Argentum

Capítulo 114

Alicia saiu da sala de Monique muito pensativa e Maia notou aquilo, mas esperou que a namorada estivesse pronta para falar a respeito e viesse procura-la para isso. Isso só aconteceu quando elas estavam chegando ao Rancho na quinta a noite após voltarem da sessão de Maia com Bernardo. Elas haviam jantado numa cidade vizinha, chegaram perto das 220 da noite e o casarão já estava escuro e silencioso. Subiram para o quarto de Maia e ela se sentou na cama para descansar quando Alicia entrou no banheiro acreditando que elas revezariam o uso do mesmo como sempre.

Descobriu que a veterinária tinha planos diferentes quando a viu voltar ao quarto, usando apenas o top preto na parte superior de seu corpo, e se sentar ao seu lado começando a tirar as botas e depois a chamando para tomarem um banho de banheira. Ela conhecia Alicia e sabia que não haviam segundas intenções por trás da proposta, mas mesmo assim não entendeu os motivos dela, mas foi mesmo assim. No banheiro Alicia parou atrás de Maia e a ajudou a retirar a blusa e depois o sutiã, quando a mais nova começou a abrir o zíper de seu jeans sentiu a namorada abraça-la por trás.

– Está tudo bem? – Maia perguntou sentindo os braços quentes em volta de seu tronco nu e começando uma carícia leve nos antebraços da veterinária que estavam sobre seu estomago enquanto o rosto dela estava colocado entre seus cabelos próximo ao lado direito de seu pescoço.

A resposta foi um aceno afirmativo contra seus cabelos junto de um murmúrio em concordância. Alicia levou as mãos para a barra do jeans e Maia deixou que ela puxasse a peça para baixo junto de sua calcinha; Alicia se ajoelhou e a namorada apoiou uma mão em seu ombro para que ela afastasse a roupa dos tornozelos finos e brancos. A veterinária se ergueu deixando a mão esquerda percorrer as várias cicatrizes na perna esquerda de Maia e deixou um beijo no meio das costas dela antes de estar novamente em pé e ver a namorada se virar com o rosto ruborizado e a pele arrepiada. Maia sentia que algo estava acontecendo; enlaçou a cintura de Alicia com o braço direito e a puxou para perto. Os verdes encararam os castanhos que se fecharam quando as testas de ambas se encontraram e elas ficaram naquele abraço por alguns instantes.

As mãos de Alicia percorriam as costas, cintura e laterais do corpo da namorada enquanto que o braço esquerdo de Maia envolvia os ombros da veterinária e sua mão se encontrava na nuca da mesma fazendo um carinho discreto com as pontas dos dedos e unhas. Alicia juntou os lábios das duas num beijo casto; suas mãos agora na linha do quadril de Maia, mas os toques continuavam gentis e delicados.

– Você ganhou peso – observou a veterinária ainda de olhos fechados e trazendo suas palmas dos quadris para a cintura de Maia.

– É ruim? – a menor perguntou abrindo os olhos verdes e encarando o rosto pacífico da namorada que negou com a cabeça antes de falar.

– Nem um pouco – ela afirmou erguendo a mão direita pela lateral do corpo de Maia até o ombro e então ao braço, onde ela segurou e depois virou o rosto deixando pequenos beijos na pele clara sobre o bíceps – Significa que seus músculos estão ganhando força e ficando maiores.

– Devo ficar tranquila, pois não estou gorda então? – Maia tentou brincar, mas o tom de Alicia se manteve calmo e mais sério.

– Está cada dia mais linda – ela respondeu abrindo os castanhos, cor de mel, e se afastando apenas o bastante para ter espaço para retirar seus jeans e roupa íntima – Vem, a banheira já encheu – ela chamou e se inclinou sobre o espaço ao lado de Maia para desligar a torneira.

