Caminhos em Dias de Luz

Capítulo 2 – Conhecendo alguém

Caminhos em Dias de Luz

Texto: Carolina Bivard

carolinabivard@gmail.com

Revisão: Nefer

Ilustração: Táttah Nascimento


 

Capítulo 2 – Conhecendo alguém

A campainha tocou e quando Alesha abriu, Fernanda se jogou em seus braços.

— Sua cretina, sem vergonha e safada!

Fernanda abraçava Alesha fortemente e isso a deixou sem graça, perante a garota que entrava logo atrás dela. A amiga era tão alta quanto a própria Alesha, todavia era tão magra que ela conseguia rodear quase toda a sua cintura com apenas um braço.

— Vamos entrar?

Alesha se desvencilhou do abraço de Fernanda, dando passagem às duas garotas. Fernanda se voltou para a namorada sorrindo e apresentou as duas.

— Sheila, essa larva de cigarra encrustada, que você está vendo ao meu lado, é Alesha. Alesha, essa gata linda na minha frente é Sheila, minha namorada.

Sheila estava calada, mas sorriu com a apresentação da namorada e estendeu sua mão para cumprimentar. Alesha se sentiu mais à vontade e a cumprimentou também.

— Prazer.

— O prazer é todo meu. Entrem e vamos tomar alguma coisa, antes de sair. O que vocês acham?

— Bom, eu “tô” dirigindo e vai ficar ruim se a gente cair numa blitz…

— Vocês podem dormir aqui. Sabe que eu tenho um quartinho para os amigos… A gente pega um taxi.

— Eu não sei…

Fernanda olhou para a namorada.

— Podemos ficar, Fernanda, isso se quiser, é claro…

Alesha olhou para Sheila. Tinha gostado dela. Pelo visto, sua amiga tinha arrumado alguém que se importava com ela e com a sua opinião. Parecia uma mulher sem inseguranças pessoais e sem “tempo ruim” também.

— Está bem. Então, eu aceito o drink.

Conversaram riram e mataram as saudades. Sheila parecia ser realmente uma pessoa legal. Saíram às dez horas, jantaram em um restaurante próximo e depois foram para uma boate. Alesha já estava desacostumada com as noitadas, mas estava de saco cheio de ficar sozinha também. Eram as suas férias e ela deixaria que as coisas fluíssem. Chegaram relativamente cedo na boate e ainda tinham mesas disponíveis. Pegaram uma mesa e Alesha foi ao bar comprar bebidas.

— Um Gim Fizz e duas cervejas, por favor.

Enquanto Alesha estava no bar esperando suas bebidas, um incômodo a inquietou e sentiu um arrepio atravessando seu corpo, percorrendo sua coluna e se instalando na base de sua nuca. Jogou sua cabeça para um lado e para o outro tentando relaxar seu corpo. Foi trazida de volta à realidade pela voz da atendente.

— Aqui está. Mais alguma coisa?

Alesha olhou a atendente, pensando que, antigamente, eram mais simpáticas. “Bem, lidar com um bando de bêbados a noite inteira não deve ser nada agradável”, pensou.

— Não, obrigada.

Pegou suas bebidas e foi ao encontro de suas amigas na mesa.

— Já está enchendo…

— Ah! Para, Alesha! Deixa de ser velha. Você tem trinta e quatro anos, cara. Já sei que está incomodada com a multidão.

— Estou mesmo. Não me incomodo com multidão, mas me incomodo com falta de educação, agressão, abuso…

Estava desconfortável e não sabia por quê. Queria seu canto, ansiava até em ficar com alguém, mas achava tudo muito superficial.

“E por acaso não é isso o que eu quero? Um beijo na boca, talvez alguma coisa a mais se rolar, mas nada profundo, nada que mexa com meu pequeno mundo.”

— E quem vai abusar de você?

Fernanda ria.

— Fernanda, se lembra de quando eu falei que adorava dançar?

— Lembro.

