It´s a love story, baby, just say yes

Capítulo 13: Giovanna POV

Eu tinha convencido o Theus da gente ir fazer a trilha hoje, a gente fazia de vez em quando, mas dessa vez eu quis ir só eu e ele, mais ninguém, estava sentindo falta do meu irmão, mas também estava com culpa por estar desejando a namorada dele. Que merda eu fui me enfiar, sério mesmo!

Saímos cedo de casa, era umas 7 da manhã pra não estar lotado lá e no caminho fomos arrancando os casacos hahah, “inverno” daqui era assim, frio de manhã e à tarde um calorão, mas valeu a pena pois chegamos lá e tivemos aquele visual todo e meio vazio ainda. Ele pediu pra tirar uma foto nossa pra mandar pra Mari, fui né? Ele mandou a foto pra ela e ficou lá conversando com ela, sentei ali observando a vista e meio viajei.

– Tá tudo bem, pin?

– Tá sim. – o olhei e sorri, ele sorriu de volta.

– Essa sua ideia de virmos foi muito boa, estava com saudades de vir aqui….- sorri pra ele- A gente vinha direto né? Por que paramos mesmo?

– Não sei, Theus. – o olhei ao falar, eu não sabia mesmo. A gente vinha muito com o tio Jorge quando éramos mais novos- Mas eu estava com saudades de vir aqui, com você. – ele me sorriu- Sinto sua falta, agora você só quer saber de namorar….

– Ai que absurdo. – ele riu ao falar e acabei rindo também, eu estava só brincando- Você sabe que você vai continuar sempre sendo minha preferida! – ele me abraçou e deitei a cabeça no ombro dele enquanto eu olhava a vista e me sentia mais culpada ainda- E não pensa que eu não vi não tá, você e essa Nina aí. – o olhei e ele estava sério, consegui perceber mesmo ele de óculos escuros.

– Você nem tem mais ciúmes de mim, Matheus, para de graça. – brinquei e ele só balançou a cabeça.

– Vocês estão namorando?

– Não. – o olhei ao falar.

– Acho bom.

– Por que?

– Porque você está muito nova pra namorar.

– Você é mais novo que eu e está namorando. E fora que já namorei antes.

– O Ben? Ah, ele nem conta né, pin hahah. – acabei rindo também, até hoje não sei porque aceitei namorar ele, durou uns três meses hahah.

– E você é minha irmãzinha, eu tenho que cuidar de você. Qual é dessa Nina aí? – eu ri alto e ele deitou na canga apoiando a cabeça nas mãos.

– Eu não to namorando com ela.

– Mas vai? – ele me olhou e eu estava sentada ainda.

– Provavelmente não. – respondi e suspirei, deitei a cabeça na barriga dele, ficando meio de lado.

– Por que?

Porque eu não tiro a sua namorada da cabeça…

– Aposto que ela quer. Também quem não ía querer? Uma gata dessas….- eu ri comigo mesma.

– Pensei que você não quisesse que eu namorasse….

– Não quero mesmo, mas fazer o que?

– Matheus, deixa de ser ciumento! – dei um tapinha na barriga dele brincando.

– Eu to só cuidando de você….

– Sei. – ri sozinha e me lembrei de quando éramos menores que ele sempre teve ciúmes de mim e da Gabi, às vezes ele ficava chorando quando eu brincava com alguém que ele não conhecia hahah, era fofo.

– Que foi? – ele perguntou porque eu acabei rindo ao lembrar.

– To lembrando de você pequeno, que tinha ciúmes de mim e da Gabi.

– Ainda tenho. – ri alto e o olhei, ele nada disse, apenas riu- Não tenho culpa de ter duas irmãs gatas.

– Hahahaha. – nisso ouvimos uns barulhos, olhei pro lado e tinha chegado um pessoal, ele passou o braço pela minha cintura automaticamente, ri sozinha da proteção dele. Eu achava bonitinho porque não era sufocante e ele não era machista, ele só achava que tinha que cuidar da gente….- Eu fico imaginando se um dia nossas mães se separassem, você ía alucinar elas se arranjassem outras pessoas né?