A água estava quente, não a ponto de queimar a pele sensível de Maia, mas no ponto exato para relaxar os músculos cansados de ambas e, principalmente, os da menor. A banheira era de porcelana, não tão antiga, havia sido instalada na última reforma do casarão e ocupava quase metade do espaço do banheiro reservado para o banho, cuja outra metade era ocupada pelo chuveiro. Alicia trouxe a namorada para perto de si. Maia se sentou de costas para a veterinária, entre as pernas dela, e logo sentiu as mãos da namorada em seus ombros apertando-os em uma massagem leve, mas relaxante.

O perfume dos sais de banho, a água quente e a massagem em suas costas e ombros fizeram Maia relaxar rápido e ela logo deixou seu corpo pender para trás e se recostar contra o peito da namorada que parou a massagem e a abraçou pela cintura. Alicia estava com as pernas dobradas, seus joelhos parcialmente para fora da água que cobria ambas até acima dos seios. Maia deixou suas mãos pousarem no joelho da veterinária e percorrerem as pernas dela num carinho leve indo do joelho as coxas, depois as panturrilhas e voltando as coxas.

– Eu não tenho ideia de como me portar num evento do nível desse leilão que vamos depois de amanhã – Alicia falou em tom muito baixo depois de algum tempo recebendo aquele carinho nas pernas.

– É isso que tem lhe preocupado tanto? – Maia questionou sem interromper o movimento de suas mãos e sentindo os dedos da namorada acariciarem, inquietos, seu abdômen.

– Eu sou só uma veterinária de campo de uma cidadezinha pequena no interior do RS – Alicia falou apoiando seu queixo no ombro direito de Maia – Não acho que vou saber me portar entre a elite dos criadores de equinos do país.

– Acha que eu sei? – Maia perguntou em tom suave parando o carinho nas pernas da namorada e colocando as mãos sobre as dela em sua barriga e entrelaçando seus dedos.

– Empresários e gente rica buscando negócios – Alicia falou com um tom de sorriso brincando com os dedos de Maia nos seus – É exatamente o tipo de ambiente em que eu consigo te imaginar, toda cheia de si, confiante e determinada.

– Para eles eu serie só uma garotinha boba que está no lugar errado. Só uma mulher querendo fazer o trabalho que acreditam ser de um homem – ela respondeu num tom de sussurro.

– Tu é muito mais do que só uma mulher, meu amor – a veterinária respondeu também sussurrando – É uma empreendedora genial, uma administradora precisa. Uma mulher totalmente incrível e admirável, além de ser linda.

– Me diz o que está incomodando você – Maia pediu apertando as mãos delas juntas e virando o rosto para encarar a namorada.

– E se você precisar de alguém que é mais do que eu sou ou posso ser? – Alicia soltou a questão encarando os olhos verdes com uma sombra de medo e insegurança em seus castanhos.

Ela mal havia terminado de sussurrar e Maia se virou rapidamente se encolhendo para ficar sentada de lado e poder agarrar o rosto da namorada com ambas suas mãos. A água da banheira se agitou e um pouco dela derramou pelas bordas. Mesmo surpresa a veterinária passou seus braços pelas costas da namorada e deixou sua mão direita apoiar as pernas de Maia para que os joelhos dela não ficassem pressionados contra a porcelana da banheira.

– Eu não preciso de nenhuma outra pessoa, Alicia – ela falou com os verdes encarando profundamente os castanhos – Você acabou de dizer que sou incrível e tudo o mais. Pois pela primeira vez em anos eu realmente me sinto assim e sei que não preciso de ninguém ao meu lado para ser isso. Não é questão de ser melhor ou pior – ela disse acariciando as bochechas de Alicia – A questão é quem eu quero comigo e eu te quero. Se você fosse uma desempregada sem um centavo para sobreviver eu ainda amaria você e iria te querer comigo, porque é a pessoa que você é num todo que eu amo, não seu status social ou sua profissão nem nada desse tipo.

– Mas e… – a veterinária tentou contestar, mas dois polegares se pressionaram contra seus lábios e Maia rolou os olhos antes de se mover, mais lentamente dessa vez, para se sentar de frente para Alicia que deixou que a menor posicionasse as pernas em volta de sua cintura.

