Caminhos em Dias de Luz

Capítulo 32 – O Que Você Faria em Defesa de seu Amor?

Capítulo 32 – O Que Você Faria em Defesa de seu Amor?

Texto: Carolina Bivard

carolinabivard@gmail.com

Revisão: Nefer

Ilustração: Táttah Nascimento


Nota inicial: Retirei as falas em francês para o texto ficar mais fluido. No entanto, lembrem-se que elas estão na França e subentende-se que as conversas com os agentes franceses são na língua nativa.


Laura amparou Alesha e viu um homem vindo em direção à elas. Em uma ação reativa para proteger a morena, Laura pegou rapidamente a arma e apertou o gatilho em direção ao homem, disparando vários tiros seguidos. Apesar de o homem ter caído no chão sem qualquer reação, Laura continuava a disparar até que não havia mais balas. Outro homem chegou por trás e segurou sua mão, falando serenamente.

— Calma. Ele já está morto. Vamos ver o que aconteceu com a Senhorita Mansur.

Laura largou a arma e segurando a agente em seus braços, caída no chão, voltou o rosto moreno para si.

— Meu amor! Fala comigo!

Sussurrando, Alesha falou.

— Não morri, amor. Estou de colete, mas com certeza estou com uma falta de ar dos infernos! — Tentou sorrir, mas a dor do impacto era enorme e gemeu com a dor.

Laura virou-se para o chefe da segurança.

— Temos que levá-la ao hospital!

— Não.

Alesha falou com um pouco mais de força.

— Não discuta comigo, Alesha Mansur!

A agente estendeu a mão, passando pelo rosto da loirinha.

— Amor, terei um grande hematoma que vai doer pra cacete, mas vou colocar gelo e à noite vou até jogar golf no videogame com aquela coisa de movimento que ele tem. Agora, você vai ficar quietinha e nós vamos sair daqui, antes que isso se encha com um monte de agentes que eu não conheço. — Alesha virou-se para Lefevre. — Ajude-me a entrar no carro, Senhor Lefèvre.

— Vou colocá-la no carro e minha filha irá dirigindo. Vá atrás com ela, Senhorita Elinor. Eu disse que só viria com quem confio. Essa daqui é minha filha Charlotte, ela é médica e verá se precisa e maiores cuidados. Seguirei o carro de vocês. Em Charlotte, eu confio.

Chegaram ao apartamento. Laura e Charlotte levaram Alesha para o quarto e a médica avaliou a extensão da lesão. O tiro pegou pela frente, na parte baixa das costelas e do lado direito. Uma grande área arroxeada se mostrava na pele da morena. A agente já respirava bem e apenas doía muito na região atingida.

— Você estava certa, Miss Mansur. Tome apenas analgésico e aplicação de gelo no local.

Ela despediu-se e avisou que iria ficar de prontidão, mas seu pai iria retornar para fazer as devidas investigações. Laura fez algo para comerem e deitou-se ao lado de Alesha. Estava tão exausta diante de tudo que aconteceu que adormeceu logo. 

A agente, por sua vez, não conseguia dormir, pois continuava muito preocupada com tudo que ocorreu. Às vezes cochilava, mas, ao menor barulho, despertava assustada. A manhã surgiu e as costelas já não doíam tanto, mas a cor do local estava escura.

“Mais uma para a coleção! Que droga! Por que me distraí daquele jeito? Simples, burra, nunca amei alguém como amo Laura! Então, se quiser amar até ficar velhinha, se liga!”

Levantou-se e foi fazer o café. Tomou um analgésico. Laura acordou e foi procurá-la.

— Não acha que está cedo?

— Depende. Pelo fuso do Brasil ou pelo fuso daqui?

— Do Brasil, ainda não me adaptei ao daqui.

— Estou muito preocupada, sofremos dois atentados em menos de uma hora.

— Gostei do Lefèvre e de sua filha.

— Você gosta de todo mundo.

— Você sabe que não. Tenho um bom julgamento de caráter.

— Só no trabalho, na vida pessoal você gosta de todo mundo.

— Você é uma implicante.

— E você é gostosa.

— Não sei como eu ainda dou corda para você.

— Você me ama e eu só implico com quem eu amo. Atualmente, só amo você.

Laura gargalhou.

— Você é muito canalha mesmo!

