Caminhos em Dias de Luz

Capítulo 5 – Continuação…

Caminhos em Dias de Luz

Texto: Carolina Bivard

carolinabivard@gmail.com

Revisão: Nefer

Ilustração: Táttah Nascimento


 

Capítulo 5 – Continuação…

— Muito bem… Diga-me, você é diretora do jurídico; ele, diretor comercial; o Castelão, diretor do RH; o Fonseca, diretor do financeiro; o Rezende, da produção e o Sr. Arrais é o diretor geral. Quem está a seu favor e quem está contra você?

— O Fonseca está inteiramente ao lado dele; isso é claro para mim. O Castelão está a meu favor; o Rezende ainda não sei e o Sr. Arrais, bem, ele parece ser um homem justo, ele transparece que sua maior preocupação seja a empresa. Acredito que ele se incline sempre para o lado que faça a empresa crescer.

Nesse instante, bateram à porta. Laura levantou-se e destravou a porta, recebendo doutor Amino.

— Por favor, entre. Como vai, senhor Amino?

—  Eu estou bem; e a senhora?

Amino estava desconfortável, pois há muito tempo não era chamado na sala da chefia e, muito menos, na presença da diretora.

— Estou bem, mas não precisa me chamar de senhora; basta Laura.

Ele se aproximou e estendeu a mão para cumprimentar Amalie.

— E a senhora, como vai?

— Bem, doutor Amino. E o senhor?

— Estou bem, senhora Amalie.

Amino se sentou, no entanto ainda estava desconfortável e um pouco tenso. Laura iniciou a conversa.

— Dr. Amino, sabe que fui designada pela Amalie para chefiar o departamento, há pouco mais de dois dias. Bem, estou fazendo uma revisão dos arquivos antes de começar, efetivamente, a liderar. De qualquer forma, tenho uma formação um pouco mais voltada para a gestão do que propriamente para a área jurídica. Estive conversando com Amalie e precisarei de alguém com experiência na área jurídica para me assessorar.

Nesse momento, a expressão de preocupação no rosto do doutor Amino suavizou-se.

— Eu e Amalie queremos conversar com o senhor mais à vontade e expor nossa ideia. Gostaríamos de convidá-lo a almoçar, hoje, conosco em um lugar calmo em que pudéssemos falar sem interrupções. Poderia se encontrar conosco às 12:30 horas no estacionamento à duas quadras daqui?  É o estacionamento do mercado.

— Claro, senh…

— Shiii. Nada de senhora!

Amino sorriu.

— Pois não, Laura.

— Muito bem. Então estamos conversados, por agora. 

Laura se levantou com propriedade e se encaminhou até a porta, indicando que a pequena reunião tinha acabado. Amino se levantou, a acompanhando. Antes de abrir a porta, Laura voltou-se para Amino novamente.

— Gostaria de contar com a sua discrição em relação à nossa conversa e ao almoço de hoje.

— Claro, Laura! Pode deixar.

Amalie em nenhum momento intercedeu, apenas observou as atitudes de Laura. Ela sabia conduzir as pessoas com sutileza.

— Sabe de uma coisa? Eu estou muito feliz de ter te contratado. Você é suave na condução dos assuntos, sem perder a autoridade ou deixar de ser conclusiva. Está me surpreendendo, positivamente.

Laura sorriu, encabulada. Apesar de saber se colocar profissionalmente, não estava acostumada a receber elogios. Aliás, era uma coisa que dificilmente escutara, a não ser de sua mãe.

— Na realidade, isso eu tenho que agradecer à Bristol. Não é à toa que eles são consagrados como a melhor instituição no curso de Economia. Dos cinco anos e meio de curso, três anos fazemos laboratório em empresas multinacionais credenciadas por eles, para que os alunos já se formem com alguma experiência de mercado. Meus colegas de classe já saíram, grande parte deles empregados; mas eu queria retornar ao Brasil.