– Elas não vão se separar! Eu hein, que ideia.

– Eu sei, eu também acho. – o olhei- Mas só to falando….

– Não ía mesmo aceitar mais alguém lá em casa, seria estranho.

– Seria bastante.

– Mas elas não vão se separar, elas são tipo alma gêmeas, sei lá…. Elas se amam ainda.

– Eu sei. – me virei de barriga pra baixo ficando de frente pra ele- Eu acho isso muito louco, elas estão casadas há mais de 20 anos hahaha.

– É sim, quase 25 anos é muita coisa, se formos pensar né….

– Muito louco! – fiquei olhando pro nada meio pensando em tudo.

– Você não se vê casada assim? – ele me olhou.

– Não sei. Você se vê?

– Não sei….quem sabe. – o olhei surpresa e ele sorriu- Por falar nisso, lembra que aquele dia fui te perguntar da Mari? – só de ouvir o nome dela já me senti tensa e voltei pra minha posição inicial.

– Sim. – respondi deitada.

– Nós conversamos…- ele parou de falar, não sei se estava esperando eu falar algo mas eu não ía falar nada- E quase rolou outro dia….

– O que? – mordi o lábio inferior ao perguntar com medo da resposta.

– Quase transamos, mas ela parou o que eu achei até bom porque quero fazer algo especial. – não consegui falar nada, senti meu coração apertado- Você podia me ajudar né?

– Em que?

– Fazer algo especial….você é mulher, entende melhor dessas coisas….- não falei nada mas ele insistiu- Me ajuda?

– Uhum. – foi só o que consegui responder. Eu nunca mais ía ter paz imaginando os dois agora. Que droga!

Ainda bem que o assunto morreu, logo depois resolvemos descer pois já era umas duas da tarde e estávamos ficando com fome. Almoçamos ali perto mesmo e então fomos na direção do ponto de ônibus.

– A Mari está lá esperando a gente. – quando ele falou isso, o olhei- No ponto.

– Por que?

– Porque ela não quis ir lá pra casa sem a gente lá. Nós vamos sair. – só balancei a cabeça. Essa tarde que era pra aliviar mais a minha cabeça, só me deixou mais culpada ainda.

Fui o caminho todo em silêncio, assim que o ônibus parou a vi encostada no muro, ela não me viu, estava mexendo no celular. Nós descemos e foi na hora que ela levantou o olhar, mesmo nós duas de óculos escuros eu senti um arrepio quando nossos olhares se cruzaram. Ela estava linda com um vestido preto e branco meio soltinho, o Matheus se adiantou e foi até ela lhe dando um selinho, virei o rosto e quando eu fui a cumprimentar percebi ela meio sem graça.

– Vamos? – Matheus falou e então caminhamos esses poucos passos até lá em casa.

Assim que entramos eu já dei logo a desculpa que ía tomar banho pra sair dali, na verdade não era desculpa, eu ía tomar, mas eu queria sair de perto dela. Demorei um pouco no banho pois eu lavei o cabelo, estava secando o cabelo ainda quando ouço batidas na porta, falei pra entrar e era minha mãe Anahi.

– Oi filha. Como foi o passeio?

– Foi ótimo. Já ía lá falar com vocês….

– Sua mãe saiu, foi no shopping com a sua vó.

– Ah tá. E por que você não foi também?

– Sabe que não dá muito certo eu sair com a sua vó pro shopping. – eu ri, a mãe da minha mãe Dulce era meio estranha em algumas coisas, ela era meio sem paciência hahah. Ela também riu- Você está bem, filha?

– To ué, por quê? – larguei a toalha lá e fui pro quarto, ela estava sentada na minha cama.

– Não sei, às vezes você parece meio distante, aérea….

– Nada a ver mamãe, to bem. – me sentei ao lado dela na cama ao falar.

– Tem certeza? – a olhei e fiz que sim com a cabeça- Se tivesse algum problema você me contaria né?

– Claro. – sorri ao responder mas eu jamais poderia falar né?

– Ok. Então deixa eu te perguntar uma coisa. – balancei a cabeça- Você e a Nina….vocês…estão juntas? – eu ri antes de responder.

