. Ainda sou uma mulher velha e cansada, embora não fisicamente.
Por muito tempo, Melina se incomodou com os olhares curiosos das pessoas que a conheceram com sua aparência original. Era inevitável, afinal. E não foi diferente com Lenór.
— Sei que esse rosto inspira dúvidas sobre a minha identidade…
— Eu não tenho dúvidas. — Lenór se apressou a dizer.
Ainda que estivesse diante de uma estranha, os olhos e gestos dela eram os mesmos da idosa a qual recordava e deixou isso claro. Tomou a mão dela entre as suas e o contato trouxe lembranças de uma época dolorosa, entretanto, Melina também representava carinho e cuidado.
— Sempre achei você uma senhora muito bonita, mas a sua versão jovem é encantadora.
Uma risada alta escapou de Melina.
— Realmente, você cresceu, Lenór; ficou um pouco mais tagarela e muito charmosa! E tem um sorriso bonito, também.
— Graças a você e a Ordem. — Beijou-lhe a mão, antes de soltá-la.
Deixando o riso de lado, Melina sentou na cadeira que Rall colocou ao lado da cama.
— Você parece bem. — Disse ela. — Entretanto, precisará de mais uma ou duas sessões de cura. Então, me conte como realmente se sente.
— Estou com dor de cabeça, também dói um pouco quando respiro, ficar de pé por muito tempo ou andar me deixa cansada… Devo continuar? — Sorriu.
— Um pouco mais de repouso deve ajudar com isso, até podermos fazer uma nova cura. Contudo, sei que a probabilidade desse conselho ser ignorado é alta. No momento, existem muitas questões delicadas que requerem sua atenção. Só peço que seja um pouco comedida e também pense na sua saúde. Sou uma maga curandeira há décadas, mas existem limites para o que posso fazer e você passou por uma experiência diferente de tudo que vi. Não sei como o seu corpo irá se comportar daqui para frente.
— Ela vai seguir a orientação à risca. — Rall garantiu. — Irei amarrá-la a cama se for preciso.
Enquanto falava, ele entregou uma caneca de chá para a grã-mestra. Pretendia fazer o mesmo para Lenór, quando Voltruf entrou no quarto com ruído.
Ela andou até o trio com passadas longas e tomou a caneca das mãos do velho. Tomou um gole da infusão e atirou a gata no colo de Lenór.
— Aqui está. — Disse.
A gata miou em protesto, depois fitou Lenór com perceptível receio.
— Essa pequena boba estava se escondendo de você. Está com medo e vergonha. Ela quase te matou ao atravessar o seu corpo e acha que você deve estar zangada.
Lenór sorriu para a pequena em seu colo.
— Bom, não posso dizer que foi a experiência mais agradável pela qual já passei, todavia sou muito grata pelo o que fez, Aneirin. Sem a sua ajuda, não teria sobrevivido.
A gata miou em resposta e Voltruf preparou-se para traduzir, porém, chegou à conclusão de que era desnecessário. Aneirin aninhou-se no colo da comandante, recebendo o carinho desta com alegria.
— Onde está Vanieli? — Rall quis saber.
— Ela precisava passar em outro lugar antes de vir para cá. — Voltruf explicou, tomando o resto do chá e devolvendo a caneca para ele. — Não deve demorar.
Ela gesticulou uma despedida e se retirou do quarto com Melina à tiracolo.
— Por favor, me diga que você foi gentil com aquela moça. — A grã-mestra falou, quando se viram sozinhas no corredor, longe dos ouvidos curiosos dos guardas na porta do quarto que tinham acabado de sair.
— Não é você quem gosta de afirmar que eu sou um poço de gentileza? — A outra retrucou.
Meia dúzia de passos depois, esclareceu:
— Ela está bem. Nosso primeiro dia de treino foi melhor do que esperava, embora ela precise aprender a se concentrar. Tem bastante dificuldade nisso.
— Com seu histórico, é natural que tenha medo de perder o controle.