Pela primeira vez, depois de Sheila tanto observar, ela emitia uma opinião enfática sobre algum assunto.

— Lembra que eu te disse que o que mais me incomodava quando a gente saía, não eram as cantadas, não era o aperto, mas sim o fato de que as pessoas, apesar de me verem com você, ainda ficavam pegando? Que eu te disse que conhecia muita gente que namorava e dizia que a mulherada caía em cima e não tinha jeito, era muita pressão e acabava rolando… O que você me disse?

— Que podia até acontecer. Podia até rolar uma insistência e, se houvesse algo realmente forte, não só no sentido de tesão, mas no sentido de entrosamento até poderia rolar algo. Só que quem tem o compromisso é que tinha que se resguardar. Mas o que é que tem isso a ver?

— O que tem a ver é que, o mesmo respeito que se tem pela namorada se tem por qualquer um… Muita gente está a fim só de zoar, mas estamos todos juntos no mesmo espaço, então se você não tá afim só de bagunça, está só querendo curtir a noite, isso incomoda. Porque tem gente que não tem nenhum senso. E hoje acho que a Alesha pensa mais ou menos como eu. Os incomodados que se mudem, e a incomodada da noite no caso, é ela.

— Ei! Ei! Ei! Espera aí! Não aconteceu nada até agora para Alesha se incomodar com qualquer coisa, tá!

— Ei, gente! Está tudo bem… Foi só um mal estar, ok?!

— Mal estar?! Você está sentindo alguma coisa, Alesha?

— Não, não se incomode. No bar senti um calafrio, mas já passou. Acho que você tem razão. Tô há tanto tempo sem sair que a multidão está me deixando nervosa.

— Só relaxa e aproveita.

Alesha passou a observar a multidão dançando, bebendo e se pegando. Estava ficando alterada por conta da bebida que tomaram em casa, no restaurante e, agora, a segunda ou terceira dose da noite, após chegarem na boate.

Droga! Tô com tesão enrustido, tô ficando doida e mesmo assim não tô no clima! Qual é?!

Fernanda e Sheila foram para a pista e Alesha estava entretida em seus próprios pensamentos, quando uma pessoa a interrompeu. Ela olhou para cima e era uma das atendentes rabugentas.

— Mandaram isso para você.

Alesha olhou e viu que era o mesmo drink que ela bebia, Gim Fizz. Ela segurou o braço da atendente.

— Quem mandou?

A atendente olhou para ela com mais apuro.

— Se eu tivesse te visto direito antes, diria que fui eu…

Alesha ainda segurava o braço da atendente, esperando-a identificar a sua admiradora.

A ajudante se conformou com o silêncio e apontou para esquerda do bar, pouco depois do caixa. Alesha olhou e viu uma garota de uns vinte e três ou vinte e quatro anos.

“Meu Deus! Essa menina deve ter dez anos a menos que eu!”

Olhou com mais acuidade e percebeu que suas roupas eram mais contidas, nada muito extravagantes, mas de muito bom gosto. Usava uma calça jeans escura bem ajustada ao seu corpo. Botas de salto fino e uma blusa creme de alças finas, com alguns pequenos e poucos fios dourados que davam um ar de elegância ao conjunto. Ela estava com a cabeça baixa e seu drink apoiado no balcão do bar. Não olhava para Alesha. Não olhava para quem ela tinha enviado o pequeno agrado.

Ela é interessante, mas por que ela não olha para mim?

Estava desacostumada com esses jogos e ficou apreensiva quanto ao que fazer. Continuou olhando-a e observando seus gestos e semblante. A luz do bar incidia diretamente sobre as pessoas que estavam apoiadas no balcão, permitindo que ela observasse bem a garota. Tinha os cabelos loiros, curtos e repicados, um colo alvo, a boca delicada, mas rubra como uma rosa. Usava uma maquiagem só para delinear seus olhos verdes e demarcar a face angelical. Prendeu seus olhos naquela imagem maravilhosa e um calafrio percorreu seu corpo, novamente.