– Não. Por que todo mundo pergunta isso?

– Que todo mundo?

– O Theus, a Mari….

– Seu irmão é protetor com você, sabe disso.

– Sei. Culpa sua. – falei brincando e ela riu também- Ficava mandando ele cuidar de mim quando era menor.

– Ainda falo meu amor, vou falar sempre, assim como eu peço pra você cuidar dele. – eu sorri porque era verdade- Mas não muda de assunto não, quero saber da Nina.

– Não tem nada pra saber mamãe, não temos nada.

– Tem certeza? Porque aquele dia que ela veio aqui em casa pra vocês ensaiarem quando eu entrei no quarto tive a impressão de ter atrapalhado algo….- ela ficou me olhando como quem diz: sei o que você está escondendo. Acabei me enrolando e abaixei a cabeça meio sem graça.

– Não temos nada….sério. – a olhei no fim da frase- A gente ficou mas só isso.

– Você gosta dela?

– Gosto. Mas não assim desse jeito, ela é legal e tal, mas não temos nada. Pode ficar tranquila….

– Eu sei que você não vai fazer nenhuma bobagem, eu confio em você. Só quero que se cuide.

– Confia?

– Claro, Giovanna.

– Não sei, às vezes parecia que não…. Que nem na história da banda.

– Isso é outra coisa. – ela se levantou ao falar e fiquei a olhando- Não é falta de confiança, eu só conheço um pouco esse meio e sei como as coisas são, só tenho medo de você se decepcionar ou se machucar….

– Mas você não pode me proteger de tudo, mamãe.

– Posso tentar e pode ter certeza que farei isso, tanto com você quanto com seus irmãos. Não fica brava comigo, quando for mãe você vai me entender….- sorri e me levantei a abraçando.

– Eu sei mamãe. Mas pode deixar que não vou fazer nada de errado e no dia que eu for namorar a Nina ou quem for, eu aviso ok? – ela sorriu.

– Ok. Mas pode demorar mais né? – eu ri- Ainda to me recuperando daquele Ben.

– Ele era legal….- falei e ela revirou os olhos, ri mais ainda.

Ouvimos batidas na porta.

– Entra. – falei e a porta se abriu e era a Mari, minha mãe quem falou porque eu petrifiquei.

– Oi Mari, entra. Vou deixar vocês conversarem, qualquer coisa to no meu quarto, tá filha?

– Tá bom. – ela saiu e fechou a porta, desviei o olhar na hora e comecei a arrumar as coisas que tinham ficado na minha cama, só pra não olhar pra ela.

– Atrapalhei?

– Não, claro que não. – eu estava de costas.

– Ahm. Seu irmão pediu pra vir aqui falar com você. Nós vamos sair, está tendo um foodtruck aqui perto na praça, a Mel e o Léo também vão, quer ir com a gente? – a olhei meio surpresa pelo convite mas aí lembrei que na verdade quem chamou foi o meu irmão e não ela.

– Vocês vão?

– Estamos indo, ele está terminando de tomar banho. – ficamos nos olhando e eu até me perdi no que ía falar- Quer ir?

– Chamaram a Alice? – voltei a me virar de costas pra não a olhar.

– Ela não pode, saiu com os pais.

– Ah. – droga.

– Bom, a gente vai sair em uns vinte minutos….- ela disse meio saindo do quarto.

– Ok. – ela parou perto da porta e me olhou- Eu vou. – ela apenas sorriu e então saiu do quarto. Fui me arrumar sem ter certeza se eu devia mesmo ir ou não….

Cerca de meia-hora depois estávamos saindo de casa, acabei colocando uma calça porque já estava esfriando, fomos nós três, a Mel, Léo e a namorada dele ía nos encontrar lá. Eu estava tentando focar em qualquer coisa que não fosse ela, mas estava difícil, ela estava muito linda naquele vestido e eu não a via desde o Natal quando ela passou rapidinho lá em casa. Chegamos lá e os três já estavam lá, o Léo e a namorada, a Amanda, foram comer algo e eu dei graças a Deus quando a Mel falou que ía dar uma volta e me chamou, não queria ficar ali com eles porque toda hora que eu olhava ou estavam se beijando ou abraçados, aquilo estava torturante pra mim.