Entraram em outro corredor, dispensando cumprimentos ligeiros aos guardas nas portas dos aposentos em que os lordes estavam confinados. Seguiram até o fim dele e entraram no quarto que compartilhavam.
— Se está tudo bem com ela, então qual o motivo dessa cara de preocupação? — Melina perguntou, fechando a porta atrás de si e se escorando na madeira.
— Por que acha que estou preocupada?
— Você só sabe fazer três expressões, Volt: irônica, zangada e preocupada. — Melina mexeu com ela.
— Lhe daria uma resposta à altura, se não estivesse com a razão.
— O que aconteceu?
— Temo que nossa estada aqui tenha se tornado ainda mais complicada. — Ela sentou na cama e contou sobre a revelação de Aisen.
***
Vanieli só apareceu muito tempo depois que as duas magas deixaram o aposento. Assim que entrou no quarto, Rall se retirou com Gael, que havia algum tempo tinha pedido colo ao avô, bocejando frequentemente. Lenór já estava dormindo, então se dirigiu para o quarto de banho e só saiu de lá quase uma hora depois, sentindo-se renovada após o longo e agitado dia.
Decidiu tomar um cálice de vinho, desprezando a refeição sobre a mesa. Estava cansada e com fome, porém não tinha ânimo para comer. Sentou-se, admirando a escuridão chuvosa além da janela, enquanto pensava em Aisen e no choro silencioso dela.
Após a revelação de Voltruf, ela se viu encarando a madeira da porta do quarto da daijin por um longo e incômodo minuto, antes de bater na madeira com firmeza.
Não sabia o que iria dizer, até que Aisen abriu a porta e entendeu que não havia nada a ser dito. Longe das costumeiras sensações desagradáveis, que a faziam manter-se distante da daijin, Vanieli sentiu que ela precisava de um ombro amigo naquele momento. E, assim como ela fez consigo, a recebeu em seus braços em silêncio e deixou que derramasse seu pranto até que as lágrimas secassem.
Foi um momento estranho, assim como muitos que vivenciou naquele dia.
Com um suspiro cansado, tomou o resto da bebida e foi para a cama. Fez um carinho nos cabelos da esposa e verificou sua temperatura, satisfeita em ver que a febre dos últimos dias não havia retornado. Observou o subir e descer do peito a cada respiração, ao passo que recordava todos os momentos que compartilharam ao longo daqueles meses de casamento.
A abraçou, descansando a cabeça em seu peito e ouvindo o bater tranquilo do coração. Resvalava para o sono, quando ouviu Lenór perguntar:
— Confortável?
Vanieli não se moveu e respondeu em meio a um suspiro.
— Muito. Estou te machucando?
Os dedos de Lenór enfiaram-se nos seus cabelos, carinhosos.
— De modo algum. Você é sempre bem-vinda.
Embora tensa ante a declaração, Vanieli sorriu. Era muito bom vê-la desperta e desconfiava que essa alegria iria persistir por algum tempo, antes de se habituar.
— Divertiu-se hoje?
— Creio que Voltruf desconhece essa palavra e seu significado. Ela consegue ser ainda mais séria que você durante uma lição. Passei a tarde na chuva, tremendo de frio, enquanto ela permaneceu seca como se estivéssemos em um dia de sol. — Ajeitou-se para olhá-la, sem se afastar. — Mas, apesar de muito cansada, estou realmente feliz por isso estar acontecendo…
— Eu também.
— Eu sei. — Suspirou longamente.
— O que foi? — Lenór quis saber, notando sua dispersão.
— Nada de mais. Estava apenas recordando o treino. — Sua voz soou trêmula e forçou um sorriso, que não enganou a esposa.
— O que aconteceu? Ela te machucou?
Uma pequena tempestade começou a se formar nos olhos dela e Vanieli tratou de acalmá-la.