— Você teve proposta de emprego lá?

Laura sorriu.

— Sim. Cerca de meia dúzia de empresas. Pode me chamar de burra, eu não ligo; porém eu queria retornar, desesperadamente, ao Brasil, apesar de não ter mais muitas coisas que me prendessem aqui.

— Como não? E o império de sua família?

Laura esboçou uma cara de eto.

— Ora, Laura, é claro que eu sei quem é você. O nome Archiligias não é muito comum, não é verdade? E depois, fazemos negócios com as empresas de importação de sua família.

— Então…

— Não, não! Não te contratei pelo nome de família. Se fosse por isso, correria léguas de você. Não vê com o que estou brigando aqui na direção? Contratei, realmente, por seu currículo e por querer renovar as chefias viciadas. Não quero me atrelar mais a chefias de conhecido dos conhecidos. Quero competência! E como eu disse, não estou me arrependendo em nada.

Laura relaxou e sorriu.

— Bem, Amalie, lembrei mais duas coisas que precisamos fazer. Você tem o ramal da manutenção?

— Sim. É 4556. Por quê?

— Porque vou trocar agora mesmo a fechadura da porta desta sala.

Amalie anuiu em entendimento. Laura pegou o telefone e pediu imediatamente que a equipe de manutenção viesse até sua sala para trocar a fechadura. 

Queria que eles fizessem o serviço, antes do almoço. Desligou o telefone.

— Agora me diga quem são os chefes dos outros departamentos.

— Bem, basicamente, o que você está me dizendo é que, apesar do Castelão ser ao seu favor e o Rezende ser imparcial, os chefes dos seus respectivos departamentos foram indicados pelo Serrão e pelo Fonseca e a comissão da diretoria aceitou.

— Sim. Basicamente, é isso. Por isso eu tive, na última reunião de diretoria, que impor a mudança de chefia no departamento que eu coordeno. Senhor Arrais foi o voto de “Minerva”, pois o Rezende se absteve e o Senhor Arrais entendeu que, se eu era a diretora do departamento, eu deveria escolher quem me aprouvesse.

— Então, o Serrão perdeu um de seus comandos.

— Pois é…

A equipe da manutenção chegou e Zuleide queria impedi-los de fazer a troca na fechadura, alegando que não tinha sido informada. O chefe da manutenção, não querendo se complicar com a chefia, ligou diretamente para a sala de Laura. Ela havia dado permissão direta a ele para contatá-la nesse caso. Zuleide achou um absurdo ter sido “by passada” e perguntou a Laura que já saía da sala, acompanhada de Amalie.

— Senhora Laura, eu não estou acostumada a trabalhar assim e…

Zuleide foi interrompida por Amalie, severamente.

— E eu não estou acostumada a ver secretárias tirando satisfações com relação a ordens de seus chefes diretos. Era assim que funcionava o relacionamento entre você e seu antigo chefe?

Zuleide baixou a cabeça e, em seu rosto, demonstrava uma ira contida.

— Não, senhora Amalie.

— Então, que toda a ordem direta de Laura seja cumprida sem contestação!

Laura olhou imparcialmente toda a situação e acompanhou os trabalhos dos operários da manutenção de perto. Assim que terminaram a troca da fechadura, Laura pegou o molho com as duas chaves e colocou em seu bolso, não dando oportunidade para que outra pessoa tocasse. Agradeceu educadamente os rapazes da manutenção, dispensando-os, e virou-se para Zuleide.

— Irei para o almoço e não tenho hora para voltar.

Voltou-se serenamente para Amalie.

— Vamos?

— Sim, já está na hora.

As duas se encaminharam calmamente para a saída.