– Estamos procurando alguém? – ela me olhou e riu porque nós estávamos andando há um tempo já e ela não parava de olhar em volta.

– Não, só olhando mesmo. Hahaha. E você?

– Eu o que? – a olhei sem entender.

– Está olhando ou só quer saber da tatuada? – eu ri.

– A Nina? – ela fez que sim- Por que todo mundo acha que tenho algo com ela?

– Quem?

– Você é a terceira pessoa que me pergunta dela hoje.

– Quem perguntou?

– Minha mãe Anahi, Theus e agora você.

– Estamos certos? – ela riu.

– Não, nada a ver, não estou com ela.

– Aquele dia lá pareceu que estava….- sorri mais uma vez.

– Só fiquei com ela Mel, não temos nada. Você também não estava com a Lívia?

– Sim, mas você não é de ficar por ficar. – me olhou e eu dei de ombros.

– Sei lá, eu gosto dela mas como amiga…

– Ela é gata hahah. – a olhei e ergui uma sobrancelha- Relaxa, quero nada com ela. Meu foco é outro.

– Quem? Posso saber?

– A Duda.

– Duda? – fiquei a olhando meio perdida até me tocar- A professora?? Tá zoando??

– Não. Vou ficar com ela de novo, você vai ver.

– De novo? Você já ficou?? – a olhei em choque e ela fez que sim com a cabeça e em seguida deu aquele sorrisinho- Você é louca, Mel!

– Por que?

– Porque se alguém descobre pode dar merda…. Já imaginou se a dinda ou a tia Sophie descobrem?

– Ninguém vai descobrir nada. – ela riu e eu só balancei a cabeça.

– Só você Mel…

– Hahaha. Ela é muito gata.

Não falei mais nada, só ri. Logo depois voltamos pra onde eles estavam.

Chegamos lá rindo ainda e nem percebi nada mas assim que olhei pra Mari vi que ela estava com uma cara estranha, parecia meio chateada e até brava, vi mais de uma vez o Matheus tentando fazer carinho ou beijá-la e ela se afastar, mas não falei nada…. Olhei discretamente pra Mel pois elas são melhores amigas né, mas ela parecia nem prestar atenção, estava conversando com a Amanda e o Léo, então fiquei na minha, não ía me meter nisso né ainda mais na frente de todo mundo, até porque o Matheus não parecia estar chateado nem nada. Mas teve uma das vezes que olhei pra eles e senti o olhar dela de raiva pra mim…..estava entendendo nada!

Um tempo depois a ouvi dizendo que ía ao banheiro, estava quieta até então, aí ouço o Matheus falar:

– Gih, vai com ela. – ele pediu e ao olhar em volta vi que a Mel tinha sumido de novo. A Mari o olhou brava.

– Eu sei ir sozinha ao banheiro, Matheus!

– Eu sei, mas está cheio….só pra você não ir só….- ele falou todo fofo e eu só olhando. Ouvi ela bufar e então se virou pra mim mas nada disse, saiu na minha frente e a segui após olhar pro Matheus e ver ele me piscando.

Fomos em silêncio quase o tempo todo, mas então ela falou:

– Você não precisava ter vindo, só porque seu irmão pediu. – ela falou mas sem me olhar, caminhávamos lado a lado mas estava cheio, então íamos esbarrando nas pessoas.

– Se eu não quisesse, eu não vinha. – também não a olhei, desviei de mais alguém ali e suspirei. Eu acabei sendo grossa com ela porque eu estava ali né e ela reclamando?!

– Por que veio então? – agora sim, ela me olhou.

– Eu poderia falar que era porque eu queira ir ao banheiro…

– Ok. – ela assentiu e então desviou o olhar e voltou a andar, eu poderia deixar né, mas não, a puxei pelo braço.

– Eu disse poderia….

– Por que você veio? – dei de ombros.

– Eu não sei.

– Ok. – ela novamente se virou e voltou a andar. Droga.

Fui atrás mas então do nada, ela para, quase batemos os corpos mas ela nem ligou, começou a falar.