— Não. — Garantiu. — Não aconteceu nada disso. É que… Voltruf me levou para a floresta e, antes de tudo começar, tomou a minha mão… foi… foi estranho, Lenór. — Recordou as sensações do momento que descrevia.
Na ocasião, linhas luminosas surgiram na mão de Voltruf e a percorreram formando símbolos sinuosos até alcançarem a pele de Vanieli. A magia da florinae era surpreendentemente quente e vibrante, porém melancólica. E embora ela exibisse uma expressão confiante, a moça percebeu que também se sentia incômoda com o ritual. Sensação que foi acentuada quando as sobrancelhas dela se ergueram e hesitou em prosseguir por um momento.
— A magia dela me tocou; entrou em mim. Não sei! Só a senti como se estivesse percorrendo o meu corpo.
— Você resistiu?
— Um pouco, no início. Então, ela me disse que, como minha mentora, precisava reconhecer a minha magia e que devia ser feito daquela forma.
— Foi ruim; doloroso? — Lenór insistiu.
— Na verdade, não. Só tive a sensação de que o que estava acontecendo era errado. — Fez silêncio, ponderando a respeito, e concluiu: — Talvez seja porque ela é um espírito.
— Aí está algo que não entendo.
— Tampouco compreendo. — Vanieli anuiu. — Porém, acredito que não irá demorar muito para isso.
Percebeu a preocupação no semblante de Lenór. Era natural que tivesse dúvidas e Vanieli também as tinha, porém seu instinto dizia que estava segura com Voltruf e Melina. Não fosse assim, jamais teria permitido que a acompanhassem no abismo ou que se aproximassem de Lenór.
— Esqueça isso, Lenór. — Ergueu a cabeça e a apoiou no braço, a fim de olhá-la melhor. — Me conte como você está.
— Bem. — A esposa afirmou, exalando devagar.
Na verdade, ainda se sentia da mesma forma que descreveu para Melina, entretanto, não queria preocupar Vanieli.
— É bom ouvir isso. — A moça contou, segurando a mão dela.
Lenór sorriu com o contato, antes de se deixar envolver por um forte sentimento de culpa e afastar-se. A comandante fitou o teto do quarto em silêncio por alguns minutos, enquanto pensava no conselho que Rall lhe deu.
— Eu sinto muito, Vanieli. Andei falando sobre coisas que não devia.
Os olhos dourados da Kamarie se prenderam aos seus, curiosos.
— Rall me contou sobre uma conversa que vocês tiveram. — Explicou. — Uma conversa sobre os meus sentimentos em relação a você.
Um suspiro profundo e resignado escapou de Vanieli. Ela não queria ter aquela conversa com Lenór, contudo, vinha pensando muito nisso. Pensava em outras coisas, também. Principalmente depois de conversar com Draifus.
De todas as pessoas que demonstraram interesse no seu relacionamento com Lenór, o engenheiro foi o único cujas palavras a tocaram de verdade. Talvez porque, desde o início, ele enxergou seu casamento como uma relação real e sólida e, por experiência própria, compreendia as dúvidas e medos que uma união assim trazia.
Graças a ele, havia tomado uma importante decisão, embora ainda não se sentisse segura para conversar com Lenór sobre isso.
— O que eu fiz pra você se sentir dessa forma, Lenór? — Deixou-se levar pela curiosidade.
A pergunta surpreendeu a comandante, que abriu um sorriso acanhado.
— Apenas aconteceu. Não há nada a se fazer a respeito.
Ela não queria sufocar o que sentia, tampouco desejava tornar a sua relação com Vanieli incômoda e embaraçosa, onde ambas estariam sempre pisando em ovos para não magoar a outra.
— Peço perdão por deixá-la desconfortável. Garanto que não tenho intenção de me insinuar ou algo parecido.
— Acha que não valho a pena? — Vanieli não conseguiu evitar a provocação, mais por estar nervosa do que pela vontade de atiçar uma brincadeira.
— É justo o contrário. — Lenór foi enfática. — A questão, Vanieli, é que você não me quer.