Amalie ligou para sua secretária, pedindo que remarcasse seus compromissos daquele dia e foram se encontrar com Dr. Amino. Passaram mais de duas horas conversando. Contaram a Amino a respeito das câmeras e o antigo chefe e sobre o que poderiam fazer para contornar a situação. Dr. Amino aceitou o cargo de assessor de Laura; havia simpatizado com a nova chefe. Apesar da pouca idade, achou-a justa e lhe pareceu competente. Estava contente também, por ter chamado a atenção positivamente para seu trabalho. Prometeu discrição para o caso e se empenharia em encontrar uma forma de contornar a situação, sem ônus para a empresa.

Laura se comprometeu em mostrar o sistema instalado no dia seguinte, pois iria ver um apartamento para alugar e não voltaria ao escritório naquele dia. A semana transcorreu sem maiores problemas, mas estava decidida a trocar de secretária. Não podia confiar em Zuleide, então não a queria perto de si. Amalie concordou, imediatamente.

Laura passaria mais uma semana no hotel, antes de se mudar para o apartamento alugado. Ainda havia trâmites a acertar com a imobiliária. Ao final da semana, estava exausta e, apesar das preocupações em seu novo emprego, não passou um dia que não acordasse e não se lembrasse da maravilhosa morena que havia conhecido na boate na noite anterior à sua saída de casa.

 Estranhamente, ela povoava seus pensamentos todos os dias, ao acordar e ao dormir. Lembrava-se das carícias, dos beijos e da voz quente e rouca, falando ao seu ouvido, naquelas poucas horas de deleite. Estava arrependida de ter saído tão abruptamente sem uma troca de telefones. Havia feito isso para evitar complicações futuras com seu pai e isso agora, parecia-lhe uma grande estupidez. Resolveu chegar ao hotel, tomar um banho e ir para a mesma boate da semana anterior. Quem sabe, por uma sorte do destino, não a encontraria?


Nota: Carnaval terminando e para aliviar a viagem de retorno do feriado, ou amainar a ressaca, um capítulo para vocês. rs

Espero que tod@s estejam bem e que o feriadão tenha sido prazeroso para tod@s!



Notas:



O que achou deste história?

12 Respostas para Capítulo 5 – Continuação…

  1. Começou a revolução ebaaaa!Torcendo muito para essa secretaria traíra desaparecer da empresa. É agora que vão se encontrar!? Capítulos são um horror, coloca logo a história toda rsrsrsrsrs.

    • kkkk A história toda não dá, pois senão, vocês receberiam capítulos muito tortos. rsrs Estou reestruturando eles. rs
      Essa secretária recebeu o que merece mesmo. rs As coisas vão ficar bemmm diferentes do que ela estava acostumada. rs
      Obrigada pelo carinho Ione!
      Um beijão pra ti

  2. Carol,

    Tá mto bom, mesmoooo…
    Quero ver qdo O encontro acontecer.
    Aí sim a coisa vai ficar bem boa…

    p.s. O povo procurando e Queiroz se esconde em Caminhos?? explique-se
    k k k

    • Oi, Nádia!
      O encontro não vai demorar a acontecer. rs Breve, muito breve. rs
      Cara, o Queiroz já estava aprontando em caminhos há uns dez anos, pelo menos. rsrs Agora o povo pode pegar ele! kkkkkkk
      Obrigada pelo carinho!
      Um beijo grande pra ti!

  3. Wow! Excelente!
    A Amale e a Laura colocaram aquela mulher escrota no lugar dela. hahahaha
    Adorei hahaha
    bj Carol

    • Oi, Meg!
      Cara, a Laura vai começar a colocar muita gente no seu devido lugar. rsrs Mas isso não quer dizer que não haverá confusão. rs
      Um beijão Meg e Brigadão!

    • Oi, Lailicha!
      Papai já está em casa novamente e graças aos céus está bem melhor. Obrigada!
      Está conseguindo relembrar da história?
      Hoje tem mais. rs
      Valeu pelo carinho de sempre, Lailicha!
      Um beijão pra você e sua esposita

Deixe uma resposta

© 2015- 2020 Copyright Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem a expressa autorização do autor.