Que mulher linda! Eu posso ser ranzinza, mas, definitivamente, eu não sou burra.

Alesha se levantou e foi ao encontro da garota que se dignou a pesquisar qual era o seu drink, para lhe lisonjear. Aproximou-se devagar, meio desajeitada para a abordagem.

— É… Obrigada.

A loira elevou a cabeça em direção aos olhos de Alesha. Perdeu-se no magnetismo dos olhos azuis intensos da mulher morena.

Deus! O que é isso?! – A loura pensou.

Depois de alguns segundos, balançou ligeiramente a cabeça para acordar do pequeno torpor provocado pela bela mulher, sorriu.

— Não há de quê.

— Hum… É… Você vem sempre aqui?

A loura sorriu.

Que coisa idiota para se falar, Alesha!

A morena se auto recriminou pela fala tão tosca.

— Desculpe, eu… eu acho que estou desacostumada.

Alesha balançou a cabeça, pensando que a partir dali, ficaria com a boca fechada, visto que a gagueira tomou a fala vacilante. Faria um favor a si mesma, se não falasse mais nada.

— Desacostumada com que? Certamente, não sou a primeira mulher a te pagar uma bebida.

Mas foi a mais bonita e a que se interessou em descobrir o que eu bebia. – Pensou.

— Não. Mas tenha certeza de que foi a primeira depois de um longo tempo.

Alesha respondeu. Sorriu e estendeu sua mão, cumprimentando a loura.

— Meu nome é Alesha.

— É, eu entendo o que você diz. Parece que as pessoas não se interessam muito em se apresentar hoje em dia. É mais na base do “puxa e beija”. – A loira falou sorrindo e estendendo sua mão para Alesha. – Meu nome é Laura.

— Prazer, Laura, você quer sentar um pouco à minha mesa?

— Só por alguns minutos, não vou poder ficar muito. Amanhã tenho que acordar cedo.

A tática do puxa e beija não me soa tão ruim agora, pelo menos eu saberia como é o sabor dela.

Laura quase sorriu diante de seus pensamentos.

— Amanhã? Amanhã é domingo!

— É, mas vou começar a trabalhar em uma empresa na segunda-feira e preciso ver algumas coisas, antes de assumir.

— Mas ainda tem um tempinho para ficar, não é?

Laura encarou, novamente, Alesha nos olhos e notou ansiedade.

Deus! Esse olhar… Esse rosto… Os gestos dela… É uma mulher fascinante! Se eu não estivesse tão determinada em não arrumar mais uma confusão com meu pai, adoraria conhecê-la melhor.

— Claro! Posso ficar mais algum tempo. Infelizmente, não muito tempo.

Começaram a conversar amenidades e Alesha se admirou, quando a sua companhia mencionou que tinha cursado uma das melhores faculdades de economia do mundo.

— Bristol? Você fez o curso de Economia, Finanças e Gestão de Bristol?

— Sim.

Laura falou um pouco sem graça, pois com toda a sinceridade não esperava que alguém naquela boate pudesse perceber a relevância desse curso na área de finanças e economia. Para os amigos esnobes de seu pai, ela já estava acostumada com esses arroubos, mas ali?

Alesha percebeu certa inquietação da garota e resolveu dissimular seu surto de entusiasmo.

— Bem, certamente, você não ficou muito tempo sem emprego quando voltou ao Brasil. Seria uma burrice uma empresa não a empregar com esse currículo.

Laura simplesmente sorriu. Não gostava daquele assunto. Estava recém-formada e queria começar sua vida profissional com calma. Queria mostrar sua competência e não só um diploma de um curso confiável. Já bastava seu pai tê-la impingido praticamente ao exílio de anos fora do país, por conta de um castigo agregado à sua vaidade perante seu meio social. Baixou a cabeça, praticamente, declarando aquele assunto extinto.