— Então, você vai fingir que não sente nada?
Lenór balançou a cabeça, tranquila.
— Não preciso fingir nada, muito menos mudar minha forma de agir com você. Neste relacionamento, a diferença entre um mês atrás e o presente, é que agora você conhece meus verdadeiros sentimentos. Nada mais. Não existe razão para agirmos de maneira diferente, exceto, se você realmente se incomodar…
Vanieli fez um gesto rápido, interrompendo-a. Achou que ouvir aquelas coisas de uma Lenór consciente a deixariam incomodada. Porém, lhe satisfez perceber que ela se mantinha ponderada e notou, com prazer, que a Lenór que a amava não era diferente daquela por quem se arriscou no abismo.
— Por que nunca tentou se deitar comigo? — Quis saber.
A esposa riu, suave.
— Estou deitada com você, agora! — Brincou.
Depois, retornou à seriedade. Fez um gesto vago e continuou sendo sincera:
— Vanieli, eu criei os limites entre nós e não irei ultrapassá-los, nem desrespeitar você para saciar meus desejos. Não obteria nenhum prazer dessa forma. — Tocou uma mecha de fios cacheados de Vanieli, que caíam sobre o seu braço. — Você me inspira bons sentimentos; coisas que acreditei que não seria mais capaz de sentir; coisas para as quais fiz questão de fechar meu coração. Por um lado, é assustador. Mas, também é reconfortante e eu sou muito grata por você me dar a oportunidade de sentir isso de novo.
Fez uma pequena pausa, soltando o cabelo dela.
— Esqueçamos isso. Só queria que você soubesse que nada irá mudar; eu não irei mudar, tampouco exigirei isso de você. Estamos casadas, mas somos apenas amigas. Nada mais.
Para Kamarie, era reconfortante ouvir isso. Lenór sempre se mostrou pragmática, e sua declaração fez com que Vanieli decidisse expressar suas próprias resoluções, após um momento de ponderação.
— E se eu lhe desse permissão? — Vanieli perguntou de uma forma quase tímida.
Ela segurou a mão de Lenór, beijou-lhe e trouxe para junto do peito.
— Se eu lhe desse permissão, você continuaria não desejando não ultrapassar os limites que traçou? — Chegou mais perto, quase beijando-a.
Lenór encarou-a, sentindo um nó se formar na garganta. Então, virou o rosto e afastou a mão do seio dela.
— Gosto de quando brincamos e fazemos essas insinuações bobas, Vanieli. Mas agora que sabe o que sinto, o que você está fazendo me parece cruel.
Ela deslizou para fora da cama e caminhou com dificuldade até a mesa. O coração batia apertado no peito, envolto no desgosto que a brincadeira lhe trouxe. Encheu um copo d’água, o qual tomou de um único gole, amaldiçoando a febre que a fez confessar seu querer.
— Eu gosto de você, Lenór. — A voz de Vanieli a alcançou, fazendo-a se voltar para olhá-la, enquanto completava: — Com certeza, não da mesma maneira que você gosta de mim.
Sentou na cama, passando a mão no rosto em busca das palavras corretas.
— Quando ouvi sua confissão, fiquei assustada. Fiquei triste, também. — Abraçou-se. — Porque você é uma mulher maravilhosa, Lenór, e eu não sou capaz de te corresponder da maneira que merece.
— Então, do que isso se trata? Está com pena de mim e se sente culpada? Concluiu que se me der uma migalha da sua atenção e querer, essa culpa irá passar?
A leveza do diálogo que estavam tendo desapareceu completamente e a revolta começou a tomar Lenór.
— E quando eu quiser mais, você me dará? — Perguntou. — Quando eu fizer planos para o nosso futuro, me incentivará? Quando…
Interrompeu-se ao perceber que o seu tom subia a cada palavra pronunciada e levou a mão à testa, onde uma dorzinha fina se insinuava.
