Eras – A guardiã da União
Texto: Carolina Bivard
Ilustrações: Táttah Nascimento
Revisão: Isie Lobo, Naty Souza e Nefer
Capítulo XXIII – Esconderijo Que Não Esconde
Meu pai havia pontuado bem, a questão de Hod permanecer escondido, não se revelando para o povo de Natust. “Ele virá com toda a magia que possui, impressionando o reino, apresentando-se como um verdadeiro Deus.” Pensei apavorada.
− Concordo com você, Astor. Hod está fraco devido ao tempo que ficou preso, precisa se restabelecer, absorvendo energias dos elementos. Que Deus ele seria se parecesse frágil?
Minha mãe expressou o que eu pensei.
− E como ele fará isso, mãe?
− Tália, você lembra daquele pergaminho que leu sobre os condutores energéticos?
− Sim. Além de alguns rituais, o pergaminho falava sobre fontes de água regeneradora, cristais do sol, grutas esfumaçadas e cetros feitos de carvalho real. Cada um desses elementos reportam-se a um tipo de condutor e regenerador.
Minha mãe parou uns instantes, perdendo o olhar na fogueira.
− Se ele precisa de todos esses elementos, levará tempo para…
− Não, Tórus. Ele não quer contar com o tempo. Sabe que quanto mais demorar, mais nos aproximaremos dele. – Minha mãe olhou para Gwinter. – Vou pedir a você que retorne para a estalagem, meu amigo. Precisamos saber, o mais rápido possível, se aqui em Natust existe alguma gruta esfumaçada. Nós temos em Eras pelo menos umas quatro, que tem o tipo de minério que dá este aspecto à gruta. No entanto, terá dificuldades de descobrir sobre a fonte, pois a população não deve saber o que é uma fonte de água regeneradora.
− Talvez possam saber com outro nome. São fontes de águas que revigoram.
− E é esta a função dela, Gwinter. – Tórus pontuou, entrando na conversa. – Em Eras temos aquele santuário de fontes termais, lembra?
− Sim. Eu mesmo costumo ir para lá, quando estou me sentindo fatigado. Vou ver o que posso descobrir. Contudo não saberei como averiguar sobre o tal cetro de carvalho real e o cristal do sol.
− Realmente, isto não tem como você sondar. São materiais específicos que, após serem devidamente extraídos da natureza, podem ser forjados num cajado. As árvores de carvalho real estão espalhadas por toda a região e é provável que existam jazidas de cristal do sol por aqui também. Esses dois elementos juntos têm propriedades de captação e condução energéticas.
Minha mãe falou mais para si mesma do que para o grupo, entretanto foi extremamente esclarecedora.
***
− Que merda é essa?!
Arítes explodiu, assim que viu o rancho em que se esconderiam. Passava da metade da noite quando chegaram e o rancho parecia mais uma estalagem de lazer do que um local de esconderijo. Era enorme, bem iluminado com archotes acesos, espalhados por toda a propriedade e com uma vida pulsante. Havia mais gente no local do que no grupo que as acompanhara até lá.
− Do que está falando, comandante?
Um dos sábios de nome Jarek perguntou assustado com a reação de Arítes.
− Aquilo parece uma estalagem de verão e não um esconderijo. – Arítes respondeu, apontando o rancho. − Não deixarei Thara e minha filha aqui.
− Este rancho é o santuário dos sábios Célitas daqui. É um local de recolhimento. Não se atreveriam invadir.
− Me desculpe, senhor, mas a comandante está certa. Só falta colocar uma placa entalhada dizendo: Entrem e matem a herdeira.
Liv defendeu o posicionamento de Arítes. O grupo estava parado na estrada antes da cerca, observando o local.
− Arítes, por favor, me acompanhe.
Liv pediu, conduzindo o cavalo para longe do grupo e minha mulher a acompanhou. Quase não eram vistas pelo grupo, de tão escuro que estava a noite. A lua começaria a encher a partir daquele ciclo e com as luzes dos archotes acesos, iluminando a propriedade, a escuridão tomava as cercanias.
− Mamãe está certa. Isso foi imprudência.
Brenna sussurrou para Thara.
− Agora entendo porque Eras ganhou todas as guerras. Eles são descuidados e parecem até ingênuos.
− Eu não diria isso, Thara. Não sabemos a intenção de quem está por trás. Não falo de sua mãe e de seu pai adotivo, no entanto, será que os amigos deles são tão inocentes assim? Isto tudo poderia ser uma armadilha para nós.
