A gente tinha marcado de ir conversar com a Dani e estávamos chegando lá.
– Oii, tudo bem? – ela abriu a porta após a secretária nos liberar.
– Tudo bem e você? – eu respondi, demos dois beijinhos.
– To bem mas confesso um pouco curiosa…- ela falou pois não tínhamos contado sobre o que era a conversa- Tudo bem Dul?
– Tudo bem. – ela fez o mesmo com a Dul e em seguida nos apontou pra sentarmos.
– Giovanna está bem né?
– Tá ótima, graças a Deus! – minha mulher falou com um sorriso.
– Que bom. Então me contem, o que vocês querem conversar? – olhei pra Dul antes de a olhar, segurei na mão dela que respirou fundo e falou:
– Lembra que há um tempo atrás a gente veio aqui conversar com você sobre a Gabi? A Giovanna até fez aquele exame de sangue….
– Sim, lembro sim. Mas deu negativo né?
– Deu. – a Dulce deu uma respirada funda e então a Dani nos olhava, ficou um pequeno silêncio.
– O que aconteceu, meninas? – ela perguntou debruçando sobre a mesa, apoiando os cotovelos.
– Bom, quando o exame deu negativo, o Dr Gustavo que é o médico dela veio conversar com a gente sugerindo uma outra coisa….- Dul falava.
– O que? – ela variou o olhar de mim pra ela.
– Disse que como ela não conseguiu compatibilidade na fila dos transplantes, a melhor chance dela seria ter um irmão….- a Dani ficou a olhando e só depois de um tempo falou:
– Irmão? – nos olhou.
– Como a mãe dela morreu, a única chance seria….- ela me interrompeu.
– Vocês estão cogitando dar um irmão pra ela, é isso? – ela nos olhou meio chocada ao perguntar.
– É, é isso. – a Dulce falou e a Dani estava meio chocada hahah.
– Mas a gente está aqui porque….bom, você foi a nossa obstetra e não sei, a gente confia em você Dani, a gente queria a sua ajuda pra isso e….- ela novamente me cortou.
– Peraí. Para um pouco. – ela respirou fundo- Vocês tem certeza disso?
– Temos. – respondemos ao mesmo tempo.
– Desculpa, mas eu sou médica, eu tenho que falar. É uma criança. Não é só um cordão umbilical ou uma medula pra salvar essa menina.
– A gente sabe. – a Dulce respondeu.
– E vocês querem ter um segundo filho? – ela nos olhou nos olhos e a Dulce fez que sim com a cabeça, então ela me olhou.
– Sim, a gente quer.
– Meninas, vocês podem até ficar chateadas comigo mas… Olha só, vocês realmente querem um segundo filho? – ficou um pequeno silêncio mas logo eu respondi.
– Eu entendo o que você está falando Dani. Provavelmente se não tivesse essa situação, eu não sei se a gente teria, talvez, acho que não agora. Mas essa situação existe, a Gabi existe e a gente conversou, e sim, nós queremos isso. – respondi e ela sorriu.
– Ótimo. – a olhei sem entender- Eu só estava testando se vocês estavam convictas mesmo…- ela piscou- Porque não é brincadeira, não vou ser responsável por colocar uma criança no mundo se vocês tivessem alguma dúvida….
– Nós não temos. – a Dulce respondeu e então me olhou, sorri pra ela que me sorriu de volta.
– Mas nós queremos saber a sua opinião. Você acha isso viável? – a Dulce a olhou ao perguntar.
– Bom, possível é, vamos descobrir se é viável com os exames. Eu acredito que sim Dul, você é nova, saudável e a gente acabou de fazer esses exames há menos de dois anos.
– Vamos refazer?
– Sim, precisamos.
– Dani, não sei se você sabe mas você consegue nos explicar como isso é feito? Depois que nasce, eu digo. – perguntei.
– Não sou especialista mas basicamente, ou se faz o transplante da medula ou se retira do cordão umbilical ao nascer. Pra fazer o transplante da medula tem que esperar um pouquinho, não dá pra fazer com a criança tão pequena assim….
– Entendi. E como sabemos se vai funcionar já que por exemplo a Giovanna não foi compatível? Qual a garantia?
– Garantia não tem Dulce. Mas tem como selecionarmos os embriões compatíveis pra que a probabilidade aumente consideravelmente e seja compatível com ela. Gabi né?
– Isso, Gabriela.
– E isso é legal? – perguntei meio confusa.
– Em termos sim… Não é ilegal mas tem gente que diz que não é ético, mas enfim, é feito.
– Entendi. – respondi.