– O que você quer, Giovanna?? – ela estava com raiva, puta e eu não estava entendendo nada.

– Eu só….só vim te acompanhar ao banheiro. Meu Deus Mari! Por que tanto problema com isso?? Você quer que eu te deixe sozinha, é isso??

– Não preciso de babá. Você pode ir e fazer o que quiser fazer. Devia estar bem mais interessante passear com a Mel né? – ela ainda me olhava com fúria e eu boiei.

– Do que você está falando??

– Giovanna, você acha que eu sou idiota??

– Não, mas….- ela me cortou.

– Você acha que eu não sei o que foi fazer com a Mel aquela hora??

– A gente só foi dar uma volta e….- mais uma vez ela me interrompeu.

– Tá bom Giovanna, você acha que eu sou idiota?? Eu conheço muito bem a Mel!!

– A gente só foi dar uma volta Mari….- falei mais calma e ela bufou olhando pro lado e apoiou as mãos na cintura- Não sei porque você está tão irritada….

– Porque eu conheço muito bem a Mel! E você quer que eu acredite que vocês foram só dar uma volta??

– E você acha que a gente fez o que, por acaso?? – dei mais um passo na direção dela cruzando os braços.

– Vai saber né….- ela voltou a desviar o olhar.

– Aff! – ela me olhou- Eu conheço a Mel tanto quanto você, mas sabia que nem tudo pode ser o que parece?

– O que você quer dizer com isso?

– Que nem tudo é o que parece ué… Por exemplo, meu irmão está lá…- apontei- achando que nós somos apenas amigas e no entanto….- parei de falar sentindo a proximidade que nem tinha reparado até então.

– No entanto?

– No entanto eu to aqui com a namorada dele e….- respirei fundo ao sentir a respiração dela contra meu rosto.

– E? – não consegui responder, respirei fundo e desci o olhar pra boca dela, ela fez o mesmo. Ouvi ela suspirar e nossos narizes já se roçavam, meu coração disparado! Que saudades….

Ela me beijou. Que beijo louco!!

Eu não sei se era raiva ou era vontade, o fato é que ela me puxava com força pela nuca e eu a abraçava pela cintura. Eu estava morrendo de saudades da boca dela, do gosto, do cheiro….e da sensação eletrizante que eu sempre sentia com os beijos dela.

– A gente está no meio de todo mundo aqui….- sussurrei percebendo mais uma loucura que ela me fazia cometer.

– Vem comigo. – ela sussurrou de volta e nos puxou sei lá pra onde, sei que ela voltou a me beijar e eu grudava cada vez mais meu corpo ao dela, contra aquela parede- Eu não sinto isso quando ele me beija….nem perto. – ela sussurrou contra meus lábios e eu suspirei- Você sente? – levantou o olhar pro meu mas ainda de testas coladas- Quando ela te beija? Você sente? – fiz que não com a cabeça e era verdade, não sentia nem um milésimo! Ela sorriu, tão linda….

– Como eu queria, Mari….- minhas mãos estavam no rosto dela e suspiramos ao mesmo tempo- Mas é o Matheus….

– Eu sei, é o Matheus….- a gente fechou os olhos de testas coladas, então a abracei. Eu queria só isso, ficar ali….ela me abraçou de volta e ninguém falou nada. Não precisava.

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Dois dias depois a gente estava embarcando pra passar o Réveillon com nossas mães, até agora não estava acreditando que a Gabi iria também, não que ela não viajasse com a gente mas depois que ela passou nessa faculdade de medicina, tudo era plantão e trabalho pra ela. Mas dessa vez ela veio e eu estava feliz, sentia falta dela fora que eu poderia me distrair e não ficar o tempo todo pensando em como eu sou uma irmã filha da puta!