— Eu não preciso da sua pena, Vanieli, tampouco preciso que finja ser algo que não é, porque acha que me deve alguma coisa. Então, sigamos da forma que estamos e vamos esquecer que um dia tivemos esta conversa.
Depositou o copo na mesa com força e apoiou-se nela, buscando se acalmar. Na cama, Vanieli escondeu o rosto entre as mãos, antes de decidir ir até ela, tentando remediar a situação.
— Sinto muito se te ofendi, mas você não me entendeu. — Falou.
Lenór se esquivou do seu toque e se afastou em direção a janela, mal conseguindo conter a mágoa. Vanieli tornou a se aproximar dela, admitindo de forma mais enfática, o que tinha feito questão de negar para Darlan, Voltruf e Rall.
— Eu gosto de você, Lenór.
Tinha pensado muito sobre isso, desde que a ouviu se declarar, mas sabia bem que estava muito longe de alcançar um sentimento como o dela.
— Não sei em que nível está esse “gostar”. Eu nunca me apaixonei por ninguém, nem sei se estou apaixonada por você!
— Então, por que está dizendo essas coisas?! — Lenór perguntou, fugindo do toque dela, novamente.
As pernas fraquejaram e Vanieli a sustentou pela cintura, levando-a para a mesma cadeira que ocupou à mesa, pouco tempo antes. Puxou uma para si e também sentou diante dela.
— Deuses! Acho que meti os pés pelas mãos e acabei fazendo o que mais temia: magoei você. — Ela disse.
Lenór passou a mão no rosto, inspirando fundo. Fez uma careta, antes de falar:
— Estou muito confusa agora. Afinal, o que você quer, Vanieli? Que tipo de jogo você acha que estamos jogando?
Um trovão abafou o gemido de Vanieli.
— Você é a minha melhor amiga, Lenór. É isso que você é! Sei bem que não é o que esperava ouvir, mas se puder se acalmar um pouco e me escutar…
Esperou um momento, enquanto a esposa deixava à vista uma expressão que vagava entre a incredulidade e o desgosto.
— Sinto muito por ter escolhido um péssimo momento para falar sobre essas coisas, e por ter me expressado tão mal. Compreendo perfeitamente a sua reação.
Tentava escolher as palavras com cuidado.
— Eu não sei como explicar isso de outra forma, então… O seu toque e sorriso me acalmam. Me sinto segura quando estou com você. E quando nos beijamos foi muito bom.
Desta vez, Lenór não se esquivou do seu toque, quando escorregou a mão pela mesa até alcançar a dela.
— O que quero dizer, é que todos esses pontos me deixam confortável para estar com você de forma mais íntima. Na verdade, percebi que quero viver isso com você. Diferente daquela noite nos túneis, não estou brincando.
— O que mudou?
— Eu realmente não sei. Apenas, tenho pensado em nós dessa forma, ultimamente. Na verdade, desde aquele beijo. — Enfiou a mão livre nos cabelos e deslizou pelo pescoço com um meio sorriso de desculpas. — Sinceramente, não queria ter ouvido sua confissão. Assim, esta conversa seria diferente e você não iria pensar que estou tentando me aproveitar do que sente.
— Mas, na prática, é exatamente isso. — Lenór retrucou. — E seria igual se você não soubesse de nada.
Novamente, Vanieli foi tomada pela vergonha.
— Mas e depois? Você pensou no depois?
Os lábios de Vanieli tremeram quando a própria Lenór respondeu:
— Você não pensou nisso, não é?
— Eu não pretendo desistir dos meus sonhos, Lenór. Meus planos permanecem os mesmos. Daqui a pouco mais de um ano, nosso casamento chegará ao fim e partirei de Cardasin para sempre. — Entrelaçou os dedos aos dela, sentindo as bochechas arderem mais. — Se você aceitar, tornemos este um casamento real até que esse dia chegue. Quero viver essa experiência com você completamente, e chegar ao fim dela sem medos ou arrependimentos, assim como você me aconselhou no dia em que nos casamos.