– Vocês tem certeza mesmo disso? A gente pode fazer os exames? – mais uma vez ela perguntou.
– Sim, temos. – a Dulce respondeu.
– Ok, eu vou fazer o pedido dos exames. – ela começou a escrever mas então parou- Eu gostaria de conversar com esse médico dela, pra entender melhor.
– Claro, a gente pega o contato dele e te passa, ou vice-versa, como preferir.
– Conversem com ele primeiro e então podem passar meu telefone se ele preferir….
– Então é isso? – perguntei um pouco animada.
– Sim, é isso. Parabéns eu acho né….- ela sorriu.
– Deixa pra dar os parabéns quando eu realmente engravidar. – a Dulce sorriu pegando o pedido.
– E vai ser você novamente?
– Sim, segundo eles é mais provável dar certo pela compatibilidade. Pois parece que a Giovanna não é compatível por pouco….
– Sim, claro. Bom, então vamos fazer isso.
– Vamos! – falamos ao mesmo tempo e a Dani sorriu.
Saímos de lá e fomos almoçar, ao sairmos do restaurante, já no carro e antes de eu dar a partida, ela falou:
– Amor, espera. – tirei a mão da chave e a olhei, ela ainda segurava meu braço. Vi ela se virando pra mim- A gente vai fazer isso mesmo né? – a olhei confusa.
– Você não quer mais?
– Eu quero. Eu só…- ela respirou fundo antes de falar- Você tem certeza né? Você realmente quer?
– Por que está me perguntando isso Dul? A gente não decidiu? Você desistiu?
– Não. Mas eu não quero fazer nada sem você estar de acordo. – fiquei a olhando e ela respirou fundo- O que eu to querendo dizer é que tudo aconteceu de forma muito rápida. – ela voltou a me olhar- Eu só to querendo ter certeza que eu não atropelei nada, atropelei? Eu deixei de te ouvir em algum momento? Porque se eu deixei, me fala. Por favor….- ela tinha pego na minha mão ao falar.
– Não deixou, amor.
– Tem certeza? – ela insistiu e aproximou um pouco mais o corpo ao perguntar.
– Tenho Dul. – ela ficou me olhando um pouco.
– Desculpa, eu só to perguntando porque….- ela suspirou- você tem essa mania de ficar me protegendo e privando das coisas né? – eu sorri abaixando a cabeça mas quando ela voltou a falar, a olhei- Por isso eu to querendo ter certeza antes que não possamos mais voltar atrás.
– Eu vou te proteger sempre que eu puder, Dul….- ela sorriu.
– Eu só não quero que aconteça como aconteceu quando eu perdi aquela gravidez, lembra? Você ficava se escondendo pra sofrer, tentando se fazer de forte e no final a gente se perdeu porque deixamos de conversar. Eu só não quero que isso aconteça novamente.
– Não vai acontecer. – a olhei- Você não decidiu por mim, nós decidimos.
– Então não tem nada? Você tem plena certeza de tudo? – fiz que sim com a cabeça mas a abaixei um pouco, sentia o olhar dela sobre mim e dei um sorriso ainda sem a olhar- Fala.
– Não é nada a ver com eu não querer, é só…- suspirei e então a olhei- eu acho que é um pouco de medo…
– Medo do que? – ela perguntou se aproximando mais de mim, apoiando uma das mãos no banco que eu estava.
– A gente sabe que por mais que vá ser uma reprodução assistida pra tentar ao máximo ser compatível com a Gabi, existe a chance de não ser compatível e não dar certo…. E sei lá, eu tenho um pouco de medo, e se eu não conseguir amar essa criança se ela não for compatível? E se…- ela me cortou.
– Por que você não amaria, Annie?
– Não sei. – abaixei a cabeça de novo- Posso até estar sendo egoísta ou insensível, mas….- a olhei ao falar.
– Annie, como a gente disse pra Dani, nós vamos ter um filho, não um doador.
– Eu sei.
– Então por que você acha que poderia não amar essa criança? Eu duvido muito disso.
– É só um medo bobo….
– Annie, no dia que eu te contei que eu estava grávida da Giovanna eu estava com um pouco de medo de você ficar chateada por não ter te chamado pra ir comigo, a Fê mesmo disse pra falar contigo, que você podia ficar chateada, mas eu não quis criar falsas expectativas, mas quando te contei você nem se importou com isso. Eu vi que ali você tinha se tornado mãe dela antes mesmo de eu poder sentí-la na minha barriga, porque foi só com isso que vc se importou, com ela. Eu já te falei isso, mas ver a forma como ela fica com você, a paixão que ela tem por você e vice-versa, você fazendo todas as vontades dela e me deixando maluca hahah, tudo isso me faz ter a certeza diariamente que você é a melhor mãe que eu poderia querer dar pra ela ou pra esse filho que vamos ter, se eu tivesse dez filhos eu ía querer que fossem com você, não tem outra pessoa no mundo com quem eu poderia ter o que a gente tem, meu amor. Você é uma mãe maravilhosa e vai continuar sendo, tenho certeza.