− O que me dói é saber que está certa, Brenna. Os dois viveram durante anos em Eras sob um propósito e não sabem se algo mudou dentro da Casa de Sábios de Natust.
Elas cochichavam e os sábios que os acompanhavam estavam inquietos. Liv chamou Roney. Ficaram mais um tempo conversando, enquanto o grupo esperava. Retornaram.
− Vocês entrarão. Nós acamparemos na floresta.
− Ficarão desprotegidas. – Jarek insistiu. – Não deixaremos a herdeira sem proteção.
− Não sou uma criança e nem um objeto, para que decidam por mim. Se, realmente, me querem no trono, acostumem-se com a minha liderança. Eu decido o que é bom para mim. Este esconderijo não é seguro.
O sábio a encarou durante um tempo. Não parecia estar com raiva. Apenas analisava as palavras dela.
− Está certo. O que quer fazer?
Ele perguntou diretamente para ela, querendo que a herdeira se colocasse e não que a comandante de Eras decidisse.
− Partiremos com um grupo pequeno e o restante ficará aqui com vocês. Terão o dia inteiro de amanhã para convencerem o conselho a me receber. Ao fim do dia, mandaremos um batedor para saber a resposta. Caso positiva, nos encontraremos com eles num campo neutro, que eu designarei. Não me encontrarei com o conselho dentro do palácio.
− E onde será?
− Não me tome por uma simples garota, sábio Jarek. Eu cresci dentro de uma Casa de Sábios e alguns de meus focos de interesse eram a linguística distinta de outras sociedades e a estrutura física da composição de reinos. Tenha certeza que saberei, exatamente, onde nos encontraremos. – Ela respondeu calmamente, embora as palavras parecessem rudes. − Outra coisa que conheço muito bem é a cultura de Natust. Mesmo sem saber quem eu era, sempre me interessei em estudar este reino a fundo. Quando o batedor chegar, apenas digam a resposta do conselho e assim que ele nos falar, eu direi onde nos encontraremos e as condições.
O sábio viu que ela não cederia mais. Não a condenava pelas desconfianças. Suspirou.
− Está certo. Vamos fazer do seu jeito.
− Mais uma coisa, sábio Jarek. Na hora do ocaso, mande apenas a sábia Esdra para encontrar nosso batedor aqui. – Ela olhou para a mãe. – A senhora concorda?
− Sim, concordo.
Desde que soubera de sua história, Thara não dirigira nenhuma palavra para o pai adotivo e ele respeitou. Ficara calado todo o tempo, contudo todos viam a indiferença da jovem sábia. Os olhos da mãe de Thara estavam entristecidos também. A herdeira meneou a cabeça, indiferente, e encarou Arítes para que ela pudesse organizar o pequeno grupo. Arítes escolheu alguns poucos soldados para acompanhá-las e ordenou que o restante ficasse no rancho, junto com os sábios. Deveriam ficar atentos e, ao menor sinal de problemas, deveriam enviar um batedor para avisar.
Partiram e após algum tempo de cavalgada, Brenna a interpelou.
− Por que a raiva de seu pai?
− Ele não é meu pai e agora entendo por que sempre foi indiferente a mim. Owtar é um homem que foi designado para ficar junto à minha mãe e ser um protetor do segredo.
− Mas ele te criou…
− Você não entende, Brenna. Tórus foi mais meu pai do que ele. Na infância me ressentia da distância que ele tomava em relação a mim. Minha mãe sempre foi mais carinhosa. Ela era uma mãe verdadeira, enquanto ele, simplesmente, me ditava coisas.
− Ele se manteve à parte.
− Exato. Depois que soube da história, entendi. Na infância, acreditava que a distância fosse por eu ser… diferente. Hoje entendo que ele nunca me considerou como uma filha e, sim, uma obrigação. Agradeço por tudo que fez e meu entendimento da condição dele, de renunciar a tudo para compor essa farsa, faz com que eu o admire, ao mesmo tempo, conforta a dor que cresceu comigo por achar que meu pai não me amava.
− Sinto muito.
− Não se angustie, porque nem mesmo eu sei o que sinto em relação a isto.
Cavalgavam acompanhando Arítes, sem se importar para onde ela as guiava e Roney segurou o passo de seu cavalo para emparelhar com elas.
