FREYA: A RECONSTRUÇÃO

Capítulo 2 – Estamos de volta!

Freya: A Reconstrução

Texto: Carolina Bivard

Revisão: Naty Souza e Nefer

Ilustração: Táttah Nascimento


Capítulo 2 – Estamos de volta!

Assim que entraram no apartamento da Olaf, Helga foi assaltada com um beijo. Mesmo preocupada, não pôde deixar de rir diante da atitude de sua esposa. 

— Decrux, já não combinamos que você não acessaria o sistema geral do prédio?

— Eu disse que evitaria, mas não disse que nunca o faria. Além do que, eu estava apenas vendo se o condutor do lixo orgânico já havia sido despachado, quando vocês chegaram. Seria ridículo eu acessar o painel ou mesmo requisitar ao sistema da casa, podendo acessá-lo diretamente. Desculpe-me se casou com uma IA. 

Decrux se desprendeu de Helga, abraçando Kara.

— Que saudades! Quase não vejo mais você!

Kara a abraçou com carinho. Decrux se tornara uma boa amiga-confidente e conselheira nos últimos tempos.

— O que houve? Você está bem?

A IA perguntou, diante do aperto que recebeu da Ministra Espacial.

— Não, mas vou ficar.

Kara respondeu e o remorso tomava a comandante Nícolas por completo, lembrando da sua reação diante da mulher que amava. No momento que a viu com outra pessoa, transtornou-se e não se deu conta de que Kara sentia-se violada.

Se acomodaram e Helga pediu que relatassem o ocorrido.

— Precisaremos ver a projeção. – Decrux falou, após o relato. – Desculpe, Kara, mas é importante para analisar os dados do sistema da casa de vocês e para conseguir avaliar as imagens, juntamente com as informações de base. – Decrux virou-se para Bridget. – Não quer ir com Kara na cozinha para terminar o almoço? Tem um assado no forno e tudo o que precisa para preparar um suflê em cima da bancada. 

— Como assim?

Decrux fitou a comandante com um olhar repreensivo. Já era constrangedor que a engenheira-médica tivesse que contar a história, porém vivenciá-la novamente diante de outras pessoas, a deixaria pior.

— Venha. – Decrux puxou a comandante-amiga. – Vamos lá que te mostro onde estão os utensílios. – Esperou estar mais distante para falar. – Você é tonta ou o quê? Posso ter sido criada pela engenharia genética, mas tenho mais sensibilidade que você.

Resmungou no ouvido da comandante.

— Eu quero acompanhar tudo, Decrux. Sei que analisará os dados, mas quero saber as respostas.

— E saberá. Entretanto, agora é hora de apoiar a sua companheira. Ou acha que Kara reviverá tudo, na minha presença e de Helga, como se estivesse de férias? – Decrux repreendeu. – Como humana, você é uma excelente IA, Brid!

Bridget deixou-se abater. Aquela situação a abalara, a princípio pela situação em si, porém, estava com dificuldades de reagir e encarar a mulher que amava, depois que percebeu a situação dela. 

— Eu não sei o que falar para Kara. A agredi verbalmente, quando a vi com outra mulher.

— Outra mulher que era seu espelho, Brid. 

— Eu sei, mas na hora não me veio à cabeça o que poderia ser. A única coisa que pensei foi que ela contratara uma androide para se satisfazer. Depois percebi o que aquela mulher poderia ser. 

— Uma andróide? Por que pensaria isso, Brid?

Haviam chegado à cozinha. A engenheira-médica ficara na sala com a Olaf.

— Porque ela está tomando esses medicamentos para indução de gênero e porque a mulher fazia coisas que eu não faço! Pronto, satisfeita?!

— Já falei com você: se a ama, deixe fluir.

— Tem coisas que não gosto. Então tenho que fazer o que não gosto para satisfazer quem eu amo? Que eu saiba, quando se ama, entra-se em um consenso. 

— Está bem, não discutirei isso com você. Porém, não pode ficar paranoica e especular coisas porque a viu com você mesma! – Decrux a repreendeu. –  Ela virá para cá e tente se retratar. Está precisando de você. Foi a pior hora para isso tudo acontecer. Kara está tomando drogas que mexem, não só com o físico, mas também com o emocional.

— Ok, “sabe tudo de relacionamentos humanos”!