A loirinha abraçou a agente.

— Ai! – Alesha gemeu, com dor.

— Desculpa, amor! Você conversando aqui comigo, até esqueci isso.

— Não tem problema, é só esfregar minhas costas no banho que tá perdoada!

— Ah! Sua…

O celular de Alesha tocou. Ela atendeu e seu semblante fechou.

Alesha recebeu a notícia de que o pai de Laura fez um acordo. Estava irritada, pois soube por Lúcia que o canalha havia realmente feito um acordo para delatar pessoas que ele conhecia, em troca de diminuição da pena. 

Deveria conversar com Laura, pois não queria esconder nada dela, além de que, talvez, ele não ficasse detido para sempre. Não podia condenar seus colegas de trabalho; pois melhor abrandar uma pena e ter muito mais criminosos presos, do que ter apenas um e o resto da rede continuar em seu caminho de crimes.

“É, Alesha… O problema é que, quem está na baia nesse momento, é alguém que você ama. Fácil quando é com os outros, não é?”

— O que houve, Alesha?

— Seu pai fez um acordo.

A morena contou os termos do acordo e as consequências que, possivelmente, teriam estas ações.

— Antes vinte e cinco anos de prisão do que nada. Até lá, acredito que ele já deva ter pensado muito bem em tudo que fez. Outra coisa é o fato dele ter feito o acordo para denunciar a rede. Sei que foi por puro egoísmo, mas ainda assim a Interpol poderá ir atrás dessas pessoas.

— Eu quero tirar você daqui agora. Com o acordo, o julgamento será aberto apenas pro forma e você já está dispensada. Não precisará testemunhar. Possivelmente, não haverá mais atentados.

Alesha abraçou a loirinha e depositou um beijo carinhoso em seus lábios.

— Vamos voltar para o Brasil…

XGXGXGXG

No voo, Alesha descobriu por Naomi que o tipo de veneno que utilizaram na comida matava em segundos. A amiga relatou que Frontin pagara vinte mil euros para o garçom abrir a cápsula de veneno sobre a comida. 

Alesha chegou a desconfiar da amiga, mas Lúcia também se envolveu na investigação e disse, em particular para Alesha, que o único erro de Naomi foi atender ao telefonema de Frontin. 

Esse fato deixou a agente aliviada, pois detestava pensar em alguém tão próximo no qual deveria desconfiar. Além do que, gostava de Naomi. Fora uma amizade construída através dos tempos que passaram nessa missão.

 O avião aterrissou e Alesha já se direcionava para o estacionamento com Laura.

— Alesha. Espera.

Naomi corria ao encontro das duas. Falou baixo e sério para que Laura não escutasse.

— Preciso falar com você.

— O que foi?

Alesha se afastou para falar com a amiga.

— O pai de Laura foi encontrado morto. Estava no pátio da prisão. Morte por asfixia.

— Sufocado? Parece que o acordo não foi muito bom para ele. Eu sabia que isso poderia acontecer. A rede não o desculparia? Ele só fez esse acordo, pois era arrogante demais e estava com raiva da filha! Sabia que morreria pela traição, contudo, morrer se tornou atrativo em vista do que passaria na prisão. 

Alesha olhou para Laura que estava sentada no carro à espera.

— Você pode me condenar pelo que vou falar, mas… já foi tarde!

Naomi assentiu sorrindo e se voltou para ir embora, falando em seguida:

— Concordo, minha amiga! Eu concordo.

O corpo de Alcebíades Archiligias foi periciado e extraditado para que a família o enterrasse. Laura pagou as custas do funeral, mas comprou um jazigo diferente para enterrar seu pai. Não queria que fosse enterrado com honras e no mesmo jazigo de sua mãe e avós. Não avisou ninguém e não foi ao enterro. 

XGXGXGXG

Laura chegou cedo à casa. Jogou a bolsa em cima do sofá e já se encaminhava para a cozinha. Ultimamente, chegava cedo, pois o departamento jurídico da LH estava mais calmo e com a maioria dos problemas sanados.

Chegou ao portal da cozinha e ficou observando Ronan auxiliando Constância nos afazeres. Já tinham assumido o namoro, mas Constância sempre o afastava, quando Ronan avançava um pouco mais na intimidade. Dizia que ele estava muito “saidinho” e que intimidade com ela só após o casamento. Dizia também que não gostava desses namoros “moderninhos”, não. 