Alesha percebeu sua resistência em falar sobre a sua formação e mudou rapidamente de assunto, pois essa garota tinha a atraído e muito! Não queria desperdiçar a oportunidade de conhecê-la.

— Bom, vamos deixar as coisas de trabalho de lado, afinal estamos no fim de semana, não?

Alesha levantou seu copo para um brinde conciliador. Laura olhou-a intensamente, percebendo que havia deixado transparecer seu desagrado em relação ao assunto. Levantou seu copo para o brinde, sorrindo.

— Obrigada.

— Não há de quê.

Fernanda e Sheila retornaram à mesa e Fernanda não pode deixar de transparecer sua alegria, ao ver a amiga sentada com uma gata daquelas.

— Uau! Oras, se não é minha amiga reclusa colocando as garrinhas de fora! Você pode sumir de circulação, mas não perde o toque, né? Quem é essa gata que você pegou?

Sheila apertou o braço da namorada, para chamar-lhe a atenção.

— O quê?! Não fiz nada!

Alesha estava completamente vermelha de vergonha e Laura sorria com a expansividade da amiga dela.

— Primeiro, Fernanda, eu não “peguei”. As pessoas podem conversar sem se “pegar”. E segundo, não sei que toque é esse de que você está falando.

Laura continuava rindo com a discussão das duas, enquanto observava as amigas de Alesha sentarem à mesa. Achou uma gracinha a carinha enfezada da grandona a seu lado e resolveu dar corda para que as amigas falassem um pouco mais dela.

— Então, ela era uma pegadora e agora está reclusa?

Alesha olhou para Laura e depois para Fernanda com um ar de desaprovação, já prevendo que a amiga a colocaria na “baia” para sacaneá-la.

— Bem… Não digo que ela foi realmente uma pegadora, acho que estava mais para ser pega, até porque, na época da faculdade, ela não precisava se esforçar muito. A mulherada “caía matando” em cima dela, aos montes! – Gargalhou Fernanda.

Alesha ficou mais sem graça ainda e olhava quase atirando para matar sua amiga com os olhos. Já Laura, divertia-se com a situação.

— Então, é isso? Eu sou mais uma garota que se interessou por você?

Laura olhou dentro dos olhos azuis translúcidos de sua acompanhante e ficou embevecida, presa naquele céu de emoções.

Deus! Que olhar maravilhoso! Que rosto lindo! Que gata! Não me admira que a mulherada ficasse em cima dela. – Laura pensou.

Alesha devolveu o olhar se perdendo no verde intenso de sua interlocutora.

Mas nem em um milhão de anos, nenhuma delas era tão interessante e linda como você.

Assim como a outra, Alesha se perdia nos pensamentos de admiração.

— Mas como minha querida amiga falou…

Alesha lançou um olhar de reprovação para Fernanda, que fingia não perceber, entretanto se divertia com a situação.

— … Hoje sou uma mulher reclusa e não tenho mais essa suposta mulherada em cima de mim.

Fernanda soltou uma gargalhada. Como sua amiga podia ser tão introspectiva, tão acanhada e conservadora em algumas atitudes?!

— Suposta, não, minha amiga. Isso eu não inventei. Você tinha a mulherada caindo em cima e eu morria de inveja. – Fernanda riu mais uma vez e se virou para sua namorada. – Vamos dançar?

— Acho melhor, amor, senão você acaba com Alesha!

Todas riram, inclusive Alesha. Estava sem graça, todavia sabia que, de todas as amigas, apesar de Fernanda ser altamente extrovertida, era uma boa pessoa.

Alesha tomou um grande gole de sua bebida e ficou olhando para frente, para a multidão. Estava um pouco sem graça e seu corpo dava sinais de querer extravasar sua libido, contida há muito tempo.  A loirinha estava ao seu lado e não parava de observá-la. Seus sentidos conseguiam perceber o delicioso perfume que emanava da sua acompanhante.

Perfeito. Na medida certa.