Bridget redarguiu, porém, sentia-se péssima. Quando acalmou, pôde perceber o quanto Kara estava triste e abalada. Decrux a olhava de forma recriminatória.

— Vou me desculpar. Eu só… fiquei chocada com a cena. Consegue entender o que foi ver a mulher que amo com outra pessoa? Só percebi que a aquela criatura era igual a mim, quando Kara a empurrou. Não soube o que pensar e estava abalada também. Só agora percebi que Kara sofreu uma agressão sexual.

Decrux fez um sinal afirmativo. Compreendia a amiga também, porém, por vezes, tinha que chamá-la de volta à terra firme, pois em determinadas horas a comandante perdia o compasso. 

Retornou para a sala e Bridget olhou para a bancada, reparando nos alimentos e especiarias. Era uma boa hora para cozinhar. Sempre dava a ela uma oportunidade de pensar nos acontecimentos com mais leveza. Observou o ambiente e pegou um avental pendurado. Colocou-o, começando a arrumar a bancada da forma que gostava, antes de iniciar a preparação.

— Posso ajudar?

A voz da companheira chegou aos ouvidos da comandante. Contraditoriamente às emoções que sentia, aquele som refrescou sua alma.

— Não só pode, como deve. Decrux come que nem homem de trabalho braçal.

Brincou. Kara pode ver que a namorada estava mais tranquila e sorriu. Ansiava por uma conversa amena. A sua aflição, após o ocorrido, permanecia e, em determinados momentos, tornava-se um sofrimento insuportável, porém, vendo Bridget mais calma, a alentava. Aproximou-se da bancada e pegou outro avental que estava pendurado em um gancho próximo, colocando-o também.

— Dê um desconto. Afinal, ela comerá por dois durante algum tempo.

Bridget já havia pegado a faca para cortar uma leguminosa e parou de súbito.

— Helga me contou, ainda há pouco, que Decrux está grávida. – Sorriu.

— Filha de um “sanguessuga amodari”! Ela me pediu dispensa por uns meses da nave para tratar de assuntos pessoais e não me disse nada. Discutimos, porque não queria me dizer o que era. 

Kara riu, pegando outra faca. Começou a picar a cebola.

— Helga também não havia me dito nada, mas entendi por que, quando me explicou. As duas não sabiam as implicações de uma gravidez, afinal, a fisiologia da Decrux é única. Recorreram ao centro de ciências de Ugor, onde foi desenvolvida. Como sabemos, não há nada muito conclusivo sobre a especificidade de sua fisiologia, já que Rodan não abriu para o próprio centro de pesquisas. Fizeram alguns exames e parece que ela está bem, apenas não sabem o comportamento do desenvolvimento do feto. 

— Os freynianos gestam por sete meses e a fisiologia de Decrux é adaptativa.

Bridget concluiu, sorrindo. Amava a amiga e sabia que ela acreditava que não procriaria, entretanto, após o casamento com a Olaf, sempre se questionava se Rodan, seu pai e criador, pensara nesse aspecto.

— Decrux e Helga nos chamariam hoje para jantar e contariam para nós. – Kara informou. 

— Você poderia acompanhar a gestação, Kara. Afinal conhece mais da fisiologia dela do que qualquer um.

— Já me prontifiquei.

Kara respondeu, com humor, esquecendo-se, temporariamente, do que havia ocorrido. Bridget parou o que fazia e encarou a companheira. 

— Me desculpa, Kara… Eu enlouqueci.

A comandante a abraçou forte e Kara retribuiu. Queria se fundir ao corpo de Bridget, se pudesse.

— Eu também tive culpa. Deveria saber que não era você…

— Para. Não faça isso! Não se culpe por uma agressão sofrida.

Bridget desalojou o corpo da engenheira-médica de seu ombro, encarando-a.

— Olhe para mim, Kara. – A fitou. – Fui uma imbecil com minha reação, mas pode ter certeza de que essa mulher não escapará. Eu prometo. Ela se aproveitou de sua situação…

A frase falada naquele momento de comoção entre as duas, caiu como uma luz. Entreolharam-se.

— Ela me conhecia bem. Sabia de meu estado.

— Você teria que ter contato mais estreito com ela, ou ele, para que soubesse que poderia se aproveitar da situação. Afirmou que teria um filho com você.