− Você está entristecida, alquebrada e cansada. Até sabermos como bloquear o fluxo da Tríade, todos compartilharemos os sentimentos. – Roney tomou um alento e continuou sua linha de pensamentos. – De qualquer forma, vai uma opinião de um recente amigo: aja como sempre atuou. Quando tudo terminar, terá tempo para saber como deverá se sentir. A ligação com a sua mãe sempre foi maior e agora tem respostas para isso. Não é o ideal, mas é confortador.
Thara esboçou um leve sorriso, meneando a cabeça. O rastreador se afastou, dando espaço para as duas.
− Você está curiosa para saber onde sua mãe está nos levando. Por que não pergunta para ela, Brenna?
− Tô exercitando a minha paciência. – Brenna sorriu. – Estava mais preocupada com você. Não sei se é o que sinto por você, pois percebo mais o que se passa em sua mente, do que com os outros. Você me preocupou.
Thara se sentiu aconchegada. Era incrível o que a atenção da princesa fazia com ela. A sábia sempre viu Brenna como alguém inatingível, mesmo nutrindo um sentimento profundo. Concentrou-se na atenção que ela lhe dava e respirou, profundamente, como se quisesse absorver forças da vivacidade que emanava dela.
− Vamos parar aqui. – Arítes ordenou – Temos que descansar e tomar algumas decisões.
***
Eu havia dormido e revezamos na vigia. Fui acordada por Tétis para rendê-la ao amanhecer.
− Obrigada, Tétis. Vá dormir, pois temos tempo. Até Gwinter voltar, estamos atados.
− Tome. – Tétis me deu um pedaço de queijo. – Mardox fez a vigia do primeiro turno. Deixe que todos descansem o quanto quiserem. Se eu dormir umas três marcas a mais, ficarei inteira.
− Obrigada. Amanhã à noite serão minha mãe e meu pai que revezarão e, assim, todos ficaremos bem. Essa tática de deixarmos os soldados de ronda num perímetro mais distante e nós fazermos a vigia direta no acampamento, cansa.
− Sei que parece bobagem, à primeira vista, contudo é mais prudente e eficaz, Tália.
− Eu sei, eu sei… Não discordo. Apenas digo que nos desgasta mais.
Era chato fazer vigia, todavia eu gostava da solidão, quando queria pensar. Coloquei mais um pouco de madeira na fogueira para que ela não apagasse e fui ao córrego pegar água para fazer um chá. Estava com meu arco e vi na transparência da água alguns peixes. Imaginei que todos acordariam com fome e resolvi pegar alguns para assar.
Quando voltei ao acampamento, minha mãe estava desperta, apesar de estar deitada. Ela me observou limpar os peixes e levantou, pegando alguns saquinhos de couro, que levava consigo. Eram condimentos e ajudou-me a temperá-los. Colocamos os peixes para assar.
− Estamos fazendo o certo?
Perguntei, interrompendo os poucos barulhos que emanavam da floresta. Os pássaros chilreavam, logo cedo, e o som do vento lufando nas folhas das árvores, dava o tom agradável daquela manhã. Minha mãe sabia do que eu falava.
− Temos que tomar decisões e, como guardiãs, isso implica em nos pautar nos valores que trazemos. A única decisão certa é conter Hod. Quanto a Thara, ela tomou a decisão dela. Felizmente ou infelizmente, ela é apaixonada por Brenna e vice-versa e, também é herdeira de Natust. O que faríamos senão apoiá-la?
Inspirei fundo. O que acontecia em Natust não era da nossa conta, mas o que acontecia com Brenna e Tejor, era.
− Sinceramente, espero que estejamos fazendo o correto. Eu preferiria que Brenna e Thara ficassem em Eras e tivessem seus filhos lá, contanto que acabássemos com Hod.
Minha mãe sorriu de lado, sem nada falar. Virou o graveto que prendia os peixes na brasa.
− Você pensou nisso quando perguntamos para Thara o que ela queria fazer?
− Lógico que pensei. A senhora não pensou, mãe?
− Acredito que todos pensamos e torcemos pela mesma resposta. Por isso não distinguimos os sentimentos da Tríade, quando perguntamos para ela. Eu queria que ela tivesse dito que preferia ficar em Eras, Tália.
− Será que Thara não percebeu o que sentíamos em relação a isso?
− Ela também estava muito confusa e pensou como uma jovem sábia.
Minha mãe respondeu.
− Nós nos viraríamos para pegar Hod. Eu estaria mais tranquila com elas lá em casa.