Eu senti meus olhos lacrimejando e me senti idiota por ter pensado isso.
– Eu também só teria tudo o que a gente tem com você e tenho muito orgulho da família que formamos e eu amo você. – segurei no rosto dela dando um selinho- E obrigada por me fazer ver que eu estava sendo idiota….- eu sorri ao falar.
– Você não é idiota, também tenho medo de não dar certo, enfim….- ela suspirou- Mas eu sei que você vai estar do meu lado e vamos superar o que tiver que ser, né?
– Sempre do seu lado! – falei e agora ela quem me beijou.
– Então a gente tem um plano?
– Temos. – sorri ao responder.
– Ótimo! Mas agora vamos? To com saudade da minha pestinha.
– Hahahaha vamos. – dei partida no carro mas antes de sair me lembrei de algo e me virei pra ela ao falar- Dessa vez você não vai querer se mudar no meio da gravidez não né?
– Hahaha não. Dessa vez não precisa, temos espaço suficiente lá em casa.
– Graças a Deus! – ela riu e então nós fomos pra casa.
Nos próximos dias, falamos com nossos pais pra contar a novidade, ninguém foi contra, disseram que nos apoiariam, eles já conheciam a Gabi e a verdade é que acho que todo mundo se rendeu à ela, a menina era um encanto mesmo. Me surpreendi até com um pedido da Ana Paula pra a visitar no hospital….
Então, tudo estava caminhando bem, apesar que eu acho que todo mundo devia no fundo, achar que éramos meio malucas, às vezes eu também achava hahaha. Agora faltava falar com o Velasco e dar a notícia à ele e depois a Gabi né….
A Dulce disse que mandaria mensagem pra ele avisando que queria falar com ele e que tínhamos nos decidido, ele ficou sufocando querendo saber mas ela deu uma cortada nele pedindo pra ele esperar até amanhã que seria o dia que marcamos pra conversar com ele, pareceu funcionar porque ele não falou mais nada…. Naquele dia eu precisava passar no estúdio mas antes de sair, fui falar com ela e percebi que ela estava meio estranha.
– Que foi amor?
– Nada. – ela deu um sorriso meio amarelo, fiquei a olhando sem acreditar muito- Tá tudo bem. – ela me deu um selinho e depois suspirou.
– Você quer que eu fique?
– Não amor, vai lá. Tá tudo bem. – parei a olhando porque eu sabia que não estava- Eu só….acho que to meio estressada com tudo isso.
– Com que?
– Toda vez que eu tenho que falar com ele agora me incomoda. Não sei, peguei ranço desse cara!
– Mas foi só por WhatsApp amor….- falei meio rindo.
– Eu sei. – ela suspirou- Ele não voltou a falar com você não né?
– Não. – ela ficou me olhando e depois balançou a cabeça, fazendo que sim. Me aproximei dela pegando no seu rosto e dei um selinho mais demorado, depois levei os beijos pro pescoço até que ela me abraçou.
– Me desculpa. Eu não to desconfiando de você, eu acredito em você, é ele que me irrita. – a olhei e sorri- Não é ciúmes, eu sei que isso é coisa dele mas eu fico puta com a falta de respeito desse cara! Duvido que se você fosse casada com um homem que ele falaria as coisas que te fala, até na minha frente ele fala!
– Eu sei amor. Mas acho que a melhor coisa é ignorar. Deixa ele pra lá.
Ela respirou fundo.
– Eu acho que depois que fizermos o transplante e tal, as coisas vão melhorar. Ele fica assim por causa da Gabi, depois não precisaremos mais ter contato com ele.
– Como não? Você não vai querer mais ver ela??
– Óbvio que vou! Mas tem a dona Yolanda, não precisamos dele mais. – ela suspirou.
– Não sei…. Isso é outra coisa que me intriga.
– O que?
– Você já parou pra conversar com ela? Mas de verdade?
– Não, acho que não. Por quê?
– Porque ela chama ele de doutor, Anahi! Perguntei outro dia se ele era um bom pai pra Gabi, sabe o que ela me disse? – fiz que não com a cabeça- Ah ele é homem mas a Gabi ama ele! Não sei, eu sinto que tem algo ali, fora que ele volta e meia não está lá no hospital, isso é um absurdo! Pelo amor de Deus!