As duas mulheres correram para a sala e a projeção holográfica passava a última ação, antes da mulher fugir.

— Essa pessoa tem algum vínculo comigo. 

Kara falou, assim que a projeção terminou. 

— E é realmente um alomar. –  Decrux afirmou. – Ainda bem que não gravaram só a imagem. Com a varredura de dados, pude analisar intrinsecamente o mapa genético. A sua diferença genética, – apontou para Bridget – para esse indivíduo, é submolecular. Por isso conseguiu passar pelas travas de segurança da casa.

— Por que acha que esse indivíduo a conhece mais intimamente, Kara?

Helga perguntou, intrigada.

— Porque conhece minha rotina. Sabe que eu queria muito ter um filho e o principal, sabia que Bridget não queria gestar. Ela agiu em cima disto para me enganar.

Kara parou por segundos antes de continuar. Parecia estar buscando na memória algo que pudesse ligar ao acontecimento.

— Não é ninguém do ministério ou mesmo do espaço-porto da armada. Dificilmente falo de minha vida para meus colegas de trabalho. Tem que ser alguém da clínica. Lá eu tive que falar sobre minha vida, meus costumes e minhas relações. 

— Perfeito! Já tenho onde caçar essa cretina!… Ou cretino, sei lá. 

— Brid, você esqueceu de que não é mais do corpo de segurança? – Helga interveio. – Agora você é do centro de pesquisas antropológicas. 

— Não me fale que eu não posso atuar, Helga, porque sabe que não obedecerei! – Bridget retrucou. – Este indivíduo violou a minha esposa. – Apontou a projeção. – Eu não vou ficar parada, sem nada fazer, enquanto protocolos sejam cumpridos. Mais do que ninguém sabe disso. Você pode me tornar uma pária, ou fazer acontecer oficialmente. 

— Amor, – Decrux interferiu – sabe que não me meteria se ela estivesse errada, todavia concordo com Bridget.

— No quê?

Helga perguntou, descrente. Com a sua empatia, sentia a fúria latente da comandante. Não queria dar espaço para atitudes destemperadas.

— Brid pode estar emotiva, entretanto a conheço bem e sei que ela compreende o quanto protocolos de segurança são morosos. Você também sabe disso. “Tempus Fugi”.

— Não posso, simplesmente, reposicioná-la no Ministério de Segurança, sem um motivo maior. Ela é a diretora do Centro de Antropologia de Freya! Que desculpa darei para o alto comando? Entendam que não sou presidente de um planeta; sou Olaf e esse conceito quer dizer que sou uma conselheira e não uma ditadora.

— Compreendo, amor. Mas por motivos de segurança planetária, você pode atuar. Não esqueça que auxiliei a compilar a base de dados das “Diretrizes de Base e Leis do Planeta”. Em caso de violação da segurança do planeta, você pode dispor de recursos alternativos para estabilizar a situação, lembra?

— Decrux, você está forçando muito as leis. – Helga repreendeu a esposa.

— Ela não está forçando, Helga. Pense. Por que alguém quereria ter um filho comigo? Uma ministra do governo e que tem acessos ilimitados aos códigos de nossa armada.

— Ainda por cima, um indivíduo “alomar” que não foi identificado.

Bridget terminou o raciocínio de Decrux e de Kara. 

— Merda!

Helga colocou os dedos nas têmporas, massageando-as, tentando dispersar a pressão latente que começou a se avizinhar.

— Sei que todas estão agindo emotivamente, tentando me convencer e não pensaram muito sobre o assunto, todavia acertaram no que tange à segurança. Um alomar não identificado é um risco enorme. Ainda mais se metendo com alguém do alto escalão.

Todas se calaram, esperando que a Ofaf decidisse. Helga inspirou fundo e, por fim, declarou.

— Muito bem. – Olhou para Bridget. – Está dispensada temporariamente de suas atribuições no Centro de Pesquisa e realocada na segurança.  Espere por novas ordens. Tenho que ir ao governo central e convocar o alto comando. – Virou-se para Kara. – Você é do alto comando e deverá ir comigo. Está preparada para apresentar esses arquivos para os ministros?

Kara se aprumou. Tinha consciência de que se quisesse que a captura do alomar ocorresse, deveria atender às normas. Não eram mais exilados e viviam numa sociedade colaborativa.