Ele recendia suave, dando uma sensação gostosa de banho recém-tomado, sem ferir o olfato, como acontecia com algumas mulheres que erravam na dose do perfume.

Os pensamentos de Laura também estavam em um turbilhão. Tinha bebido um pouco além da conta e não parava de pensar em como aquela morena devia ser gostosa de beijar, de abraçar. Pelo que observou, ela era introspectiva e talvez não tomasse a atitude. Sabia que não podia se enfiar em um relacionamento tão cedo, pois estava em pé de guerra com o pai.

Mas quem falou em relacionamento? Eu estou numa boate e supostamente não é só beijar na boca e ser feliz?

Laura colocou seu copo na mesa e se virou para a morena que se mantinha em silêncio e concentrada na pista de dança. Laura pousou seus dedos no queixo da morena atraindo a atenção para si. Os olhos se fitaram em apreensão. Laura aproximou seus lábios e sussurrou próximo aos lábios da morena.

— Me deixa ver se a mulherada tinha razão em cair em cima de você…

Os sentidos de Alesha se aguçaram mais e ela agarrou a nuca da loirinha, arrebatando-a para um beijo sedento. Suas bocas se consumiram abrasadoras. As línguas passeavam entrosadas e beligerantes. O sabor acariciava e instigava os sentidos das duas amantes. Sentiram-se excitadas com os beijos intensos e harmônicos.

Laura foi envolvida por braços longos e aconchegantes, enquanto as suas mãos passeavam por cabelos negros macios, acariciando distraidamente o couro cabeludo da morena e despertando mais e mais desejos. Alesha puxou a loirinha para o seu colo a envolvendo por completo, deixando que suas mãos acariciassem as costas. Laura estava em brasa. Esse foi o começo de sua grande dor de cabeça com seu pai, pois o que ela achou ser um simples beijo em uma mulher qualquer, numa boate, transformaria sua vida para sempre e ela ainda nem sabia.

Depois de algum tempo se perdendo em beijos e carinhos, uma grande tensão sexual se acumulava nas duas mulheres e Alesha perguntou a Laura se ela queria acompanhá-la em um lugar mais reservado. Já estava subindo pelas paredes. Laura se apartou, demonstrando visível desconforto.

— Eu realmente não posso, Alesha, desculpe. Eu tenho que ir embora e já está muito tarde.

Ela se levantou devagar, deixando a morena visivelmente atordoada. Já de pé, aproximou novamente seus lábios e sussurrou:

— A mulherada tinha razão em cair em cima de você.

Selou a boca da morena tão suavemente em contraponto aos beijos anteriores, que Alesha se perguntou se estava, realmente, sendo beijada. Laura saiu, calmamente, deixando-a tão atônita, que não raciocinava sobre o que aconteceu.

Eu nem peguei o número do celular dela!

Levantou-se rápido e tentava se desvencilhar da multidão que se fechava à sua frente, tentando alcançar a loura. Chegou à porta e pediu para sair um momento e quando chegou na rua, não conseguiu mais divisar a garota de gosto bom, cheiro suave e pele delicada.

Essa era a sensação que seu corpo experimentava dos momentos anteriores. Voltou à boate para encontrar as amigas e pedir para irem embora. Estava desolada e decepcionada consigo, por ter se colocado na defensiva perante Laura, assim que se apresentaram. Devia também ter percebido que, apesar dos beijos intensos, a garota não a deixou avançar mais do que carícias em seu abdômen. Não deveria ter sido tão grosseira. Chegou próximo à mesa onde suas amigas estavam.

— Ué? Cadê a garota? – Perguntou Fernanda.

— Foi embora. – Alesha falou de forma seca. – Podemos ir embora também?

— Claro, Alesha.

Sheila respondeu, levantando-se e pousando a mão no braço de Fernanda para que ela não retrucasse.

Pegaram um taxi na porta da boate e seguiram caladas até a casa de Alesha.