De cima, do avião dava pra ver como o lugar era paradisíaco, minha mãe Dulce que escolheu, eu não conhecia, estávamos chegando no Haiti mais precisamente nas Ilhas Turcas e Caicos, ficava entre Haiti e República Dominicana, nunca tinha visto nada mais lindo, o mar se perdia de vista, ali de cima. Óbvio que a primeira coisa que fizemos quando chegamos no hotel foi nos trocarmos pra descermos pra praia, o Matheus foi o mais rápido porque ele já estava de sunga por baixo, disse que ía descendo e que encontrava a gente na praia, ele disse isso sem desgrudar o celular do ouvido, ele estava tentando ligar pra Mari desde que pousamos. Quando descemos, nossas mães já estavam lá também e o Matheus continuava no telefone, me sentei em uma das cadeiras e a Gabi sentou ao meu lado.

– Ele está todo apaixonadinho né….- ela falou quando ele saiu.

– É…- concordei e tentei conter o suspiro que dei em seguida, não sei se fui convincente….

– Tá tudo bem, Gih?

– Claro. – não a olhei ao falar mas sorri, porque fiquei com medo dela sacar a minha mentira.

– Tem certeza? Você está com uma carinha meio desanimada….

– Nada a ver Gabi. – a olhei- To bem! – agora a olhei e sorri.

– Tá bom, se você não quer contar….

– Não é nada Bi, eu to bem. – sorri mais uma vez tocando na perna dela. Não sei se ela acreditou mas mudou de assunto.

– Então….e a viagem? – eu tinha contado pra ela e o Matheus no nosso grupo.

– Não sei né, to tentando mas sabe como suas mães são né? – nós duas rimos- Você bem que podia me ajudar né?

– Posso…..se você me contar tudo dessa viagem…

Comecei a explicar pra ela. Nós tínhamos sido convidados pra participar de um festival de música, o tio de um dos meninos conhecia alguém que conhecia alguém hahah, era só pra amadores, seriam três dias de festival mas era em outra cidade, ou seja, teria que viajar apesar de não ser longe, mas mesmo assim, minhas mães disseram que íam pensar. Na verdade até me surpreendi porque achei que elas dariam um “não” imediato, e o pessoal da banda estava em cólicas porque se eu não fosse eles também não iriam já que sou a vocalista principal da banda.

Terminei de falar e a Gabi me olhava, só depois de um tempo, falou:

– E essa sua animação toda é só pela banda ou tem alguma outra razão? – fiquei a olhando sem entender e ela ergueu uma das sobrancelhas.

– Não entendi, Gabi.

– Eu tenho visto umas fotos no seu Instagram….- fiquei a olhando- Essa empolgação não tem nada a ver com uma morena cheia de tatuagens? – eu ri.

– Não. Ela é só minha amiga.

A Nina não era cheia de tatuagens, ela tinha três, pelo menos visíveis….aliás quatro, lembrei do dia que ela foi com uma blusa mais apertada e ficava meio barriga de fora e dava pra ver o pedaço de uma rosa na altura do cós da calça.

A Gabi ficou me olhando meio duvidando…

– É sério. – a olhei e ri.

– Esse seu sorriso não é de quem está só na amizade….- voltei a rir e ela me olhando com um sorriso.

– Ok, eu já fiquei com ela algumas vezes mas foi só isso.

– Só isso o que?

– Algumas ficadas, não temos nada. Eu gosto dela mas como amiga.

– E o que rolou? – me olhou- Nessas ficadas? – ela completou e eu fiquei sem graça- Ahh Gih, vai ficar com vergonha de mim? Fala vai….

– Não rolou nada demais, você sabe que eu sou….que nunca fiz nada….- a olhei mas não falei, ela já tinha entendido.

– Virgem? Sei. Mas também sei que você pode continuar virgem e fazer coisas com outra menina….

– Coisas? – a olhei e ri alto.

– Varias. – nós duas rimos.

– Mas não fiz nada, quer dizer, a gente ficou e tal, mas nada muito a mais, nada que incluísse falta de roupa hahah. – ela estava rindo quando a olhei- Ela sabe que eu….que não….ela respeita. Algumas vezes ela mesma parou….

– E você queria que ela parasse?

– Sei lá, acho que sim. Na maioria das vezes….- era bem confuso isso tudo pra mim ainda…. Ela me olhou e ergueu a sobrancelha- Ah sei lá Gabi, é diferente sabe? Às vezes eu tenho vontade mas não sinto a mesma coisa que sinto quando beijo a….- parei a tempo, quase falo merda!