Lenór recolheu a mão, afastando-se do seu toque. Disse:
— Se tivesse proposto isso quando nos casamos ou há um mês atrás, quando eu ainda era capaz de negar o que sentia, estaria tudo bem. Estamos casadas, afinal. Seria natural fazermos sexo. Mas não agora. Me recuso a deixar meu coração se despedaçar outra vez por amar alguém que não posso ter. Luxúria satisfaz o corpo, mas não o coração e eu já lhe disse que não consigo separar os dois. Então, continuemos da forma que estamos.
Ela se colocou de pé, forçando-se a andar em direção à porta sem fraquejar. Pegou uma capa no caminho e jogou sobre os ombros, ocultando as vestes de dormir.
— Para onde vai? — Vanieli perguntou em um fio de voz.
— Preciso de um pouco de ar puro, sobretudo, preciso ficar longe de você. — Bateu a porta com força.
Oi, gente!
Mais uma vez, venho pedir desculpas pela demora na postagem. Como já falei, meu tempo anda um pouco complicado, principalmente, para a escrita. Então, vou tentar diminuir o tamanho dos capítulos para que as postagens possam ser feitas com mais frequência. Espero conseguir.
Então, continuem tendo paciência comigo, tá?
Um beijo grande e até a próxima postagem!
Ai,ai… Não foi nada bom ver a Lenór, ainda estropiada, sendo ferida assim pela Vanieli. Poxa! Ela não merece isso!
Vani que não fique esperta! Alguma soldada poderá querer se aproximar de Lenór quando ela começar os treinamentos. Espero que a Le realmente siga as recomendações como o Rall afirmou.
E a Aisen? Que triste!
Por outro lado, estou gostando muito de conhecer melhor a Volt! Já gostava dela em A Ordem, mas aqui, é possível ver melhor suas nuances, é alguém que faz Vanieli enxergar e sua relação com a Aneirin é fofa demais!
Parabéns!😃⭐
Amo cada capítulo, mais e mais.
Voltruf realmente é muito fácil de ler, como disse Melinda só tem três expressões kkkk.
Que proposta é essa da Vanieli? Assim não né!
Só faria Lenór sofrer e ela não merece.
Lenór é a MULHER.
E que mulher.
Vanieli ainda está cega para os sentimentos.
Bjs
Só no aguardo dos capítulos… Kkk
Eu não consigo ver a volt e a melinda e não shippar desde aquele capítulo. A vaniele meteu os pés pelas mãos, me deu vontade de meter um tapa na cara dela depois daquela proposta.
Olá! Tudo bem?
Pois é, demorou, mas Vanieli mostrou — ou demonstrou — como é fraca, a parte frágil desta relação — se é que há ou haverá alguma relação entre elas, físicas ou não.
Sinto não ter outra mulher na história à altura de Lenór, a não ser que a Autora pretende caminhar um pouco mais com a história.
Enfim, aguardemos as cenas dos próximos capítulos.
É isso!
Post Scriptum:
”A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras. ”
Aristóteles,
Filósofo Grego.
Tattah!
Uau, sim, demorou pacas e nem por isso quero caps. menores,
pelo q sei ainda não és maquina e em tempos sisudos precisas…
eca, trabalhar pra ter dindin… k k k Apesar de me remoer pra
não te xingar enquanto o tempo passa.
Amo de paixão essas duas, e me dói demasiado qdo vejo a
dor de Lenór escutando tanta asneira.
Pior q eu acredito em Vanieli e sei q ela não quer magoar
Lenór, só q ela ainda não sabe o q é empatia, imagina, ela não sabe nem se esta ou não apaixonada.
Qdo ela souber se colocar no lugar de outra pessoa e sentir
as dores, as alegrias e os amores desta. Aí sim ela vai entender
o mal q estas palavras fizeram em Lenór.
Tá bom D , bjs