— Estou. Só peço para estar ausente no momento da projeção.

— Sem problemas. Acredito que o comando irá compreender. Agora vamos. Nosso almoço ficará para outra hora. – Helga se virou para Decrux. – Não se alegre por ter me convencido. A sua dispensa da nave de Brid está suspensa também. Trate de tirar a IA que foi instalada e assumir seu posto.

— Isso é repressão, sabia? 

Decrux falou irônica, e recebeu um beijo rápido da Olaf, fitando-a logo após.

— Não. Isso é articulação e não me diga que não gostou. Vi que morreu de ciúme por Brid colocar uma IA qualquer na nave.

— Você é minha esposa e não deveria me denunciar assim. Terá volta. 

Decrux respondeu com humor, levantando-se do sofá. Se aproximou de Bridget e bateu com força em seu ombro.

— Vamos para o hangar tirar aquela porcaria que instalou na nave. Nenhuma IA descerebrada ficará no meu lugar.

Decretou, rebocando a comandante para a saída.

***

 No hangar, a nave Decrux estava agitada. Operadores fazendo reparos e upgrades. Um grupo de engenheiros tentava instalar a nova IA sem muito sucesso. A complexidade dos conduítes que a subcomandante Decrux utilizava para atuar como uma IA orgânica, interferia na instalação de outra. A comandante ligara para seus oficiais e os acionara. Mesmo que não saíssem com a nave, aquele seria seu quartel general, para conseguir articular estratégias para a perseguição daquele “alomar”.

— Senhor Verner, qual a situação dos reparos da nave?

Bridget perguntou para o engenheiro-chefe de manutenção do hangar.

— Os reparos comuns estão concluídos, comandante, porém, a equipe de engenharia cibernética não conseguiu ainda “bypassar”1 a salvaguarda dos bio-conduítes para instalar uma IA comum.

— Não precisa mais. – Decrux falou, categórica. – Retornarei ao meu cargo. Peça para os engenheiros pararem o processo para que eu consiga acessar minha base de dados e chutar para fora todo esse lixo de programação da outra IA.

Bridget olhou para a amiga com uma de suas sobrancelhas elevadas, em repreensão. 

— Você é muito metida, Decrux.

— Não, não sou. Só odeio outras mentes atuando sobre o “meu” domínio.

A comandante revirou os olhos. Enquanto isso, o engenheiro chefe esperava pelas ordens da comandante.

— É metida. – Bridget retrucou. – Senhor Verner, faça o que a subcomandante pediu. Ela voltará ao seu posto.

— Sim, senhora.

— Depois, dispense todos.

— Não precisará dos operadores, senhora? Se sair com a nave, sempre é bom levar algum técnico de manutenção.

— Não sairei com a nave, apenas a utilizarei como um escritório avançado. – Voltou-se para Decrux. – Pode ser seu domínio, mas a última palavra sempre será a minha. – Riu.

Decrux já havia se ligado ao sistema da nave e fez com que todas as luzes externas fossem acionadas, cegando momentaneamente a comandante e os trabalhadores que estavam próximos. Desligou-as, rindo. 

— Metida. 

Outra vez Bridget retrucou, todavia sorriu. Estava feliz de ter a subcomandante e amiga de volta. Subiram a rampa de acesso e muitos trabalhadores, inclusive os engenheiros saiam. Tempos mais tarde estavam a sós na nave, esperando notícias da Olaf e, também, o imediato e a engenheira de comunicação, que eram as pessoas de confiança da comandante.

— Muito bem, magnânima! – Bridget implicou com Decrux – Que tal acessar a base de dados da segurança de Freya para vermos os alomares que se identificaram quando vieram para cá.

— Sabe que não posso, Brid. Também fui identificada e se nos pegarem, eu gerarei um problema grande para Helga. Não estamos mais fugindo para agirmos como proscritas. 

— E como acha que vamos pegar esse indivíduo, Decrux?

— Helga deve negociar a nossa inclusão no sistema de segurança. Seguiremos as normas. Além do mais, vocês mesmas disseram ser provável que o alomar conhecesse Kara mais intimamente. Não acredito que conseguiremos achar nada entre os alomares identificados.

Estavam na sala de reuniões da nave, sentadas à mesa. Bridget se levantou, caminhando a esmo, como se pensasse em algo.