– Amor, mas isso é coisa deles. A gente não pode interferir em como ele age como pai e tal….
– Ok, não podemos, mas eu posso achar estranho e me incomodar né??
– Pode. – falei mais calma porque ela estava realmente irritada.
– Você acha normal??
– Não, meu amor. Claro que não, mas o que eu posso fazer? Ele é o pai dela.
A Dulce apenas respirou fundo, acho que tentando se acalmar.
– Tá bom. Vai lá então, senão você vai se atrasar….
– Tem certeza? Posso ir? – me aproximei novamente dela ao perguntar.
– Pode. – ela sorriu, agora de forma mais real.
– Eu não demoro tá? – dei um selinho nela ao falar que apenas balançou a cabeça- Amo você.
– Também.
Então como a Gih estava dormindo, eu só me despedi dela e peguei minha bolsa pra sair.
Cheguei em casa mais tarde do que eu queria, antes de abrir a porta consegui ouvir os gritos da Giovanna e a Dulce brigando com ela que chorava. Entrei em casa e ouvi a Lupita também falando com ela que chorava, uma loucura hahaha, elas pareciam estar na cozinha. Fui indo pra lá e no meio do caminho vi a Dulce saindo com ela da cozinha, ela chorava querendo sair do colo.
– Ah lá quem chegou. – a Dulce falou e ela me olhou fazendo um dramaaaa e se jogando pra mim. A Dul colocou ela no chão que veio correndo pra mim- Até que enfim você chegou.
– Que houve? – me agachei pra pegar ela no colo que tava chorando, com bico e falando um monte de coisas em meio ao choro que não entendi nada. Quem não conhecia até acreditava, do jeito que ela estava chorando parecia que tinham batido nela hahaha.
– Ela estava querendo pegar a faca na cozinha, falei que não aí já viu né?
– Amor, faca não pode, você sabe. – falei com ela que continuava chorando.
Consegui dar uma distraída nela mas ela estava impossível hoje, fazendo tudo que não podia hahaha, a gente brigava com ela que se irritava e chorava, olhaaaa…. Mas pelo menos conseguimos jantar em paz.
– Isso não é sono não? – perguntei olhando pra Dulce porque já estava tarde pra ela, oito da noite.
– Não sei, deve ser, mas ela está o dia todo assim.
– Gih, vamos ver um desenho com a mamãe?
– Não. – ficou apontando lá pra fora.
– Lá fora não pode meu amor, está de noite. – falei, eu tava sentada no chão, ela estava no meio das minhas pernas. Começou a reclamar apontando lá pra fora- Não pode princesa. – ela estava emburrada hahah. Abracei ela que tentava sair hahah.
– Tá na hora de dormir né, filha?
– Não. – ela falou emburrada.
– Tá sim.
Pronto. Começou a chorar hahaha, sentando no chão, a Dulce revirou os olhos meio sem paciência.
– Vem cá, tá bom, não vamos dormir não. Deixa eu te mostrar uma coisa. – consegui pegar ela no colo- Cadê a chupeta dela? – perguntei e a Dulce que estava deitada no sofá só apontou pra mesa- Amor, deixa que eu fico com ela. – disse enquanto pegava a chupeta e dava pra ela que já esfregava os olhinhos. Era sono.
– Ela tem que dormir e….- ela parou de falar quando a olhei. Como se eu não soubesse né hahaha- Ok. Vou tomar um banho então, nem consegui tomar banho direito hoje.
– Tá, relaxa lá que eu já subo…
– Qualquer coisa me chama. – só balancei a cabeça e a Giovanna já tinha parado de chorar, finalmente, parecia que era só um colinho que ela queria.
Eu não fui lá pra fora com ela mas fiquei ali na parte fechada da varanda. Fiquei fazendo carinho e cantando pra ela que foi acalmando aos poucos…. Logo dormiu, devia estar morta já, ela estava acostumada a dormir oito horas no máximo, já eram mais de nove!
Quando subi, vi a luz do banheiro acesa e a porta aberta, me aproximei e vi ela na banheira, de olhos fechados, me aproximei me encostando no batente da porta e fiquei só a olhando sem que ela percebesse….. Eu poderia ficar horas admirando a minha mulher.
– Entra. – ouvi a voz dela que me despertou da minha “babação” rs.
– Como você sabia que eu estava aqui? – perguntei caminhando até ela.
– Senti seu cheiro. – ela falou enquanto eu me agachava ao lado da banheira, apoiei meus braços ficando próxima dela.
– To fedendo, amor? – ela riu.