– Não há ‘mas’ nenhum – ela falou decidida deixando seus braços envolverem o pescoço de Alicia – Alicia Ferraz, você é a pessoa mais forte, gentil, determinada, comprometida, altruísta e delicada que eu já conheci em toda a minha vida. Amar você é tão fácil que me assustou no início. Apenas você não percebe quão maravilhosa é – ela disse e suas mãos molhadas tocaram a testa de Alicia, que fechou os olhos, e foram descendo pelos olhos, nariz e boca até o pescoço dela – Eu estou sentada no seu colo, nua, dentro de uma banheira num banheiro muito bem iluminado. Isso é algo tão grande pra mim Alicia. Você não teve que se esforçar para merecer a confiança que meu coração tem em você – os olhos delas se encararam e Maia deixou que seus narizes ficassem próximos – Eu nunca sonhei com “esse” tipo de intimidade, doutora veterinária – ela falou com ênfase no ‘esse’ da frase – Nua, em cima de você, e podemos falar sobre qualquer assunto como se estivéssemos sentadas uma de cada lado da mesa do meu escritório. Mas se você mudar a forma de olhar, se só o seu olhar mudar, eu sei que meu corpo todo vai reagira na mesma hora a você, Alicia. E isso faz com que eu me sinta tão eu mesma novamente e eu achei que nunca mais fosse me sentir assim – Maia sentiu os braços em volta de sua cintura se apertarem mais, as mãos da veterinária seguraram firmes em seu tronco puxando-a para estarem coladas uma a outra e no olhar de Alicia era possível ver a adoração que ela sentia – Se eu posso ser eu mesma outra vez, isso é por causa da sua existência que veio me mostrar que eu ainda era eu, mesmo que não me enxergasse mais em mim mesma. E hoje eu me vejo nos seus olhos, Alicia. Sei que não preciso mais de você para ser eu mesma, mas eu quero poder me ver pelo seu olhar. É o olhar da mulher que eu amo.

– Eu amo você – Alicia falou quase sem fôlego depois de ouvir todas aquelas palavras.

– E eu sou a mulher mais feliz do mundo por ser amada pela pessoa que eu amo – Maia colou os lábios das duas, um beijo delicado, mas no qual elas puderam sentir o amor de cada uma e Maia percebeu que a namorada estava mais leve – Vem, vamos para cama. Quero dormir nos braços da melhor veterinária desse mundo. Que no caso é a minha veterinária.

As duas se levantaram, a água já estava morna quase esfriando. Alicia esticou a mão pegando duas toalhas e envolvendo uma em seus ombros e a outra nos da namorada. Secaram uma a outra trocando beijos leves, a veterinária ajudou Maia a sair da banheira e terminaram de se secar. A menor segurou a mão da namorada na intenção de puxá-la, mas Alicia a puxou de volta e, quando Maia menos esperava, já estava nos braços da veterinária que sorrindo a carregou para o quarto onde se deitaram na cama com Alicia reclamando que tinha que ficar mais forte para carrega-la depois que Maia estivesse totalmente recuperada. E as duas acabaram rindo e trocando beijos antes de dormirem abraçadas.

 

 

N/A: Alguém pediu um capítulo surpresa? Não? Sim? Espero que sim pq ele saiu =P 

Espero que vocês não deixem de comentar com tanto capítulo saindo um seguido do outro hehe. 

Por enquanto o cap de Sábado tá mantido e depois voltamos a capítulo dia sim e dia não (só quis animar a sexta feira de vocês) 

 

Bjs pessoinhas 

;]



Notas:



O que achou deste história?

2 Respostas para Capítulo 114

  1. Uau, q capítulo! A cv delas foi muito bacana. Fico feliz q a Maia conseguiu mostrar o quão importante a Alícia é na relação delas duas. Acho q estou precisando de uma cv assim – bem sincera, bem franca – c minha namorada.

    • >///< Eu amei esse capítulo, adorei essa conversa e a postura da Maia foi magnífica.
      Conversas assim são necessárias sim. E os dois lados tem que ser sinceros e francos e estarem prontas para ouvir tudo oq a outra tem a dizer e acreditar nessas palavras.

      Obrigada pelo comentário
      ;]

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