— Consegue acessar o registro de quem trabalha na clínica de fertilização? É um registro público.

— Acredito que sim, entretanto, ainda estou limpando a programação que fizeram na nave. Meus dados estão uma bagunça.

— Não reclame. Da próxima vez, é só falar que está grávida e auxiliar na mudança de sistema. – Falou magoada.

— Sei que deveria ter lhe falado, desculpe-me, Brid. O fato é que me assustei. Não imaginava que pudesse ocorrer; e eu e Helga tivemos medo de que a gravidez não chegasse a termo.

— E daí? Sou sua amiga e não precisava passar por isso sozinha. Sabe que Kara conhece muito mais da sua fisiologia do que qualquer outro.

— Vocês também têm seus problemas. Não queria que Kara ficasse ansiosa, nesta fase do tratamento dela. No entanto, sei que agi pela emoção, coisa que não acontecia antes de minha fisiologia maturar completamente.  Hoje não sou mais uma composição de células e lógica, apenas.

— Tudo bem, eu entendo. – Bridget a consolou. – Ainda tento me acostumar com o seu lado emocional atuando, também.

— Pronto. Já estou inteira no padrão do sistema da nave. – Decrux avisou. – Vou projetar o quadro de funcionários da clínica.

— Já entrou no banco de dados deles?

— Deles não, fiz um link com a lista de cadastrados no Ministério do Trabalho. Ela é pública também.

— O alomar pode ser um trabalhador temporário, Decrux.

— Não importa, Brid. As empresas e entidades governamentais são obrigadas a informar, mesmo assim.

Uma projeção holográfica multidimensional iniciou no centro da mesa. Médicos-pesquisadores, assistentes, pessoal de apoio, todos as fichas iam passando, lentamente, à frente delas, como se flutuassem no ar. Decrux tentava avaliar a base de dados genética de cada um. Quando ela iria passar para um novo membro da equipe da clínica, Bridget pediu para parar.

— Retorne ao último arquivo.

Decrux atendeu ao pedido de Bridget. 

– Essa mulher é a assistente na clínica.  Kara falava muito dela, pois a mulher sempre a incentivava. Dava apoio até. Quando Kara estava na dúvida se tomaria os hormônios de indução nesta primeira fase de testes, ela se esforçou para que Kara continuasse. Foi quando, na semana passada, Kara tomou a primeira dose.

— Não consigo verificar nada além de uma análise superficial da genética dos funcionários. A base de dados do Ministério do Trabalho é rasa. Só descrição de marcadores genéticos e não o exame em si. Entretanto, o que falou tem lógica. Se Kara confiava nela, deve ter falado coisas a respeito da vida cotidiana de vocês, principalmente por conta da pesquisa. Além do que, um dia Kara me falou, que a clínica era criteriosa quanto ao histórico dos pretendentes à gestação. O acesso seria fácil para alguém como a assistente.

— Merda! – Bridget segurou o punho de sua arma no coldre, apertando-o. – Helga e Kara tem que conseguir nos colocar no Ministério de Segurança logo. Assim teríamos acesso ao mapeamento genético integral. A “alomar” pode estar longe, a essa hora.

— Não acredito, Brid. Naquela projeção que vimos, ela disse que queria um filho de Kara. Não conseguiu. Por tudo que fez para isso, não creio que desista tão fácil. 

Bridget fechou os olhos, consumindo-se em raiva. 

— Por quê?

— Como?

— Por que ela quer um filho justamente de Kara, Decrux?

— As emoções humanas são complexas, Brid. Ela pode simplesmente ter se apaixonado por Kara, ou então ser uma louca. Não saberemos até conseguirmos mais informações.

— Ela falou uma coisa que ficou na minha cabeça. Disse que Kara tinha uma genética ímpar. O que quis dizer com isso?

— Já analisei os marcadores genéticos de Kara e são de um freyniano típico. 

 O som da comunicação soou. 

— É Kara na linha.

Decrux informou e Bridget imediatamente atendeu.

— Coloque na tela. 

A imagem da engenheira-médica apareceu na tela da sala.

— Terminou, finalmente. Conseguimos convencer a cúpula a realocar vocês, temporariamente, para a segurança. Estão preocupados. 

— Ótimo. – Bridget respondeu. – Faremos da nave nosso escritório. Aqui Decrux tem mais possibilidades. 