– Não. Você está cheirosa como sempre. – ela deu um cheiro no meu cangote antes de continuar a falar- Você nem sua quanto mais feder, Anahi hhaha.
– Suo sim. – a gente estava com os rostos quase colados, os lábios rentes e falávamos sussurrando.
– Aonde? Não via você suando nem no palco dançando hahaha.
– Realmente, não suava muito no palco mas tem outro lugar que sim.
– Aonde? – ela levantou o olhar pros meus olhos pois até então estava focado na minha boca.
– Na cama, com você. – sussurrei e dei um beijo no pescoço dela, ouvi ela rindo- Esqueceu já? – perguntei roçando os lábios no dela.
– Não.
– Já tem tanto tempo assim que você esqueceu?
– Não. – ela sorriu.
– Duas semanas e você já esqueceu?
– Duas já? – ela abriu os olhos perguntando, balancei a cabeça afirmando- Mas duas semanas foi….
– Foi. – completei a resposta dela e a olhei, ainda estávamos com os lábios roçando, ela então mordeu o lábio inferior- Que foi?
– Nada. – sorri olhando pros lábios dela.
– Nada? – sussurrei no ouvido dela deixando meus lábios roçarem no pescoço dela, percebi o arrepio. Ela segurou com as duas mãos na minha nuca.
– Não. – a olhei e ela suspirou, em seguida mordeu novamente o lábio.
– Por que você está mordendo o lábio assim então?
– Nada. – ela fez uma pressão nos meus cabelos.
– Tá me provocando, Dulce?
– Não. To lembrando de duas semanas atrás….
– Ah é? Lembrando do que hein? Posso saber?
– Do que você fez comigo….do que eu senti e de como você é gostosa….- eu sorri antes de falar.
– Gostosa é você. – dei um selinho mordendo o lábio inferior dela, ela me puxou me beijando.
– Por que você não entra aqui logo hein?
– Pensei que não ía pedir nunca….- falei e nós duas sorrimos. Me levantei.
– Pega a babá antes de entrar. – eu sorri porque eu sabia que ela diria isso.
– Eu sei.
Peguei a babá e fui tirando a roupa, o olhar dela não saía do meu corpo e eu me sentia realmente foda quando ela fazia isso. Entrei na banheira, me encostei e chamei ela.
– Vem cá. – ela sentou entre as minhas pernas e levei as mãos até o ombro dela.
– O que você está fazendo?
– Acho que você precisa relaxar….- falei começando uma espécie de massagem, a ouvi suspirando e fechando os olhos.
Começou como uma massagem inocente, eu fazia uma leve pressão no ombro e aos poucos fui subindo pro pescoço e braços, subi e desci pelo braço dela umas duas vezes até voltar pro pescoço e descer até seu colo, senti ela se arrepiar….
– Relaxa….- sussurrei no ouvido dela e só ouvi a sua respiração mais pesada- Tá bom assim?
– Tá. – foi meio um sussurro e depois de alguns segundos, ela completou: A sua mão é muito boa pra isso.
– Pra isso? – ri ao perguntar.
– A sua mão é muito boa….- mais uma vez eu sorri pelo duplo sentido.
– É? Você gosta? – perguntei e rocei meus lábios no pescoço dela, a ouvi respirar mais forte e dei uma mordida na ponta da orelha dela.
– Amo….
– Que bom…- não falei mais nada e voltei a massagem mas agora ao descer do pescoço pro braço dela deixei o dedo resvalar e acabou tocando na lateral do seio dela, ouvi a respirada forte dela e olhando de cima, como eu estava, percebia o bico dos seios dela duros já- Por que você não relaxa? – sussurrei e ela só suspirou. Deixei minhas mãos descerem pelo colo dela agora até chegar na barriga mas não passei do umbigo mas a ouvi gemer- Desculpa por ter te deixado o dia todo com ela…
– Uhum.
– Mas amanhã eu vou ficar o dia todo com você tá…
– Tá. Mas para de me provocar….
Eu dei um sorrisinho, a minha mão estava na parte interna da coxa dela, eu já tinha apertado e agora subia na direção da sua barriga, subia minhas mãos apertando e ao chegar nos seios, os rodeei sem tocar propriamente, só deixei a ponta dos dedos roçarem neles.
– Sabe o que eu não vejo a hora? De você engravidar e eles ficarem enormes de novo…- falei passando a mão no bico, nos dois e ela apertou a banheira se contorcendo contra mim- Adorava eles grandões! Adorava chupar eles…
Ela se virou pra mim querendo me beijar.
– Não quer mais a massagem?
– Você está me enlouquecendo, isso sim!