Ouvi um movimento entre as folhagens e, imediatamente, levantei, empunhando meu arco, colocando uma flecha esticada na corda.
− Demaster? O que faz aqui?
Abaixei o arco, assim que vi o rapaz da guarda que acompanhava a diligência de Arítes sair por entre as folhagens.
− Vim o mais rápido que pude, para trazer notícias.
− Parece cansado. Sente-se, rapaz.
Minha mãe o conduziu até a fogueira, dando-lhe um odre com água. Ele sorveu quase tudo num gole.
− Está a pé?
− Não. Deixei meu cavalo a um quarto de légua daqui. Não sabia, exatamente, onde estavam e precisava rastreá-los.
− Houve algum problema com o grupo de sábios?
− Não exatamente, rainha Tália. Houve um imprevisto e a comandante Arítes me enviou.
− Então conte, rapaz!
Minha mãe o interpelou, enquanto acordava meu pai e Tórus, com um esbarrão da sola da bota. Eu não gostaria de ser acordada daquele jeito, mas se estivesse próxima a eles, acredito que não seria tão delicada. Teria os acordado com um chute. Como dormiam pesado!
O guarda nos contou o ocorrido, enquanto tomávamos o desjejum.
− Vá dormir, Demaster. Precisará de forças quando acordar.
− Não deveria retornar com uma resposta para a comandante?
− A resposta será nossa chegada. Você disse que estamos há seis marcas de distância deles. Preciso que Gwinter nos contate para enviar-lhe a nossa posição e que ele dê o retorno do que procuramos. Caso ele não chegue a tempo, deixarei um guarda aqui de prontidão para que lhe comunique o que faremos e que ele nos mande notícias. Enquanto isso descanse, porque, certamente, será você a se encontrar com Esdra. Não quero outra pessoa naquele encontro.
Demaster assentiu, entendendo o que minha mãe pretendia e foi procurar um canto sossegado para dormir.
− Estaremos juntos nas Tríades mais cedo do que imaginávamos.
− Não seja dissimulado, Tórus. Vi seu sorriso quando Demaster disse que Thara falaria onde seria o encontro, somente quando chegassem com a resposta do conselho de Natust. Você a conhece. Do que se trata isso tudo?
− Se trata dela entrar no jogo, Êlia. Estou orgulhoso dela. – Ele sorriu, malicioso. – Você sabe que nossas leis se pautam no Compêndio Regulador, que nada mais é do que leis ancoradas na antiga cultura. Muitas leis mudaram e foram modificadas, de acordo com a evolução dos tempos, mas a base é o Compêndio.
− Sim. E daí, Tórus?
− E daí, Astor, é que Thara está usando o que Natust chama de Matriz Primeira, que é a base das leis daqui, para invocar essa reunião. Basicamente, é o mesmo que o nosso Compêndio, só que com outras leis. Confie nela. – Ele sorriu mais uma vez.
− Não me agrada não saber o que me espera, todavia confio que você saiba.
− Pode confiar e tenha certeza de que esta será nossa vantagem, Êlia.
Minha mãe se levantou e não consegui entender os sentimentos dela. Era algo como resignação e incômodo. Ela partiu para cuidar dos cavalos e eu fui ajudá-la. Papai permaneceu conversando com Tórus e o nosso acampamento foi criando vida. Os soldados que nos acompanhavam e que não fizeram ronda, foram caçar, verificar perímetro, cuidar de detalhes como por exemplo, afiar espadas. Apesar de sermos um grupo que, supostamente, era de andarilhos-comerciantes, eles não deixavam a rotina militar de lado. A comandante Êlia estava calada e eu a respeitava. Nesta hora, minha mãe não era guardiã ou rainha. Era uma mente militar em ação.
− Pergunta o que quer saber, Tália.
− Eu? Não quero nada. Aprendi que você odeia não saber detalhes do que acontece. Você é controladora, mãe, e eu compreendi, ao longo do tempo, o porquê. Tudo em sua vida, a não ser o amor por meu pai e por nós, foi no intuito de proteção do reino inteiro ou mesmo da coroa de Eras.
− Para de me analisar, Tália.
Falou irritada, contudo, sorriu logo após, abanando a cabeça. Eu estava com pena do cavalo que ela pegou para verificar o casco. Ela flexionou a perna do animal sem delicadeza. Eu a observava, atenta. Cerrou os olhos com força e tomou um alento.