— Então, me esperem. Me juntarei a vocês e temos liberdade para demandar equipes de segurança. 

— Estou novamente no comando da segurança?

— Não. Seria injusto com o Ministro Javer, entretanto conseguimos algumas concessões para trabalhar mais livres.

— Posso acessar a base de imigração e os mapeamentos genéticos?

Decrux perguntou.

— Sim. Está liberado para você, Decrux. Garanti isso na reunião. Helga está fechando os últimos detalhes com todos os ministérios.

— Kara, quero que Decrux escaneie você.

— Por quê? 

— Venha para cá e contaremos as nossas suspeitas.

— Mas…

— Venha, Kara, por favor!

A companheira de Bridget anuiu e desligou.


Nota: 

1 – Bypass é um termo inglês, já universalizado, que tem o significado de contornar, desviar, podendo também definir uma passagem secundária, ou dar a volta em torno de algo.

São muitas as utilizações do termo bypass, em diversas áreas de atividades.

2 – Espero que estejam gostando desse início. Já começou agitado!

Beijão



Notas:



O que achou deste história?

18 Respostas para Capítulo 2 – Estamos de volta!

  1. Que surpresa maravilhooooosa!!!!!!
    Fiquei uns dias desligada, e quando volto olha com quem me deparo! As personagens de ficção científica mais queridas da galáxia! Devo agradecer essas criaturas por terem continuado fazendo festa na mente de sua criadora, rsrs!
    E que enredo, ein!? Confesso que estranhei Brid querendo gestar e mais ainda sua reação digamos, mas “afoita” em relação ao “menino” de Kara. Mas jamais imaginaria não ser ela. Tomei um susto!
    E depois vi Brid sendo Brid. Cabeça dura e esquentada. Mas que bom que ela soube reconhecer e se desculpar. Situação difícil para Kara, além de ter sido violentada, ainda precisou que outros assistissem… quem será esse ser que quer ter um filho dela? E por que?
    caramba, que saudade eu estava desse povo!
    A sensatez de Decrux e as implicâncias dela e Brid, kkk

    Obrigada, Carol! Eu amo continuação de históricas incríveis.
    Beijão!

    • Oi, Fabi!
      Tava sentindo sua falta. rs Viu porque não pode ficar longe muito tempo? rs

      “Confesso que estranhei Brid querendo gestar e mais ainda sua reação digamos, mas “afoita” em relação ao “menino” de Kara” – Pois é, queria impactar mesmo e ver quem se atinaria com isso. rs Esse não seria muito o estilo dela. rs
      Todas estão de volta e prometo que se meterão em encrencas. Quanto ao ser que quer um filho de Kara, acho que no capítulo de ontem deu para mostrar alguma coisa. rs
      Valeu, Fabi e espero que consiga acompanhar. Sei que anda trabalhando bastante, mas é bom se distrair um pouquinho também.
      Um beijo grande para você!

  2. Mais um capítulo fioda kkkkk… Muita ansiedade pelo próximo e não posso deixar de dizer que Decrux é a melhor, Brid é a ogra de sempre e pq quê não deixar fluir? Mas a amo assim mesmo. Bjs

    • Oi, Blackrose!
      Como você está?
      Valeu pelo capitulo F*d*! rsrsr Olha, a Decrux para mim é uma das melhores também. Gosto demais dessa personagem e ela está sempre na estabilidade do grupo, seja pela forma de lidar com as situações, ou pelo humor. rs
      Quanto a “ogrice” de Brid, essa é a personalidade dela, não tem jeito, mas tem um coração grande e uma lealdade imensa também… Mas não deixa de ser ogra. kkkkk
      Valeu, Blackrose!
      Um beijão para você!

  3. Olá! Tudo bem?

    Diferentemente da maioria não curto muito capítulos longos — já li capítulos com mais de 10 mil palavras, quando a autora poderia dosar em partes menores sem perder a essência da história e do capítulo —, então para mim os seus estão perfeitos, na medida certa, mas como são muito bons, fica, realmente, o desejo de que eles sejam mais longos.
    Por enquanto, não precisa. Tudo está muito bem feito, escrito e conciso.
    Mais uma vez, parabéns!
    É isso!

    Post Scriptum:
    ”Expectativas são sempre angustiantes, a realidade nunca corresponde à nossa fantasia.”