– Só estava tentando te relaxar amor, você estava muito estressada. – dei um sorrisinho ao falar e ela me puxou pela nuca me beijando, e pelo beijo ela estava realmente louca de tesão. Também estava, mas eu estava fingindo que não.
Ela se virou sobre mim sentando no meu colo e a primeira coisa que eu fiz foi cair de boca nos peitos dela. Ela puxava meus cabelos e eu arranhava as costas dela, ela me puxou pelos cabelos me beijando alucinadamente de novo e eu levei minhas duas mãos aos seios dela apertando e estimulando, ela estava rebolando no meu colo.
– Vamos sair daqui. – ela sussurrou contra meus lábios.
– Pra onde? – perguntei mas nem deu tempo, ela levantou e me puxou pela mão e em seguida me empurrou contra a madeira que envolvia a banheira, onde tinha espaço de sobra. Sentou no meu colo da mesma forma que estava na banheira e a primeira coisa que eu fiz foi tocar seu sexo- Nossa, Dulce! Que isso!
– A gente estava na água. – ela deu aquele risinho.
– E isso tudo é por causa da água? – perguntei mexendo os dedos dentro dela, estava tão molhada que eu não precisava nem me mexer, os dedos escorregavam pra dentro dela.
– Não. – ela sorriu- É pra você. – agora quem sorriu fui eu.
– Ah é? Então me dá, mela meus dedos!
Foi rápido, ela realmente estava encharcada! Com dois dedos a fiz gozar.
Quando ela se acalmou um pouco me deu um selinho, ainda no meu colo e abraçada à mim, nos olhamos e sorrimos. Então ela se levantou e se agachou na banheira ficando entre as minhas pernas, apenas a olhei e sorri, ela me puxou pelo quadril e senti a língua dela no meu sexo.
– Goza na minha boca, minha loira. – mordi os lábios e me agarrei aos cabelos dela.
Fechei os olhos e esperei vir o gozo tão conhecido e tão maravilhoso que só ela sabia me proporcionar.
Depois disso, a gente tomou um banho né hahah, ao deitar na cama fui olhar a hora no meu celular e percebi uma mensagem do Velasco, mas só vi a notificação, não abri, não ía estragar a noite maravilhosa que acabara de ter com a minha mulher falando desse cara né? Amanhã eu olho e falo com ela.
– Que foi amor? – ela perguntou se deitando atrás de mim e me abraçando.
– Nada não, só estava vendo a hora. Quase meia-noite. – falei me virando pra ela.
– Já?
– Pois é. – deitei no meu lugarzinho e ela me abraçou- Mais calminha? – ela sorriu quando a olhei.
– Eu perdi a paciência com ela né? Tadinha….mas hoje foi foda.
– Tem todo o direito né? Ela está ficando cheia de vontades né?
– Culpa sua que faz tudo que ela quer.
– Minha?? – a olhei, mas as duas riam.
– Sim, você.
– Mas é que ela me olha com aquele sorriso e eu não aguento.
– Aff. Mereço viu? – ela tinha revirado os olhos.
– Eu faço tudo que você quer também….
– Mas eu não tenho um ano e três meses, Anahi. – acabei rindo, ok, eu sabia que fazia, mas era irresistível…
– Mas eu já li que com dois anos eles voltam a fazer birra, sabia?
– Voltam? Mas ela parou? – nós duas rimos.
– Se prepara que agora vão ser dois fazendo birra hahaha. – ela também riu mas logo parou- Que foi?
– Acho que ainda não acostumei com isso rs.
– Às vezes eu também não….- assumi sorrindo- Mas vai dar tudo certo. – dei um beijo na bochecha dela.
– Espero que sim, amanhã é dia né?
– Relaxa. Vai ficar tudo bem. – dei um selinho nela que apenas suspirou- Vamos dormir. – dei um beijo no peito na altura que eu estava com a cabeça encostada.
– Vamos….- ela sussurrou.
No dia seguinte, a gente estava ali na sala, a Giovanna tinha acordado mas estava meio sonolenta ainda, ela mamava no colo da Dul quando meu celular tocou, ao pegar vi que era uma chamada de vídeo do Gui.
– Ih, olha quem está ligando princesa, o dindo. – me aproximei delas mostrando a tela pra ela ver que nem tirou a mamadeira da boca mas ficou apontando e falando “dindo”. Atendi.