– Quando beija quem?

– Ah, uma menina lá do colégio. – desconversei e desviei o olhar.

– Mas nem todo mundo você vai sentir a mesma coisa Gih, não é regra. Você está na idade de experimentar mesmo…. Mesmo que seja só por tesão. – fiquei vermelha de novo e ri.

– É, sei lá….

– Você contou pras mães?

– Não. Se eu falo, aí que elas não me deixam viajar mesmo!

– Hahahah também não é assim, você está na idade de beijar na boca Gih, cresceu….

– Fala isso pra elas. – nós duas rimos.

– É que elas ficam preocupadas, eu também. Nem acredito que a minha pin cresceu e eu to tendo essa conversa com você! – ela me abraçou.

– Para de me chamar assim, que coisa. Você e o Theus, parece até que eu sou um bebê ainda!

– Mas você é. Vai ser sempre meu bebezinho. – revirei os olhos- Pode revirar os olhos mas você vai ser sempre aquela bolinha loira que quando eu conheci ficava agarrada no meu pescoço. – ela ria.

– Obrigada por me chamar de gorda. – revirei os olhos de novo.

– Você não era gorda, era a coisa mais fofa! – ela apertou as minhas bochechas.

– Ai Gabi, para. – ela riu e então me soltou.

– Mas sério, nessa viagem aí, vocês vão ficar em hotel né?

– Sim.

– Hummm. E a cama vai ser de casal ou solteiro? – nem tinha pensado nisso, a olhei e ela ria da minha cara.

– Não sei. – ri também abaixando a cabeça.

– Hahahaha. Ok, eu vou te ajudar a tentar convencer elas, mas você vai ter que me contar TUDO que acontecer.

– Prometo! – ela me sorriu, sorri de volta.

– Meu bebê cresceu. – ela sorria e me abraçou- Mas brincadeiras à parte, você sabe que não precisa fazer nada que não quiser né?

– Eu sei. – nos separamos e nos olhamos sorrindo. Ela me deu um beijo na testa.

– Vou te ajudar tá?

– Obrigada Bi! – ela voltou a sorrir e dar um gole da cerveja dela.

– Vamos comigo na água então?

– Vamos.

Passamos o dia todo na praia e mais tarde, estávamos no quarto, o Matheus tomava banho, a Gabi vendo algo na televisão e eu comecei a mexer no celular mas não tinha nada de interessante, até que entrei no Instagram e a primeira foto que apareceu foi da Mari, ela estava de short e a parte de cima do biquíni, óculos escuros, o cabelo voava ao vento e ela segurava um copo com algo colorido dentro, não olhava pra câmera, estava olhando pro nada e rindo, o plano de fundo era uma praia. Eu paralisei na foto, ela estava maravilhosa! Fiquei um bom tempo olhando, curti sem perceber e pensei em comentar algo, cheguei a começar a digitar mas desisti, depois pensei em mandar uma mensagem privada, mas digitei mais de uma vez e não tive coragem de mandar, foi quando ouvi a porta do banheiro se abrindo e o Matheus saindo, foi minha deixa. Fechei o celular e larguei lá em cima da cama.

– Vou tomar banho. – avisei e fugi pro banheiro.

Eu precisava esfriar a cabeça!!

Conforme os dias íam passando, eu me obriguei a me distrair disso e aproveitar a minha família, quase me forcei a ficar longe do celular, mas no dia do ano novo eu não consegui, precisava falar com ela! Me afastei da festa que estava sendo na praia e liguei, aproveitei que tinha bebido um pouco apesar de estar bem porque minhas mães estavam ali, mas estava mais alegre…. Pra minha surpresa ela atendeu, tudo bem que demorou um pouco, mas atendeu. Achei que nem ouviria pois estava perto da meia-noite já.

– Alô. – só de ouvir a voz dela, meu coração disparou.

– Oi…- falei tentando manter a voz firme.

– Oi Gih, tudo bem?

– Tudo e você?

– Tudo bem também….- ficou um silêncio e eu resolvi falar até porque não poderia demorar muito ali, já já alguém viria atrás de mim querer saber onde eu estava.