    Martha Medeiros

    • Oi, Kasvattaja Forty-Nine!
      Comigo está tudo bem e com você?
      Então, concordo que muitas vezes capítulos longos se perdem. A verdade é que a gente tem que ver por onde anda a nossa linha de raciocínio para não se enrolar na trama. rs Mas entendo o que as meninas falaram. Tem alguns capítulos que prendem a gente e parecem ser menores. Que bom que esse foi um deles! rsrs
      Agradeço o carinho, Kasvattaja! Vejamos se o que o que postei ontem será esclarecedor e prenderá atenção também.
      Um beijo grande para você!

  4. Oi Carol,

    Tenho que concordar com a colega, o capítulo está tão bom que parece diminuto. Num instantinho acabou! Ansiosa pelos próximos.

    Abrs o/

    • Oi, Lins!
      Cara, devia estar mesmo, como falei para amiga lá embaixo, mantive o tamanho que costumo fazer. rsrs Não está menor que os outros, mas pra compensar, o que postei ontem, fiz um pouco maior, mas não é pra acostumar. he he he
      Brigadão pelo carinho, Lins!
      Um beijão!

  5. Sempre tive certeza de não ser uma pessoa curiosa… até este momento!
    CARAMBA! Por quê? O que ela tem de especial!?
    Tortura mental esperar até a próxima semana! Nestas hora… te odeio! kkkkkkàs vezes te odeio por quase um segundo..
    Bjs

    • Oi, Ione!
      Bem, acho que consegui responder nesse que postei. rsrs Acredito que tenha matado a curiosidade de todas. rsrs
      Ah, não me odeie… Faço tudo para divertir vocês. rsrs E para que fiquem curiosas, admito. he he he he
      Brigadão, Ione. Estar sempre por aqui é um alento e um insentivo e tanto para mim!
      Um beijão pra ti!

  6. Tenho que concordar com a amiga Nádia, de fato os capítulos estão muito pequenos. hahaha Quando a gente gosta precisa de 15000 palavras por capítulo, vc está muito econômica, Dona Carol.

    Acho que nem preciso responder se tô gostando, né?! hahha

    Bjão e até terça! Oh, sofrimento!

    • Que maravilha,Carol!! Um novo capítulo! Estive oscilando de humor e pensando em esperae passar uns 3 caps, porém, resolvi ler logo! Tava nervosa pelo que viria….
      Você ganhou dessa vez, eu n tenho nenhuma hipótesis pra genética ímpar de Kara….
      N sou de reclamar, mas foi tão bom ou foi bom e tb curto?!! Obrigada de qualquer forma, n é fácil escrever uma ideia e organizar tudo de forma que fique coerente!
      Tá fodástico como sempre!!
      Até martes que vem!!
      Beijão,Bi

    • Oi, Pregui!
      15000 palavras??!!!! Assim você quer quase a metade da história! hahahahaha
      Mas tudo bem, eu fiz o 3° cap maior para vocês, só não vão se acostumar einh? kkkkk
      De qualquer forma deixei outra bomba lá. rsrsrsrsrs
      Valeu, Pregui! Brigadão pelo carinho!
      Um beijão pra ti!

    • Oi, Lailicha!
      Legal que está conseguindo acompanhar, mas se cuida, einh? Não vai deixar a serenidade, ok?
      Bom, acho que nesse capítulo que postei você irá entender.
      Cara, acho que deve ter sido bom mesmo, porque eu escrevi um capítulo do tamanho que costumo fazer. rsrs E todas reclamaram. rs Mas pode deixar que caprichei mais um pouco no de ontem. rs
      Obrigada, Lailicha! Valeu pelo carinho de sempre!
      Um beijão pra ti e fica na paz!

  7. Tá mto bom, tanto q me parece diminuto, já entendi q
    qdo tá mto bom eu sempre acho os caps. pequenos… k k k

    Parabéns Carol, tá mto bom… mesmoooooo…

    Bjs,

    • Oi, Nádia!
      Diminuto foi ótimo! rsrs Não atiça o povo, Nádia, senão você me quebra. kkkkkkk
      Bom, mas só para não achar que tô economizando, fiz o que postei ontem um pouco maior, ok? rsrs
      Obrigadão pelo carinho, Nádia!
      Um beijão pra ti!

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