Ele queria falar com ela, obviamente hahaha, já tinha perdido a vez há muito tempo hahaha, a Alice e o Thiago também apareceram, ela estava enorme, minha afilhada, eu morria de saudades deles, toda vez eu perguntava quando eles vinham e o Gui sempre falava a mesma coisa: em breve…. Mas eles já estavam lá há quase dois anos e eu sabia que eles estavam bem, mas sentia muita falta, principalmente da Alice, de ver ela crescer e tal…. Depois do batizado só nos vimos mais uma vez, no aniversário de um ano da Gih, o que já tinham quase quatro meses, mas o Gui estava sempre ligando, isso eu não podia reclamar e a Giovanna adorava eles! Ela falava com o padrinho e o Thiago, um monte de coisas indecifráveis e outras entendíveis hahaha. Enquanto eles conversavam eu me lembrei da tal mensagem do Velasco que não vi até agora, ía esperar a ligação acabar e ver logo, antes que ele ligue, não queria mais estresse com a Dulce por causa disso.
Quando a ligação acabou, a Giovanna já estava completamente acordada bagunçando a casa hahaha. Fui olhar a mensagem enquanto isso.
– Amor. – a chamei que até então estava brincando com a Giovanna, ela me olhou e então entreguei o celular pra ela ler.
A msg dizia: “Estou muito feliz que vocês resolveram! Esperando ansiosamente a visita de vcs amanhã! Um beijo Annie.”
Ela bufou e desviou o olhar pra nossa filha de novo.
– Pra que ele tinha que te mandar mensagem?? Eu já não falei com ele ontem?? – apenas dei de ombros. Ía falar o que?
Nos distraímos e mais tarde, na hora marcada fomos o encontrar. Tínhamos marcado no hospital pra poder conversar em seguida com a Gabi.
A conversa com ele foi até tranquila até certo ponto, agradeceu milhões de vezes e eu sentia o olhar dele sobre mim o tempo todo, o que já estava me incomodando…. Ficou acertado que o Dr Gustavo iria entrar em contato com a Dani pra conversarem mas faríamos tudo com ela.
– Eu queria muito agradecer à vocês! Eu posso levar vocês pra jantar ou…- a Dulce o cortou.
– Não. Não precisa.
– Mas eu quero agradecer à vocês e….- mais uma vez ela o cortou.
– Já agradeceu Velasco, e outra, estamos fazendo pela Gabi.
– Eu sei, mas mesmo assim. Queria demonstrar minha gratidão, não tem nada mesmo que vocês queiram?
– Não. Não precisamos de nada de você. – ela falou friamente, senti o olhar dele sobre mim mas eu fiquei na minha. Ele deu um sorriso antes de se levantar da onde estava sentado e se aproximar da gente.
– Dulce, eu queria mudar a ideia que você teve de mim, acho que me entendeu mal aquele dia e….- mais uma vez ela o cortou.
– Acho que quem não entendeu as coisas aqui foi você, Velasco. – ela falou o olhando e um silêncio se seguiu, então ela se levantou- Bom, vamos lá falar com a Gabi? – se virou pra mim ao perguntar, eu estava sentada ainda. Balancei a cabeça e me levantei.
– Eu acompanho vocês pra explicar melhor….- Dr Gustavo falou.
– Ok. – nós duas respondemos.
– Vou com vocês também, ela vai amar a notícia! – ele falou sorrindo e a Dulce se virou pra mim, me dando a mão e então fomos na direção da porta.
Então seguimos pro quarto dela.
Chegamos lá e ela estava lá com a dona Yolanda conversando animada, abriu um sorriso quando nos viu….
– Oi minha filha. – ele foi o primeiro a se aproximar dela a beijando. Em seguida a Dul.
– Oi tia Dul. – ela a abraçou.
– Oi meu amor, como você está?
Fui abraçar e falar com a dona Yolanda enquanto isso.
– To bem. A tia estava me mostrando as fotos do passeio da escola.
– Ah é? Que legal! – minha mulher respondeu.
– Eu tenho saudades das minhas amiguinhas da escola….- ela falou meio triste e eu e dona Yolanda a olhamos- Papai, quando eu vou poder voltar pra escola?
– Logo minha filha, logo….- ele respondeu e nos olhou. Me soltei da dona Yolanda e fui até ela.
– E o meu beijo? Não ganho? – ela abriu um sorriso tão fofo e abriu os braços pra mim, dei um beijo no rosto dela e sentei ali ao lado, enquanto a Dul e o Velasco estavam na outra ponta da cama.
– Filha, a gente quer conversar com você.
– Tá bom, papai.
A Dulce sentou na ponta da cama e tocou na mãozinha dela e ela quem começou a falar.
– Gabi, você sabe como os bebês nascem?
– Sei. – ela sorriu ao falar- A tia Yolanda me explicou. – a olhamos de relance- O papai e a mamãe namoram né? – voltamos a olhá-la e sorrimos.