− Me lembre de assim que terminar isso tudo, instruí-los a se individualizarem, novamente. Não gosto que sinta o que acontece comigo. – Bufou.
− Bom, tem momentos que me incomoda, mas com relação à senhora, estou adorando! – Gargalhei. − Nunca entendi o peso de seus ombros, como agora. Você sempre transpareceu segurança para mim e agora…
− … É assim que deve ser. Imagina se todas as vezes que me pediu opiniões, você sentisse meu vacilar nas respostas?
− Quando eu tinha a idade de Brenna, mãe, seria um caos para mim, mas não agora… – Me aproximei dela. – Eu sei que, para você, sempre serei sua filha e que acha que deve me resguardar, mas acredito que já tenhamos avançado mais que isso. O que a incomoda tanto?
Ela suspirou.
− Coisas incertas me incomodam, porque não consigo ajustar, eficientemente, as ações que devo tomar. Entenda que existe um conflito no que uma educação militar prega e no que nossos valores ditam. Se eu sei o que está previsto, consigo antever ações que podem se ajustar aos nossos deveres e valores, contribuindo para minimizar perdas.
− Perdas?
− Perdas de vida.
− Entendo… Então a indulgência não é uma característica minha, somente. – Sorri cínica.
− Vai se achando, Tália. – Ela instigou. − A nossa diferença é que eu não hesito na escolha mais assertiva. Nem por isso as consequências não pesam sobre mim. Você consegue ver outras possibilidades e lhe escuto sempre.
− Bom, digamos que a gente faz uma boa parceria. Confie em Arítes, mãe.
− Eu confio, mas odeio ficar às escuras. Essa coisa de estarem se escondendo, até mesmo de nós, e de não sabermos onde se encontrarão com a cúpula de Natust, me deixa tensa.
− Quando formos nos encontrar com eles, tudo se esclarecerá.
− Eu sei. Só não gosto de sair daqui sem algo traçado em minha mente. Você entende que a minha natureza é me antecipar, não entende?
Meneei minha cabeça, afirmativamente. Eu a entendia e, mais que isso, essa forma de minha mãe sempre se antecipar, era o que me dava segurança em todas as circunstâncias. Porém, agora era hora de nos ancorarmos no que Arítes, Brenna e Thara ditavam.
****
Apeamos dos cavalos e eu sentia a ansiedade transpirar pelos poros de todos, mesmo que parecessem calmos. Também estava tensa e assim que chegamos, procurei Brenna e Arítes. Queria vê-las para acalmar meu coração. Elas vieram, diretamente, para mim. Arítes me abraçou e eu a beijei, aliviada. Me apartei dela, voltando-me para Brenna, abraçando-a forte.
Todos nos cumprimentamos e, por fim, fomos conversar. A jovem conselheira foi discreta, mas incisiva. Não queria qualquer pessoa de fora, a não ser nós das Tríades envolvidas. Nos afastamos do acampamento.
− O que pretende, Thara? Não gostei do que os sábios fizeram. Eles nos expuseram aos espiões de Natust.
Minha mãe perguntou o que todos queriam saber. Esperamos ansiosos pela resposta da herdeira, que tomou um alento, antes de responder.
− Peço que confiem em mim. Sei como nos encontrarmos com o conselho em segurança. Ao mesmo tempo, terá que ser da forma que pensei. Invocarei a lei de Asèlepo.
− O que é essa lei?
Thara sorriu para Brenna, assim que ela perguntou.
− É uma antiga lei de armistício e proteção para concílios, em tempos de guerra. É considerada a maior desonra para quem não respeitar os termos de paz. O reino cai em desgraça, caso haja qualquer levante armado. Dizem que ela é anterior até mesmo a Tanjin. Uma lei feita pelos próprios emissários da Divina Graça.
− E se alguém não acreditar mais nessa lei?
Minha mãe interpelou, assustada.
− Não acredito. Desculpe-me, rainha Êlia, a senhora é uma guardiã e tenho certeza que sabe sobre ela. Todos os sábios Célitas sabem.
Minha mãe sabia, assim como eu e até mesmo Brenna deveria saber. Bom, ela não foi uma guardiã muito aplicada nos últimos tempos e tinha certeza que a ignorância dela não era dissimulada. Fiquei incrivelmente feliz por entender que a inquietação não era somente minha. Balancei a cabeça em negativa.