Quando chegaram, Sheila foi tomar um banho para dormir. Fernanda e Alesha foram para a sala tomar a saideira, a pedido de Fernanda. A morena não estava para muita conversa, todavia, Fernanda não ligava para os retraimentos da amiga.

— O que houve? Vai me contar ou vou ter que te azucrinar a noite inteira.

Alesha contou o que aconteceu entre elas com certo ar de desolação.

— Vai ver ela tinha pressa de ir embora mesmo. Ela não disse que ficaria por pouco tempo?

— Mas eu nem peguei o celular dela!

— Quem se pega numa boate e troca número de celular hoje em dia, Alesha?

— O problema é que agora “tô de fogo” e sei  que não vou conseguir resolver o meu problema sozinha. E depois, eu gostei da garota, a achei legal. Por acaso existe alguma regra que diz que, se pegar em uma boate, você não pode conhecer?

— Claro que não.  Só que hoje em dia, a mulherada vai à boate pra pegação mesmo.

— Pelo visto, não era o caso dela. Ela correu! Ou então eu sou muito ruim mesmo!

— Alesha, fala sério! Você acha que ela foi embora por que não gostou?

— Eu não sei… Foi muito estranho.

— Olha só. Você está de férias, é uma gata e pode ir à boate todos os dias da semana e dormir até não poder mais. Vai rolar um monte de gatas até voltar a trabalhar e, quem sabe, não a encontra novamente.

Fernanda calou-se por instantes e vendo que a amiga se fechara, continuou a consolá-la.

— Você está há um tempão sem sair e nunca foi assim. Quando nos conhecemos, se divertia muito e não deixava passar nem barata. Relaxa um pouco. Vai à praia, saia à noite, aproveita! Só isso, sem cobranças.

Alesha suspirou. Sabia que Fernanda estava certa. Não tinha compromisso com nada, durante duas semanas inteiras. Podia fazer o que bem entendesse.

— Ok! Você venceu. Eu não sou uma merda e a garota, apesar de gostosa, é maluca.

— É isso aí!

As duas riram e foram se aprontar para dormir.

Alguns dias se passaram e, mais relaxada, Alesha deixou se levar pela vontade de fazer aquilo que bem quisesse. Tinha dias que ficava até tarde lendo ou passeando pela internet em sites já conhecidos; no dia seguinte, pegava uma praia, almoçava e depois descansava, antes de ir para a academia. Porém, alguma coisa estava fora do lugar.

Não passou um dia sequer, sem que não pensasse naquela garota de sorriso elegante, beijo delicado e, ao mesmo tempo, quente. Era como se o corpo dela tivesse se moldado ao seu, naqueles momentos na boate e tivesse gravado uma inscrição etérea em sua aura. Levantava todo dia com a sensação do aconchego do abraço daquela menina, da qual só conhecia o primeiro nome: Laura.

 



Notas:



O que achou deste história?

8 Respostas para Capítulo 2 – Conhecendo alguém

    • Sensacional!!!
      SPOILER ..N LEIAM
      Essa é a estória da tal flor q vc uma vez perguntou o q eu achava?Essa Laura me parece conhecida…??
      Adorando!!
      Alesha terá uma supresa já já…acho q começoa lembrar, mas as estórias se misturam em mimha cabeça..me respoda,porfi,assim n vazo informação tentando advinhar s
      Se li ou n…
      Beijão

    • Oi, Lailicha! rsrs
      Olha, eu sei que você leu e deu alguns “panos pra manga” nas nossas conversas, mas eu mesma não lembro quais foram! rsrs Lembro que gostou. Lembro que conversamos sobre ela, assim como em “Em Qualquer Lugar”.
      Como era bom o ORKUT! rsrs A gente conseguia conversar de verdade sobre as histórias, né? rsrs
      Futuramente colocarei as duas fanfiction clássicas da Xena. Aquelas que me iniciaram na escrita. rs Você se lembra? rs
      Um beijão, Lailicha!

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