– Sim, isso mesmo. – a Dul falou- Só que tem algumas pessoas que não podem fazer assim.
– Por que?
– Porque tem algumas que estão doentes sabe?
– Igual a mim?
– É. – a Dulce respondeu fazendo carinho na mão dela- Mas tem vezes também que é porque acontece algum problema, aí elas não conseguem.
– Aí elas adotam né? A tia Yolanda me contou já. – nós sorrimos achando ela muito esperta!
– Isso mesmo, Gabi. – falei.
– Então….- a Dul suspirou- a Giovanna nasceu assim.
– Vocês adotaram ela?
– Não. Ela ficou aqui na minha barriga, mas…- a Dul pôs a mão na barriga ao falar a olhando, ela falava com calma e tentando simplificar pra que ela entendesse- como a sua tia te explicou pro bebê nascer a gente precisa que tenha um papai e uma mamãe né? – ela fez que sim- Então a gente teve que pedir ajuda pra nossa médica pra ela nascer.
– Como assim? Não entendi. – ela nos olhou com uma carinha confusa, eu sorri e ao desviar pra dona Yolanda ela estava com uma cara meio estranha… Mas resolvi ajudar a explicar pra Gabi.
– A nossa médica, ela chama Dani, ela sabe um jeito de fazer a sementinha virar um bebê ali na barriga da tia Dul. – falei.
– Ah…- acho que ela não entendeu bem hahah- Então ela tem um papai?
– Tem. – falei e olhei pra Dulce que nada disse.
– E sou eu. – o Velasco falou se abaixando ficando ajoelhado e a Dulce o olhou com ódio. A gente estava tentando falar tudo calmamente e vem esse retardado e fala assim!! Ouvi a dona Yolanda dando um gritinho e quando olhei ela estava com as mãos na boca.
– Mas como? Você já conhecia elas papai?
– Não, não conhecia. – ele falou e a menina ficou mais perdida ainda.
– A nossa médica que conhecia, Gabi. – a Dul falou.
– Olha, filha, nada disso importa. Só o que importa é que nós agora podemos te dar um irmãozinho e te salvar. – ele falou a olhando.
– Meu Deus! – dona Yolanda estava chocada, tadinha.
– Podem? – ela perguntou o olhando, depois olhou pro Dr Gustavo ali atrás que fez que sim com a cabeça pra ela, acho que meio emocionado- Eu vou ter um irmão então? E a Giovanna é minha irmã?
– É sim. – a Dulce respondeu meio emocionada.
– Vocês vão fazer isso mesmo? – dona Yolanda nos olhou perguntando.
– Sim. – respondemos ao mesmo tempo e ela fez uma cara estranha. Não parecia muito satisfeita.
– Com licença. – ela pediu e saiu do quarto, nos olhamos e o Velasco estava abraçado à filha.
– Eu já venho. – falei e fui atrás dela porque fiquei com medo dela estar passando mal, sei lá!- Dona Yolanda, dona Yolanda! – a chamei pra ela parar, pois ela andava pelos corredores- O que foi? Tá tudo bem?
– Minha filha, pense bem no que vocês vão fazer, só isso que digo.
– Por que está falando isso? A senhora não quer salvar a Gabi?
– Quero! Quero mais que a minha vida! Se pudesse, eu dava minha medula pra ela viver, mesmo que isso significasse a minha morte, mas eu não posso….
– Calma dona Yolanda, vamos ajudar a Gabi tá? – a abracei, ela estava arrasada- Vai dar tudo certo!
– Obrigada, obrigada pelo que estão fazendo….
– Por nada. – ela se soltou do meu abraço e limpou uma lágrima.
– Só te peço uma coisa.
– Claro, pode falar.
– Não deixa ele por as mãos nessa criança. – eu ía perguntar porque mas não deu tempo, a Dulce apareceu ali.
– Tá tudo bem?
– Tá sim. – respondi, dona Yolanda balançou a cabeça.
– Obrigada Dulce pelo que estão fazendo. – ela abraçou a minha mulher que retribuiu- Vou lá ver como a menina está.
– Ok. – falamos ao mesmo tempo e a Dulce me olhou, dei de ombros.
Ela agradeceu mas ela falou uma coisa que me deixou intrigada…
– O que?
– Pediu pra gente não deixar ele encostar na criança….
– Mas isso com certeza! Ele não vai. – respirei fundo e ela me abraçou.
– Vamos lá se despedir da Gabi? Temos que ir né?
– Vamos. – ela se separou de mim mas antes de irmos me deu um selinho, peguei na mão dela e fomos lá nos despedir da Gabi.