− É perigoso demais. – Falei. – Conhecemos esta lei e as implicações, entretanto, para eles, ela é simbólica, porque acham que não temos mais magia aqui. Agora, imaginem as consequências disso? Existem pessoas que não a conhecem e que, provavelmente, estarão na reunião.
Balancei a cabeça, me recusando a concordar.
− É o único jeito de nos resguardar. Nem Hod poderá interferir.
− Sim, ele não o fará. Mas, e se alguém sem senso e descrente fizer? Thara, sei que quer resolver este assunto, contudo invocar uma lei dessas?! Sabe que terá que fazer um ritual de sangue com o conciliador de Natust e, se qualquer pessoa falar com agressividade, no meio das conversações, a morte é certa para os envolvidos no concílio!
− Ei! Eu não permitirei isso, Thara! Onde estava com a cabeça por imaginar algo assim? Por isso não quis me dizer o que era!
Minha filha explodiu. Sinal claro de que era uma má ideia invocar Asèlepo.
Nota: Meninas, responderei aos comentários anteriores hoje a tarde ou amanhã. Ando um pouco atolada essa semana, mas como já sabem, sempre respondo, ok?
Bom fim de semana a tod@s!
É… parece que esses elementos naturais essenciais para que Hod se fortaleça, não são tão difíceis de encontrar por lá. E o tempo está passando…?
Thara cresceu percebendo que o pai era indiferente a ela, coitadinha. Hoje ela é adulta, só resta mágoa, mas imagina isso quando ainda era uma criança.. Que bom que teve o amor de Torus.
Arítis no comando é sempre um charme à parte, rs, ô mulher!
Entendo Êlia, deixar que percebam nossas dúvidas e incertezas nos deixa uma sensação de que estamos vulneráveis. E ela, além de rainha, ex comandante, ainda é nada mais nada menos que uma guardiã. Pensa, é muita responsabilidade para tomar decisões sem informações precisas. Mas agora estão todos juntos novamente, graças..?
Ritual de sangue? Espero que Thara saiba o que está fazendo.
Beijo, Carol
Oi, Fabi!
É verdade. Hod sabe direitinho onde se mete. Não é nem um pouquinho burro.
Sim, Thara não entendia a indiferença do pai e agora lhe foi revelado. O cara não é mau. Imagino a força que ele não fez para largar tudo também.
Arítes é o que há. rs Mas eu sou todinha pro lado da Êlia, ô mulher danada aquela. rsrs E Tália, agora mais velha é bem metade a mãe e metade o pai. rsrs
E as confusões não param. Ritual de sangue bem perigoso!
Um beijão, Fabi e obrigadão!
Pow, ritual de sangue!? Wtf! Até eu explodiria como a Brenna, ainda assim entendo os pensamentos de Thara, mas é complicado. Pode dar muito certo ou como tb, ser uma puta cilada ‘-‘
Confesso que estou gostando mais de ver esse lado arisco e militar de Arítes, quero vê-las chutando umas bundas xD
Oiee
Thara sabe que se necessita sacrifícios muitas vezes! Achou que era o melhor diante das circunstâncias e sabia que Brenna n ia apoiá-la! Brenna tb está em sei direito de reclamar pois como casal um deve implicar o outro nas ações, principalmente se dps vai ter consequências tb pra ela. Mas veremos se vai vingar!!!
Hod sempre tem um Às na manga…
Brenna decididamente puxou Ari!! Kkkk. Supernova ela!!
Espero que sua semana seja mais tranquila!!
Cuide-se!!
Beijão
Ih! Lailicha colocou o comente aqui junto então, vou responder para as duas junto. rsrs
Ka, É muito perigoso mesmo, principalmente pq os ânimos entre os dois reinos é bem complicado, mas também, se os natusteanos fizerem, estarão no mesmo barco. Só que sempre tem um cabeça de prego no meio. Isso que é F***.
E as bundas vão ser chutadas 😉
Oi, Lailicha! Então, você está certa, e é como disse, se Thara explicasse antes de ter a corte de Eras junto, Brenna ia reclamar até não poder mais. rs
Hod é um cara que viveu muitos anos em Tejor, antes de Êlia o prender no esquife do Templo da Vida. Ele sabe como são os reinos todos e conhece bem Natust. Não é nem um pouquinho burro. Quanto a Brenna, puxou a Ari mesmo, só que mai impulsiva! kkkkkk
Obrigada, Meninas!
Um beijão grande pras duas! Hoje tem mais!