Lúcia e Amalie também estavam namorando; parece que, depois do jantar que Amalie fez para ela, a agente quase a pediu em casamento. Estava caidinha pela amiga. Laura mexia com Amalie perguntando o que ela havia posto na comida. Amalie sorria e respondia que a sobremesa é que tinha sido o grande segredo. 

Com isso, Amalie adquirira uma postura mais despojada e serena. A única coisa que ainda estava difícil de gerenciar era a aceitação de sua filha, mas aos poucos, a garota estava cedendo, pois Amalie sempre fora uma excelente mãe, magnífica mulher e Lúcia a auxiliava a contornar a situação. 

Laura vivia um momento de grande felicidade. Apesar de saber que, em épocas futuras, pudessem passar por problemas, afinal Alesha era agente da Interpol e, embora não estivesse em nenhum trabalho disfarçado, isso poderia acontecer em algum momento. 

Conversava muito com a morena e, também, com Constância para entender as nuances de seu trabalho para que, futuramente, isso não interferisse muito no relacionamento das duas.

Alesha chegou pé ante pé e agarrou-a por trás.

— Jesus, Alesha!

O grito de susto da baixinha levou Alesha às gargalhadas.

— Adoro pegar você, assim, distraída. Você se encolhe toda nos meus braços.

— Engraçadinha. Qualquer hora, eu vou é morrer nos seus braços!

Laura virou-se e beijou com carinho os lábios da morena.

— Vamos tomar um banho que, daqui a pouco, o jantar vai estar pronto.

Alesha olhou para dentro da cozinha e viu Ronan abraçando “sua Constância” por trás.

— Ronan está muito “saidinho”.

Laura olhou em direção à cozinha também, logo depois voltou a observar o olhar “matador” da morena. Fez uma expressão de divertimento, dizendo:

— E você é muito ciumenta. Eles estão namorando!

— Mas ele não precisa ficar cheio de mãos em cima dela. Ela não é “uma qualquer”!

— Ah! Então, pela sua lógica, eu sou “uma qualquer”! Porque, pelo que me consta, você fica cheia de mãos em cima de mim… — Deu um beijo estalado na agente.

— Não é a mesma coisa!

— Não?!

— Não! Você mora comigo, então é a minha esposa.

Laura sorriu.

— Pelo que eu sei, nós não casamos!

— Então, a gente vai resolver isso. Vamos fazer a nossa união, mas aí ele vai ter que casar com a Constância, se quiser ficar de abuso!

Laura balançou a cabeça sorrindo e puxou a morena pela mão.

— Vamos tomar um banho pra a gente poder jantar.


Nota final: Falta só mais um pessoal. Espero que estejam gostando do desfecho!

Um beijão no coração de tod@s!



Notas:



O que achou deste história?

6 Respostas para Capítulo 32 – O Que Você Faria em Defesa de seu Amor?

  1. Até que enfim esse monstro se foi. Laura deve ter ficado aliviada.
    Quer dizer então que o jantar de Amalie para Lucia deu resultado? rsrs Que maravilha! Torcia por elas.
    Alesha enciumada de constância, entendo perfeitamente, afinal ela é praticamente uma mãe para Alesha. Tem que ficar de olho mesmo kkkk

    Beijo, Carol

  2. Olá! Tudo bem?

    Encontrei na ‘net’… Cabe para o momento, acho…

    ”Hoje não! Se for embora, já foi tarde. Chega de perder meu tempo e desperdiçar tudo que eu me esforço tanto pra fazer bem com quem tá comigo olhando pro relógio. Se não tive do meu lado de corpo, mente e coração, te levo até a porta, te convido a sair. De coração, é um favor que me faz.

    Marcella Fernanda”

  3. Tomei um susto, porém fiquei aliviada que nossa Alesha estava com colete, já para o pai da Laura, só digo que foi tarde??.

  4. Até que enfim este encosto partiu, afff! Adoro finais felizes bem estruturados.
    Já estou ficando com saudades de alguns personagens, mas pronta para o último capítolo desta e ansiosa para a próxima.
    Valeu. Bjs

Deixe uma resposta

© 2015- 2020 Copyright Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem a expressa autorização do autor.