– To ligando te pra desejar um feliz ano novo, Mari. Sei que as coisas podem estar um pouco estranhas e confusas mas eu gosto muito de você e desejo que seja muito feliz, de verdade. – ela demorou alguns segundos pra responder me fazendo ficar um pouco nervosa.

– Também gosto de você. – ela sussurrou e aquilo me arrepiou- Feliz ano novo, Gih. Foi muito bom poder ter a sua amizade esse ano.

– Você vai poder sempre ter a minha amizade, Mari. – consegui ouvir ela dando um sorriso e suspirando em seguida, mordi o lábio inferior como se assim controlasse as batidas do meu coração.

Silêncio voltou a reinar até que ela falasse novamente:

– Bom, melhor eu desligar agora. Eu saí e nem avisei meu pai.

– Claro, vai lá, não quero te atrapalhar….

– Você não tá atrapalhando. Se quiser que eu fique, eu fico….

– Fica?

– Uhum. – ela respondeu baixinho só que o que se seguiu foi silêncio. Parecia que as duas estavam com medo de falar algo e estragar, eu sei que eu estava com o coração disparado, como pode né? Ela nem está aqui e meu coração está assim e minha mão suando frio.

Resolvi puxar assunto porque eu não queria desligar.

– E como está a viagem com seu pai? A namorada dele é legal?

– É….parece ser gente boa….

– Que bom. Eu vi a foto de vocês outro dia…

– Também vi a foto de vocês três, ficou muito legal a foto das tatuagens com o mar ao fundo. Aí parece ser muito bonito….- eu, Matheus e a Gabi tiramos uma foto sentados de costa e de frente pro mar onde aparecia nossas tatuagens com os nossos nomes.

– É sim….

– E vocês voltam quando?

– Dia 6.

– Ah é, o Theus falou. Até por que depois tem o aniversário da Mel né?

– É…. Finalmente ela conseguiu convencer as mães.

– Mas elas vão.

– Eu sei. – nós duas rimos porque era óbvio que não daria certo aquilo, só na cabeça da Mel nossas mães iriam deixar a gente viajar sozinhas sem nenhum adulto.

Vi a Gabi aparecendo e me chamando, fiz um sinal que já ía.

– Mari, agora tenho que ir. A Gabi está me chamando, acho que já vai dar meia-noite….

– Claro, vai lá. Também vou voltar, meu pai deve estar me procurando….

– Tá. Feliz ano novo então….

– Pra você também….e foi muito bom falar contigo….

– Também gostei….- assumi querendo dizer que estava morrendo de saudades dela mas me segurei- Beijos…

– Beijo Gih…- a voz dela saiu sussurrada e eu me segurei e só suspirei quando desligamos.

Voltei pra lá onde todos estavam, minhas mães me procurando porque já iria começar….. Enquanto os fogos estouravam eu só olhava pro céu e pedia que esse próximo ano fosse mais leve e que eu conseguisse resolver essa confusão na qual me meti, olhei pro meu irmão que estava abraçado a minha mãe Dulce e a Gabi com a mamãe, sorri e fui até elas, então o Matheus nos abraçou também e ficamos os cinco abraçados olhando pro céu. Quando o último fogo de artifício estourou eu sorri e olhei pro lado, vi minhas mães se beijando e nós três nos abraçamos, eles me amassaram na verdade, mas eu nem liguei, eu sempre me sentia amparada ali com eles, com a minha família.

Eu não podia arriscar isso, não podia!



Notas:



O que achou deste história?

3 Respostas para Capítulo 13: Giovanna POV

  1. Entendo que a consideração que a Gih tem pelo Teu é enorme, e o respeito também, mas o Matheus é um menino cabeça e se ele souber que a Mari e irmã se amam mesmo ele iria ficar tranquilo pelo menos acredito que seja assim.

  2. Bom,só gostaria de dizer uma coisa:adorando a história mas acho que a mari tem que se decidir logo pois estar namorando um e gostando de outro assim fica difícil. Quanto a gih ela tem que pensar na sua felicidade e ir à luta,só acho.?

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